Mais uma noite gloriosa do Glorioso, e mais um adversário cilindrado sem dó, nem piedade.
Mais uma vitória, e uma vitória daquelas que fazem a concorrência roer-se de inveja, e acima de tudo, uma vitória transparente, límpida, cristalina mesmo, diria eu.
Como nos dias de hoje, nada é deixado ao acaso lá para os lados da Luz, foi uma vitória que começou a ser preparada e construída bem antes do jogo. Não, não me estou a referir aos treinos semanais de preparação, que esses, por força do jogo europeu, a meio da semana, terão sido poucos.
A construção começou aquando da nomeação do árbitro Vasco Santos, logo prontamente, identificado como conotado com o "Apito Dourado".
E é mesmo assim que se fazem as coisas. É preciso memória, e saber quem é quem. Como provou o Dr. Fernando Seara, que para além de saber o nome do árbitro-auxiliar-que-anulou-um-golo-ao-Benfica-mas-que-validou-um-semelhante-ao-Nacional (eu não sei o nome, nem me dei ao trabalho, e por isso os hífens), até sabe em que é que ele esteve envolvido, e em que equipas de arbitragem esteve integrado. Vai na volta, até a cor das cuecas…
Um espanto! Um autêntico SIS ao serviço da causa desportiva!
Mas voltemos ao jogo. Identificados o árbitro e o árbitro auxiliar, havia esse pequeno pormenor, 90 minutos mais descontos, no tal campo de cento e não sei quantos metros, por sessenta ou setenta e picos, como diz o Jesus, a aturar uns quantos palermóides, vindos da Pérola do Atlântico.
E o jogo até começou bem. O Benfica fez o 1-0, numa bela jogada de futebol corrido.
A partir daqui é que foi o descalabro. Então não é que o sacana do árbitro auxiliar do Fernando Seara, resolve deixar passar um fora-de-jogo a um jogador do Nacional, e o tipo até marca golo?
Pior ainda. Então não é que o árbitro auxiliar do outro lado anula um golo ao Benfica, por um fora-de-jogo, para alguns milimétrico, mas ainda que assim seja, fora-de-jogo?
1-1 em golos, 0-2 em prejuízo para o Benfica.
A sorte é que lá veio o 2-1, ajudar a compor as coisas, e todos para o duche. No túnel, no famoso túnel, não se passou nada, excepto com o Rúben Micael, que foi acometido por um ataque súbito de complexo de perseguição.
De tal maneira não se passou nada, que o árbitro nunca mais foi o mesmo.
O árbitro auxiliar do Fernando Seara, fazendo jus ao epíteto que este lhe colocara, tem o desplante de anular um golo ao Benfica, numa jogada, muito parecida com a do golo do Nacional.
0-3 a favor do Nacional, mas com um senãozito. Não houve golo anulado, a jogada foi interrompida antes de o esférico penetrar na baliza nacionalista.
Esclarecido este, para todos os efeitos, mero detalhe, siga a banda. E a banda segue com mais uma daquelas jogadas do Aimar, a que eu não tenho coragem de chamar pénalti ou grande penalidade, e prefiro chamar “uma-jogada-daquelas-em-que-o-Aimar-resolve-atirar-se-para-o-chão-e-o-árbitro-dá-um-penálti-daqueles-que-fazem-rir-a-malta”.
Foi tão descarada, que até o Sílvio Cervan, na primeira vez que mostraram a repetição da jogada na televisão, e certamente (ou não), sem saber que estava a ser filmado, não conseguiu conter um sorriso trocista.
Grande penalidade inexistente para o Benfica, cartão amarelo para o homem da Madeira, e golo para o Cardozo, que esta época, a continuar assim, vai bater os recordes de golos do Jardel e do Yazalde juntos.
Na realidade, o que devia ter acontecido era um cartão amarelo para o Aimar, o qual, somado a uma entrada anterior sobre um jogador do Nacional, que também não lhe foi mostrado, dava uma bela expulsão aos 48 minutos de jogo, e com o resultado em 2-1.
Entretanto, o resultado passa para 3-1 para o Benfica, e as coisas equilibram-se em termos de prejuízo, 3-3.
E vem o 4-1, pelo Saviola, e nada de especial a dizer, apesar dos protestos nacionalistas, de uma falta sobre o Rúben Micael, que continuava a ser perseguido.
