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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Os fundilhos da questão

30
Dez11

 

 

Mas quem é que sabe o que é que raios é que são a Doyen Sports Investments Limited e a Robi Plus Limited?

 

A primeira, pelo que se lê no próprio site da empresa, é um fundo privado que se dedica, entre outras actividades, a apoiar financeiramente clubes de futebol. Em Espanha patrocina o Atlético de Madrid, o Getafe e o Sporting de Gijon, e detêm em carteira vários jogadores ou partes de passes dos mesmos.

 

O Doyen Group, que se dedica a actividades nas áreas da consultoria financeira, dos recursos naturais, prospecção e desporto, encontra-se sediada em Inglaterra, ao passo que o contacto disponível da sua subsidiária Doyen Sports, remete para a ilha de Malta.

 

Quanto à Robi Plus Limited, uma pesquisa rápida através do Google, não devolve nenhuma informação relevante, para além de que também se encontrará sediada em Londres.

 

Portanto, ainda que com algumas reservas a respeito de Malta, estão sediadas em dois países da união europeia, o que vale o que vale, e não se encontram associadas, à primeira vista a qualquer “offshore” ou paraíso fiscal. Não é mau sinal.

 

Porém, não deixa de ser interessante situarem-se ambas em terras de Sua Majestade, porque, ao que parece, por aquelas bandas não lhes agrada(va) muito a história dos passes de jogadores serem detidos por “fundos”.

 

A ida do Tevez e do Mascherano para Inglaterra, foram exemplo disso. A coisa deu pano para mangas, e foi bem demonstrativa da forma como encaram os fundos de jogadores por aquelas paragens. Enfim, coisas de bifes!

 

No negócio do Defour e do Mangala, para já, o mais estanho é a confusão de percentagens de passe detidas e dos valores envolvidos na sua aquisição, e agora na alienação parcial, como o "Reflexão Portista" apurou.

 

Fazendo contas, passe o pleonasmo, por minha conta, parece-me que se os dois jogadores foram adquiridos por 12,5 milhões de euros e agora alienados 33,33% dos passes por 5 milhões de euros, o montante recebido corresponde a 40% do valor de compra, logo não seria de todo mau negócio.

 

Mas, se a isto somarmos os 10% sobre uma futura venda alienados à Robi Plus, a percentagem dos direitos desportivos daqueles jogadores que saiu da posse do FC Porto será de 43,33%. Se recebeu o correspondente a apenas 40%, a coisa fia mais fino!

 

Adicionando ao bolo da compra as comissões de 1.850.339 €, na contratação do Defour, e de 1.020.000 €, no do Mangala, de que fala o Relatório de Contas Consolidado do 1.º Trimestre 2011/2012, que o Reflexão traz à colação, o negócio torna-se ainda mais azedo.

 

Diga-se em abono da verdade, não é nada que surpreenda por aí além. Por outras paragens já se viu disto, aquando da alienação de 50% do passe do Elias.

 

Mais surpreendente é a opacidade da informação divulgada pela FC Porto, SAD, e as divergências entre os dados divulgados em diferentes momentos, conforme aponta o Reflexão Portista,

 

Há tempos, aquele indivíduo cuja cabeça lembrava um utensílio utilizado para a higiene dos ouvidos, e que presidiu aos destinos do clube de Alvalade, disse a propósito do “fundo” do rival, que "O fundo de investimento [Benfica Star Fund] é uma vergonha". Lá teria as suas razões.

 

Talvez por ver o Daniel Carriço avaliado em seis milhões de euros, enquanto que o fabuloso Roderick Miranda era avaliado em 8 milhões de euros.

 

Engraçado é que a entidade por detrás da gestão de ambos os fundos dos rivais lisboetas é a mesma, a ESAF – Espírito Santo Activos Financeiros.

 

Outro pormenor interessante é, no caso do Sporting Portugal Fund, os jogadores cujos direitos desportivos passaram a ser partilhados com o fundo: André Santos, Diogo Salomão, Renato Neto, William Owusu, Wilson Eduardo, André Martins, José Lopes “Zezinho” e William Carvalho. Ou seja, a maior parte deles não mora em Alvalade.

 

É estranho apostar-se na valorização dos activos, mas que essa valorização, a acontecer concorra para os resultados desportivos de terceiros, e não do próprio clube a que se encontram vinculados. Ou ainda que o fundo não integre, como no caso do congénere, um ou dois trutas, tipo David Luiz, Di Maria, Javi Garcia, Ruben Amorim ou Ramires. Ou não, vá-se lá saber.

