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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Os lemingues também se abatem

30
Jan12

 

Varela, de seu nome, o rapaz da foto. Tenho de confessar que, quando ouvi por aí que o tal fulano que joga futebol pelos cotovelos, tinha sido considerado o “homem do jogo” de sábado à noite, não consegui conter a minha estranheza.

 

Como é que é possível? Sim, marcou um golo. E depois? O Varela fez o resultado do jogo. Não fora ele e o árbitro auxiliar, que invalidou um golo limpo ao Feirense, o desfecho do jogo não tinha ido além do nulo.

 

Coitado do rapaz, vai na volta até é bom moço. Foi só uma daquelas noites em que tudo corre mal. Bem, tudo também não, afinal foi ele o autor do único golo da sua equipa.

 

Quanto ao resto, depois do golo na própria baliza e do penálti, cada vez que o via aproximar-se da bola, fiquei à espera de um atraso para o guarda-redes ou um vermelho directo, só para compor o ramalhete. O vermelho esteve quase. Foi por uma nesga que não rasteirou o Rodrigo, quando este seguia isolado para a baliza.

 

A dada altura fez-me lembrar aquela anedota dos pais que vão ver o filho à parada militar, e que constatam embevecidos que o seu rebento é o único que vai com o passo certo.

 

Assim foi o Varela. Toda uma equipa a puxar para um lado, e só o bom do Varela a remar contra a corrente. É obra. Nunca tinha visto uma coisa assim. Ou melhor, até tinha, só que os protagonistas se chamavam Veríssimo e Marc Zoro.

 

Atenção, com o que acabei de afirmar não estou a querer insinuar rigorosamente nada, apenas a constatar a semelhança entre algumas actuações de jogadores, que no caso dos dois últimos, até tinham algumas coincidências no seu percurso desportivo.

 

Aliás, a bem da verdade, tenho que me penitenciar pelo comentário que fiz antes da partida, sobre a eventual maior ou menor entrega dos homens da Feira.

 

Na realidade, os rapazes do Feirense correram e suaram as camisolas até ao limite das suas forças. O Diogo Cunha até atirou uma bola ao travessão. Pronto, aconteceu aquilo do Varela, mas sobre isso já disse o que tinha a dizer.

 

Também não pretendi por em causa vitória de quem a obteve. Nem por sombras.

 

Quem ganhou correu atrás do prejuízo. Correu, correu, correu, muito correram aqueles jogadores. E deram a volta ao resultado.

 

É impressionante o que aqueles homens correm. Jogar, não jogam muito, mas correm como se fossem onze Forrest Gumps. Ainda me lembro que foi isso que o seu treinador disse, quando chegou à Cesta do Pão. Que com ele, aqueles jogadores tinham de correr três vezes mais. E bolas, que o fazem. Melhor, fazem-no sem se ressentirem com lesões de esforço, ou coisa que o valha. Umas quantas gastroenterites e mais nada. O Rei da Chuinga deve ter descoberto a receita da poção do Panoramix.

 

Há, porém o reverso da medalha. Nunca dão a sensação de ter a partida controlada, basta ver as estatísticas, mas empregam-lhe uma dinâmica e uma intensidade difíceis de conter.O domínio do jogo fica repartido e embates como o de sábado, ficam transformados, como dizem os espanhóis a propósito dos jogos da NBA, em autênticos corre calles. Quando a coisa se parece encaminhar para o torto, vem de lá uma ajudazinha extra, que a repõe de volta nos eixos.

 

 

(Estatísticas Oficiais da Liga Zon Sagres - LPFP/wTVision/Amisco)

 

Logicamente que isso não é o quanto baste para garantir vitórias. Bem se viu naquele jogo. Não fora o Varela e o providencial golo anulado, e onde é que andaria a vitória. Achava eu, na minha ingenuidade, que o Rui Costa era demais para esta ida a Santa Maria da Feira.

 

Verdade seja dita, as minhas previsões deram quase todas, como se costuma dizer, com os burros na água.

 

Veja-se o caso do Sporting. Era capaz de apostar que não era desta que ganhariam. Ainda para mais, com o Duarte Gomes como árbitro.

 

Rotundo falhanço. O Onyewo encarregou-se de mandar as malvas as minhas capacidades preditivas.

 

Infelizmente, o único ponto em que acertei, foi no ardor estomacal que me dava a nomeação do Bruno Paixão para o nosso jogo. Admitamos também, que era o mais fácil de prever.

 

Como não vi o nosso jogo em Barcelos, apenas consegui ir ouvindo o relato radiofónico, vou abster-me de tecer grandes comentários sobre o assunto. Pelo que ouvi, e recorrendo às mesmas estatísticas que pesquei acima, foi um jogo à FC Porto actual: muita posse de bola, ataque inconsequente e defesa sobre brasas.

 

 (Estatísticas Oficiais da Liga Zon Sagres - LPFP/wTVision/Amisco)

 

Quanto ao resto, o título deste texto diz quase tudo. A trajectória do nosso clube nesta edição de 2011-12 da Liga Zon Sagres, faz lembrar um grupo de lemingues, numa cavalgada desenfreada e inexorável em direcção do abismo.

 

O Bruno Paixão limitou-se a dar o tiro de misericórdia que impede de sentir nos bigodes (acho que os lemingues, enquanto roedores, têm bigodes!) a vertigem do vazio, num salto de bungee, sem cabo. Como de resto, se adivinhava, e certamente correspondendo inteiramente às esperanças nele depositadas por quem o nomeou.

 

 

Pelo que disse logo no início, devem com certeza ter percebido que dei uma vista de olhos pelo jogo do clube que nos antecede na classificação. Estive num sítio onde a televisão estava ligada no canal do jogo, e, de vez em quando não resisti.

 

Como dizem os anglófonos, “better the devil you know”. Pior ainda, tive o desprazer de me sentar ao lado de um adepto daquele clube.

  

Pois bem, sabem qual é o principal motivo porque aquelas almas estão confiantes de que serão os novos campeões? Porque o Vítor Pereira é o nosso treinador.

 

Nem mais. Não é porque jogam enormidades, como há dois anos, ou porque há uma vaga de fundo, há quem lhe chame andor, que os empurra, ou porque tem que ser. Simplesmente porque o Vítor Pereira é o nosso treinador, e enquanto tal, estão confiantes. É triste.