Depois vem o 5-1, na sequência de uma defesa incompleta do Bracalli, num livre a punir falta inexistente do Patacas, que acaba expulso.
Para os benfiquistas, tudo o que pudesse acontecer ao Patacas, desde os 44 minutos de jogo, em que, segundo alguns deles (pelo menos o Cervan), o dito deveria ter sido expulso, com o segundo cartão amarelo, era benvindo, portanto, nada de especial.
O Nacional talvez diga o mesmo, no que diz respeito ao Aimar, mas isso é uma questão de opiniões…
O que é certo é que a falta não existiu, o tipo foi expulso, e o Benfica passa a liderar, sendo beneficiado, 5-3.
Para acabar, o penáltizinho da ordem, sobre o Ramires. Assim ao jeito do penálti que também foi marcado sobre ele, no jogo com o Belenenses. O homem, para além de correr muito, sabe deixar-se cair.
Aliás, nessa matéria, o Benfica tem este ano dois artistas – ele e o Aimar.
Termina o jogo. Resultado final: 6-1, computo benefício/prejuízo: 6-3.
Dir-me-ão: “Ah, e tal, o Benfica até marcou três golos sem mácula, e o Nacional, foi beneficiado no tento que obteve”.
Pois sim. A questão é que, se entrarmos no campo do “suponhamos”, imaginemos que, como de direito, o Aimar era expulso aos 48 minutos, com o jogo em 2-1, para o Benfica. O jogo seria o mesmo? E se o Patacas tivesse sido expulso antes?
Vá-se lá saber! O que é certo é que aquela jogada da grande penalidade, teve uma influência directa no resultado, que a expulsão do Patacas nunca teria. E mais do que isso, acabou com o jogo.
E, se calhar dir-me-ão mais ainda: “Sim, sim, e o FC Porto não foi pouco beneficiado contra a Académica”.
Então, vejamos o que se passou no FC Porto x Académica.
No primeiro golo do FC Porto, diz-se que há fora-de-jogo. Só se for do jogador portista que sai detrás do guarda-redes. Os restantes, mal ou bem (para a Académica), estão, pelo menos, em linha, com o último defesa, e têm atrás de si o Rui Nereu.
Acham que é o jogador que sai detrás do guarda-redes que perturba a intervenção deste? Brilhante! É só ver no vídeo se existe alguém a estorvá-lo. Há um palerma de um jogador do Porto, que ainda tenta meter a cabeça à bola, e poderia estragar a jogada, mas, até esse estava em jogo.
Adiante. No segundo golo, não me parece que haja grande motivo para falatório.
O terceiro, esse é que é a desgraça total. Ainda por cima, têm depois o desplante de anular um golo do mesmo género ao Glorioso.
Vista a jogada, tenho que admitir que fiquei com dúvidas, mas, se como alguns, às vezes dizem, o que conta é a última parte do corpo do jogador, então há um pezinho do jogador da Académica que põe em jogo o Farías.
Lá está. É o que me pareceu. Não tive acesso a imagens de vídeo, com direito a paragens e linhas a marcar o fora-de-jogo. Admito que talvez não seja assim.
Se for, o FC Porto foi efectivamente beneficiado, com o resultado em 2-1.
Agora, descarada, descarada, é a jogada em que o Bruno Alves faz penálti sobre um jogador estudantil. O que é que se pode dizer? É penálti, e pronto. E, pronto não. Cartão amarelo para o capitão do Porto. Ou queriam vermelho?
Contabilizando, o FC Porto foi beneficiado em dois lances capitais, um deles com implicação directa no resultado, a Académica, zero.
Estava tão absorto com o FC Porto, que me esqueci da Académica. É que os academistas reduziram para 1-2, com um golo que até teve honras de “Melhor da Semana”, para o SapoDesporto.
O golo foi bonito, sim senhor. Um valente pontapé do Miguel Pedro (este tipo merecia um clube mais pujante!).
Mas o que é lá aquilo! Eh, eh, eh. Onde é que o Éder tem a mão? Olá, então não é que o tipo mexe o pé e a mão na direcção da bola. E, macacos me mordam, se não toca na bola com a mão. Assim, com a ajuda de uma mãozinha marota é mais fácil dominar a bola, não é?
