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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azeiteiros e azeiteirices

29
Fev12

"Não tenho confiança nos Tribunais Administrativos, que sabem tanto de direito desportivo como eu de lagares de azeite" - diz o ex-conselheiro João Carrajola Abreu, a propósito da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, considerou nula a tal famosa reunião em dois actos do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.

 

Agora, perdi-me. Então o excelso Prof. Doutor Freitas do Amaral, eminentíssima e sereníssima autoridade que proferiu o parecer em que seterá louvado a decisão do dito Conselho de Justiça, afinal é perito em quê?

 

Direiro administrativo ou direito desportivo? Estava convencidíssimo que a sua especialidade era o direito administrativo.

 

Portanto, parece-me a mim, que percebo tanto disto como de um lagar de azeite, que o ex-conselheiro deu um valente tiro no pé. Ou não percebe um boi de direito administrativo, direito desportivo, e simultaneamente, de lagares de azeite.

 

Pior, diz que "[f]aria tudo da mesma forma e continu[a] a dizer que houve conluio do presidente [do Conselho de Justiça] com Pinto da Costa e o Boavista".

 

Admitamos que sim, que houve de facto conluio. Sendo assim, uma vez anulada a reunião por esse motivo, que obviamente, teria de ser apurado em sede própria, e não pela vontade discricionária do ex-Conselheiro,  que necessidade teria este de levar a cabo a segunda reunião, sem a presença do Presidente do Conselho?

 

Conluio?


Nota (actualizado em 01.03.2012): Há um lapso da minha parte no texto. O que se louvou no parecer do Prof. Doutor Freitas do Amaral não foi a decisão do CJ, mas a sua homologação pela FPF. Rectificação feita, as minhas desculpas.


 

Tão diferentes, mas tão iguais

29
Fev12

Aqui há tempos, uma benfiquista simpática, a Pandora, insurgiu-se com o linguajar que utilizei num texto intitulado "Sexo em grupo em véspera do Dia de Namorados".

 

Como o comentário foi público, e aliás, ainda lá está no exacto mesmo sítio, passo a reproduzi-lo:

 

“Olha, já reparaste que escreves mais sobre o Benfica do que do teu próprio clube? É isso que me dá gozo em vocês, portistas. Vocês preocupam-se mais com o Benfica do que com o FC Porto. Mesmo com 11 pontos à frente.

 

Sim, sou benfiquista, e sou-o com um ORGULHO ENORME!

 

"(...) Seis milhões, mais coisa, menos coisa, foram fornicados, quiçá por via anal, pela nossa vitória. (...)" ??

 

O vosso grande mal é pensarem que nós somos como vocês: que odiamos o vosso clube. Por amor de Deus, são vocês que odeiam o nosso clube, não somos nós que odiamos o vosso! Nós AMAMOS o Benfica, quer seja campeão ou não, quer leve 5-0 ou 10-0 de clubes como o vosso, porque temos noção do seu valor independentemente dos resultados.

 

Vocês é que ficam mais felizes com uma derrota do Benfica do que com uma vitória do fcp.

 

Porque é que não se limitam a falar do vosso? É que não se se já se deram conta, mas quanto mais falam, mais nos tornam maiores. AINDA MAIORES! Sempre ouvi dizer que só me incomoda quem é melhor do que eu.

 

Nós este ano já não queremos saber do campeonato, porque em Portugal o árbitro não deixa haver campeonato justo (porque será?). QUEREMOS É QUE O BENFICA MANTENHA O SEGUNDO LUGAR E CONTINUE A DAR-NOS AS GOLEADAS E AS ALEGRIAS QUE NOS TEM DADO EM TODAS AS COMPETIÇÕES!

Relativamente a quem pratica melhor futebol EM PORTUGAL nos dias de hoje, porque não admites que o Benfica vos é superior? Quando vocês eram melhores do que nós, nós também o admitiamos. Agora chegou a vossa vez!

 

Vocês são grandes, e nós somos maiores.

 

AMO-TE BENFICA”

 

Na altura, como agora, dado o pouco tempo de que dispunha, abstive-me de responder com o a propósito que merecia. Também não o vou fazer agora. Contudo, considerando a proximidade do nosso embate com o clube de que é adepta a comentadora, vou apenas tecer uns quantos apartes.

 

Como é usual, começa pelo reparo de que falamos mais sobre o seu clube, do que sobre o nosso, mas confunde o facto de o fazermos com preocupação da nossa parte, para mais tarde concluir que ao nos focarmos insistentemente nele, os tornamos maiores, “AINDA MAIORES”.

 

É uma conclusão ao género daquela lógica marketinguesca de que, não interessa que falem bem ou mal de nós, apenas que falem.

 

Lamento informar que não é assim, e nem vale a pena imaginar que será por preocupação que o fazemos. Se assim acontece, e admito que sim, por vezes, é muito mais indo de encontro ao lema do Bibó Porto, carago!:

 

“Quanto mais mentirem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”.

 

E as verdades, por vezes são inconvenientes. Mas não é por isso que vamos deixar de trazer à baila certos assuntos. Por isso, obrigado pela sugestão, mas, como até ver, neste País ainda se pode falar e escrever sobre o que quisermos, conformem-se. “É a vida”, disse um dia alguém.

 

Sobre a questão dos “incómodos”, não é quem é melhor que eu que incomoda, é quem eu deixo que me incomode, ou não posso evitar, como o cão do meu vizinho a ladrar às três da madrugada. Há é quem, pelos vistos, se sinta incomodado.

 

Depois temos a costumeira vitimização na questão do ódio. Não direi propriamente que odeio o clube em causa. Não me parece que os portistas o odeiem. Porém, não conheço todos os portistas, portanto tenho uma visão um bocado parcelar nesta matéria.

 

Ódio é um sentimento muito forte. Extremo mesmo. Não se nutrem este tipo de sentimentos senão por quem nos marcou profundamente. Assim sendo, direi que aquilo que sinto se resumirá apenas a um intenso desprezo.

 

Desprezo por aquele “fazer as coisas pelo outro lado” e, fundamentalmente, desprezo pela superioridade a todos os níveis, mas principalmente moral, que se arrogam, e que resulta unicamente do facto de serem em maior número, mas que ainda está por comprovar. Em suma, a lógica da ditadura democrática aplicada ao futebol.

 

O texto em questão foi escrito em Fevereiro. Antes, por isso, de irmos ao Estádio da Lucy carimbar oficialmente o título. Daí as referências no comentário a goleadas e ao bom futebol praticado.

 

Foi naquela altura em que estavam onze pontos atrás de nós, dos quais sete tinham sido roubados, e três estavam no papo, e como tal, a pressão estava toda deste lado. Imagine-se agora!

 

O tempo encarregou-se de demonstrar a irrelevância desta parte, e votá-la ao esquecimento.

 

E claro, não podia falta a recorrente alusão a que “em Portugal o árbitro não deixa haver campeonato justo”, tão querida aos adeptos daquele clube a partir de finais dos anos 80, e exponenciada estratosfericamente pela actual sempiterna direcção.