 

Ainda a propósito do Vítor Pereira registei, como eu havia sugerido a troca da braçadeira de capitão de equipa entre o Helton e o Rolando. Pena é que a minha sugestão redundou (como se esperava, n’est-pas?) numa perfeita estupidez. Basta ver o nó cego que o André Cunha lhe pregou no lance do terceiro golo do Gil Vicente, para se perceber que a braçadeira não traz ao Rolando grande valor acrescentado.

 

Contudo, fiquei na esperança de que o Vítor Pereira fosse capaz de aqui vir beber mais alguma ideia gasificada. Mas não, ilusão minha. Não foi daqui que ele sacou a ideia. Afinal houve, como sempre há, uma razão muito mais lógica para a atribuição daquela responsabilidade ao Rolando. Resultados é que, nem por isso.

Avivar de memórias

27
Jan12

 

 

Ora então esta semana tivemos Vítor Pereira, o das nomeações, e não o nosso treinador, quase de volta ao seu melhor com uma série de nomeações que trazem à memória os mesmos artistas, noutros tempos e situações.

 

Duarte Gomes, em Alvalade, na recepção ao Beira-Mar, Bruno Paixão, em Barcelos, no nosso jogo, e o Rui Costa, em Vila da Feira, com o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide.

 

 

Como seria de esperar, Duarte Gomes não colhe grandes simpatias entre os adeptos sportinguistas, assim como Bruno Paixão, também não suscita paixonites agudas cá para os nossos lados.

 

Na Calimeroláxia, os da casa perderam uma boa parte do seu poder de fogo com a lesão do Wolfseiláquantos. Do outro lado, o Beira-Mar continua a ostentar uma das melhores defesas desta Liga. Com uma ajudinha do Duarte Gomes, desconfio que ainda não é desta que o Sporting irá saborear uma vitória em 2012. Se contribuisse para pagar as dívidas dos clubes ao fisco, e jogasse no "Totobola", era "x" ssem espinhas...

 

Com a sua presença nesta partida, o Duarte Gomes faz o pleno dos quatro primeiros classificados da época passada: esteve no Rio Ave x SC Braga, na ida do Vitória de Guimarães à Cesta do Pão e na nossa recepção ao Marítimo. Faltava-lhe o Sporting, e, no que toca aos grandes e mais grandes, sempre em casa. É o homem dos grandes e mais grandes palcos, sem dúvida! 

 

A aversão portista ao Paixão, já vem de outros carnavais, e reconheça-se, tem algo de epidérmico. E já nem é por aquela famosa estória de Campo Maior, ou pelos penaltis que não marcou no Estádio do Mar. Muito mais recentemente do que isso, tivemos a derrota em Coimbra e a eliminação da Taça de Portugal. Por acaso, por mero acaso, aí até nem consta que tivesse estado mal, mas não deixa de ser um presságio.

 

Além disso, causa alguma estranheza o Vítor Pereira se lembrar agora do Paixão, ele que, no que vai de temporada, tem andado arredado das lides que envolvem os grandes – só esteve na sétima jornada em Guimarães, quando lá se deslocou o Sporting. Vamos ver o que vai dar, mas que é estranho, é.

 

O Rui Costa, é o tal que não viu, não ouviu e não fez constar em relatório a pouca vergonha protagonizada pelo Prof. Doutor Rei da Chuinga, no jogo da sua equipa contra o Nacional da Madeira. Para uma deslocação a Vila da Feira, não será um exagero?

 

 

Ainda me lembro das imagens do nosso jogo contra o Feirense, e de ver um tal de Diogo Cunha a esfarrapar-se todo a cada lance que disputava, depois de ter sido amarelado ainda na primeira parte.

 

Se o espírito dos restantes comandados do Quim Machado for este, e partindo do princípio que estes indivíduos que fazem dos jogos contra nós, os jogos das vidas deles, normalmente não têm comportamento similar contra uma certa equipa, desconfio que não advirão grandes problemas ao líder, na sua deslocação a Vila da Feira ou a Aveiro.

 

Sim, porque os homens da Feira, até prescindiam de jogar em casa para ver se abichavam uns trocados extra em Aveiro. Como o Estoril-Praia, aqui há uns anos, lembram-se? A Liga é que não foi na conversa, "por maioria, e não por unanimidade". Quiçá faltou por lá uma cunha leal!

 

Pelos vistos nem o anunciadoboicote dos diabretes vermelhuscos fez esmorecer as expectativas dos feirenses. É pena, mas não se perde tudo. Afinal, tal como em Leiria, é o mesmo benemérito que vai pagar os ordenados. Será que se fizer um choradinho bem feito, me pagam o subsídio de férias e o de Natal?

 

 

Essa coisinha maluca chamada realidade

26
Jan12
 
Como o senhor do vídeo, também não gosto de me sentir sequestrado, apesar de efetivamente, nunca o ter estado. Chateia-me. O que é que querem?
 
O resultado desta história do hipotético-possível-utópico avançado-centro ou ponta-de-lança, como queiram chamar-lhe, é que é assim que me vou sentindo por estes dias.
 

O Jorge procurou fazer uma síntese das opiniões prevalecentes sobre esta matéria, que no fundo se resumem a uma e única questão: a falta de um ponta-de-lança é impreterível.

 

Falta saber é se esse assunto é para resolver já, nesta reabertura do mercado, ou se vamos pensar calma e ponderadamente sobre o tema, que a conjuntura (leia-se: “a falta de pilim”) não está para aventuras, e o tempo que demora a ambientação de um novo elemento com as características necessárias, poderá por em causa a oportunidade da contratação.

 

Hão de convir, se fizerem o obséquio, que neste assunto, se houve propostas que mereciam um prémio pela originalidade, foram as minhas. Ir buscar o João Tomás ou colocar o Rolando a avançado, admitam lá, não lembrava a alguém com um mínimo de bom senso.

 

Bem, a do Rolando até nem prima por ser muito inovadora. O Bobby Robson, perdão, Sir Bobby Robson, foi buscar o Vinha, e depois, em desespero de causa, punha o João Manuel Pinto a ponta-de-lança. Mas era só no final dos jogos, e como disse, em última alternativa (ou quase).

 

For argument’s sake, admitamos “que Hulk é para ser pdl, [e] nas condições actuais é o melhor que temos”, como diz o Zé Luis.

 

Não andarei muito longe da verdade se disser que a opinião quase generalizada entre portistas, e não só, embora o “não só” tenha para aqui pouca ou nenhuma relevância, é de que o Givanildo rende mais a jogar à linha, ou em progressão para o centro, do que emparedado, coisa que raramente acontece, mesmo quando joga a ponta-de-lança, entre os centrais adversários.