Golo da semana! Esta Liga está o máximo. Já tivemos um jogador expulso duas vezes, e agora temos um golo da semana, em que o jogador que faz o último passe, joga a bola com a mão. Ainda bem que é contra o FC Porto. Não há azar!
Contabilizando, o FC Porto foi beneficiado em dois lances capitais, um deles com implicação directa no resultado, a Académica, num.
Para as coisas acabarem em beleza, faltava mais um golo para a Académica. Um golo em que o Sougou, para não ficar atrás do Éder, dá um jeitinho com a manita, para por a redondinha mais a jeito.
Só que isto foi já ao cair do pano, aos 92 minutos, a malta já estava de saída, e não interessa.
No total, o FC Porto e a Académica foram beneficiados, cada um, em dois lances.
Diferenças para o jogo do Benfica. Poucochinhas. Foram duas arbitragens execráveis, de dois dos árbitros mais promissores cá do sítio.
Tanto o FC Porto, como o Benfica, como a Académica, como o Nacional, foram beneficiados e prejudicados.
Então, porque é que raio é que o jogo do Benfica dá tanta comichão?
É que o Benfica foi, “ligeiramente”, mais beneficiado. Aliás, têm-no sido ao longo das nove jornadas já jogadas, com a excepção dos jogos com o Vitória de Setúbal, que não foi capaz de fazer melhor, e com o Paços de Ferreira, que parece não ter querido fazer melhor.
Quiçá pelo facto de o treinador estar de saída para o amigo Guimarães.
Mas pior do que isso, é que quando o Benfica é beneficiado, o é de uma tal maneira, que mata completamente o jogo. Basta ver este jogo e a partida contra o Leixões.
Não dá hipótese ao adversário. Se isso fosse resultado da “dinâmica do jogo” benfiquista, como diz o Jesus, tudo bem. Só que o que se tem visto, não é bem isso. Pelo menos nestes dois jogos, a dinâmica esteve mais do lado da equipa de arbitragem.
Quando não é assim, como em Leiria, lá vêm as “jogadas-daquelas-em-que-o-Aimar-resolve-atirar-se-para-o-chão-e-o-árbitro-dá-um-penálti-daqueles-que-fazem-rir-a-malta”.
Dito isto, tenho para mim que a teoria do “colinho”, é bem mais do que uma “teoria da conspiração”, e que, efectivamente, os encarnados estão a ser levados ao colo. E não é só no plano desportivo.
O futebol, devia ser arte, a arte do jogo, e não estes “pormaiores”.
Sendo arte, “the beauty is in the eye of the beholder”, ou, na nossa língua de Camões, “cada cabeça, sua sentença”.
P.S. (escrito em 03.11.2009):
Apesar de provavelmente, poucos se terem dado ao trabalho de ler este post, acho que, quando nos enganamos ou exageramos, fica bem fazer a respectiva rectificação.
De facto, bem vistas as coisas, continuo a achar que o lance do pénalti sobre o Aimar, foi decisivo no desfecho final desta partida, mas também tenho que admitir que a jogada só é decisiva porque, entretanto o Nacional da Madeira havia equilibrado o resultado através de um golo obtido ilegalmente, e o Benfica viu uma jogada, que poderia ou não dar golo indevidamente anulada.
Portanto, até o árbitro começar a parvejar, o resultado estava 1-0 para o Benfica. Ou seja, em termos práticos, a partir do momento em que o Patacas poderia ter sido expulso (44 minutos), a verdade do jogo ficou adulterada. Ainda que, quanto a mim, não havia motivo para a expulsão. Mas isso sou eu a pensar.
Depois, com se descontarmos o golo que valeu para o Nacional, e não deveria ter valido, e acrescentarmos o golo que deveria ter valido para o Benfica, e não valeu, o jogo ia para intervalo com 3-0, para o Benfica.
Daqui para a frente, com pénalti sobre o Aimar, ou sem ele, dificilmente o Nacional daria a volta ao texto, portanto, os erros do Sr. Vasco Santos só contribuiram para o avolumar da goleada, o que, tendo em conta as declarações do Luis Filipe Vieira, não é coisa de somenos, porque, com as goleadas terão aumentado as receitas de bilheteira e a valorização bolsista das acções do Benfica SAD. Estas últimas em qualquer coisa como 27 milhões de euros!