Há coisas que não mudam, e não estou a falar do JB. Ainda mal tinha acabado a partida na Amoreira, perdão, Estádio António Coimbra da Mota, ou lá o que é, e na SIC estava dado o mote: “João Moutinho salva FC Porto”.
O Diário de Notícias e o SAPO Desporto foram apenas dois dos que replicaram aquela brilhante conclusão, que acabou por ser difundida por quase todos os meios de comunicação.
É certo que o FC Porto se viu por duas vezes na mó de baixo e, por duas vezes, conseguiu chegar ao empate. A última delas bem perto dos 90 minutos, mas ainda dentro deles, para mal dos pecados dos Joões Queridos Manhas deste mundo, que se dedicavam antecipadamente a escrever obituários e a desfiar o rol dos insucessos portistas frente aos estorilistas.
Depois de termos proporcionado à nação futebolística um campeão de Inverno coxo, de que pouco ou quase nada se falou, continuamos no nosso desporto favorito de desfazer ilusões e frustrar iludidos.
Engraçado é que, ainda que não tivéssemos empatado aquele bendito jogo, nada estaria irremediavelmente perdido. Estoril-Praia e o Vitória de Setúbal ficavam com quatro pontos, e nós com três, e a possibilidade de discutir em pleno Dragão com os setubalenses, conforme, de resto vai acontecer, a passagem às meias-finais.
É verdade que, ao contrário do que assim acontece, deixaríamos de estar apenas dependentes de nós, tendo os canarinhos da linha ainda uma palavra a dizer, mas daí, até “João Moutinho salva o FC Porto”…
Curiosamente, ou talvez não, bem longe dali, numa terra chamada Moreira, de quem se diz de Cónegos, uma outra equipa também perdia. E esteve a perder, até conseguir lograr o empate após os 90 minutos e através de uma grande-penalidade, a segunda, a emendar uma primeira tentativa falhada.
Nada a dizer quanto ao castigo máximo apontado. A equipa em questão não tem culpa que um palerma qualquer, de nome Anilton, tenha uma paragem cerebral e pontapeie, e não puxe ou agarre, como para aí se diz, um adversário em plena área de rigor.
Comentário na imprensa? A equipa que alcançou o empate “adia o apuramento” para a última jornada.
Tudo bem, também bate certo. Em caso de vitória faria seis pontos, o seu rival ficaria apenas com um, tal como o Olhanense, e o mais directo concorrente, a Académica de Coimbra, quedar-se-ia com dois pontos, logo, a passagem às meias-finais estaria assegurada.
Não conseguindo o empate, manteria os três pontos da primeira jornada, o Moreirense alcançaria quatro pontos. Permanecendo as pontuações da Académica e Olhanense inalteradas, o apuramento seria também discutido na última ronda, em casa, contra os estudantes, mas, tal como nós, sempre na dependência do resultado do Moreirense em Olhão.
Onde é que está a grande diferença para nós? Pronto, estou consciente que estamos a falar da Taça Lucílio Baptista, mas ainda assim.
Porque é que o “Cardozo [não] salva” ou “o FC Porto adia apuramento”?
As perguntas são obviamente retóricas. Não se macem a responder aquilo que todos sabemos de ginjeira.
Concluído este pouco breve desabafo, passemos ao ponto fulcral de interesse: a equipa do FC Porto.
A primeira conclusão é que passámos dos golos esquisitos, para os golos de bola parada, um deles – o segundo - saído também ele, para não variar muito, de uma jogada esquisita.
Nada a dizer, tanto de um como do outro. O primeiro nasce de livre bem apontado, a punir uma falta, igual a outras duas a nosso favor, uma na primeira parte sobre o Otamendi, que originou o cartão amarelo ao Lucho, e outra na segunda parte, ambas no limite da grande-área e que o árbitro decidiu não assinalar. Critérios, e dois erros a nosso desfavor.
Do penálti, nada a dizer. É falta, e pronto. Aliás, para além disso, apenas teve piada ver o árbitro Jorge Ferreira, sempre bem disposto e sorridente, quando se tratou de mostrar cartões amarelos aos nossos jogadores, e esquecer-se dum cartão ao Carlitos. Nada de muito grave, portanto.