 

Se assim é, então desculpem lá, mas porque diabos é que estamos sequestrados ou reféns, amarrados a este esquema ou modelo táctico que exige um ponta-de-lança, que claramente, não temos?

 

Dir-me-ão, que tal como um qualquer avançado que viesse agora, necessitaria de um período de ambientação, também uma alteração desta ordem no modelo de jogo, exigiria uma fase de maturação. E têm toda a razão.

 

Mas, se esta história do avançado-centro já vem desde o início da temporada, se as dificuldades do Kléber eram de tal maneira evidentes, que para a Liga deixou de ser titular em Setembro (só o tornou a ser contra o Olhanense, em Novembro, à 10.ª Jornada), não haveria tempo para testar um sistema alternativo?

 

Lembram-se do Adriaanse? Não sei quantos ensaios laboratoriais terá feito, apenas que, de um momento para o outro a equipa apareceu a jogar naquele 3x1x3x3 suicida. E fomos campeões!

 

É claro que então, tínhamos entre outros de inegável classe, o Bosingwa e o Pepe, como bombeiros (in)voluntários de serviço, e o Paulo Assunção, a dar consistência ao meio-campo defensivo.

 

Passemos à frente desta questão do ponta-de-lança. Ou por outra, imaginemos que até tínhamos um daqueles que fazem inveja à concorrência.

 

Para que o 4x3x3 funcione a preceito, tanto numa versão “transições rápidas” à la Jesualdo, ou num formato mais de ataque continuado à Villas Boas, para além do homem dos golos, são precisos bons extremos e, a bem da necessária consistência defensiva de que falei há pouco, um trinco. Um sustentáculo para o meio-campo, libertando para tarefas mais ofensivas os outros dois elementos do três do centro do terreno.

 

O que é que vemos no nosso plantel? O Hulk é puxado para o meio. O outro titular da época passada, o Varela, só agora parece querer carburar e ressurgir. O Cristián Rodriguez é o que se sabe, apesar, ultimamente, dos seus inegáveis esforços. O Djalma é bom rapaz. Agora anda lá pela CAN, mas olvidando as suas maiores apetências defensivas face aos concorrentes pelo lugar, do ponto de vista ofensivo, não acrescenta muita coisa.

 

Tanto o James como o Iturbe, até poderão fazer o lugar, mais o primeiro, que o segundo, todavia nenhum deles será propriamente um extremo.

 

Ou seja, se retirarmos o Fernando, o que o Hugo Miguel já fez para o nosso próximo jogo em Barcelos, que é o “tal” trinco, nenhum dos flanqueadores actuais parece preencher os requisitos necessários para o tal 4x3x3. Por outro lado, quase todos eles revelam bastante propensão para flectir (ou será penetrar?) para dentro do terreno. O Varela será, talvez, o mais puro dos extremos. 

 

Então, tudo somado, actualmente, não temos ponta-de-lança, nem alas ao jeito deste tipo de esquema táctico (nota: não quer dizer que algum destes últimos não se supere, e me faça engolir a seco, o que acabei de escrever. Era bom!).

 

Para além disso, o que é que temos?

 

Temos uma série de médios, com características algo semelhantes, que podem assegurar uma certa rotatividade e opções várias, para as duas posições que sobram no meio terreno.

 

João Moutinho, Belluschi, Defour e agora mais o Danilo, e ainda, embora sendo alternativas mais rebuscadas, o Souza, e aquele rapaz colombiano, que é como os sogros, está sempre de saída, mas nunca mais desampara a loja.

 

Ainda temos um lateral-esquerdo com uma franquíssima propensão ofensiva, e que  sem espinhas chama seu ao flanco todo, dêem-lhe os médios citados o apoio necessário para triangular e a adequada cobertura, e um lateral direito, mais defensivo, que garante uma maior estabilidade no sector recuado, quiçá com a mente em Manchester.

 

E jogadores, uns com mais capacidade de organizar, outros mais para romper, que podem fazer uma posição 10: o James, o Iturbe, o João Moutinho, que serão os “organizadores”. Os “rompedores” seriam o próprio Cristián Rodriguez, e, com muitas reticências nestes dois, o Belluschi e o Djalma.

 

Esta é, para mim a realidade do nosso plantel, naquilo que interfere com a alteração táctica de que falo.

 

Ou seja, a defesa e o meio-campo ficariam na mesma, o três de ataque passava a ser um 1x2, sem ponta-de-lança fixo entre os centrais, mas com dois avançados mais móveis.

 

Para perceberem do que estou a falar, imaginem o FC Porto do Ivic, com o Madjer, o Gomes e o Rui Barros, ou o do Carlos Alberto Silva, com o Domingos e o Kostadinov. É disso que estou a falar.

 

 

Será difícil? Há quem diga que sim, nomeadamente a do nosso ex-treinador André Villas-Boas.

 

Dizem em desfavor deste sistema, que esta explanação no terreno obriga a compensações constantes, e que o 4x3x3 permite uma ocupação mais racional do espaço de jogo.

 

Bem sei que não percebo muito disto, mas, qual é a grande premência da “ocupação racional do terreno”? Se estivéssemos a falar de matraquilhos, com os bonequinhos todos presos às suas posições, ainda vá que não vá, mas em futebol?

 

 

Dá-me ideia que o essencial não é tanto o dispositivo, mas a dinâmica que os jogadores emprestam ao mesmo.

 

Já vi o FC Porto ser campeão a jogar em 4x3x3, em 4x4x2, em 4x3x1x2, em 3x1x3x3, com os mais variados treinadores e jogadores. Será algo assim tão descabido ponderar a hipótese de uma táctica alternativa, uma espécie de plano B?

 

Estaremos irremediavelmente sequestrados e reféns do 4x3x3, mesmo quando quase tudo desaconselha a sua utilização?

 


 

Nota: Devido a cenas informáticas bué da complicadas de explicar, mas que poderemos designar por "info-obtusidade" do autor, este texto foi indevidamente publicado antecipadamente, tendo sido depois removido e posteriormente, republicado.
 
Optei por isso, por deixá-lo exactamente como estava. A quem cá veio iludido pelo título e acabou direccionado para o artigo anterior, desde já as minhas desculpas.
 
Acreditem que se porventura fizesse a mais pálida ideia do que aconteceu, garantiria que talvez não se repetisse a cena, assim, podem ir rezando..
 