 

Curiosamente, ao contrário do que afirma a Pandora, nunca vi um qualquer adepto colega seu admitir que algum dia, num qualquer universo paralelo, lhes fomos superiores, por um centésimo de segundo que fosse.

 

Interessante é quando conjugamos tudo isto com as declarações de amor assolapado, “porque tem noção do seu valor independentemente dos resultados e das goleadas”.

 

É o fechar do ciclo de praticamente tudo quanto se disse atrás, e a raiz de quase todos os problemas. Aconteça o que acontecer o valor e o merecimento estão lá.

 

Se ganham é porque merecem, sempre. Se não ganham, mereciam. A parte chata é que é no campo, que se deveriam definir os resultados, e onde de quando em vez surgem as goleadas. E aí nem sempre são os mais fortes, ainda que o custe a admitir.

(ainda gostava de saber o que é que os burros brancos e os cães de caça têm que ver com os sportinguistas e os portistas?!

 

Se ainda tiverem paciência para ler o texto seguinte. de autor que desconheço, um tal Jacinto Bettencourt, e que foi publicado no blog "31 da Armada", após a vitória por 2-0 sobre o Sporting, na Liga Sagres 2009-2010, verão que apesar das evidentes diferenças na forma, o teor é apenas mais do mesmo, numa versão mais elaborada.

 

Mostra a tua raça, o poder e ambição / nós só queremos o Benfica campeão [para ouvir na catedral]

 

Sem mundo e sem os outros o futebol é uma abstracção. Pensemos, então, o futebol caseiro através da fenomenologia do espírito de Hegel.

 

Se o espírito subjectivo, enquanto mera consciência ou individualidade, não é capaz de realizar os fins do espírito, entramos na dimensão em que o espírito deve ser considerado objectivamente, isto é, enquanto objectivização da consciência e liberdade. Todos aqueles que percorrem a blogosfera sabem que o espírito objectivo coincide em Hegel com a dimensão onde consciência e mundo se diferenciam, por ser esta a dimensão supra-individual das relações entre homens ou, por outras palavras, a dimensão ética. E como o leitor atento há muito compreendeu, a impossibilidade de analogia possível entre futebol e as ciências que estudam o espírito subjectivo remete aquele desporto para o reino das objectivizações do espírito, impondo-se, assim, analisar o direito, moral e eticidade como os três momentos dialéticos em que o futebol se exterioriza.

 

O direito, que regula a conduta externa e nasce de uma concepção de liberdade percebida como o direito de cada ser humano actuar autonomamente e no seu próprio interesse, corresponde ao momento do querer feito acto, da apropriação e da propriedade privada. É a dimensão do FC Porto, portanto; dos clubes que se afirmam querendo e tendo, que não olham para além dos seus interesses e da acomodação dos mesmos a alguns limites formais que regem a exteriorização da vontade – aos quais e dos quais recorrem amiúde, aliás (invocando ora a inconstitucionalidade de normas legais, ora a nulidade de escutas, etc.). Aqui encontramos, frequentemente, um adepto que pensa apenas o futebol como uma expressão da vitória e da eficácia concretizadora da vontade de apropriação (de títulos, e não só), não cedendo (veja-se, por exemplo, Paulinho Santos, Bruno Alves) na subordinação da vontade a quaisquer outros princípios reguladores.

 

A moral, momento antitético do direito, estabelece depois as regras que subordinam a liberdade espontânea ao dever. O futebol dá aqui um passo em frente, deixando de ser mera expressão de vitória e obtenção de títulos, para acolher o dever moral. E quem aqui chega é, evidentemente, adepto do Sporting. E infeliz. É que nesta antítese, o futebol não admite vitórias, glória ou títulos, antes se converte num super-ego incapacitante, numa expressão pouco masculina de limitação e denúncia (ou mesmo de catering, segundo um amigo sportinguista). De facto, o sportinguista não vence no futebol nem deseja vencer pelo futebol, antes pretende vencer o futebol. Neste percurso, está moralmente vinculado à derrota de todos os dias (Dias da Cunha, Dias Ferreira), situando, fatalmente, a sua única vitória no conforto que ainda encontra no (não despiciendo) facto de os seus adversários (Naval, Guimarães, Setúbal) não acatarem as regras morais que o mesmo (e Costinha) entende aplicáveis (algo que no infantil vernáculo verde o adepto traduz por roubo, e que, nas suas variantes, admite como imoral um jogo em que os adversários possuem idêntico número de jogadores em campo). Nesta dimensão identificamos duas diferenças: a diferença que o sportinguista pensa estabelecer a partir daqui face aos adeptos dos restantes clubes (que origina o mito da supremacia civilizacional do sportinguista) e a diferença (que Heidegger certamente definiria como ontológica) no número de títulos conquistados (afinal, não tens, logo não existes).

 

Chegamos, então, à eticidade (que o mais vulgar blogger, nas conversas do dia a dia, designa de Sittlichkeit), a dimensão onde se atribui finalidade concreta à acção moral mediante o reconhecimento do significado colectivo da mesma. Ignoremos, por hoje, os momentos em que a eticidade se descobra (mas não esqueçamos o sentido que para o benfiquista fazem os apelos dirigidos ao bom pai de família, ao cidadão aplicado – como o é o barbas – e à divindade do clube), para recordar que, no seu mais elevado estádio, a eticidade corresponde a uma forma de unidade superior, simultaneamente formal e emocional de indivíduos, que Hegel, não por acaso, predicou de razão encarnada. Refiro-me, pois claro, à dimensão do Benfica, o glorioso, o maior clube do mundo, por ser este o clube que vence, vence muito e venceu mais do que os outros e, em especial, o FC Porto, sem ter por timbre o refúgio nas regras meramente formais do direito, e que, como o Sporting, soube regular a sua conduta externa por regras não meramente jurídicas e, apesar disso, vencer e jogar futebol (algo que, convenhamos, tem a sua importância). O clube que, embora associado frequentemente ao antigo regime, foi, nesse período, presidido por um comunista; o clube que, das suas raízes populares, ofereceu a presidência a um marquês (e não a um visconde); o clube a quem o poder favoreceu onerando-o com o dever de não contratar estrangeiros; o clube, enfim, que vence as dicotomias, que sintetiza e ultrapassa os dois momentos imberbes do adepto nacional, permanecendo maior e mais vitorioso nos piores momentos, e honrado e firme nos melhores. O Benfica que, através de mim pensado, não se resume ao clube detentor de uma equipa de futebol e uma massa de adeptos ímpares, antes se define com a superior objectivização do espírito no futebol português.

