Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009

Tá o mar fête num cão, mó!

Estive ausente por dois dias, e não me apercebi das ondas (será melhor dizer vagas?) de impacto provocadas pelo empate do Benfica em Olhão.

 

Ontem, ao assistir a dez minutos do "Trio d'Ataque", e constatar a reacção irada do António Pedro Vasconcellos, contra o "caldinho", que terá sido montado em Olhão, para prejudicar o Benfica afastando algumas das suas peças nucleares do jogo contra o FC Porto, é que me apercebi da dimensão da revolta encarnada.

 

Escrevi o texto que se segue após um outro jogo entre os mesmíssimos contendores, mas em Agosto passado, por ocasião do Torneio do Guadiana.

 

Nunca o pus online porque entretanto, quando o ia fazer, já tinha perdido oportunidade, e porque quis juntar à longa lista dos jogadores emprestados, as dúzias de jogadores (de que me lembrava) que passaram pelo Farense, vindos da Luz.

 

Com este fuzuê, e com notícias como esta no SAPO, acho que tornou a estar bastante actual. Tenham paciência.

  

 


O Olhanense deve ter jogado muito bem contra o Benfica, no Torneio do Guadiana. É a conclusão lógica a que se chega, depois de assistir na segunda-feira a algumas intermitências da “Edição da Noite”, na SIC Notícias.

 
Fiquei com pena de não ter visto o jogo, para além das imagens dos golos e do pénalti, claríssimo, como de costume, sobre o Aimar (…e começa a festa!).
 
Mas, pela amostra, já deu para perceber que o Olhanense, ainda que jogue alguma coisa, não vai ter uma vida fácil neste seu regresso à divisão maior do futebol indígena. Dada a longa ausência, os poderes instituídos, em particular o 4.º, até poderiam nutrir alguma simpatia pelo clube de Olhão, mas pela amostra do que vi, dificilmente será assim.
 
Reunidos naquele programa da SIC, estavam representantes dos três jornais desportivos mais representativos cá do burgo (“Record”, “A Bola” e “O Jogo”), um homem da casa, e mais o respectivo moderador. Não faço ideia dos nomes dos ditos, nem faço questão de tal.
 
Fazia-se a antevisão daquilo que poderá vir a ser a próxima edição da Liga Sagres, e repito, não vi o programa na íntegra, e não tenho pena disso. O que vi, e ouvi, bastou.
 
A bem dizer, praticamente só se falava dos três grandes. E aí, a distribuição foi equitativa. De resto, como de costume: Benfica isto, Benfica aquilo, e mais o outro, e aqueloutro, o FC Porto vendeu este e aquele, mas comprou uma carroça deles, do Sporting, Miguel Veloso, e pouco mais.
 
Em resumo: muita conversa sobre o Benfica, mas o FC Porto é o principal candidato à vitória na Liga, e o Sporting… Miguel Veloso!
 
De repente, sem perceber muito bem como, eis que vem à baila o Olhanense. E porquê? Porque, por um qualquer acaso do destino, veio à baila o tema dos jogadores emprestados.
 
E claro está, o Olhanense tem no seu plantel, até à data, e a fazer fé na “Bolsa de Transferências” do Infordesporto, sete jogadores emprestados pelo FC Porto (Ventura, Tengarrinha, Stephane, Castro, Rabiola, Zequinha e Ukra)  
 
Escândalo dos escândalos, infâmia das infâmias! Como é que será quando o Olhanense defrontar o FC Porto?
 
Para os homens d’ “A Bola” e do “Record”, olha quem, é uma vergonha esta estória dos empréstimos de jogadores. Jogadores a alinharem por um clube, contra o clube que lhes paga parte ou a totalidade do ordenado. Que despropósito!
 
Cada um jogava com aquilo que tem, e o resto é conversa. Fim aos empréstimos de jogadores, JÁ!
 
O tipo do “Record”, então, até foi mais longe. Queria, na véspera dos jogos com os clubes detentores dos passes, ver os boletins clínicos dos clubes que têm jogadores emprestados, para verificar o aparecimento de lesões “milagrosas”, que os impossibilitassem de alinhar em tais jogos.
 
Não é preciso ir tão longe, amigo. Pergunte lá ao Carlos Cardoso porque é que ele tirou o Leandro Lima e o Bruno Gama, no intervalo do jogo com o FC Porto, que ele explica. E, já agora, porque é que no jogo a seguir, que, curiosamente, até nem foi contra o FC Porto, fez a mesma coisa.
 
E já que estamos com a mão na massa, porque é que o Zoro não se aleijou antes de entrar no autocarro que o Vitória de Setúbal estacionou em frente à baliza do Benfica, quando os dois clubes se encontraram, e o Setúbal, pura e simplesmente, abdicou de jogar à bola?
 