Uma vez mais, as minhas desculpas, e obrigado por terem passado por cá.
 
 

Entrelinhados

24
Jan12

Aqui há dias houve quem tivesse ficado surpreendido pela eleição de Mário Figueiredo para a presidência da Liga de clubes, ao arrepio daqueles que seriam os anseios mais ardentes dos clubes ditos grandes e mais que grandes cá do burgo.

 

 

 

Teve que ser o presidente do Gil Vicente, António Fiúza, a vir elucidar o pagode sobre o motivo pelo qual os clubes, ou pelo menos alguns, votaram no candidato eleito:

 

"Mário Figueiredo prometeu que nenhum clube iria descer".

 

 

Em face de tããããão surpreendente revelação, lá teve que sair das suas tamanquinhas insulares o novel presidente, e esclarecer que não era bem assim. O que prometeu foi que iria aumentar o número de clubes na Liga.

 

A parte de não haver descidas de divisão foi uma deficiente interpretação da parte dos clubes, que para seu grande azar, até votaram nele.

 

Agora é tarde, está votado, está votado. Quem tresleu nas entrelinhas, não tivesse treslido…

 

Outro caso de tresleitura generalizada, é a transferência do nosso Fucile. Mas esse ainda ninguém o esclareceu.

 

 

Que o Fucile foi em prestado ao Santos, não resta margem para dúvidas. E ao que parece, o Santos não terá tido qualquer encargo com o empréstimo, que terá ficado por conta do desbloqueamento da situação do Danilo.

 

Entretanto, segundo as imprensas brasileira e italiana, o Ganso será apenas a ponte que levará Fucile para Itália. Ao que parece o Milan estará disposto a pagar a cláusula de rescisão de 20 milhões que o liga ao FC Porto, com quem tem contrato até 2014.

 

Ou seja, o FC Porto tem um jogador encostado, que nesse estado, vale zero. Cede-o de borla ao Santos, e com essa cedência desbloqueia um investimento de 13 milhões, mais portes de envio.

 

Portanto, pelo menos 13 milhões o Fucile já vale. E apesar de fora dos planos do nosso treinador, o Milan está disposto a pagar, sem regatear, a cláusula de rescisão, acima desse valor.

 

Faz-me confusão que um jogador deste quilate, e com tamanha aceitação no mercado, não tenha lugar na nossa equipa, e tal só acontecerá certamente por mau feitio do treinador.

 

E ainda mais confusão me faz que, antes do desfecho a contento de todas as partes envolvidas neste sonho de fadas, e eventualmente de algumas ainda por envolver, o empresário do jogador tenha afirmado que, "pelo menos por um ano ele tem que sair, pois não tem lugar no time".

 

Porquê a referência então a “um ano”? Prazo de validade do Vítor Pereira no FC Porto?

Rolando a ponta-de-lança, já!

23
Jan12

Estou em vias de iniciar um movimento reivindicativo para fazer do Rolando o ponta-de-lança que nos falta, e por definitivamente uma pedra sobre este assunto.

 

Um ponta-de-l…, perdão, um defesa que mata a bola no peito daquela maneira, e lhe afinfa um remate daqueles, tão rápido quanto o diabo esfrega um olho, era de certeza titular na linha avançada de muitas equipas, e a nós até nos dava jeito.

 

 

 

A bem dizer, comparando com o Kléber, por exemplo. Não faz grande coisa lá à frente, mas também não atrapalha no outro lado do campo. Pondo o Rolando lá para diante tem-se essa vantagem, e ainda é capaz de marcar algum golito como o de ontem, coisa que ainda não se viu ao brasileiro.      

 

Quem por aqui passa com alguma regularidade já se deve ter apercebido da minha opinião sobre o Rolando. Em resumo, para mim a questão não é tanto se o Rolando é um bom ou mau jogador. Quanto a isso, acho que é mediano, a puxar para cima.

 

A questão é outra. Acho é que o Rolando, com a idade que tem e com os anos que leva de FC Porto, já estava mais do que na altura de se afirmar como patrão daquela defesa, e é isso que não vejo.

 

Falhas todos têm, e grandes jogadores como Jorge Andrade ou Ricardo Carvalho, não se impuseram verdadeiramente como líderes, mas sobressaiam pela sua qualidade.

 

No caso do Rolando, já o disse mais de uma vez, sinto-lhe falta-lhe chispa. Falta-lhe um clique para que o rapaz se imponha de uma vez, para que diga “Presente!”, entre com o físico e mande naquela área. E às vezes, se possível, na outra também!

 

Por outras palavras, aquilo que fez dele capitão em Belém, não chega para ser líder no Dragão. Basta ver a diferença entre onde estão os pastéis e o FC Porto. Mas talvez a solução passe por aí. Lembram-se do Mariano Gonzalez, com a braçadeira de capitão no braço, e o golaço que marcou ao Sporting?

 

E se para aumentar-lhe a autoestima, a autoconfiança, e outras autos, mas não daquelas que os outros andam por aí a espatifar, lhe espetássemos com a braçadeira de capitão? É só uma ideia, não levem a mal…

 

 

Pronto, o rapaz fez um bom jogo, sem dúvida, e culminou-o com um grande golo. Oxalá repita a dose muitas vezes!

 

De resto, o costume e uma novidade. Na parte do costume, o Álvaro Pereira e o Fernando.

 

Ao Palito, a dada altura, ao vê-lo à direita num lance de contra-ataque, dei por mim a pensar se lhe teriam mostrado um vídeo de algum jogo do capitão João Pinto, e das sua maravilhosas diagonais. Muito correu aquele homem, caramba!

 

Na segunda parte, já cansado de tanta correria, pus-me a magicar se não daria para por a jogar de vez em quando o Alex Sandro, a defesa, e adiantar o Palito para extremo. Pelo menos já só corria metade da distância. Bolas, que o homem ainda rebenta!

 

O Fernando não é tanto pelo que corre, mas ontem, até no chão recuperou bolas. Foi pena o cartão amarelo, que o deixa de fora do próximo jogo contra o Gil Vicente. Pior ainda: o desarme foi duma limpeza a toda a prova. Nem falta, quanto mais amarelo. E para bónus, o golo dos vimaranenses...

 

Em dois jogos, é o segundo mal mostrado, depois daquele ao Iturbe, contra o Estoril-Praia.