 

Talvez não despicienda nesta matéria a colaboração prestada ao mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, por um tal de Kia Joorabchian, o homem do fundo MSI, envolvido na história acima mencionada das transferências do Tevez e do Mascherano.

 

“Diz-me com quem andas”, não é?

 

O que é certo, é que cada vez mais, estes fundos, tal como os fundilhos das calças tapam os derrières de quem as usa, se revelam importantíssimos na cobertura das retaguardas financeiras dos clubes.

 

A que preço? Sabe-se lá. A voz popular costuma dizer: “quem tem cú, tem medo”, e o povo é sábio.

Moralistas de pechisbeque

29
Dez11

Aqui há dias ficou-se a saber que o Luiz Suarez, do Liverpool, foi punido pela FA inglesa com oito jogos de castigo, por ter alegadamente ter dirigido insultos racistas ao Evra, do Manchester Utd.

 

Nada que não se tenha visto já por estas bandas. Os insultos, isto é. Porque de castigos, nem vê-los. Será que no caso cá da santa terrinha chegou a ser aberto inquérito? Sinceramente, não sei.

 

 

 

Se tivermos em conta a rápida intervenção da maior figura de todos os tempos do pontapé na bola pátrio, que veio rotular de estúpida a pretensa vítima, é provável que não. Afinal, também a ele, nos idos dos anos 60 e 70, apodaram de “preto”, e ele nunca se queixou, pois se é isso mesmo que ele é!

 

É claro que os anos 60 e 70 foram no século passado, mas pronto, tendo jogado e tomando as dores da equipa por quem toma, é natural que se encontre algures capturado numa cápsula temporal retida naqueles tempos.

 

Estranhamente tranquila ficou a chusma de moralistas anglicistas, que aqui à coisa de uns dois anos, aquando do castigo ao Hulk e ao Sapunaru, queriam inclusivamente, que o clube se precipitasse à decisão do Conselho de Disciplina da Liga, e punisse por sua conta os jogadores.

 

Como exemplo apontavam o Manchester Utd., que castigou exemplarmente o Eric Cantona, quando este, à saída do relvado, agrediu selvaticamente a pontapé de kung fu, um adepto que se encontrava na bancada.

 

 

Claro está que se esqueceram de um pormenor de somenos. A situação do Cantona, presenciada e evidente para todos, ocorreu como consequência de algo, que infelizmente, tal como acontecia quando chamavam “preto” ao Eusébio há 50 anos atrás, é usual nos estádios. Invectivar jogadores das equipas adversárias e árbitros, quando não os próprios atletas da equipa por quem se torce, é algo de corriqueiro. Que o diga o Prof. Doutor Rei da Chuinga aquando da sua passagem por Faro!

 

A reacção do Cantona não. Não tem nada de usual, e foi punida como tal.

 

Nos casos do Hulk e do Sapunaru, o próprio Acórdão do Conselho de Disciplina assume com factor atenuante para as penas aplicadas, o clima de provocação latente no túnel em causa, e que terá despoletado a situação. O próprio relatório da PSP, veio recentemente confirmar essa versão dos factos.

 

Será normal a existência deste tipo de clima num túnel de acesso aos balneários? Pois foi essa pergunta que ficou sem resposta. Ou melhor, teve-a ainda que indirectamente, na redução das penas aplicadas.

 

Depois deu-se o caso da garrafa de água atirada pelo Guerrero, do Hamburgo, à cabeça de um adepto da própria equipa que o insultara. Valeu-lhe cinco jogos de castigo.

 

Lá vieram novamente os moralistas à carga, comparando os castigos dos jogadores do FC Porto, com os que se aplicam nos países a sério.

 

De caminho aconteceu a cena do Luisão e o isqueiro. Mas essa, mais depressa do que o diabo esfrega o olho, foi prontamente desmontada.

 

Para esses moralistas, estava mantida a honra, que claro está, nem as agressões do mesmo Luisão, no jogo para a Taça da Liga, contra o Nacional da Madeira, e do Javi Garcia, na partida contra o Vitória de Guimarães para a Liga, macularam.

 

E se estes moralistas de pechisbeque se vissem ao espelho? Mais vale acarditar no Pai Natal!

Manchester City em 4x2x3x1?

27
Dez11

 

 

Antevendo o próximo embate entre o FC Porto e o Manchester City, “O Jogo”, terá aproveitado uma conferência de imprensa para trocar impressões com André Villas Boas (AVB) sobre os citizens.

