Antes de mais, espero que não me levem a mal pelo exagero profético do "nunca" do título, e muito sinceramente, o que mais desejo é estar redondamente enganado naquilo que em seguida vou escrever.
A recente reintrodução das equipas B no nosso futebol, de acordo com as discussões tidas nos mais diversos fóruns, teria em vista diversos objectivos, como, por exemplo, garantir alguma rodagem a elementos menos utilizados dos plantéis das A, ou funcionar como um meio de recuperação de ritmo competitivo de atletas vindos de lesões.
A possibilidade de aproveitar para suprir eventuais lacunas dos plantéis principais, chamando a estas alguns jovens talentos oriundos da B, também ela não seria despicienda, e, mais recentemente, com o episódio Rui Pastorício, de que falei no texto anterior, ficou bem demonstrado o seu potencial higiniénico, na limpeza de punições disciplinares.
Do nosso lado, a aquisição de rodagem por jogadores da equipa principal, tem vindo a ser gerida com alguma parcimónia, talvez pela relutância de algumas das nossas "vedetas", em descerem à B. A dada altura na época passada, mais pareceu que a utilização de alguns destes jogadores teve mais por propósito salvar a segunda equipa, do que retirar proveitos para a principal.
Quanto à limpeza de castigos disciplinares, aberta que foi esta janela pelo Sporting, espero que do nosso lado, não sejamos estúpidos ao ponto de recusá-la. A lei é igual para todos, se os clubes que não têm equipas B não se queixam, é esquecer o ridículo regulamentar da situação e seguir em frente.
Para mim, o calcanhar de Aquiles da equipa B continua a ser a função de veículo de transição de jogadores para a equipa principal.
O último jogo a que assisti integralmente, ainda que apenas parcialmente em directo, foi o FC Porto B contra o Trofense, do fim de semana passado, e é nele em que me baseio.
Para começar, confesso que fiquei surpreendido ao ver que o treinador principal da equipa passou a ser o Luís Castro, o (anterior?) coordenador do futebol jovem, tendo como adjunto o António Folha.
Parece ser à partida uma aposta forte nesta equipa. No entanto, apesar de ganharmos por 2-1, é verdade, mais uma vez, não fiquei com grandes expectativas quanto ao atingir daquele objectivo.
Na baliza o Kadú em vez do habitual Stefanovic da temporada passada. As hipóteses de um e de outro de chegarem à equipa principal são, quanto a mim nulas, ainda que considere o miúdo angolano superior ao actual guarda-redes do Arouca.
Se guarda-redes como o Beto e o Bracalli, não conseguiram chegar às redes da nossa baliza, e até o Fabiano já tem a sombra do Bolat, acho que teríamos de estar em presença de um predestinado para lá chegar, e não vale a pena ir por aí.
Na lateral-direita, gostei do venezuelano Victor Garcia. Sobe bem, centra com algum a propósito, e não é mau a defender, ainda que me pareça que lhe calhou o lado mais fraco do ataque do Trofense. Porém, lá está, ainda que seja um jogador em evolução, para já, nem pensar em equipa A, e da sua igualha, não deve ser difícil de encontrar.
Nos centrais, o Tiago Ferreira é bom rapaz. Foi comido umas quantas vezes em bolas enviadas para as suas costas, é um facto. Nada que os seus colegas que jogaram pela A frente ao Vitória de Setúbal, não tenham também experimentado. Digamos que com a hiperabundância de centrais com que nos debatemos, as suas hipóteses de chegar à equipa principal serão, mais coisa, menos coisa, "slim to none".
Do José António acho que, neste prisma, nem vale a pena falar.
O Quiño é uma espécie de Victor Garcia à esquerda, pior a atacar, e menos inspirador de confiança a defender. Numa emergência, poderá safar, como no campeonato passado. Mas, mais do que isso...
O Mikel tem força a rodos, e tenta carrilar jogo para diante, ainda que não seja um portento de técnica. Pareceu perdido a maior parte do tempo. Aliás, aquele meio-campo, constituido por si, pelo Tiago Rodrigues e pelo Tózé, pura e simplesmente não funcionou. Era cada um por si, nunca tiveram algo que se assemelhasse a jogo de equipa.
Não sei se pela concorrência interna que poderá existir entre estes dois, se por o Tiago Rodrigues estar com a cabeça em Guimarães, ou por excesso de vedetismo do Tózé.
Este último faz-me lembrar algumas dos jovens rotulados de vedetas que vi ascenderem à equipa principal, e nunca foram além da cepa torta. Quinito, Júlio Sérgio, Ricardo Sousa, e com outras características, o Paulo Machado ou o Castro. E acrescento ainda o Sérgio Oliveira, que, oxalá me engane, mas, apesar da cláusula de rescisão, não parece talhado para grandes vôos.
O meio-campo, e a equipa, enquanto tal, melhoraram consideravelmente com a entrada do Ivo e do Podstawski, e com a opção por um modelo de jogo mais próximo do 2 x 1, tão do agrado do Paulo Fonseca.
O Carlos Eduardo e o Kelvin serão, para todos os efeitos jogadores da A, a rodar na B. Logo, não caem exactamente naquilo de que falo. Ainda assim, tenho muitas dúvidas de que, tanto um como o outro, consigam algum dia afirmar-se no onze principal.
O ex-Estoril, no papel de criador de jogo, que desempenha bastante bem, faltando-lhe depois alguma agressividade defensiva, tem à sua frente só, o Lucho Gonzalez e o Quintero. E tem ainda contra si o facto destes pisarem terrenos mais adiantados, sendo ele um lançador mais recuado, estilo de jogo que a equipa raramente adopta.
O rapaz da crista é mocinho para ir aparecendo, fazer umas coisas engraçadas, marcar uns golos e decidir uns campeonatos. Daí até assentar arrais de forma consistente na primeira equipa...
Os dois avançados-centro, o Caballero e o Vion, não são avançados-centro. Isto apesar do segundo ter marcado o golo da vitória. A jogar em 4 x 3 x 3, plantá-los sozinhos no meio das defesas contrárias, dificilmente surtirá algum resultado, pois não revelam, para já, nem perfil, nem estaleca para tanto.
Ou seja, tudo somado, bem podemos manter um percurso 100% vitorioso na II Liga (depois do Trofense, derrotámos entretanto o Portimonense), que, como se diz pelo Brasil e, como referi, espero estar enganado, "quem nasceu para jacaré, nunca chegará a crocodilo".
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