Voltemos a nós. Na temporada passada queixávamo-nos de não ter ponta-de-lança, mas tínhamos o Hulk a fazer de conta que o era, e depois veio o Janko, no final de Janeiro.
Agora, temos ponta-de-lança, mas ficámos sem ele. Contudo, não temos suplente à altura, neste jogo por lesão, em condições normais, apenas porque não. E neste jogo, nem um nem outro. E não temos o Hulk.
Estamos melhor ou pior? Tudo dependerá do tempo de recuperação do Jackson Martinez.
Temos um Varela, que somado com o Atsu, não valem o Varela de há duas épocas atrás. Atsu, que ainda por cima vai para a CAN, que começa a 19 de Janeiro, e poderá terminar, o mais tardar, a 10 de Fevereiro.
O Kelvin, dificilmente algum dia dará um extremo. Se tivermos sorte, e ele juízo, quanto muito daria uma aproximação de James Rodriguez, e o Iturbe, já cá não reside, agora de forma cada vez mais próximo de consumada.
Para a linha, resta o James. Vendo este panorama, e tendo em conta que o Danilo prefere jogar a meio campo, que nos Jogos Olímpicos, o Alex Sandro jogou várias vezes no meio-campo, com um rendimento apreciável, e que a nossa defesa, pese embora, os golos esquisitos, é um sector relativamente estável, passou-me pela cabeça adiantar os dois brasileiros. Ou um deles, à vez. Será muito estúpido?
Bem sei que nunca serão extremos puros, e mais aproximado será o Alex Sandro que o Danilo, que será médio por excelência, e faz de lateral por necessidade.
Por outro lado, a inclusão do Miguel Lopes no pacote da troca pelo Izmailov viria dificultar um pouco as coisas. Não consigo imaginar uma defesa Maicon-Otamendi-Abdoulaye-Mangala, mas…
A propósito do Izmailov. Vamos ter mais uma maçã podre de sucesso? Espero que assim seja, e acho muito estranho que todas aquelas sucessivas paragens se devam apenas a lesões. Há por ali muita vontade de dar de frosques da Calimeroláxia.
Seja como for, a correr bem, poderá contribuir para o reforço do meio-campo. Porém, nessa zona, a questão nevrálgica a resolver parece que vai permanecer insolúvel: quem, em caso de lesão ou de saída, substitui o Fernando?
O Defour? Faz o lugar, mas não é a mesma coisa. Duplo pivot? Quem? E a que custo? Alterar o esquema táctico instituído? Vade retro Satanás!
No entretanto, o Fernando vai fazendo jus aquele que é o seu apanágio de ir ganhando muito lentamente ritmo de jogo. Não que comprometa grandemente. Falha nos tempos de entrada, passa menos bem, enerva-se, irrita-se, mas defende-se, vai jogando e fazendo pela vida.
Contra o Estoril melhorou substancialmente quando, na segunda parte, recuou para a cabeça-da-área, quase junto aos centrais, e depois…saiu.
Termino com uma nota sobre o Sebá, que se estreou na equipa principal. Ou melhor, uma nota sobre os avançados da equipa B do FC Porto.
Olho para ele, para o Vion ou para o Dellatorre e, estranhamente, não vejo em nenhum deles, nem sequer uma sombra de um Jackson Martinez.
Associando esta questão à do ponta-de-lança/avançado-centro, parece-me, não só, que a solução dificilmente virá da equipa B, talvez apenas um remendo, e mais ainda, que a replicação do sistema táctico da equipa principal, por todas as demais, não fará grande sentido.
No entanto, quando se vê que a tal equipa que só empatou em Moreira de Cónegos, de penálti e no período de descontos, acabou esse jogo com quatro (quatro!!) avançados-centro, ou quase (Cardozo, Lima, Rodrigo e Kardec), talvez estejamos a sobrevalorizar esta questão.
Tudo somado, ao contrário de alguns campeões da prosápia, continuamos candidatos ao título, e brevemente, assim estejam todos recuperados e motivados, iremos demonstrá-lo. Somos candidatos, pelo menos, às meias-finais da Taça Lucílio Baptista, e estamos na Champions, onde acredito que passaremos aos quartos-de-final que se segue.
O resto? O resto é mais do mesmo, como sempre.
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