 

Habituei-me a ter Villas Boas na conta de um fulano metódico e minucioso nas abordagens que faz aos adversários. Ainda tenho presente na memória um relatório que por aí correu há tempos, em que, enquanto adjunto de Mourinho, analisava, salvo erro, o Newcastle Utd.

 

Achei por isso estranha a análise que fez do City, ao jeito de uma conversa entre dois amigos a caminho do WC de um qualquer pub londrino, em peregrinação para mudar a água às azeitonas.

 

Por outro lado, para o nível de profundidade de análise a que estamos habituados a ver na nossa imprensa desportiva, compreendo que uma análise técnico-táctica mais aprofundada, entrando pormenorizadamente em minudências como modelos de jogo e nas movimentações dos jogadores, acabaria por redundar num sonolento bocejo da parte dos leitores.

 

Não é isso que está em causa. Dando, por isso, de barato, os lugares comuns, achei estranho o comentário de "que o City se sente confortável num 4x2x3x1 muito dinâmico".

 

É que, por acaso, tive a oportunidade de ver a primeira parte do jogo dos nossos adversários contra o Chelsea, e quase todo o jogo contra o Arsenal, e, macacos me mordam, tirando a parte do dinamismo, não foi isso que vi.

 

Tudo bem que percebo tanto disto como de um lagar de azeite, mas a mim, pareceu-me que a equipa do Mancini se apresentou em ambas as partidas num 4x4x2, dinâmico, é certo, mas mais que evidente.

 

Nem o Yaya Touré faz de trinco, para se juntar ao Gareth Barry no meio terreno, nem o Agüero faz de médio, ou extremo, ou coisa que o valha.

 

Aliás, dei por mim a pensar precisamente, que dada a distribuição das peças no terreno e o dinamismo com que, por exemplo, no jogo contra o Chelsea, o David Silva, saindo da direita, andou por quase todo o campo, ou o Balotelli, partia de ponta de lança, para vir atrás e à esquerda do ataque, iria ser difícil encaixar o nosso 4x3x3 naquela estrutura.

 

Houve pormenores comuns a ambos os jogos, para além do guarda-redes Joe Hart, fundamentalmente na defesa, que até acabou por ser o sector entre os dois jogos, com mais alterações.

 

O lateral direito, seja ele Micah Richards ou Lescott (ou o suplente Savic), é o que se adianta menos no flanco, deixando esse papel para o colega da esquerda, principalmente se este for o Clichy.

 

Esta maior propensão ofensiva terá ainda a ver com o facto de o “trinco”, Gareth Barry, descair predominantemente para a esquerda, oferecendo a necessária cobertura às subidas do defensor.

 

Escrevo trinco entre aspas porque, na realidade, por diversas vezes se viu o meio-campo do City, com Nasri ou com o Milner, a sair para pressão praticamente em quatro-em-linha. Também por isso, custa-me a entender aquele 4x2x3x1.  

 

O Yaya Touré será, quanto muito, um falso trinco, que sobe no terreno em pezinhos de lã, e quando se dá por ele, oops, está na área, numa movimentação vertical, com poucas variações.

 

O David Silva e o Nasri, muito mais do que o Milner, esses sim, trocam de posição abundantemente ao longo do jogo, caindo o espanhol mais para a esquerda e o francês para a direita. O Silva então, não pára um segundo.

 

O Akun Agüero joga bastante mais fixo que o Balotelli, saindo quase sempre do flanco esquerdo. Sem dúvida mais adiantado que o companheiro do outro lado, e por isso também me custa a engolir o 4x2x3x1.

 

O italiano, o enfant terrible da companhia, é mais mexido, e um perigo, principalmente quando lançado na diagonal pelo David Silva, o que foi mais visível contra o Arsenal, do que com o Chelsea, que apesar de jogar parte da partida contra dez adversário, manteve o seu bloco defensivo mais recuado.

 

Depois, há o pormenorzinho enfatizado pelo AVB, mais na frente do que na retaguarda, do talento individual de cada um daqueles fulanos.

 

Faltou saber em que consiste a tal excessiva exposição do Manchester City que o nosso ex-treinador menciona, para além daquelas balelas sobre o ambiente no Dragão e em Manchester, e a nossa experiência em resolver eliminatórias na qualidade de visitante. Isso é que dava de certeza um jeitaço ao Vítor Pereira.

 

Confesso que essa parte também me escapou. O que é que querem? É como diz a Mafalda, problemógos há muitos, solucionólogos é que fazem falta. Por isso é que os que há por aí, ganham mais do que eu, que me limito a ver jogos no conforto do sofá…