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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

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Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

O novo léxico futebolístico

04
Nov10

 

 

Depois de ver escarrapachado na capa de um jornal diário o termo “goleada mínima”, para caracterizar a derrota do Olympique de Lyon, por 3-4, chego à conclusão que o linguajar futebolês, tal como a língua portuguesa, está a precisar de um acordo, que vai bem para lá do ortográfico.

 

É compreensível que, dado o momento em que vivemos, seja necessário moralizar e motivar algumas alminhas que têm no próximo fim-de-semana um compromisso inadiável, ainda que não esteja posta completamente de parte, qualquer tentativa obtusa de o adiar. Vocês sabem de quem é que eu estou a falar…

 

Mas daí até um resultado de 4-3 se transformar numa goleada! O clube que marca quatro golos goleia. E o clube que sofre três? Não é goleado? A grande diferença está no golito que vai de três para quatro golos? Enfim…

 

Já todos percebemos que temos que ter algum cuidado na forma como se dizem certas coisas, que, assim de chofre, magoam mentes mais sensíveis. Enquanto que outras, o conveniente é exagerá-las para lá dos limites do ridículo.

 

Compreende-se. Tudo a bem da moral, da motivação, e porque não dizê-lo com frontalidade, da recuperação da tesão de alguns fulanos, que andam por aí para o murchinho ultimamente.

 

Por isso mesmo, tendo em conta os comentários que circulam sobre alguns lances avulsos do último jogo do Paços de Ferreira, deixo aqui a minha sugestão sobre como, eufemisticamente, deveriam ser abordadas essas jogadas:

 

1)     penálti simulado pelo Fábio Coentrão – jogada do tipo “Aimar, Aimar, é cair, e marcar”;

 

2)     falta inexistente sobre o Fábio Coentrão, que leva à expulsão do jogador pacense – jogada “E tudo o vento levou”;

 

3)     agressão do Cachinhos Dourados – jogada em que o atleta de farta cabeleira encaracolada, amavelmente e com risco iminente para a sua própria integridade física, atinge na face com o seu membro superior um oponente, na tentativa esforçada de remoção de um dente cariado que atormentava de sobremaneira este último, pondo em causa a sua performance desportiva;

 

4)  penálti cometido pelo Maxi Pereira – jogada em que o artista, provavelmente filho de mãe de profissão incerta, mas ainda assim inconfessável, projecta o seu antebraço de encontro à zona peitoral do adversário, numa tentativa, de resto, bem sucedida, de demonstrar o acerto da Teoria da Gravidade, da autoria de Sir Isaac Newton (ainda que o dito desconheça por inteiro a Teoria, o Sir Isaac, e tenho as minhas dúvidas quanto à mãe!).


Nota: Texto inspirado por este outro, no Tomo I. A imagem é a mesma, porque não encontrei outra sobre o mesmo assunto. O seu, a quem de direito...

 

 

 

Reflexões rápidas (I)

03
Nov10

Benfiquista é aquele indivíduo cujo complexo de inferioridade é o maior do Mundo.

(adaptado de algo lido por aí, talvez Woody Allen...)

 

Fonte bem informada garantiu-me que o problema do relvado de Alvalade, é mesmo um erro de concepção do estádio, porque aquela relva é a mesma do FC Porto, do Real Madrid e do Barcelona.

 

Se a relva é a mesma destes clubes todos, o que é que estavam à espera? Relva em quarta mão de qualidade superior?

  

“Apito Dourado”? E porque não?

03
Nov10

Tive hoje a grata experiência de observar por dentro o funcionamento de um Tribunal, e mais exactamente do nosso Ministério Público (MP).

 

E ficaram muito claros, pelo menos para mim, os contornos de alguns processos jurídicos recentes.

 

Foi a terceira vez que me dirigi ao Tribunal. Na primeira vez, depois de aguardar a manhã inteira, o julgamento foi adiado porque era segunda-feira, e estavam para ser presentes ao(s) Juiz(es) todos os processos sumários do fim-de-semana  

 

Na segunda tentativa, dali por umas duas semanas, concluiu-se que as testemunhas eram mais que muitas, e então houve que distribuir a sua audição por várias sessões.

 

Hoje, finalmente fui ouvido. A convocatória era para as 11.00 da manhã. As testemunhas do dia (três, e nada mais que três, em cerca de duas dezenas), começaram a ser ouvidas por volta do meio-dia e um quarto.

 

A mim calhou-me ser a das 12.45.

 

O caso é um daqueles que podemos apelidar de “lana caprina”, sem querer ofender o simpático ruminante. Em termos monetários, o valor da causa andará pelos 40.000 euros.

 

Entrei como testemunha arrolada pelo MP. Sai como culpado de um crime de falsas declarações, advertido pela Digníssima Representante do dito Ministério, de que iria ser extraída certidão da sentença que vier a ser proferida, para que eu responda em inquérito pela ignóbil ignomínia.

 

Porquê? Porque perfilhámos um entendimento diferente do termo “substituir”.

 

A douta Senhora questionou-me se “fulana de tal tinha substituído sicrana para determinado efeito”, e eu, ciente de que tal não era assim, disse-o.

 

Mais tarde, terei respondido a outra questão, noutro âmbito e em diferente contexto, em que, para meu azar, quando poderia ter dito que “em vez de sicrana, foi fulana de tal”, disse que “fulana de tal substituiu sicrana”. Foi o suficiente.

 

Falsas declarações e inquérito. De nada valeu tentar expor a interpretação que tinha feito da pergunta da Exma. Senhora, e justificar assim as respostas diferentes, para situações diferentes:

 

“A minha pergunta foi geral. Se não percebeu a pergunta, devia ter dito”

 

Pois. Parece que sim. O problema é que eu percebi a pergunta. O que não percebi, pelos vistos, é o que é que a Douta e Ilustre Senhora, queria ou gostaria de ter perguntado, de molde a que eu lhe respondesse o que ela queria ouvir, e não perguntou.

 

Teria sido melhor, a todas as perguntas, questionar humildemente: “Desculpe, mas o que é que quer dizer com essa pergunta?”

 

Para meu descanso interior, mais adiante, o advogado de defesa permitiu-me esclarecer a inexistente contradição, e no processo, penso que isso ficará transparente.

 

Agora, do inquérito parece que não me salvo. A não ser que alguém, com dois dedos de testa, e algum bom senso, mande arquivar a porcaria do requerimento do MP.

 

Em termos futebolísticos, o que estava em causa por assim dizer, era a diferença entre uma substituição no decorrer do jogo, e uma substituição de um jogador por outro na equipa inicial de um jogo para outro.

 

Peço desculpa porque, além do parágrafo anterior, isto hoje não tem grande coisa que ver com futebol (raramente tem, diga-se em abono da verdade!), mas, compreendam, não estou muito para aí virado.

 

Há muito desconfiava, mas hoje percebi o porquê do número impressionante de processos grandes, enormes, incomensuravelmente maiores, do que este, que têm sido arquivados quando chegam às barras dos tribunais, porque é que os julgamentos se fazem preferencialmente na praça pública e quem será o maior interessado em que tal aconteça.

 

Se é assim que funciona o MP, estamos conversados.


Nota: Bem, provavelmente depois de escrever isto, se alguém do MP, certamente com pouco trabalho, lê este meu desabafo, estou feito ao bife. Tenho a certeza que não perderá tempo a tentar localizar o IP, ou o raio que o parta, vou acabar por ser identificado, e ainda levo com outro processo em cima.

 

Que se lixe! Fica o desabafo…

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