 

A questão, está fácil de ver, é metafísica. Não a discute qualquer um pois nem todos percorreram a tríade dialética do futebol caseiro (de tal foram apenas dignos seis milhões em território nacional), e até eu me vejo na necessidade de recorrer ao mestre oculto de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Miguel Esteves Cardoso, que tão bem ensinava: afinal, «o Benfica pode jogar mal sem que daí lhe advenha algum mal», sendo suficiente «olhar para os jogadores para ver que sabem que são os maiores, que não precisam de esforçar-se muito, porque são intrínseca e moralmente a maior equipa do mundo inteiro». É certo que o conforto da inevitabilidade da História aplaca a ansiedade do benfiquista que assim evita ceder ao irrascível instinto tripeiro, sem nunca se acomodar no ressabiamento infantil do sportinguista -- pois, como intuía o filósofo que antecedeu o berlinense, «o Benfica, é o Benfica. E o que tem de ser - e é - tem muita força»; mas é também visível que, «quando perdem, [os adeptos do Benfica] não se indignam, não desesperam», como sucede, respectivamente, com os adeptos do Sporting e do FC Porto.

 

No final, para compreendermos porque o benfiquismo traduz a mais elevada expressão objectiva do espírito no mundo do futebol caseiro, resta-nos reproduzir aquela que constitui, porventura, a mais célebre intuição ontológica de Meister Esteves Cardoso: «o Benfica não joga – digna-se jogar. Não joga para vencer – vence por jogar».

 

Faltou ontem um golo para a tríade mas no que toca à identidade lógica do real, o Benfica goleia. Gesagt.”

 

Li, e como disse, não conheço o autor, por isso não consigo alcançar até que ponto, para além da euforia da vitória, haverão por ali ténues nuances de pretenso humor refinado.

 

Seja como for, tresanda a superioridade por todos os poros. Daquele tipo de superioridade que deixa esmagado um indivíduo como eu, que nunca, em hipótese e tempo alguns, poderia aspirar alcandorar-se ao patamar de tal raça. E ainda bem.

 

A fazer lembrar aquele tipo de superioridade que uma outra raça achava ter sobre outras, e que aparentemente, apesar de tudo o que tal causou, parece que ainda mantém bem viva relativamente aos povos do sul, beberrões e preguiçosos.

 

Enfim, tão diferentes, mas tão iguais. A mesma puta da mesma soberba insuportável.

 

É isto que temos de aturar. É contra isto que nos debatemos. É também contra isto que é a nossa luta.

 

Isto, e “coincidências” do género da que se segue…

 

 

 

 


Nota: “gesagt” – dito.

Quem paga manda...às vezes!

28
Fev12

  

(Moda treino selecção nacional - Moda Dragão 2011/2012 - Moda papoila 2011/2012)  

 

 

(Moda papoila 2010/2011 - Moda 2011/2012)

 

Não, não me passei dos carretos para espetar aqui com este estendal de camisolas, das quais só uma é que merece efetivamente cá estar.

 

Certamente conhecem o dito que dá título ao texto, sem a parte do “às vezes”, obviamente.

 

Não sei se é causa ou efeito daqueloutro aforismo, que diz que “o cliente tem sempre razão”. Talvez nem sequer tenham alguma coisa que ver um com o outro. Não interessa.

 

Aquelas camisolas estão ali por um motivo. Queiram, se fazem o obséquio, tentar descobrir as diferenças...

 

Pois é. Aquela história do cliente ter sempre razão, e de quem paga mandar, nem sempre acontece.

 

 

Todos conhecemos a imagem institucional da TMN: as letras a branco sobre o fundo azul. Ora, a Portugal Telecom (PT), que patrocina os três grandes do futebol português através das suas marcas TMN e Meo, abdica num dos casos que podemos observar naquelas camisolas, de utilizar a sua imagem de marca.

 

Porquê? Muito simples e cristalinamente, porque os adeptos de um certo e determinado clube acharam por bem banir a cor azul dos equipamentos dos seus jogadores. Um bom motivo, excelente, diria mesmo.

 

E para tanto deram-se ao trabalho de lançar petições na internet e criar páginas no Facebook, que não vou linkar, porque para publicidade já basta.

 

Perante isto, o que é que fazem a TMN ou a PT, que por mero acaso, até estão a soltar o pilim? Retiram o azul dos equipamentos.

 

Ou seja, estão a pagar para inscrever a marca nas camisolas, mas no fundo, o clube em questão é que parece estar a fazer o grandessíssimo favor de a albergar, e dita as regras a observar para lá permanecer.

 

Passando ao lado da estupidez que está subjacente a isto tudo, questiono: o que é que a TMN ganha ou perde com isto? Se a imagem corporativa da empresa não conta para nada, que sentido faz esta publicidade em termos de impacto junto do seu eventual público-alvo?

 

Se, ainda para mais, este patrocínio é partilhado com os outros dois grandes, alguém acredita que esta publicidade feita nas camisolas tenha alguma relevância nas escolhas dos consumidores? Posso estar redondamente enganado, mas parece-me que não.

 

Um benfiquista vai deixar a TMN, por ter lá o azul, ou um portista vai fazer o mesmo, porque a dita operadora patrocina os outros dois clubes? Custa-me a crer.

 

Como pressupunha o Adam Smith, na sua teoria da “Mão Invisível”, os consumidores comportam-se racionalmente. Ainda que neste caso se trate de futebol, e quando aqui chegamos a racionalidade não seja um ponto assente, não é de afastar de todo esta hipótese.

 

A que se deve então esta subserviência da PT (via TMN) ao diktat do mais grande do Mundo dos arredores de Carnide? Quanto a mim, a nada de especial. É apenas a mais que natural vassalagem que este triste País, e a maior parte das suas instituições, dedicam àquele emblema.

 

Convirá não esquecer, que é também contra isto que nós lutamos!

 


 

Nota: Esta situação não é totalmente ímpar. Para os lados da Calimeroláxia, parece que também estará em curso uma petição para a remoção do azul. Boa sorte!

 

Do nosso lado, podemos rabear que não queremos o Meo nas nossas camisolas, mas enquanto pagarem…

 

Por mim, depois de observar as estruturas accionistas, quer da PT, quer da Zon, chego à conclusão que vejo mais coisas que não me agradam no caso da segunda, que no da primeira.

 

As minhas reticências relativamente ao Meo prendem-se muito mais com aqueles indivíduos mal-cheirosos que lhe fazem publicidade.

 

Outro tanto vale para o Sapo, e para a respectiva plataforma de blogs. Fazendo uma rápida passagem pela bluegosfera, os únicos blogs que conheço no Sapo, para além do Azul ao Sul, são o FCP para sempre e o BiTri.