 

Menos mal que, lendo os dados estatísticos do jogo, lá dei conta que o Edgar também levou amarelo. Aguentou oitenta minutos, mas levou. Durante o jogo, não reparei, e fiquei a tentar perceber como era possível ele e o El Adoua terem chegado ao fim sem serem punidos disciplinarmente. O El Adoua então, que teve uma entrada para amarelo logo no primeiro minuto da partida…

 

A novidade foi o Silvestre Varela. Benvindo Sr. Silvestre. Por onde é que tem andado? Até se compreende o dilema do rapaz. No FC Porto, tem estado mais ou menos tapado, na seleção, com os critérios tranquilos que o selecionador aplica, é mais fácil ser convocado se não jogar, do que se o fizer.

 

Esquece-te disso, pá, e joga lá aquilo que sabes. Deixa lá o gajo do risco-ao-meio, que fazes falta é de azul e branco.

 

Só um pormenor que achei interessante. Do que já li e ouvi, parece-me que é mais ou menos ponto assente que, de entre os que menos jogaram, estarão o João Moutinho, o James Rodriguez e, sem grandes surpresas, o Kléber.

 

Pois bem, o João Moutinho marcou o segundo golo, a passe de quem? Do Kléber. O James Rodriguez fez o passe para o golo do Rolando, e sofreu a falta que originou o penálti, que também converteu.

 

A jogar mal…Nem sei que diga!

 

A hora dos delfins

20
Jan12

 

Que escolha selecta de juízes para os jogos grandes do fim de semana!

 

As grandes esperanças do apito nacional vão estar em campo nos desafios dos três grandes. O portuense Vasco Santos no Olhanense x Sporting, o madeirense Marco Ferreira, na visita do Gil Vicente à Cesta do Pão e o lisboeta Hugo Miguel, no Dragão, na nossa recepção ao Vitória de Guimarães.

 

Será o teste para ver quem ascende a internacional? Que são os três grandes candidatos, não há a menor dúvida. Vasco Santos e Hugo Miguel estavam à algum tempo na rampa de lançamento, agora juntou-se-lhes Marco Ferreira, quiçá, presidência da Liga oblige.

 

Este último consegue ser esta época o árbitro que mais partidas onde entram os grandes apitou – seis. Na última jornada esteve no Dragão, na nossa vitória sobre o Rio Ave, e também já lá tinha estado aquando da visita do Vitória de Setúbal.

 

À Cesta do Pão também será a sua segunda visita, pois havia por lá passado a acompanhar o Olhanense.

 

No Dragão vamos ter o Hugo Miguel, e é mais uma segunda aparição, neste caso no nosso palco, onde arbitrou antes, à nona jornada, o encontro com o Paços de Ferreira. Tirando esse jogo, apenas esteve na deslocação calimera a Vila do Conde. Três joguinhos, nada de especial, portanto.

 

O Vasco Santos vem em flagrante perda na corrida para a internacionalização. Têm-se visto menos no que vai decorrido desta temporada do que na transacta, em que se especializou em dirigir o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, especialmente em casa (quatro jogos, três caseiros). No que vai de Liga Zon Sagres 2011-12, é apenas a sua terceira aparição entre os grandes, repetindo o Sporting, que já dirigiu em casa na recepção ao Nacional da Madeira.

 

A outra, como não poderia deixar de ser foi na Cesta do Pão, com a Académica de Coimbra.

 

Perguntarão: então e os internacionais? Pois é, nesta jornada só o João “pode vir o João” Ferreira e o Jorge Sousa, é que vão estar em jogos da divisão principal, e este sob o pseudónimo de “Manuel Sousa”, respectivamente no Nacional da Madeira x Feirense e no SC Braga x Rio Ave.

 

Os outros? Os outros, uns estarão na Liga Orangina, e os outros em casa, de pantufas, como eu.

Os bosses da posse

19
Jan12

Ainda que não tenha o hábito de reproduzir textos de terceiros, este, escrito por Marisa Gomes, no Zerozero.pt, para além do interesse, até liga bem com o que escrevi no artigo anterior. Ou vice-versa, poderão pensar.

 

Ah, e para além disso, a autora conta com uma passagem pelo Dragão, o que é sempre uma boa referência.

 

  

"A posse de bola : mais que um conceito, uma prática

2012-01-02

 

 

Actualmente sabemos que a organização das equipas assenta no modo como vai atacar quando tiver a posse da bola, como vai transitar quando perder e quando ganhar a bola e como vai defender quando não tiver a bola. Assim, vemos equipas mais ou menos organizadas nos vários momentos de jogo.


No entanto, sabemos que a Organização é um conceito que se manifesta numa diversidade infinita que resulta do modo como os jogadores-treinador desenvolvem a dinâmica colectiva. A interacção dos vários momentos é determinante para que possamos ter uma fluidez eficiente, ou seja, uma equipa que defende no seu meio campo – bloco baixo – deve perceber que a transição, quando ganha a posse da bola, tem de ganhar tempo para conseguir explorar o espaço mais avançado do terreno. Mas para que possamos ser mais práticos vamo-nos concentrar num conceito muito referido pelos treinadores actuais: o momento de posse da bola (Organização Ofensiva).


A responsabilidade deste destaque deve-se ao modelo do Barcelona que tem uma posse de bola que se revela muito eficiente. Daí a importância deste conceito porque todas as equipas passam por momento de Organização Ofensiva, ou seja, com posse da bola mas o modo como o vivem (vivenciam) é diferente. A partir do modelo do Barcelona percebemos que ter a posse da bola é uma vantagem que já Cruyff defendia ser fundamental para se conseguir vantagem no jogo. Sabendo que no jogo há apenas uma bola, se uma equipa a tiver, a outra está sem ela. Básico. Então devemos tê-la sempre para podermos controlá-la.

 

     Barcelona tem a bola através de uma posse segura (sem arriscar a sua perda), dinâmica (fazendo-a correr sempre) e diversa (por todo o terreno)

 

No entanto, esta intenção tem uma aplicabilidade prática que nos obriga a perceber que a posse da bola não é um conceito fácil porque se trata de um momento de jogo que não podemos desenquadrar dos outros. Se assim não for teremos dificuldade em fazer da bola uma vantagem, ou seja, se “jogamos” apenas um momento de jogo, ficamos em grande desvantagem contra equipas que jogam os quatro! Deste modo devemos sentir que a posse da bola é um conceito que tem um determinado valor prático. Vejamos: o Barcelona tem a bola através de uma posse segura (sem arriscar a sua perda), dinâmica (fazendo-a correr sempre) e diversa (por todo o terreno). O valor da bola para o Barcelona é ENORME porque jogam para ter a sua posse fazendo com que a exploração de espaços se faça com a bola, com os apoios constantes e com uma prioridade fundamental: sem pressa para a perder.

