Domingo, 18 de Novembro de 2012

Instintos básicos

Após uma eliminatória da Taça de Portugal em que os únicos pontos de interesse foram os tomba gigantes Arouca e Beira-Mar, muito pouco me surpreenderia se as idas e vindas da tournée da selecção nacional ao Gabão, continuassem na ordem do dia e da noite.

 

 

O porquê ou porquês de toda esta agitação é que me entristecem.

 

Do lado de Pinto da Costa não se esperava nada de diferente. Fez aquilo que sempre fez, faz e fará: a defesa intransigente do clube, e só desiludiria se não o fizesse.

 

Exagerou? Aproveitou a onda para lançar uma farpa à Federação, e de caminho ao Fernando Gomes? Sim, sem dúvida.

 

Agora o Paulo Bento, que não era tido, nem achado na matéria, é que resolve vir a terreiro, tomando as dores do patrão. Porque é que não se reduziu à sua insignificância, em vez de, qual McNamara, aproveitar para surfar uma onda, demasiado grande para si, é que resta saber.

 

É que ainda por cima a coisa saiu-lhe completamente ao lado. Só mesmo o José Manuel Delgado é que lhe dava a primeira página no papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos.

 

Vejamos. A primeira divulgação de que tive notícia dos comentários de Pinto da Costa, foi n' "O Jogo", pelas 22:58, do dia 14 de Novembro.

 

 

 

O jogo da selecção da Colômbia contra o Brasil, que o seleccionador nacional traz à colação decorreu, na nossa hora e fazendo fé no Zerozero.pt, às 00h30, do dia...15 de Novembro. Quase duas horas depois.

 

 

Ou seja, excluindo a hipótese, para muitos bastante plausível, de que Pinto da Costa recorra a alguma bola de cristal, quando fez aquelas declarações, era-lhe (quase) impossível adivinhar que o James e o Jackson Martinez iriam estar em campo o tempo que, efectivamente, estiveram.

 

Pretenderia o Paulo Bento, com o seu contra-ataque, que Pinto da Costa dissesse o mesmo que disse sobre a Federação Portuguesa e o jogo no Gabão, em relação à congénere colombiana?

 

Da maneira como falou, não parece que assim seja. Ainda que assim fosse, não seria passar um atestado de burrice ao presidente do FC Porto, pretender que metesse no mesmo barco, enquanto adversários daquelas duas selecções, o Gabão e o Brasil?

 

Até em termos de motivação dos jogadores. Ainda que tratando-se de um particular, não me custa acreditar que qualquer colombiano desejasse ficar o maior tempo possível em campo contra o campeão do Mundo. E o Pepe contra o Gabão? Será que insistiu para regressar no segundo tempo?

 

Enfim, se não fosse algo descabido associar numa mesma frase "intelectual" e "Paulo Bento", diria que a sua intervenção roça a desonestidade intelectual. Mais valia ter metido ao barulho o Defour...

 

Quanto ao José Manuel Delgado e ao papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos onde bota escrevedura, nada de novo. É-lhes instintivo dar não só guarida, como destaque a este tipo de coisas. São instintos básicos, dirigidos a básicos.

 

Ou será que, dando sequência a algumas conversas sobre a continuidade de um certo treinador, caso, mais uma vez,  não logre vencer o campeonato, havidas aquando do recente acto eleitoral para a presidência de determinado clube, surge aqui um primeiro passo na campanha do candidato a substitui-lo?

 


(actualizado em 2012.11.19)

 

Nota : Pois é, o Defour não daria muito jeito porque, ao que parece, apenas terá jogado 58 minutos, contra a Roménia, e aqui bem pertinho, em casa.

       

sinto-me:
música: Gimme all your lovin' - ZZ Top
publicado por Alex F às 23:43
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