Há algum tempo que andava a ameaçar. Há algumas semanas que vinha em queda, e agora espero que tenhamos atingido o fundo, e que não nos esteja reservada nenhuma surpresa desagradável para Arouca.
E, no fundo, aconteceu com o Atlético de Madrid, e em pleno Dragão, mas não teve grande coisa de novo.
A derrota aconteceu fundamentalmente, por duas ordens de factores: anímicos e tácticos, e dentro destes últimos, a parte física.
Só a componente anímica é que poderá explicar que uma equipa que faz 30 minutos iniciais em alta rotação, marque um golo e, quase instantaneamente, se retraia no campo, e deixe o adversário assumir as rédeas da partida, para depois, quando este alcança o empate, retornar a uma postura ofensiva.
Complexo de treinador de equipa pequena?
Não me parece. O Villas Boas tentou recriar o "repouso com bola", do Mourinho, mas não conseguiu grande coisa, e esta era uma imagem de marca do Vítor Pereira. Portanto, é algo que vem de trás, e que parece estar inculcado profundamente na psique do jogadores.
Contudo, na época passada, com as elevadíssimas percentagens de posse de bola, e em grande parte do tempo, no primeiro terço do terreno contrário, a coisa era menos arriscada.
Era o tal jogo de posse de que falava o treinador, e que resultava porque tinhamos jogadores para tanto, leia-se, o João Moutinho.
E a equipa parecia confortável neste estilo de jogo. Pudera, digamos que com os jogadores que tinhamos, era sem dúvida o menos arriscado. Sem um excessivo desgaste, dava para o gasto em termos internos, e com alguma estrelinha, talvez resultasse na Champions. Não resultou.
Passa-se o mesmo agora. Para já, não vejo no nosso plantel homens com capacidade para levar para além dos 30 minutos, o dinamismo evidenciado neste jogo.
O que nos leva à componente táctica. Pelo que percebi dos comentários que fui ouvindo ao longo do relato radiofónico, no Atlético de Madrid terão faltado ontem dois habituais titulares: Diego Costa, substituído pelo Baptistão, que quase não se viu, e o Koke, tendo entrado no seu lugar o Raúl Garcia.
Ou seja, o Diego Simeone não teve problemas em retirar um jogador criativo do meio-campo para diante, e colocar um homem para cobrir a ala, e lá adiante, dois avançados abertos a entrarem entre os laterais e os centrais.
Aos quatro centro-campistas espanhóis, contrapusemos nós apenas dois homens, que, quanto a mim, até foram os melhores em campo: Fernando e Defour.
Logo, em clara desvantagem, ainda mais agravada porque o auxílio dos extremos não existiu. Josué, claramente, está fora do seu habitat junto à linha, e Varela, está fora de si próprio. O Lucho andou lá por diante, muito perdido, quer entre linhas, quer quando se integrou na linha dianteira.
Os laterais, entre as claras dificuldades que têm vindo a sentir nos últimos tempos, com alguma dose bastante razoável, de uma menor concetração competitiva, e a preocupação com o posicionamento dos avançados contrários, também pouco ou nada ajudaram.
Portanto, a única forma de a coisa resultar, como em qualquer esquema táctico, seria pelo dinamismo que os intérpretes revelassem na vertente ofensiva, ou pela sua capacidade de fazer girar a bola entre si, sem dar abébias monstruosas, como a do segundo golo espanhol, do ponto de vista defensivo.
O dinamismo durou meia-hora, e entrámos em modo de contenção. Não havendo matéria-prima tanto para uma coisa, como para outra, o resultado foi o que se viu.
Agora resta-nos esperar que contra o Arouca, aquela meia-hora possa esticar-se mais um bocadinho, ou então, que meia-hora seja suficiente...
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