Mas afinal o que é que se passa neste amontoado de folhas de papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos?
Está tudo doido, ou quê? É que não tarda nada, nem para os fundos das gaiolas isto vai servir, porque os pobres dos bichos ainda podem ficar afectados com as tintas, ou o que quer que seja que empesta o sítio onde produzem esta coisa.
Foi impressão minha, ou aqui há coisa de uns dois ou três dias, no mesmo papel infecto a capa era esta:
Então como é que é?
Primeiro é “Quem diria que Witsel e Hulk iriam render o mesmo?” “Iguais em milhões”.
Conforme consta no próprio comunicado à Comissão de Mercado de valores Mobiliários (CMVM), no caso do rapaz de vermelho, ter-se-á tratado de uma alienação “a título definitivo [d]a totalidade dos direitos desportivos e económicos do atleta Axel Witsel ao Football Club Zenit, pelo montante líquido de euro 40.000.000 (quarenta milhões de euros), valor da cláusula de rescisão”.
Ou seja, algo que se assemelha a um hostile take over. Bateram o contado e levaram o palhaço. Não há cá comissões, percentagens para empresários, fundos de garantia, mecanismos de solidariedade, direitos de formação, e todas essas tretas.
E ficaram muito contentes, porque afinal o rapaz valia tanto como o Hulk.
No entanto, o Jornal de Notícias, teve uma visão substancialmente diferente, quiçá uma miragem, que inclui 8 M, para um investidor, 4 M, de comissão de intermediação e 2 M, a confirmar, para o fundo de solidariedade.
Agora, ficam todos contentinhos das suas tristes vidinhas, porque o Zenit, por certo tão somente para satisfazer a ansiedade de quem escreveu aquele título, terá vindo dizer que pagou apenas 40 M pelo Hulk, o que significará apenas quatro coisas:
- que investidor, detentor dos restantes 15% dos direitos económicos não vendeu o seu quinhão, o que é perfeitamente legitimo, embora um tanto ou quanto estúpido;
- que o FC Porto mentiu à CMVM, pois os russos não vão suportar o pagamento ao tal fundo de solidariedade;
- que aos 40 M, haverá a abater 4 M, e não 6 M, da comissão do agente (10% do valor da venda, que assim passa a ser de 40 M, em vez de 60 M), mais os 3 M do fundo de solidariedade, e os 2 M de prémios ao jogador;
- fazendo as contas, o resultado líquido da operação teria ficado pelos 31 M de euros, no lugar dos 40 M anunciados.
Portanto, bem vistas as coisas, o negócio do rapaz de vermelho revelou-se mais rentável em 9 M, que o do Hulk. Onde é que estão as parangonas desfraldadas a apregoar isso?
Ainda não as vi. Porque é que ao repto lançado pela SAD do nosso clube, muito directo e entendível até a tanto lobotomizado que por aí vagueia, de que sejam divulgados pelo clube vencedor desta espécie de concurso de medição de pilinhas de miúdos da primária, os valores globais envolvidos na transferência, veio um palerma encartado qualquer, refugiar-se na resposta do Zenit e acrescentar mais uma série de banalidades, numa na tentativa clara de interliga-las a não se sabe muito bem o quê?
Se os 40 M recebidos pela venda do Rallo, são “líquidos”, onde é que ficou a parte sólida? Marchou com a descarga do autoclismo?
Melhor ainda, se os 40 M são “líquidos”, e correspondem à cláusula de rescisão (vide comunicado à CMVM), querem que acreditemos que os russos, que pagaram a cláusula de rescisão integral, e no nosso caso, nem sequer se dignam a suportar o “mecanismo de solidariedade”, ainda vão ser beneméritos ao ponto de arcar com a parte sólida?
Era estranho, não era?
Quem mente, ou quem mentiu à CMVM, e qual a mentira mais grave: a do FC Porto, que faz um negócio de 31 M líquidos, e declara à CMVM, 40 M, ou de quem declara 40 M líquidos, num negócio cujo valor total se desconhece?
O negócio do Witsel, assim à primeira vista, parece ter potencial para ser muito superior ao do Hulk e, sabe-se lá, um dos melhores negócios da época. Ainda melhor do que o pintam.
Porque é que, desta vez, aqueles que tanto se ufanam de estar sempre na vanguarda, de serem os mais grandes, de fazerem os melhores e maiores negócios, ficam satisfeitos em serem iguais ou apenas em ultrapassar pela direita?
É estranha esta humildade, este comedimento. Muito estranho.
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