Embora me provoque alguma comichão na epiderme, ainda que moderada, tendo em conta a importância da coisa em si, não consigo afastar, para além da dúvida razoável, a sensação de que alguém na nossa SAD meteu a pata na poça à grande neste caso da Taça Lucílio Baptista.
Inconscientemente, por incúria, desleixo, distracção ou outro sucedâneo do género, ou conscientemente, confiando para lá da conta na incompetência de terceiros para detectarem a situação, algo se terá passado de pouco normal.
E claro, como não poderia deixar de ser, o caso deu azo a diferentes leituras. Uns em estado quase orgásmico viram neste episódio uma falha flagrante de uma estrutura reputada de infalível a todos os níveis, e ficaram exultantes por isso. Quase toda a imprensa desportiva enveredou por este caminho, cantando e rindo.
Para o “Record”, conforme realçou o Dragão Vila Pouca, no seu Dragão até à morte, estaria inclusivamente a ser posta em causa pelos accionistas, a continuação de Pinto da Costa, à frente da SAD.
Por certo, terá faltado desta vez um repasto confabulatório, num qualquer estabelecimento hoteleiro da capital, para afinação estratégica de agulhas nesta matéria e estabelecimento da “linha oficial” a seguir.
Só assim se compreende que, por exemplo, João Gobern no “Trio d’Ataque”, também mencionado no texto acima referido do Dragão até à morte, ainda que sob o escudo protector do anonimato daquilo que circula na internet, se dê ao ridículo de reproduzir a “teoria” de que o FC Porto utilizara conscientemente os jogadores, sabendo que seria punido por isso, para dessa forma, “compensar” o Vitória de Setúbal pelo adiamento do jogo de 14 de Dezembro para 23 de Janeiro.
Como disse há não muito tempo, o adiamento daquele jogo pareceu-me, muito sinceramente, ser do interesse de todos os interveniente directos. O menos interessado seria interveniente, mas apenas por via indirecta.
Uma diarreia mental desta natureza vai de facto de encontro à posição oficial desse interveniente indirecto. Como é que se passa a mensagem de que o clube dos corruptos controla tudo e todos, e depois comete uma aselhice daquela dimensão?
Até em momentos como este, há que enaltecer a capacidade conspirativa do rival, que nada deixa ao acaso, e nada melhor para tanto que uma teoria que circula na internet. Posta a circular por quem?
Mas a coisa não ficou por aqui. Hoje, no “Mais Futebol”, Luís Sobral escreve sobre “Niculae, Kléber e o amigo FC Porto”, e deixa uma série de perguntas a que o Sporting terá de responder.
Uma das quais, a sexta, reza assim:
“6. F.C. Porto salvador? Falhou Niculae, voltou a hipótese Kléber. Os dois clubes já tinham tentado, sem sucesso. Quando se viu perdido, o Sporting voltou a perguntar pelo brasileiro. Chegou a acordo com os portistas, mas não foi capaz de convencer um jogador lesionado, sem perspectivas de competir. Foi mais uma demonstração de incapacidade, que o Sporting dispensava. Até porque sublinhou uma realidade incómoda: quando está em apuros, alguém em Alvalade telefona para o Dragão. Negócios entre rivais fazem sentido. Ser auxiliado por alguém com quem se devia discutir o campeonato é difícil de compreender e levanta diversas questões.”
O Luís Sobral que escreveu isto, é o mesmo que uma semana atrás, a propósito do imbróglio da Taça Lucílio Baptista, dizia no mesmo sítio, qualquer coisa como isto:
“1. O F.C. Porto. Parece evidente, até pela ténue reação do clube (em off, sem que Pinto da Costa se tenha desta vez disponibilizado para atacar a Liga), que o F.C. Porto errou. O lapso ocorreu na Taça da Liga, é verdade, mas não deixa de ser um erro que expõe a organização, tantas vezes elogiada. Num outro emblema já teria havido adeptos a questionar semelhante fragilidade, mas no F.C. Porto parece interiorizado que a Taça da Liga é uma competição em que o clube nem devia cansar os jogadores.”
Ora, se neste último caso “a organização, tantas vezes elogiada”, ficou exposta pelo erro, resta saber exposta a quê, porque será tão incómoda a pretensa realidade constatada, de que “quando está em apuros, alguém [na Calimeroláxia] telefona para o Dragão”?
Incomoda a quem? “[É] difícil de compreender e levanta diversas questões”? Será assim tão difícil de compreender? E que questões, certamente duma pertinência considerável, serão essas?
É pá, decidam-se de uma puta de uma vez por todas:
ou somos muita bons, controlamos, compramos, subornamos este mundo e o outro, e é exclusivamente por causa disso que ganhamos a torto e a direito;
ou somos burros até mais não, susceptíveis como todos os mortais ou pior, de cometer erros de palmatória, e temos de nos aliar ao grupo desportivo dos bancos Espírito Santo e BCP Millenium para derrotar o grande clube, ou o mais grande, se preferirem, que quer-me parecer será o mais preocupado por detrás de tudo isto;
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