Depois da exibição medíocre de ontem, na noite escura e chuvosa de Setúbal, não admira que o brilho resplandecente do resultado obtido tenha encandeado alguns órgãos da dita comunicação social, tais as dificuldades que denotam para reproduzi-lo nas suas primeiras páginas.
Salva-se “O Jogo”, que mais não seja, mas do qual costumam coexistir duas versões geograficamente distintas, de que só conheço a que se segue.
O FC Porto alcançou o primeiro classificado no topo da tabela, e é segundo ex-aequo, tendo em conta a diferença de golos marcados e sofridos? Bah! O Levezinho, que resolve, chegou à Invicta.
Está a apenas dois golos de passar a primeiro de facto, ainda que ex-aequo? Sim, sim. E o Jesualdo? O que é ele anda a fazer?
Jogámos sem o James Rodriguez, sem o Fernando, sem o Atsu, sem o Varela, excepção feita ao lance do penálti, sem o Kelvin, à parte o penteado, e já agora, sem o Izmaylov? E depois? O Maicon até regressou.
O Jackson Martinez é, neste momento, o melhor marcador da prova? Balelas! Imaginem o forrobodó que para aí andaria se fosse o Cardozo, com penáltis e golos fantasmas à mistura…
Business, as usual, como sempre.
Também não tardará muito para que mais uma saraivada de comentários depreciativos se abata sobre o nosso treinador.
Recordo o que dele dizia Miguel Sousa Tavares, na sua última crónica, que “[é] bom a dar consistência à equipa; é mau a dar-lhe criatividade, a correr riscos necessários, a apostar e a desamarrar os jogadores de desequilíbrio”.
A imagem generalizada, é a de que Vítor Pereira é temeroso, por contraponto com o treinador do nosso principal adversário, um caso paradigmático de temeridade.
Será assim? Será o timoneiro da nossa nau, assim tão avesso a correr riscos?
Quem tem por hábito visitar este humilde poiso, terá percebido que não morro de amores por ele. É verdade. Porém, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, e além disso, não suporto que o comparem a outros, designadamente ao tal, elevando este aos píncaros, e rebaixando o nosso. É coisa que me irrita solenemente.
Mas afinal, qual dos dois corre verdadeiramente mais riscos? É a análise que proponho, tendo em conta os seguintes parâmetros:
- características das equipas/modelo de jogo;
- apreciação do modelo de jogo pelos adeptos;
- gestão do plantel;
- lançamento de novos jogadores;
Vejamos então.
Modelo de jogo.
Conforme escrevi no último texto, o sumo que retirei da leitura dos três trechos então reproduzidos, no que toca às características das duas equipas, resume-se em parte, a que a nossa está mais talhada para jogar com equipas da sua igualha ou até ver, de nível superior, ao passo que o adversário conveniente dos nossos rivais será tendencialmente da sua categoria para baixo.
Ora bem, atenta aquela que é a realidade do nosso panorama futebolístico, como ontem pudemos sobejamente constatar, e pensando apenas na Liga Zon Sagres, o nosso modelo de jogo estaria ajustado a quantos jogos? Com boa vontade, seis. E ainda há alguns que fazem o possível por reduzir esse número.
Comparativamente, do outro lado passar-se-á exactamente o inverso. Tomando como o exemplo o recente clássico, o modelo da cavalgada heróica, se algumas dificuldades experimentar na sua implementação, resumir-se-ão a apenas esses mesmos seis jogos, quando não forem menos.
A vocação da nossa equipa direcciona-a claramente mais para as competições europeias, do que para as internas. Só que, a essa escala, quase tudo pode acontecer, desde Dínamos de Zagreb a Apoeis.
O grau de aleatoriedade da aposta é sempre, necessariamente mais elevado.
Assim sendo, quem arrisca mais?
Nota: Com um bocadinho de sorte, os demais pontos seguir-se-ão dentro em breve. A não ser que esta primeira parte dê azo a demasiadas reclamações…
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