Compreender o Barcelona é compreender o seu valor pela posse pois é através dela que faz com que tenha a bola no último terço e não tenha pressa em a meter no espaço, em rematar quando todos estão a pedir “Chuta!”. Se realmente o Messi chutasse mais vezes de longe no último terço, se o Xavi e o Alexis o fizessem não veríamos um Barcelona preOCUPADO em explorar o último terço com a entrada dos jogadores à frente do guarda-redes, em realizar o passe no timing acertado para a bola passar, em fazer com que os seus jogadores sem bola tenham protagonismo em detrimento do espaço ou da baliza. Isto é ser Barcelona! Deste modo sabemos que a posse da bola de muitas equipas não se iguala (nem compara) ao Barcelona porque não se trata de ter em média cerca de 60% da posse da bola durante os jogos que realiza, mas do modo como o fazem - com e sem pressão, nas zonas mais recuadas e mais adiantadas. O que só é possível quando realmente se gosta muito da bola e faz com que o valor da bola seja superior à precipitação do adepto, à pressa do adversário e à ânsia em fazer a bola andar pelos espaços em disputas. Assim, não podemos comparar equipas que têm posse de bola nas zonas mais recuadas e exploram as zonas mais adiantadas com valores diferentes daqueles que são os do Barcelona, ou seja, com passes longos para a frente ou cruzamentos para a área. São conceitos diferentes e portanto não comparáveis.

 

     O que só é possível quando realmente se gosta muito da bola e faz com que o valor da bola seja superior à precipitação do adepto, à pressa do adversário e à ânsia em fazer a bola andar pelos espaços em disputas

 

Em termos práticos conseguir impedir que o Barcelona tenha a posse da bola é a forma mais directa de o confrontar. Trata-se de fazer com que não façam aquilo que os torna melhores do que os outros. Fácil? Impossível? Pensemos que o Barcelona é uma equipa muito forte nos seus valores e sabe transitar e defender de acordo com aquilo que os tornam únicos: cultura colectiva. Então, para contrariar o Barcelona tem que se impedir que tenham a bola. Quando eles a têm tem que haver uma aposta no modo como se vai tentar ganhá-la. A forma como o Barcelona conserva a sua bola “obriga” a que haja uma proximidade de vários jogadores para se fechar espaços. O timing da proximidade sobre a bola é determinante: tem de ser no momento da sua recepção. Deste modo torna-se o espaço mais pequeno e a oposição defensiva sobre a bola sempre se torna maior.


Na realidade prática das equipas sabemos que quase todos os treinadores desejariam que a sua equipa tivesse a bola todo o tempo para controlar o jogo, mas nem sempre isso é possível. Então, como desenvolver a Organização Ofensiva para se ter a posse da bola? Gostando da bola, desenvolver a capacidade para a conservar sobre pressão e com uma dinâmica posicional que permita dar grande mobilidade à bola. Deste modo, deve ser um valor que devemos desenvolver privilegiando o modo como tratamos a bola, priorizando a sua conservação e fazer dela um argumento para se disputar o jogo. A orientação prática treino-competição tem que fazer com que vivenciem esse valor através de jogos onde se organiza a dinâmica posicional da equipa em função da bola, onde se procura ter a bola e onde se valoriza essa preOCUPAÇÃO. A partir daqui devemos ter um papel determinante no modo como se interpretam as circunstâncias porque se queremos que uma equipa seja reconhecida pela sua posse não podemos insistir para que jogue para o espaço em vez de jogar para um colega, não devemos reforçar as bolas disputadas no ar em vez de jogar para o colega mais seguro. As situações de treino devem privilegiar a conservação da bola, no modo de fazer com que se torna mais fácil fazê-la circular sem a perder e fazer com que o sentido da bola seja capaz de ultrapassar a pressão adversária, ou seja, fazer com que a bola tenha espaço. As situações de jogo devem ser interpretadas de acordo com aquilo que queremos, mesmo que em determinados momentos não consigamos ter o sucesso que gostaríamos. No entanto, não devemos abdicar dos nossos valores porque são eles que nos definem….


Neste sentido sabemos que os efeitos destes valores são biológicos, ou seja, têm uma configuração determinada. Por isso é que falamos nos neurónios-espelho no último artigo pois ganhar ou perder é diferente e o modo como se ganha/perde tem que ter uma interpretação que o treinador tem de gerir. O modo como se sente aquilo que se vive pode tornar os jogadores numa equipa, pode levar a uma cultura e à prática de valores como fazem as grandes equipas. Entenda-se que não precisam de ser os mesmos valores, mas um sentimento Colectivo que se expressa no modo como jogam. No entanto, a promessa do último artigo será cumprida mais à frente.


Um bom ano!”

 

Mais fácil dizer, do que fazer. Digo eu...

Chiclabol ou Futebol-chiclete

18
Jan12

 

 

Este texto já vai sair um tanto ou quanto desfasado da actualidade que vivemos hoje, ou seja, o desafio com o Estoril-Praia, mas se há coisas na vida que são elásticas, e o tempo não é uma delas.

 

Vi a primeira parte do jogo contra o Rio Ave, como diria o Senhor Juiz Presidente do Supremo Tribunal, aos bochechos.

 

A segunda parte, vi-a por inteiro. Quer dizer, por inteiro até por volta dos 89 minutos de jogo, pois deixei-me dormir antes de a partida entrar no período de descontos, e como tal, não vi a expulsão do Rolando, senão nos resumos do jogo.

 

O jogo até estava entretido, e sem grandes motivos para preocupação, com duas raras excepções que foram o remate do “nosso” Kelvin e a escapadela do Yazalde, anulada a meias pelo Helton e pela inépcia do vila-condense. A resistência deu para ver 44 minutos seguidos de futebol. Não foi mau!

 

Se o Henrique Calisto ficou todo contente porque lhe ganhámos, mas tivemos de lançar o Hulk e o João Moutinho para a arena, então o Carlos Brito não terá grandes motivos para satisfação, já que o João Moutinho nem se equipou e o Hulk durou trinta e poucos minutos.

 

Mas passemos ao que interessa. Como disse há pouco, em parte bem podemos agradecer ao Helton, não termos sofrido um golo do Rio Ave, e para além disso, pouco mais teve de fazer.

