Aqui há umas semanas, o nosso ex-treinador Vítor Pereira, quis pôr o dedo na ferida do nosso maior rival, tentando explicar as suas dificuldades quando nos defronta, pela "alteração do ADN".
Fê-lo, como convém a quem conta um conto, puxando a brasa à sua sardinha, e evocando o temor que o "seu" FC Porto infundia no adversário. Porém, não fez mais do que massajar a superfície da ferida, a qual, quanto a mim, é bem mais profunda, e tem a ver com o conceito de "ciclo" vivido em cada um dos clubes.
Quando após a derrota inicial no campeonato, se levantaram as primeiras vozes a pôr em causa o treinador do nosso rival, o presidente, o fulano dos apêndices auditivos hiperdesenvolvidos, apressou-se a vir dizer que ainda era "cedo para encerrar este ciclo".
Geómetra de mão cheia como poucos, ele sabe perfeitamente que no final, o ciclo converge para o seu princípio, e não está para aí virado.
Sejamos francos, o pateta platinado é um bom treinador. Para os nossos padrões locais, e até mesmo para o nível europeu. Já provou que é capaz de montar uma equipa, de prepará-la, e de pô-la a correr como poucos.
Depois, os resultados comprovam que é perfeitamente incapaz de fazer uma gestão minimamente razoável dum plantel, mas não se pode ter tudo.
Ou seja, até aqui, nada que um Rui Vitória, um Marco Silva ou mesmo um Paulo Fonseca, no seu lugar, não pudessem fazer sem grandes problemas.
No entanto, é detentor de características únicas que fazem dele um caso ímpar do homem certo no lugar certo, e que nenhum daqueles será possuidor.
Não, não me refiro ao discurso atabalhoado, mas sim à pesporrência verbal de cada vez que abre a boca, à desonestidade intelectual de cada vez que aborda lances idênticos ou quase, consoante correm a seu favor ou do adversário, ou o desrespeito por regras basilares de uma sã convivência em sociedade. Tudo isto sob a benovolência quase generalizada de indivíduos, fazedores de opinião que se prezam por defender o contrário noutras ocasiões.
Foi sem dúvida ele o treinador mais vitorioso neste século à frente dos destinos daquele clube. Tendo sido campeão numa altura em que se encontraram reunidas condições únicas, muito especiais, esse título assentou-lhe como uma luva. Reparem que o outro treinador que, no que vai decorrido de século, também chegou a campeão com aquelas cores, também em condições muito especias, de cunhas leais, e etc., não teve estofo para continuar, não obstante tratar-se de uma reconhecida raposa velha.
Acabou por sair com saudades da família, e foi procurá-la para a Irlanda, quando ela vivia em Itália. Isto de PIIG's são todos iguais...
É pois o retrato perfeito da conjugação da fome, com a vontade de comer, que nem o facto de a hegemonia mais próxima de atingir ser a da conquista de vice-campeonatos, igualando porventura a marca do actual seleccionador nacional, parece abalar.
Dir-se-ia que presidente, clube e adeptos se encontram reféns de uma escolha única para a posição de treinador.
Do nosso lado, enquanto ocupa o seu lugar, vamos já no quinto treinador. Dois deles foram campeões, e Vítor Pereira, contrariando todas as expectativas mais optimistas, até as portistas, logrou sê-lo por duas vezes. E o quarto título só depende de nós.
Nós sabemos disto. O pateta platinado sabe disto. O fulano dos apêndices auditivos protuberantes sabe disto. Os adeptos do clube, aqueles que não sofrem do síndrome de Estocolmo, sabem disto. Os senhores fazedores de opinião, sabem disto.
Por isso, não vale a pena virem alimentar-nos a todos de falsas esperanças com capas destas...
Digamos que, para o nosso rival, a noção de "ciclo" é como aquelas rodas das gaiolas dos hamsteres, onde os bichinhos correm, correm, sem sair do mesmo sítio.
Do nosso lado, o ciclo faz lembrar a superfície calma de um lago, à qual se atira uma pedra. O círculo que se forma vai-se alargando, alargando, até que desaparece. Então, atira-se nova pedra, e novo círculo se forma, e assim sucessivamente, mantendo bem vivas a ambição e o querer, independentemente de quem lidera tecnicamente a equipa.
Chamem-lhe estrutura, chamem-lhe sistema, chamem-lhe o que quiserem. Há gostos para tudo. Há quem ache enternecedores os animaizinhos às voltas na roda, e há quem se deleite com a tranquilidade de uma bela paisagem lacustre.
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