 

Como não conheço as outras plataformas, coloco a hipótese de que tal se deva a questões meramente técnicas…  

 

Portugal Telecom

 

GES – 10,45%

RS Holding – 10,05%

Telemar Norte Leste – 7,20%

CGD – 6,23%

Brandes Investments Partners – 5,24%

Norges Bank – 4,96%

Capital research and Management – 4,79%

UBS Ag – 4,69%

Europacific – Growth Fund – 2,57%

Grupo Visabeira – 2,64%

Barclays – 2,48%

BlackRock – 2,35%

Controlinveste – 2,28%

 

Zon

 

CGD – 10,88%

Kento Holding – 10%

Banco BPI – 7,56%

Telefónica – 5,46%

GES – 5%

Joaquim Oliveira – 4,84%

Fundação Joe Berardo – 4,34%

Ongoing – 3,29%

Estêvão Neves – 2,94%

Cinveste – 2,82%

Grupo Visabeira – 2,15%

Norges Bank – 2,06%

Banco Espírito Santo – 2,03%

Grupo SGC – 2%

ESAF -1,97%

BES Vida – 1,85%

Metalgest – 1,29%

Reviravolta, a luta continua

27
Fev12

(foto daqui) 

 

Quem é que, há duas semanas atrás, acreditava que iriamos ao Estádio da Lucy, em primeiro lugar, em igualdade de pontos com o então primeiro classificado, e agora segundo? Ponham a mão no ar!

 

Pois é. Bem me parecia que seriam poucos os optimistas incorrigiveis, ou os incorrigivelmente optimistas.

 

Confesso que não acreditava em tal. A dois pontinhos, ainda vá que não vá, mas empatados?! Nem por isso.

 

Não tanto por nós, dados os adversários que iriamos defrontar até lá, mas, fundamentalmente, porque me custava, e ainda custa a crer, que a tal equipa que ia na dianteira naquela altura, perderia cinco pontos em dois jogos.

 

É claro que o futebol é isto. Mas depois de ver as nomeações de árbitros para a 20.ª jornada, ainda menos tal me ocorria. E no entanto, o Hugo Miguel, que não me inspirava qualquer tipo de confiança, ainda terá perdoado um penálti à Académica, enquanto o João “pode vir o João” Ferreira, não teve dúvidas em assinalar um a nosso favor, e expulsar o adversário que o cometeu.

 

Podem achar estranha esta referência aqui, mas faço-a apenas para frisar que, ultimamente, tem sido quase sempre ao contrário. Vejam-se, o Bruno Paixão em Barcelos, ou o Paulo Baptista, no jogo contra o Setúbal, só para falar dos mais recentes.

 

Ou muito me engano ou, nos próximos tempos, este penálti irá ser muito mais falado que os três assinalados pelo Duarte Gomes.

 

Bem, esta semana vai ser mais curta, pois vou ter ainda menos tempo para escrever do que é hábito. Assim sendo, quero aproveitar para deixar aqui uma nota de elogio ao Maicon. Grande golo, a coroar uma exibição em linha com o que vem fazendo, quer a defesa-lateral, quer no seu habitat natural.

 

Hoje por hoje, merecia ser eleito o líder daquele sector recuado, e ser promovido a titular indiscutível, de preferência ao centro.

 

Para além disso, quero aproveitar estes momentos que antecedem o embate da próxima sexta-feira, certamente para gáudio dos benfiquistas que por aqui saltitam de vez em quando, e que devem estar a estranhar a relativa ausência de referências ao seu clube, para lembrar que a nossa vitória na próxima sexta-feira, como, de resto, todas as outras, não serão apenas mais três pontos, pois a nossa luta vai bem para além disso.

 

Saiu no “Público” de Domingo um artigo sobre a Ongoing intitulado: "Seis anos depois o grupo de Vasconcellos e Mora entrou em declínio".

 

“O que é que isto tem a ver com futebol em geral, e com o FC Porto, em particular?” – perguntarão talvez.

 

Muito pouco, mas alguma coisa.

 

A Ongoing, antes de se saber que andava envolvida em casos de espiões, secretas e aventais, foi (é) um dos principais investidores no famoso "...ica Star Fund", tendo subscrito 50% das acções do mesmo.

 

Outro dos investidores de peso, como se pode ler na notícia anterior, terá sido o Comendador Joe Berardo. Conclui-se portanto, que tanto uma, como o outro, já tiveram melhores dias, financeiramente falando.

 

 

O Banco Espírito Santo (BES), detentor da empresa que gere aquele fundo de jogadores, a Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário (ESAF), foi, segundo consta, "(...) a primeira instituição financeira em Portugal a dizer que recorreria à garantia do Estado de 20 mil milhões de euros para enfrentar a crise financeira internacional devido à escassez de liquidez nos mercados”.

 

Esta instituição, de acordo com a ficha do fundo, assegura(va) a sua componente de depósitos à ordem e a prazo, num valor, que inicialmente terá sido de cerca de 17 milhões de euros, e que andava em 31 de Dezembro passado, à volta de 3,5 milhões.

 

Voltemos à Ongoing. Seria através desta empresa que a Portugal Telecom adquiriria a TVI, conforme veio a revelar o processo “Face Oculta”, e onde estariam envolvidos Armando Vara e o Dragão de Ouro Rui Pedro Soares, respectivamente o estratega e o operacional da coisa. Pronto, é um Dragão de Ouro que recebe cartas de recomendação provindas de lugares duvidosos, mas é sempre um Dragão de Ouro.

 

Para a Ongoing foi asilar-se, quando saiu da TVI, o José Eduardo Moniz, na qualidade de vice-presidente.

 

José Eduardo Moniz que, antes de lançar a sua candidatura à presidência do clube mais grande do Mundo dos arredores de Carnide auscultou Armando Vara.

 

Armando Vara que esteve para ser administrador da SAD encarnada, mas acabou por ir para a Caixa Geral de Depósitos em vez disso. Nesta instituição terá prestado inestimáveis serviços ao futebol pátrio, pois serão de sua lavra os contratos de “naming” do Caixa Futebol Campus e do Dragão Caixa.

 

Daí transitou para o Millenium BCP. Dizem as más línguas, designadamente a de José António Saraiva, director do Sol, que «Armando Vara "comandava" o jornal no BCP», e que o banco, logo Vara, “queria decapitar a direcção do Sol”, secando-lhe a fonte da publicidade institucional.

 

Por sua vez, o Comendador Berardo, foi o testa-de-ferro do Governo, que combateu as Operações Públicas de Aquisição do BCP pelo BPI e da Portugal Telecom, pela SONAE.

 

O bom do Joe ascendeu, consequentemente, a Presidente do Conselho de Remunerações do BCP, em cujas funções fez questão de considerar que, apesar da suspensão de funções de Vara na administração do banco, por força do processo “Face Oculta”, "não haviam razões para [Armando Vara] não continuar a colaborar com o banco". Nem mais, pois se “apesar de suspenso continu[ou] a receber um salário de 30 mil euros”

 

O ex-banqueiro Jorge Gonçalves, deu em Agosto de 2010, uma extensa entrevista ao Jornal de Notícias, onde esclarece as relações existentes entre muitas das empresas, instituições e pessoas atrás mencionadas, e outras, como por exemplo a EDP, sendo muito claro ao afirmar, como diz o título, que “Os actuais accionistas do BCP têm interesses conduzidos pelo Estado português e angolano”.

 

Por tudo isto, parece-me que pecou por defeito o nosso presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, quando, a dada altura, disse numa entrevista, que "Sócrates quase pôs [as papoilas saltitantes] como clube do regime".