 

O Maicon, uma vez mais, embora esforçado, demonstrou, como se fosse preciso, que remedeia na lateral, mas não é a mesma coisa. Guardo na memória uma subida que fez até à área contrária em que, a dada altura, se deixou ultrapassar pela bola. Quando a quis pisar, para a puxar para trás, já estava em desequilíbrio. O que lhe sobra em estatura, falta-lhe em agilidade.

 

O Rolando, enfim, o Rolando, depois de uns quantos jogos em que não se notou, voltou a ser ele próprio. Socorrendo-me de um neodragologismo do Jorge, diria que lhe deu para fucilitar.

 

Vá lá que o colega do lado esteve em bom plano, senão estávamos feitos…

 

Em plano superior na defesa, só mesmo o Álvaro Pereira, sempre na mecha flanco acima, flanco abaixo. Esteve bem. Os alguns centros milimétricos que fez sem destinatário concreto, não foram tanto responsabilidade sua, mas mais da falta de uma referência na área.

 

Da mesma forma, as triangulações falhadas no flanco, que saíram mais ou menos como os quadrados de três vértices daquele conhecido geómetra, também não foram tanto da sua lavra, mas muito mais do médio daquele lado que não acompanhou as jogadas em causa. Enfim, all and all, bem positivo.

 

O Fernando, a mesma coisa. Mais uma boa exibição, ainda que com alguma preocupação, pois tanto o lance do Yazalde, como o da expulsão do Rolando, nasceram pelo meio do terreno, ainda que as responsabilidades não lhe possam ser inteira e/ou directamente assacadas.

 

O Belluschi só se notou num remate sem nexo, quanto ao resto, népia.

 

Que não se infira do que disse em relação ao Álvaro Pereira, que o Defour jogou mal. Nem por isso, faltou em algumas situações de triangulação, mas esteve em jogo, tanto defensiva como ofensivamente. Bem mais do se pode dizer do Belluschi.

 

Do James Rodriguez, para além do regozijo pelos golos marcados, fiquei com uma preocupação adicional, e parecida com o que vamos sentindo em relação ao Hulk: se temos um finalizador do quilate do miúdo, vamos colá-lo à linha ou pô-lo a organizar jogo? Estes tipos que fazem duas posições dão-nos água p’la barba.

 

O outro Rodriguez continua na sua fase de texugo encandeado, a chocar com os candeeiros, leia-se: “defesas contrários”, que lhe surgem pela frente. Pelo menos, esforça-se, temos que lhe dar isso. Oxalá jogue contra o Estoril-Praia, para ver se perde um bocadinho aquele ar roliço.

 

Outro que espero que jogue contra os canarinhos, para ganhar rodagem, é o Iturbe. O rapaz esforçou-se, mas canalizou em demasia o esforço para agradar à plateia. Levou um amarelo injusto. Era bom que, na falta do João Moutinho, fosse ele a assumir a organização do jogo, para libertar o James para diante.

 

O Varela, também espero que jogue contra o Estoril. Se o problema dele for falta de rodagem, pode ser que ainda chegue lá. Isto é o que se chama “wishfull thinking”. E já agora junto à lista o Kléber.

 

Para terminar, só uma pequena comparação entre o nosso jogo e um outro encontro em que também alinhou uma equipa de camisola às riscas verticais verdes e brancas.

 

 (Estatísticas Oficiais da Liga Zon Sagres - LPFP/wTVision/Amisco)

 

Como se vê, os dados estatísticos mostram bem as diferenças entre nós e a equipa que nos precede na classificação da Liga.

 

Do nosso lado, uma posse de bola superior, mas menos oportunidades de golo, com igual número de remates.

 

É natural se tivermos em conta que o nosso sistema de jogo privilegia a posse de bola. Mas é o reflexo de uma posse de bola inócua, tendo em conta as poucas oportunidades criadas. Falta de um ponta de lança?

 

Do ponto de vista defensivo, o jogo de posse confere ao adversário muito menos remates e cantos, e consequentemente, oportunidades de golo que o jogo declaradamente ofensivo do nosso rival na luta pelo título.

 

Contudo, haverá de ter em consideração que o Rio Ave que jogou contra nós, é uma equipa que aposta quase exclusivamente em transições rápidas, enquanto que o Vitória de Setúbal, joga mais de bola no pé. Qual a importância desta observação?

 

Os vilacondenses com um estilo de jogo que se enquadra no nosso, perderam por dois a zero. Os de Setúbal, com um estilo de jogo parecido com o nosso, do ponto de vista estatístico equilibraram o jogo na Cesta do Pão, e saíram de lá com uma cabazada.

 

Parece-me que aqui reside um dos nossos problemas actuais, cuja solução poderá passar ou não por um novo avançado: um jogo mastigado em demasia e pouco objectivo.

 

Ou seja, um chiclabol ou futebol-chiclete, que se mastiga, mastiga, mastiga, fica um saborzinho, que no caso será o resultado, mas que a seguir se joga fora, pois nada fica para registar na memória.

 

Bem, venham de lá os canarinhos do Estoril, que eu não confio nesses tipos desde o tempo em que o Manuel Abrantes era o guarda-redes deles, e arrancava sempre portentosas exibições contra o FC Porto...


 Nota: neste jogo, apesar de tudo, ficarão sempre os dois golos do puto James!  

(Tele)Visão Azul

17
Jan12

 

 

Ontem no “Somos Porto”, do Porto Canal, entre outros apontamentos e comentários que subscrevo inteiramente, vi sugerir aquilo de que falei no último artigo: o regresso do Mário Jardel ao FCP, para treinar os nossos avançados. E inclusivamente, quem defendeu essa tese – a empresária Rita Moreira - sustentou-a com um dos argumentos que utilizei: se há treinadores para guarda-redes, porque não fazê-lo para avançados?

 

É sempre reconfortante quando vemos que as “nossas” ideias mais estapafúrdias, afinal talvez não o sejam tanto como isso. Ou pelo menos, que há outros que têm ideias tão estapafúrdias como as nossas!

 

Quando escrevi o texto não sabia que o Jardel estava por cá, ou que ia estar, portanto foi mesmo pontaria. Ver ontem aquela entrevista e a conversa que a seguiu, entrecortada com as imagens dos golos marcados pelo Super Mário ao AC Milan, acreditem, deixou-me de lágrima no canto do olho.

