Coisas do fim-de-semana
Sem espinhas
Em terra de gente do mar, parece-me que é uma boa forma de descrever a vitória do FC Porto sobre o Olhanense.
No final do jogo veio-me à cabeça aquela música do Zeca Afonso: “ Ó Vila [agora já é cidade] de Olhão; da restauração; Madrinha do [Porto]; Madrasta é que não”.
Foi o terceiro jogo do FC Porto, numa semana e meia, sempre em alta rotação, depois dos dois jogos da eliminatória com o Sevilha.
Ontem até o João Querido manha admitia na TVI24, que a crise estava superada e que estávamos de volta às boas exibições.
Pois é. Três a zero em Olhão não é para todos, ou melhor, até agora é só para nós, porque os da casa estavam invictos no seu reduto. E desta vez, que o Bicho não é o treinador do adversário, e que não estão lá não sei quantos jogadores emprestados pelo FC Porto, será que também vão dizer que o Olhanense abriu as perninhas?
E já agora, se o resultado foi exactamente igual com e sem Bicho, será que na época passada houve alguma abertura de pernas? Dá que pensar. Ou então foi só coincidência.
A questão é que o FC Porto, desta vez, não fuciletou, e com o Belluschi a moutinhar em grande estilo, como de resto já fizera na primeira parte no Dragão contra o Sevilha, e mais qualquer coisinha, como aquele golo, que faltou na quarta-feira, a vitória foi uma consequência lógica da exibição convincente, mormente na segunda parte.
Quando uma equipa que joga contra nós, faz nove remates, três dos quais à baliza, e cria, segundo o match center da Liga, duas oportunidades de golo em toda a partida (quais? Eu vi uma, e ainda assim…), só por milagre é que acontece o que sucedeu na eliminatória com os andaluzes, de um lado e do outro, diga-se em abono da verdade.
Belluschi à cabeça, convirá não esquecer a importância da reviravolta estratégica operada pelo André ao intervalo, com a entrada do Fucile e do James, para os lugares do Sapunaru e do Varela. Ficámos com a defesa que, passe o pleonasmo, mais adeptos tem entre os adeptos portistas, e o James entrou muito bem no jogo, enquanto que o Varela estava desinspirado, como vem sendo hábito.
Mas, quanto a mim, a melhoria do FC Porto nos últimos três jogos passa necessariamente pelos regressos do Álvaro Pereira e do Falcao. Não só do ponto de vista da sua presença em campo, como do foro psicológico.
O caso do Falcao, então, é mais que evidente. Não tendo Falcao, o André bem pode tentar caçar com o Monstro Verde, e o Hulk até pode ter jogado a avançado centro no Japão ou na Conchichina. Essa não é a sua posição. O Hulk, que teve pormenores técnicos deliciosos nos últimos dois jogos, apesar de ter ficado em branco, quando pega na bola, arrasta a equipa atrás de si. Mas depois, se joga ao meio, das duas, uma: ou finaliza a jogada individualmente, ou falta-lhe alguém a quem passar a bola.
No meio falta-lhe espaço, e essencialmente falta-lhe aquilo que o Falcao tem, e que dá logo outra dimensão à equipa: capacidade para pensar o jogo, para tabelar, quando é para tabelar, segurar a bola, quando tem que ser, e finalizar, se para isso tiver oportunidade.
E isso viu-se nos últimos dois jogos. Com o Sevilha tivemos azar e o Howard Webb, com o Olhanense, foram mais três pontos sem espinhas.
Agora, com o Falcao, o ataque volta à sua melhor disposição táctica (ou não, porque o James jogou muito bem pelo meio!), e só falta o Hulk mudar o "chip" para, paralém de rematar, acertar na baliza, de preferência dentro da dita.
Em suma, estamos bem, recomendamo-nos, e temos auto-estima mais do que suficiente para não necessitarmos de andar por aí a massajar o ego, com constantes auto-elogios.
Três em linha
É caso para dizer que, às vezes, mais valia ficar calado.
Ainda há dias elogiei o Record, pelo seu rigor informativo, em contraponto com o papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos, e agora, saem-se-me com esta:
"Dragões têm opção por Leonardo Jardim"
“Pinto da Costa valida mudança de técnico para Braga”
Com que raio de objectivo é que dão à estampa uma proto-pseudo-notícia destas?
Para desestabilizar o André Villas-Boas, na véspera de um jogo em Olhão, onde ainda ninguém tinha vencido?
Para atormentar o espírito do Domingos, na jornada que antecede a recepção ao segundo classificado, e quando tem um jogo com a Naval 1.º de Maio, treinada pelo Mozer, e “pode ser o” João [Ferreira] a arbitrá-lo?
Ou desestabilizar o Beira-Mar, que, para já, concedeu ao Portimonense a sua primeira vitória fora de portas?
Parabéns, dos três, já conseguiram o último. Pelos vistos, os aveirenses sofreram os danos colaterais.
Muito rasteirinho, mesmo vindo de onde vem!
Previsão meteorológica
Um centro de altas pressões localizado sobre a zona de Carnide faz com que se prevejam fortes ventanias ao longo da próxima semana.
Como é do conhecimento geral, o ar circula das zonas de altas para as de baixas pressões, por isso mesmo, antecipa-se que o vendaval se fará sentir por todo o restante País, e com particular incidência, nos programas de comentário desportivo que se avizinham.
Às expectativas de que a ventania viesse ajudar a dissipar algumas nuvens escuras que ficaram a pairar no fim-de-semana sobre esses locais, e a arejar as ideias de alguns dos ilustres paineleiros, há que resignarmo-nos ao facto de que o vento não se propaga no vácuo que existe entre as suas respectivas orelhas.
Põe-te a pau Paulinho
José Couceiro entrou no Sporting para administrador da SAD sportinguista, com o propósito de aliviar o Presidente da SAD, na sua intervenção junto da equipa de futebol.
Passadas umas (duas ou três) semanas, o Presidente pôs-se ao fresco, e essa situação tornou-se ainda mais efectiva.
Um mês volvido, e é o Director para o futebol que é demitido, e o Couceiro lá substitui o Costinha.
Agora, o Cepo é posto a andar, e quem é que o substitui? O Couceiro.
Por sorte, enquanto jogador não foi grande espingarda, se não, com jeitinho, com jeitinho, ainda fazia uma perninha no lugar do Polga!
Se eu fosse o Paulinho, punha-me a pau. Primeiro deixam de brincar com ele, a seguir...
Olho no Couceiro, Paulinho!