 

Eles foram mesmo o clube do regime. O regime é que durou menos do que esperavam!

 

É contra isto que nós lutamos!

 

Uma suave fragância a esturro no ar

24
Fev12

 

 

Há qualquer coisa estranha no ar. Algo não me soa bem, não consigo explicar bem porquê.

 

É mais forte do que eu, quando vejo que o João “pode vir o João” Ferreira nos vai apitar, dão-me destes faniquitos.

 

E quando para os jogos dos quatro primeiros classificados, três dos quais jogam em casa, vejo nomeados dois internacionais para os jogos do FC Porto e do SC Braga, e o Paulo Baptista, para a Calimeroláxia, e depois o Hugo Miguel, para Coimbra, então ainda mais se me contorcem as entranhas.

 

A nomeação do Paulo Baptista é, mais ou menos natural. Vem de dirigir ranhosamente um jogo do FC Porto, onde marcou faltas e faltinhas, sempre que um setubalense se atirava, deixava cair, e pasme-se, por vezes, poucas, até quando era falta. É o ideal, em sentido inverso, para um Sporting “à Sá”, a jogar perante o seu público.

 

É natural ainda porque os da casa, em 20 jogos, tiveram até agora 9 árbitros internacionais, incluindo, obviamente, as partidas disputadas com os outros três primeiros classificados. Na segunda volta, são dois em seis, portanto, tudo normal.

 

O Hugo Miguel em Coimbra, deixa-me verdadeiramente de pé atrás. E nem é por o rapaz pertencer à associação de um dos clubes em contenda. Adivinhem qual.

 

É uma deslocação a um terreno, que é reputado como difícil. Para terem uma ideia, na temporada passada quando lá disputámos o tal famoso jogo de pólo aquático, o árbitro foi o Duarte Gomes, e nesta época tivemos o Paulo Baptista.

 

Quando para uma saída, que se prefigura como complicada, se nomeia um juiz de Lisboa, com aspirações a internacional, desculpem-me lá mas há algo que olfativamente me desagrada. 

 

No Dragão, “pode vir o João” Ferreira. É o regresso do artista. Não dirigia um jogo com um grande por interveniente, desde o Gil Vicente contra o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide na primeira jornada.

 

Daí em diante, recusou-se a arbitrar o Sporting em Aveiro, e só marcou presença em dois jogos dos bracarenses, em casa contra o Feirense, e fora, em Olhão. Depois foi o há tanto tempo devido, castigo.

 

Retorna agora a um palco onde é tão apreciado, como a broca de um dentista. A uma jornada da nossa visita ao Estádio da Lucy, será bom presságio?

 

Para o dérbi minhoto, o João Capela. Na primeira volta foi o Pedro Proença. Na época passada, foi o João “pode vir o João”, em ambos os jogos.

 

O João Capela faz o seu sexto jogo envolvendo os clubes melhor classificados, igualando nessa tabela o Marco Ferreira e o Hugo Miguel, e repete o SC Braga na Pedreira, depois de lá ter estado no embate com o Sporting. Deve-lhe ter tomado o gosto.    

 

Pode até não ser nada, mas que me cheira a esturro, cheira, e por via das dúvidas, vou sair de baixo do detector de fumos.

 

Il Cornuti

24
Fev12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Análise de Bruno Prata: Mancini enganou Vítor Pereira dando-lhe a bola

 

1. O FC Porto conseguiu, aparentemente, controlar o jogo durante mais de uma hora, mas foi sempre incapaz de controlar os contra-ataques do Manchester City, uma equipa inglesa travestida de italiana, pelo menos no que diz respeito ao cinismo. O resultado acabou por ser muito castigador e vergonhoso para o ainda detentor da Liga Europa, que protagonizou a situação insólita de sofrer um golo aos 19 segundos depois de, imagine-se, ter perdido a bola logo na saída de bola. Tão ou mais inadmissível num clube que já gasta mais de cem milhões de euros por época acabaram por ser os dez minutos de delírio total em que o FC Porto sofreu três golos de rajada. Um castigo que penaliza cada vez mais Vítor Pereira, cuja única via possível de salvação passou a ser agora a Liga portuguesa. E já nem é certo que isso baste para lhe garantir o lugar...

 

2. Roberto Mancini foi um avançado genial. O mais normal seria que aproveitasse tantos craques de primeira água que tem à sua ordem para formar um dupla atacante de respeito. Mas, relativamente ao "onze" inicial que apresentou no Dragão, limitou-se a trocar o génio louco de Balotelli pelo não menos genial mas ainda mais rápido Agüero. Balotelli ficou no "banco", tal como Dzeko. Mancini pode ter sido um emérito avançado, mas vestiu mesmo a pele de treinador italiano. E só isso explica que depois do resultado no Dragão e do golo mais rápido pelo menos deste ano na Liga Europa tenho aceitado dar o comando de jogo ao FC Porto. Tudo porque a sua estratégia (4x2x3x1) passava pela aposta no erro alheio e nas saídas rápidas para o contra-ataque. Tudo ao contrário do que era norma no futebol inglês e pouco de acordo com um plantel confeccionado a golpes de petrodólares. Mas Mancini não quer saber dos 700 milhões de euros já investidos pelo xeque Mansour e não teve dúvidas em pedir a Nasri (esquerda) e David Silva (direita), dois craques de primeira água, que funcionassem muitas das vezes com segundos laterais. E a verdade é que bastaram mais três ataques rápidos para criar outras tantas oportunidades e o caos na defesa portista. Dois jogadores bastavam para criar o pânico: Touré baralhava e depois Aguero partia a louça. Sete dias depois, o primeiro precisou de apenas poucos segundos para repetir a abertura que já tinha valido o golo de Agüero no Dragão.

 

3. O FC Porto tinha mais bola, mas circulava-a como num ataque de andebol, da esquerda para a direita e vice-versa. Sem conseguir entrar na área. James dava continuidade ao jogo, mas não criava desequilíbrios. E a mobilidade do tridente atacante (Varela surgiu amiúde no meio) não bastava para criar desequilíbrios nas duas linhas recuadas do City.

 

4. A estatística ajuda a compreender o jogo. Faltou agressividade ao FC Porto, que só cometeu oito faltas, metade das do adversário. Teve mais cantos (8-4) e mais remates (17-9), mas só acertou três vezes na baliza, ao contrário do City (5).

5. O FC Porto pagou a argúcia do adversário, mas também o excesso de erros próprios. O principal réu foi Rolando, que esta época teima em fazer disparates e em deixar a equipa em inferioridade numérica. Otamendi falhou o lançamento antes do contra-ataque no 1-0. Maicon esteve disparatado no segundo golo, colocando Dzeko em jogo. Alex Sandro arriscou em demasia no passe para Fernando no lance do 3-0 e Sapunaru cortou mal a bola na jogada do 4-0. Do lado portista, foi um jogo em que praticamente ninguém saiu inocente. A começar pelo treinador, que nunca percebeu que Mancini lhe deu a bola para o enganar".