Parece-me que a ideia é que os jogadores que se aleijam, são só os vinculados ao FC Porto, não é?!
 
Perante esta questão, da mais elevada pertinência, que o homem d’”O Jogo”, fez por ignorar, a salvação foi o da casa, aparentemente dono de um dos dois ou três neurónios da sala, que os encalacrou com esta: com as dificuldades financeiras que os clubes têm, os empréstimos de jogadores são uma das formas de manterem as equipas competitivas.
 
Pois é. É básico, não é. Na prática, é como nós todos: quem não tem (dinheiro, por exemplo), pede emprestado.
 
Como os senhores d’”A Bola” e do “Record”, vivem com os olhos postos no seu clube, por vezes esquecem-se do Mundo que rodeia esse clube (como de resto, também acontece com o próprio clube, e com os resultados que se têm visto).
 
Acabem com os empréstimos de jogadores, e reduzam a Liga para 10 ou 12 clubes, que fica mais competitiva. Obriguem os clubes a serem detentores dos passes dos jogadores a 100%, e vamos ver no que é que dá.
 
Então, e o Reyes, emprestado pelo Atlético de Madrid ao Benfica, no ano passado. Pode ser? E o Valeri, emprestado pelo Lanús ao FC Porto, esta época. Também pode? Ou só se aplica a empréstimos entre clubes portugueses?
 
Então e o “maestro” Rui Costa, que iniciou a carreira de sénior, emprestado à AD Fafe, será que se baldou quando jogou contra o Benfica (se é que jogou!)? E indo mais atrás, o Diamantino (Miranda) ou o Jorge Silva, emprestados ao Boavista? Ou o Joel, o Vital e o Jorge Martins, que refizeram as suas carreiras no Farense, depois de passagens menos bem sucedidas pela Luz?
 
Nessa altura era o Benfica quem emprestava jogadores a dar com um pau e comandava o mercado. Os seus plantéis tinham quarenta jogadores, dos quais quatro, guarda-redes, e as dúvidas existenciais e éticas sobre os empréstimos não faziam sentido.
 
Voltando aos dias de hoje. O Estrela da Amadora teve na época passada jogadores emprestados pelos três grandes, e mesmo assim, ordenados, nem vê-los. O problema foi dos empréstimos? Não me parece.
 
Não há azar, o Estrela é da Associação de Futebol de Lisboa, por isso não deve ser grave. Da mesma maneira, que também não deve ser grave o facto de, outro clube da mesma associação ter, desportivamente, descido de Divisão, por duas vezes, nas últimas três épocas, e miraculosamente, continuar na Liga Sagres, e na época em que isso não aconteceu, viu serem-lhe retirados pontos, por inscrição irregular de um jogador. Mas o grave são os empréstimos de jogadores.
 
Ou ainda, um director desportivo (ou administrador da SAD) de outro clube da redita associação de futebol, manter a sua posição accionista noutro clube, ainda daquela associação de futebol, a militar na mesma Liga do clube do qual é director, com uma direcção onde pontificavam vários ex-Corpos Sociais deste último clube, e a aceitar jogar um desafio em casa, com o clube do director em causa, em campo neutro, “a bem da receita financeira”! Grave? Não! Os empréstimos, esses é que são a calamidade da verdade desportiva!
 
Ou a tramóia que o Sporting de Braga e o FC Porto montaram para dificultar a vida ao Jesus e ao Benfica, porque aquele fazia parte dos planos de Pinto da Costa, para um dia, tomar o lugar de Jesualdo Ferreira (esta é do Rui Santos!).
 
É das tais coisas. É a aliança FC Porto - Braga a funcionar. E claro, o que é que está por detrás disto? Os empréstimos de jogadores do FC Porto ao Braga!
 
O Olhanense prepara-se para, tal como o SC Braga, ficar conotado como um clube “portista”, logo, um clube mal-amado e a abater. Oxalá tenha estofo para se aguentar à bordoada.
 
No meio disto tudo, fica um pormenor, que até pode ser uma coincidência, mas acho que isso seria minimizá-lo ao máximo. O Vitória de Guimarães, na época em que teve jogadores emprestados pelo FC Porto, fez um excelente campeonato, não ficou à frente do Benfica, por uma nesga.
 
Na época que passou, em que juntamente com os encarnados, optou por tentar afastar o FC Porto da Liga dos Campeões, ganhou com isso o Nuno Assis e o Luís Filipe, e caiu cá para baixo na classificação. Em compensação, o Sporting de Braga, que passou a receber prioritariamente os excedentários do FC Porto, fez uma óptima época.
 
Que sirva de exemplo para o Olhanense, e para os senhores d’”A Bola” e do “Record”.
música: Ó Vila de Olhão - Zeca Afonso
publicado por Alex F às 18:43
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