Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2012

Chiclabol ou Futebol-chiclete

 

 

Este texto já vai sair um tanto ou quanto desfasado da actualidade que vivemos hoje, ou seja, o desafio com o Estoril-Praia, mas se há coisas na vida que são elásticas, e o tempo não é uma delas.

 

Vi a primeira parte do jogo contra o Rio Ave, como diria o Senhor Juiz Presidente do Supremo Tribunal, aos bochechos.

 

A segunda parte, vi-a por inteiro. Quer dizer, por inteiro até por volta dos 89 minutos de jogo, pois deixei-me dormir antes de a partida entrar no período de descontos, e como tal, não vi a expulsão do Rolando, senão nos resumos do jogo.

 

O jogo até estava entretido, e sem grandes motivos para preocupação, com duas raras excepções que foram o remate do “nosso” Kelvin e a escapadela do Yazalde, anulada a meias pelo Helton e pela inépcia do vila-condense. A resistência deu para ver 44 minutos seguidos de futebol. Não foi mau!

 

Se o Henrique Calisto ficou todo contente porque lhe ganhámos, mas tivemos de lançar o Hulk e o João Moutinho para a arena, então o Carlos Brito não terá grandes motivos para satisfação, já que o João Moutinho nem se equipou e o Hulk durou trinta e poucos minutos.

 

Mas passemos ao que interessa. Como disse há pouco, em parte bem podemos agradecer ao Helton, não termos sofrido um golo do Rio Ave, e para além disso, pouco mais teve de fazer.

 

O Maicon, uma vez mais, embora esforçado, demonstrou, como se fosse preciso, que remedeia na lateral, mas não é a mesma coisa. Guardo na memória uma subida que fez até à área contrária em que, a dada altura, se deixou ultrapassar pela bola. Quando a quis pisar, para a puxar para trás, já estava em desequilíbrio. O que lhe sobra em estatura, falta-lhe em agilidade.

 

O Rolando, enfim, o Rolando, depois de uns quantos jogos em que não se notou, voltou a ser ele próprio. Socorrendo-me de um neodragologismo do Jorge, diria que lhe deu para fucilitar.

 

Vá lá que o colega do lado esteve em bom plano, senão estávamos feitos…

 

Em plano superior na defesa, só mesmo o Álvaro Pereira, sempre na mecha flanco acima, flanco abaixo. Esteve bem. Os alguns centros milimétricos que fez sem destinatário concreto, não foram tanto responsabilidade sua, mas mais da falta de uma referência na área.

 

Da mesma forma, as triangulações falhadas no flanco, que saíram mais ou menos como os quadrados de três vértices daquele conhecido geómetra, também não foram tanto da sua lavra, mas muito mais do médio daquele lado que não acompanhou as jogadas em causa. Enfim, all and all, bem positivo.

 

O Fernando, a mesma coisa. Mais uma boa exibição, ainda que com alguma preocupação, pois tanto o lance do Yazalde, como o da expulsão do Rolando, nasceram pelo meio do terreno, ainda que as responsabilidades não lhe possam ser inteira e/ou directamente assacadas.

 

O Belluschi só se notou num remate sem nexo, quanto ao resto, népia.

 

Que não se infira do que disse em relação ao Álvaro Pereira, que o Defour jogou mal. Nem por isso, faltou em algumas situações de triangulação, mas esteve em jogo, tanto defensiva como ofensivamente. Bem mais do se pode dizer do Belluschi.

 

Do James Rodriguez, para além do regozijo pelos golos marcados, fiquei com uma preocupação adicional, e parecida com o que vamos sentindo em relação ao Hulk: se temos um finalizador do quilate do miúdo, vamos colá-lo à linha ou pô-lo a organizar jogo? Estes tipos que fazem duas posições dão-nos água p’la barba.

 

O outro Rodriguez continua na sua fase de texugo encandeado, a chocar com os candeeiros, leia-se: “defesas contrários”, que lhe surgem pela frente. Pelo menos, esforça-se, temos que lhe dar isso. Oxalá jogue contra o Estoril-Praia, para ver se perde um bocadinho aquele ar roliço.

 

Outro que espero que jogue contra os canarinhos, para ganhar rodagem, é o Iturbe. O rapaz esforçou-se, mas canalizou em demasia o esforço para agradar à plateia. Levou um amarelo injusto. Era bom que, na falta do João Moutinho, fosse ele a assumir a organização do jogo, para libertar o James para diante.

 

O Varela, também espero que jogue contra o Estoril. Se o problema dele for falta de rodagem, pode ser que ainda chegue lá. Isto é o que se chama “wishfull thinking”. E já agora junto à lista o Kléber.

 

Para terminar, só uma pequena comparação entre o nosso jogo e um outro encontro em que também alinhou uma equipa de camisola às riscas verticais verdes e brancas.

 

 (Estatísticas Oficiais da Liga Zon Sagres - LPFP/wTVision/Amisco)

 

Como se vê, os dados estatísticos mostram bem as diferenças entre nós e a equipa que nos precede na classificação da Liga.

 

Do nosso lado, uma posse de bola superior, mas menos oportunidades de golo, com igual número de remates.

 

É natural se tivermos em conta que o nosso sistema de jogo privilegia a posse de bola. Mas é o reflexo de uma posse de bola inócua, tendo em conta as poucas oportunidades criadas. Falta de um ponta de lança?

 

Do ponto de vista defensivo, o jogo de posse confere ao adversário muito menos remates e cantos, e consequentemente, oportunidades de golo que o jogo declaradamente ofensivo do nosso rival na luta pelo título.

 

Contudo, haverá de ter em consideração que o Rio Ave que jogou contra nós, é uma equipa que aposta quase exclusivamente em transições rápidas, enquanto que o Vitória de Setúbal, joga mais de bola no pé. Qual a importância desta observação?

 

Os vilacondenses com um estilo de jogo que se enquadra no nosso, perderam por dois a zero. Os de Setúbal, com um estilo de jogo parecido com o nosso, do ponto de vista estatístico equilibraram o jogo na Cesta do Pão, e saíram de lá com uma cabazada.

 

Parece-me que aqui reside um dos nossos problemas actuais, cuja solução poderá passar ou não por um novo avançado: um jogo mastigado em demasia e pouco objectivo.

 

Ou seja, um chiclabol ou futebol-chiclete, que se mastiga, mastiga, mastiga, fica um saborzinho, que no caso será o resultado, mas que a seguir se joga fora, pois nada fica para registar na memória.

 

Bem, venham de lá os canarinhos do Estoril, que eu não confio nesses tipos desde o tempo em que o Manuel Abrantes era o guarda-redes deles, e arrancava sempre portentosas exibições contra o FC Porto...


 Nota: neste jogo, apesar de tudo, ficarão sempre os dois golos do puto James!  

sinto-me:
música: Chiclete - Táxi
publicado por Alex F às 19:35
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