 

Diz a sabedoria popular que "o corno é sempre o último a saber". O Bruno Prata é um dos poucos comentadeiros da nossa prática pelos quais ainda tenho alguma consideração e gosto de ouvir e ler. É inteligente e consegue manter alguma objectividade e isenção nas análises que faz.

 

Por isso, transcrevi a sua a sua última crónica no Público, que desmonta por completo a visão que o nosso treinador teve do jogo com o Manchester City, e que, pelo que vi, ouvi e li, me parece bastante mais próxima da realidade dos acontecimentos.

 

Meu Caro Vítor Pereira, errar toda a gente erra. Admitir o erro, é não só um sinal de inteligência, como também meio caminho andado para emendar a mão.

 

Como disse um dia Mário Soares, naqueles tempos em que ainda dizia qualquer coisa de jeito, "só os burros é que não mudam".

 

Não o tenho em conta como sendo burro, Caro Vítor, mal andaríamos nós se assim fosse, como tal, venha de lá aquele golpe de asa que vai dar a volta a isto tudo. São só dois pontos, caramba!

 

 

Game over. Resume game?

23
Fev12
 

Não vi o jogo. O carro tem o rádio avariado, por isso também não ouvi grande parte do relato.

 

Fui acompanhando, como pude, as incidências da partida através do telemóvel, e ainda consegui apanhar o relato, quando cheguei a casa, por volta dos setenta e poucos minutos. Mais ou menos por volta da altura do descalabro, o que é sempre estimulante.

 

No lado positivo, ontem deve ter havido um pico de produtividade no País. De certeza que benfiquistas e sportinguistas trabalharam até mais tarde. Ou não, bem vistas as coisas.

 

Como não vi, não vou tecer grandes comentários. Constou-me que mostrámos muita qualidade, que fomos a única equipa que jogou para vencer o encontro e acabámos por levar quatro, o tal resultado mentiroso, que o André Villas Boas, por acaso ontem presente, também apanhou com a Académica no Estádio da Lucy, mas que segundo ele, não, “não é uma goleada”.
 

 

Para além disso, levámos uns quantos amarelo que nos tolheram o jogo de pressão alta e de transições agressivas.

 

Que eles têm um orçamento de milhões, que têm jogadores de elevado quilate técnico e que têm muito mais soluções no banco (desportivo e não só!), que nós, é indiscutível. Nem vale a pena ir por aí.

 

Agora se isso serve para aliviar a nossa dor, então melhor seria nem ter jogado a eliminatória. Para os que ainda se lembram, por acaso em 87 contra o Bayern, em 2004 com o outro Manchester, ou em 84, contra a Juventus, tínhamos mais milhões, jogadores com maior qualidade ou mais soluções no banco?

 

Nesses jogos demos réplica, não demos? Até ganhámos ao Bayern e eliminámos o United. Contra a Juve, ouve outros factores, que o monsieur Platini se esqueceu quando nos chamou batoteiros.

 

Soam-me um bocado incongruentes aquelas justificações, e todo aquele enaltecimento do City, que, diga-se, não é uma equipa qualquer, e depois ver a nossa equipa entrar a jogar aberto, de peito feito para o adversário.

 

Se eles eram assim tão bons, tão, tão superiores, não seria mais avisado avançar à cautela, apostar na manha, na matreirice, e de preferência, com alguma concentraçãozinha à mistura? O Vítor Pereira tem idade suficiente para ter visto actuar equipas treinadas pelo José Maria Pedroto ou pelo Artur Jorge, ou não viu?

 

E ainda levam para lá o miúdo, o Podstawski para ver. Com certeza foi para aprender o que não fazer em situações daquelas.

 

Ainda há a questão da sorte. Para alguns a sua ausência, em contraponto com a que teve o Villas Boas, também influi no actual estado de coisas. Bom, se o Villas Boas teve sorte, e deu para ganhar a Liga Europa, de que nos despedimos ontem, a Zon Sagres, a Taça de Portugal, que também não revalidaremos, e a Supertaça, contra o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, então receio bem que o nosso stock se tenha esgotado para os próximos tempos.

 

 

Os objectivos para esta temporada vão caindo uns atrás dos outros, como peças de dominó. Dos seis títulos, que para nós, adeptos que ainda acreditamos no Pai Natal, no coelhinho da Páscoa, e que o FC Porto entra em todas as competições para ganhar, salvou-se a Supertaça.

 

Restam a Liga Zon Sagres e a Taça dos outros, que, curiosamente, vão ser decididas contra a mesma equipa, e no Estádio da Lucy.

 

O ”Sou Portista com muito orgulho” publicou um calendário do que falta de temporada para os quatro grandes, mais grandes, e assim-assim.

 

Vamos ter seis saídas: ao Estádio da Lucy, à terra dos buracos, em duplicado (Nacional e Marítimo), a Braga, Paços de Ferreira e Vila do Conde, onde espero que o Atsu não se constipe.

 

O primeiro classificado, vai ter tal como nós, seis saídas: a Coimbra, Olhão, Calimeroláxia, Setúbal, e também a Vila do Conde e Paços de Ferreira.

Como nos recebem em casa, e ainda vão a Setúbal, dá-me ideia que estão em vantagem, mas lá está, dependemos apenas de nós.

 

O pior é que está época começa a parecer-me um daqueles jogos de computador, em que vamos progredindo nível após nível, até chegar a um ponto em que os níveis se tornam inultrapassáveis, por mais que se porfie.

 

Podemos sempre voltar a jogar, mas não saímos do mesmo sítio…

Quero corações de Dragão a saltar debaixo dessas camisolas

22
Fev12
 
 

Ontem à noite, por curiosidade fui dar uma espreitadela a alguns sites de apostas, só para tentar perceber quais são as expectativas para o nosso jogo de hoje.

 

Ora, então temos as seguintes perspectivas:

 

Bet365 - 1,61 D - 3,75 E - 5,5 V

Betclic - 1,6 D - 3,7 E - 5,5 V

Dhoze - 1,56 D - 3,8 E - 5,95 V

Bwin -  1,6 D – 3,8 E – 5,5 V

 

Ou seja, bem vistas as coisas, está um belo dia para apostar na vitória do FC Porto.

 

É claro que o histórico dos confrontos com equipas inglesas não nos favorece. Assim de memória, nos últimos tempos tirando aquele empate com o Man. United, com o tal golo do Costinha, que até hoje ainda está atravessado no gorgomil de alguns adeptos de um certo clube, que por sinal, só atingiu uma final com um golo marcado à mão por um tal de Vata, quando conquistámos a Champions, o remanescente era perfeitamente dispensável.

 

O último resultado em terras de Sua Majestade foi mesmo aquela tareia de 0-5, contra o Arsenal do “monsieur” Wenger.

 

Bem, mas o Manchester City não é o Arsenal. O Wenger apesar da sua arrogância e prosápia tipicamente francesas, e da sua pronúncia de "Alô, alô", a fazer “biquinho” com os lábios, não descaracterizou o futebol dos Gunners.

