Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2013

Se um ex-Secretário de Estado da Cultura pode, eu também posso

Antes de mais, faço desde já uma declaração de princípios. Acho que faz aqui todo o sentido, pois se a fizesse mais para diante, seria, quanto muito, uma declaração de meios ou de fins.

 

 

Não me agrada a expressão: “vai tomar no cú”. É um brasileirismo, e bem sei que agora temos o Acordo Ortográfico, e sei lá mais o quê, mas não gosto.

 

Neste caso, sou muito bairrista e dou francamente preferência à produção nacional. Muito antes prefiro o nosso equivalente “vai levar no cú”, ou em português suave, “vai levar na peida”.

 

No entanto, o “tomar no cú” tem história no nosso futebol.

 

Primeiro foi o episódio entre o Rochembach e o José Peseiro, em que o primeiro, ao ser substituído num jogo, mandou o então seu treinador “tomar no cú”. Ainda que não audível, foi na altura perfeitamente legível para qualquer um atento e familiarizado com a expressão.

 

O Peseiro, contudo, permaneceu ostensivamente imperturbável, dentro daquele que é o seu padrão de comportamento nos jogos das equipas que orienta: não é nada com ele.

 

A outra situação envolveu o João “pode vir o João”, num desafio nos Barreiros entre o Marítimo local, e a sua equipa do coração.

 

Nesse, a sorte saiu ao Olberdam, que acabou expulso por sugerir a um colega de equipa que fosse “tomar no cú”.

 

O João “pode vir o João”, homem militar, habituado ao convívio castrense com outros tantos, fardados iguais a si, levou a coisa a peito, e não lhe perdoou.

 

Ou por outro motivo qualquer. No meu caso, por uma estranha associação de ideias, as fardas fazem-me sempre lembrar dos “Village People”. E depois ainda por cima em quartéis… A mim, o último sítio onde me apanhavam era num submarino.

 

Por favor, não interpretem mal o que acabaram de ler. Não era minha intenção ofender quem quer que fosse, excepção feita, por motivos óbvios, ao João “pode vir o João” Ferreira. É apenas uma questão pessoal de convicção e pura ignorância.

 

Voltemos porém à vaca fria. Mais do que uma questão de preferência pessoal, o “vai levar no cú”, possibilita um espectro de aplicação mais vasto, e com menos contra-indicações do que, por exemplo, um “vai para a puta que te pariu”.

 

Neste, o desconhecimento da ocupação profissional da progenitora do sujeito objecto da recomendação, ou o simples facto de este ter sido defecado em vez de parido, constituem óbices decisivos ao sucesso do empreendimento prescrito.

 

 E, que nem de propósito, eis que chegamos ao Vítor Serpa e ao seu último editorial, onde, a propósito da decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, sobre a exclusão do FC Porto da Taça Lucílio Baptista, podem ser lidas pérolas, como as que se seguem.

 

  “ (…)

 

 Tivemos acesso ao documento da instrução do processo sobre o caso, que apontava para uma falha evidente dos serviços administrativos do FC Porto, que teria consentido utilizar três jogadores em situação irregular num jogo da Taça da Liga. as consequências indicadas nesse documento eram óbvias: o FC Porto não tinha como escapar do castigo de ser eliminado da prova.

 

 (…)

 

 É para nós evidente que o CD da FPF decidiu com estranha e inesperada parcialidade, por motivos e razões que só esse órgão colegial intimamente conhecerá - uma opinião que não podemos evitar, em face dos factos.


Nada garante que essa seja a decisão definitiva - em virtude do recurso hierárquico que assiste ao Vitória de Setúbal
. Mas já cá andamos há tempo suficiente para sabermos o que uma vez nos disse o saudoso árbitro Vítor Correia, que nos lembrava sempre de que houve um dia em que viu um porco a andar de bicicleta e que, a partir desse dia, tudo se tornava possível neste desfigurado futebol português...”

 

Todos sabemos, na sabedoria popular como aqui, quem são os destinatários das pérolas, e este é, sem dúvida, um belo exemplo de algo que só poderá tipicamente, provir da pena, ou nestes tempos modernos, do teclado, de alguém que foi cagado, e nunca parido.

 

Assim sendo, fazendo votos para que o espírito de um qualquer Alfredo Farinha, menos chato, é certo, abandone o corpo do Vítor Serpa, e na convicção de que, de portista para portista, o Francisco José Viegas por certo não se importará com este plágio de uma expressão, que afinal, até é popular, digo muito respeitosamente:

 

Vai tomar no cú, Vítor Serpa!

música: In the navy - The Village People
sinto-me:
publicado por Alex F às 13:16
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