 

 

 

Se estão a pensar que sou um pieguinhas por aquilo que acabei de confessar, garanto-lhes que sou tão emotivo como qualquer um. Admito que chorei quando vi o Bambi, quando o Faísca McQueen desistiu da Taça Pistão, para ajudar o Rei a acabar a corrida, quando o Rocky Balboa deitou abaixo o brutamontes do Dolph Lundgren ou quando vejo a Cardozo expulso por simular uma falta, depois de milhentas agressões impunes.

 

O que é que querem? Sou assim.

 

Aproveito para prestar aqui a minha singela homenagem ao Porto Canal. Ao contrário de outros, nunca vi naquele canal ser ofendido alguém com outras preferências clubísticas, ou incitamentos à tomada de armas contra quem quer que seja. Antes, vejo programas que, embora simples, se pautam por conteúdos e debates de um nível bastante mais elevado do que a boçalidade por aí se vê. E não é só nos canais de certos clubes.

 

Para quem como eu, mora a 550 quilómetros do Dragão, e tem poucas possibilidades de se deslocar, um canal como o Porto Canal constitui um excelente veículo para estreitar os laços afetivos com o clube.

 

Poder assistir em direto a transmissões de jogos de basquetebol, andebol e hóquei em patins no Dragão Caixa, foi uma alegre novidade e um contacto com uma realidade quase desconhecida, tão raro esses jogos aparecem nos canais ditos generalistas.    

 

Este canal, que quanto a mim ainda poderia aprofundar o seu “portismo”, contribui para combater uma das pechas, entre outras, que desde sempre apontei ao nosso presidente.

 

Sendo algarvio e vivendo no Algarve, fiquei desde sempre chocado com o discurso regionalista de Jorge Nuno Pinto da Costa.

 

Quando decidi que o meu clube era o FC Porto, nos idos de 1977-78, na minha sala da escola havia apenas dois portistas. Não sei atualmente quantos miúdos do FC Porto terá cada sala, mas é provável que sejam mais.

 

O clube cresceu, os êxitos alcançados contribuíram para difundir a sua imagem pelo Mundo todo, e atualmente encontram-se portistas, adeptos ou meros simpatizantes, por todo o lado.

 

Por isso, não posso concordar com o nosso presidente, quando o seu discurso é no sentido de manter o clube encarcerado no seu reduto regional, esquecendo os portistas que situam fora desse espaço territorial, e não contribuindo assim em nada para uma expansão ainda maior do a até à data registada.

    

Que o FC Porto é um clube, primeiro da cidade do Porto, depois do Norte, e só a seguir vem o resto, ninguém põe em causa. É a realidade, e é óbvio.

 

Mas é tremendamente redutor acabar por aí. O combate ao centralismo não é um exclusivo nortenho ou portista, ainda que aí se possa sentir com uma maior intensidade. O jugo que a capital do império exerce faz-se sentir sobre o resto da paisagem, e cada qual reage à sua maneira. haja quem capitalize e congregue esse setimento de revolta.

 

E é isso que, para mim, significa e sempre significou o “portismo”: um estado de espírito, uma forma de estar, uma capacidade de pensar sem seguir o resto da maralha. Em suma, um ato de revolta e de resistência, e uma maneira de estar diferente daquelas marias-vão-com-as-outras, que alegam um direito divino a vencer, independente dos seus méritos, mas apenas porque sim, e porque são em maior número que os demais.

 

Oxalá o Porto Canal, agora também com esse grande portista que é o Júlio Magalhães, siga neste sentido. Essa seria sem dúvida uma vitória ímpar, maior do que ser o mais grande do Mundo e arredores.

Ele há coisas

13
Jan12

 

 

Ainda ontem, tomou posse como 6.º presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o candidato proposto pelo Marítimo, e hoje, quando vejo a lista das nomeações de árbitros para a última jornada da primeira volta, e quem é que calha(ou) ao FC Porto?

 

O madeirense Marco Ferreira. Puxo dos meus arquivos, e que constato?

 

Que o Marco Ferreira está em alta esta época, pressente-se. Este é já o quinto jogo que faz envolvendo os quatro primeiros classificados da época anterior.

 

Esteve no Dragão, no nosso embate contra o Vitória de Setúbal, no União de Leiria x SC Braga e no SC Braga x Paços de Ferreira, e ainda na Cesta do Pão, aquando lá se deslocou o Olhanense.

 

Ou seja, recuando ainda mais um pouco, já arbitrou tantos jogos entre aquelas equipas, quantos os que dirigiu na ápoca transacta. Teremos um internacional madeirense na calha?

 

Curiosamente, só não lhe tocam jogos do Sporting. Será que o Rui Gomes da Silva sabe porquê?   

 

Para os dois jogos dos rivais lisboetas, dois árbitros alfacinhas. O João Capela, na Pedreira, na recepção do SC Braga ao Sporting, e o tenrinho, como convém, Hélder Malheiro, que se estreia na Cesta do Pão, onde jogarão os sadinos.

 

Começando pelo último. Para quê obstar ao inevitável? Um jogo de campo inclinado, um adversário que não costuma levantar muitos problemas naquele palco, e um árbitro que tem a apadrinha-lo na estreia na categoria e na época, logo o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide. Uma espécie de Bruno Esteves no jogo com o Paços de Ferreira na época passada. É preciso pedir mais?

 

João Capela empata com o Marco Ferreira no número de jogos dirigidos nesta temporada entre aquelas equipas - cinco, e são os que lideram a lista de presenças.

 

Vai ser o seu terceiro jogo com o Sporting. O primeiro foi na recepção dos verdes e brancos ao Gil Vicente e o segundo, foi na deslocação daquele à Cesta do Pão.

 

Com o SC Braga, vai ser a primeira vez. Para além destes jogos, esteve também nas nossas deslocações a Leiria e a de má memória, a Olhão.

 

Já agora, e porque falei nisso logo no início, diz-se por aí que o novo presidente da Liga, Mário Figueiredo, terá derrotado o candidato apoiado pelos grandes, António Laranjo.

 

Estranho. Pelo que se diz na notícia linkada, Mário Figueiredo é genro de Carlos Pereira, o homem dos guardanapos, que comprovadamente, se dá bem com o recreativo de Carnide.

 

Por outro lado, o homem é parceiro na sociedade que integra também o advogado do nosso presidente, Gil Moreira dos Santos, e ainda o administrador da FC Porto SAD, Adelino Caldeira.         

  

Se, como parece razoável, os laços familiares prevalecerem sobre as afinidades profissionais, se é que estas existem, parece que há por aí quem tenha apostado em dois cavalos.

 

…ou feito as coisas por outro lado, como de costume!

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