 

Antes, não terá descaracterizado totalmente, pois com os jogadores continentais que introduziu da equipa, é claro que o modelo de jogo há muito deixou de ser o tipicamente britânico “kick and rush” (ainda existirá, sem ser nas divisões inferiores?), mas manteve a aposta num jogo aberto, sem excessivos rigores defensivos. A aposta não lhe tem rendido mundo e fundos, mas ele mantém-na.

 

O Manchester City do Mancini, que não consigo reconhecer enquanto treinador, como o ponta-de-lança que acompanhava o Vialli na Sampdoria e na selecção italiana, é uma equipa italiana a jogar na Premier League. Oportunista, cínica, e retranqueira, mesmo com os milhões todos que o Sheik lá investiu

 

Por isso, para hoje não espero grandes alterações em relação ao jogo da primeira mão. Acredito que, mesmo jogando em casa, o Mancini não se vai atirar à maluca para a frente.

 

Não me parece que vá por dois defesas-laterais de cada lado, como acabou a partida no Dragão, mas palpita-me que irá recuar linhas e apostar no contra-ataque, perdão, nas transições rápidas.

 

Aliás, tenho cá para mim que, da equipa que cá alinhou de início, vão sair apenas o Balotelli e o Nasri, e entrar o Aguero, e um qualquer outro jogador mais defensivo para o centro do terreno.

 

O Aguero é bem mais letal que o Balotelli. Com o Yaya Touré por detrás e o FC Porto balanceado para o ataque, podem com facilidade fazer estragos. E depois, o David Silva com liberdade para calcorrear todo o terreno do meio-campo para a frente. O resto da maralha, é para aguentar o embate.

 

Do nosso lado, eu que nem sou particularmente fã do Maicon a lateral, para este jogo apostava nele. Ainda que menos ofensivo, e poder acabar por não ter a quem marcar directamente, está mais rodado que o Sapunaru.

 

Para mais, jogando o Aguero ao centro, a velocidade do Otamendi pode dar jeito ao centro, caso ele a decida utilizar.

 

No meio-campo e ataque, tendo em conta a forma como prevejo que o City se irá estruturar, conviria não ficarmos em inferioridade numérica. Defensivamente, o João Moutinho parece-me o mais talhado para “pegar” no David Silva.

 

Para a frente, desculpem-me lá, mas se não for mesmo uma necessidade imperiosa jogarmos em 4x3x3, seria engraçado ver o James um bocadinho só mais metido para o centro do terreno, do que aconteceu no jogo da primeira mão, a aproveitar o eventual recuo do Manchester. Lá mais para diante o Hulk e outro qualquer, a escolher de entre o Varela ou o Djalma.

 

Revelando-se inultrapassável a obrigatoriedade de alinharmos naquele modelo de jogo, então, por favor, pelo menos que se desencalhe o Hulk de entre o orc e o klingon da defesa do Manchester.

 

Meta-se lá no meio o Kléber à cabeçada com eles para os manter entretidos, e o Hulk, mal por mal, à direita, como de costume, mas sem os agora costumeiros toques de calcanhar.

 

Bem, no fundo, o que quero mesmo, independentemente de quem entre em campo, da posição em que jogue e do resultado do jogo, é ver corações de Dragão a saltar debaixo daquelas camisolas.

 

 

 

 


Nota: Bem Jorge, desta vez não é hindsight. Vamos lá ver como é que me safo. Se desse aí uns 10/20, já não era mau…

Desportivismo King Size

21
Fev12

 

Por mero acaso, no passado sábado reparei que no programa “Voz do Cidadão”, o Provedor do Telespectador se debruçava sobre as diferenças mais que evidentes, no tratamento jornalístico conferido ao prémio recebido pelo Cristiano Ronaldo no Dubai, ao internamento e ao aniversário do cidadão Eusébio da Silva Ferreira.

 

Ontem, no Dragão até à morte, o Dragão Vila Pouca escreveu sobre o assunto, e embora admita que “não há consequências, apenas desculpas esfarrapadas”, terão valido a pena as reclamações interpostas junto do Provedor.

 

Quando, em vários noticiários durante a noite, e já hoje de manhã, torno a ver o tratamento dado a novo internamento do ex-jogador, tenho forçosamente que concordar com ele.

 

Aqui há tempos, por andar extremamente ocupado, não tive a oportunidade de festejar condignamente o septuagésimo aniversário do personagem.

 

Diga-se em abono da verdade que, depois de ver festejados os 50 anos da sua arribagem a Portugal continental, os 50 anos da sua estreia pelo clube que todos nós sabemos, os 50 anos do primeiro golo marcado, os 50 anos da primeira mijinha atrás de uma árvore e os 50 anos da primeira cuspidela na rua, muito sinceramente não me restavam muitas ideias originais para festejos.

 

Ainda para mais quando, para cúmulo da originalidade, alguém se lembrou de fazer uma entrevista ao aniversariante, onde o dito admitiu que, enquanto jogador do Beira-Mar, no ocaso da sua carreira, se teria recusado a alinhar contra o seu clube de sempre.

 

 

Não conseguindo fazer valer os seus intentos, avisou o seu treinador Manuel de Oliveira, de que não remataria à baliza nesse jogo. E parece que assim foi.

 

Esta revelação terá chocado alguns. Mas porquê? - pergunto eu.

 

Então já se esqueceram do que se passou, mais recentemente, com o Fábio Faria ou com o Jardel? Ou por acaso, não repararam que ontem o Urreta se constipou, e não pode alinhar contra o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide?

 

Tudo isto é perfeitamente normal. O que escapa de todo ao conceito de “normalidade” para esta gente, é o Atsu lesionar-se na véspera do Rio Ave defrontar o FC Porto.

 

Muito provavelmente, os mesmos que aplaudiram com lágrimas nos olhos, o facto do Rui Costa não festejar um golo marcado pelo AC Milan contra o seu clube do coração, serão aqueles que censuraram o Ukra ou o Rabiola, por dizerem que, caso marcassem pelo Olhanense contra o FC Porto, não festejariam.

 

É assim. É o que temos, conceitos variáveis de normalidade, e desportivismo de uma só via.

 

Do símbolo do desporto nacional e ícone do desportivismo Eusébio da Silva Ferreira, espera-se que, de quando em vez, fuja a boca para a verdade, e saiam pérolas como chamar racistas e arrogantes aos membros do clube da sua terra natal onde se iniciou na prática do futebol, ou estúpido ao Alain, por se ofender de ser chamado de “preto”.

 

ESCALÃO DE JÚNIORES – ÉPOCA 1958/59 Braga Borges - André - Lino Alonso - Flores (Gomes) - Bessa

- Cunha James - Manuel António - Ashok - Eusébio - Madala

 

Haverá sempre um Ricardo Serrado para interpretar e reinventar as patacoadas debitadas pelo cidadão em causa, pondo-lhe a mãozinha por baixo.

 

Para terminar, e para não me acusarem de ser tendencioso, transcrevo um artigo escrito por um sportinguista, que li, e achei interessante.   

 

"Eusébio só há um, o da Silva Ferreira e mais nenhum.

 

Eusébio nasceu e em Lourenço Marques, actual Maputo, no dia 25 de Janeiro de 1942. Começou a jogar num clube/grupo do seu bairro da Mafalala "os brasileiros". Cedo perdeu o pai de modo que era a mãe, DªElisa, que desesperava por não ver o seu filhote estudar preferindo passar o seu tempo a jogar à bola. Eusébio entusiasmou-se com o destaque que teve nos "brasileiros" e dirigiu-se ao Grupo Desportivo de LM, seu clube predilecto, para jogar. Porém Eusébio não foi aceite pelos responsáveis do clube alvi-negro, filial do SLB. Sem perceber bem as razões de tal negação Eusébio dirigiu-se ao clube vizinho e rival, o Sporting Clube de LM, filial do SCP.

 

E foi no Sporting Clube de Lourenço Marques que Eusébio calçou as primeiras chuteiras de futebol, se fez homem e despontou para o mundo do futebol.

 

Citando Braga Borges (na altura colega de equipa de Eusébio) " o seu primeiro jogo oficial pelo Sporting LM foi contra o Benfica LM, na categoria de Juniores na época de 1958/59, em que o Sporting venceu por 2-0. Eusébio jogava a interior-esquerdo e tinha, como colegas de equipa, Braga Borges (GR), André, Lino Afonso, Flores (Gomes), Bessa, Cunha, James, Manuel António, Ashok e Madala". Na época seguinte, e continuando a citar Braga Borges, " ainda nos juniores do Sporting LM, Eusébio teve como colegas Braga Borges, Leitão, Bessa, Sau, James, Coelho, Delfim, Madala, Roberto Mata, Eduardo, Morais Alves e Isidro". Apesar de haver depoimentos (a começar pelo do próprio Eusébio) em como terá feito alguns jogos pela equipa de seniores ainda com a idade de junior, Eusébio subiu mesmo à categoria senior em 1960 e terá marcado 2 golos ao seu "querido" Desportivo na vitória leonina por 3-0 e foi o marcador de serviço no jogo da final contra o Ferroviário em que marcou 2 golos ao conhecido GR Acúrsio Carrelo, ex-FCP Eusébio dava nas vistas, Eusébio era cobiçado, como todas as riquezas africanas, pelos europeus.

 

O FCP foi o primeiro clube a mostrar interesse no jogador. Pouco depois foi a vez do SCP entrar em contacto com a sua filial moçambicana chegando a acordo para a transferência propondo que Eusébio fosse para Lisboa para um período de testes. O SLB entrou na corrida e foi directamente falar com Dª Elisa, mãe de Eusébio. O SCP ofereceu 500 contos mas Dª Elisa manteve-se fiel à palavra para com o SLB. A guerra SCP-SLB estoura nos jornais de Lisboa e esgrimem-se argumentos por ambas as partes. Antecipando-se o SLB faz Eusébio viajar para Lisboa com o nome de Ruth Malosso. Foi recebido na Portela por um dirigente da Luz e um jornalista do jornal "a Bola". Foi levado para o Algarve e lá ficou escondido ( e não "raptado" ) até a Federação dar razão ao SLB.

 

Bela Guttman, treinador Húngaro, lança-o, de águia ao peito, num jogo de reservas contra o Atlético em que marcou 3 golos. Uns dias depois via o SLB vencer o Barcelona, na final de Berna, por 3-2 e, pouco depois, viu, da bancada do Estádio da Luz, esse fantástico jogador Mário Coluna, também Moçambicano, dar a vitória sobre o Peñarol com um golão dos 40 metros. Na derrota de Montevideu (jogo de desempate)por 2-1 Eusébio seria o autor do golo encarnado, jogo realizado a 19 de Setembro de 1961. O SLB perdia a taça Intercontinental mas ganhava um grande jogador.

 

A Juventus tentou levá-lo e ofereceu 16 mil contos (muito dinheiro na altura) mas Eusébio não pôde sair por ter sido convocado para o serviço militar sendo, por isso, proibido de abandonar o País.

 

Na selecção estreia-se a 8 de Outubro de 1961 marcando 1 golo na humilhante derrota por 4-2 com o Luxemburgo... Após conquistar a Taça dos Campeões Europeus na memorável vitória por 5-3 sobre o Real Madrid (2 golos de Eusébio) o ponto alto de Eusébio aconteceu no mundial de 1966 em que foi o melhor marcador com 9 golos (ninguém pode esquecer a célebre reviravolta de 0-3 para 5-3 contra a Coreia do Norte em que Eusébio facturou 4 golos).

 

Eusébio tem títulos que não acabam. Ganhou 11 campeonatos nacionais em 14 épocas! Bola de Ouro do France Football (melhor jogador a actuar na Europa), 2 vezes Bota de Ouro (melhor marcador europeu), ´3º no Mundial, 1 Taça dos Campeões Europeus, 3 finais dos Campéões Europeus perdidas, 5 Taças de Portugal, 7 (sete!) vezes Bola de Prata (melhor marcador nacional) e a FIFA considerou-o, há uns tempos, o 7º melhor jogador de todos os tempos, classificação que, para muitos, terá sido injusta por pouco "simpática" para com o goleador português. Eusébio foi, também, eleito pelo IFFHS o 9º melhor jogador do séc. XX.

 

Mandam as estatísticas que Eusébio marcou 733 golos em 745 jogos oficiais. ( 42 jogos e 77 golos no SCLM, 614 jogos e 638 golos no SLB, 11 jogos e 9 golos no Oceaneers USA, 7 jogos e 11 golos no Minutemen USA, 10 jogos e 1 golo no Monterrey, 12 jogos e 3 golos no Beira-Mar, 25 jogos e 18 golos no Metros-Croatia CAN, 2 jogos e 1 golo no União de Tomar, 5 jogos e 1 golo no Buffalo Stallions USA. Pela selecção portuguesa Eusébio fez 64 jogos em que marcou 41 golos).

 

Esta é a verdadeira história de Eusébio. E é este Eusébio que prefiro recordar. O Eusébio dos golos e da arte do bem jogar futebol. Prefiro este Eusébio ao das entrevistas infelizes em que revela pouca memória quando afirma não haverem juniores no SCLM (no seu tempo) ou quando filosofa sobre o racismo que existia no mesmo clube que o acolheu e o lançou. Prefiro o Eusébio da águia e das quinas ao peito ao Eusébio que se afirma Português ao mundo inteiro e Moçambicano quando em Moçambique. Prefiro o Eusébio das correrias endiabradas rumo ao Golo ao Eusébio que tem afirmações indecorosas para quem o acolheu e acarinhou quando ainda nem chuteiras tinha. E é este Eusébio que vou recordar sempre!”

 

Um Carnaval cheio de tolerâncias para todos!

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