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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Há coisas tão simples, não há?

30
Mar12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bem, com esta não-medida super-hiper-mega transparente de não divulgar os árbitros nomeados para a 25.ª jornada da Liga Zon Sagres, quase que ficava sem assunto para hoje.

 

Para além do enorme prejuízo que essa atitude estultícia, tão egoísta, me poderia causar, há ainda que ter em conta, nos tempos austéros em que vivemos, os custos que acarreta uma tomada de posição deste género.

 

Reparem, se o Ministério da Admnistração Interna gizou, como se diz por aí, um plano de segurança para proteger os árbitros, certamente enquanto estes não mudam de casa, para morada novamente incerta, como acontecia antes da divulgação dos seus dados pessoais, então, mais valia divulgar a lista de nomeações.

 

É que divulgando-a, bastava proteger um árbitro (e/ou a respectiva família) a cada ronda. Assim, têm que estar constantemente de olho em vinte e cinco. Convenhamos, numa altura em que as forças policiais não dispõem de efectivos e viaturas suficientes para garantir a segurança dos cidadãos, ou quando os têm lhe faltam as condições para os utilizar, este esforço adicional é obra. Mais valia, de facto, mudarem de casa!

 

Mas falemos de coisas sérias. Parece-me a mim, que sou básico, que a solução desta questão da arbitragem é muito simples, como não poderia deixar de ser.

 

Vejamos então algumas medidas simplórias e de sucesso garantido, que poderiam ser implementadas por quem de direito:

 

a) Regresso imediato e compulsivo à actividade, a título excepcional e vitalício, do Lucílio Baptista e do Paulo Paraty. Se o Paul Scholes regressou ao Manchester, porque é que o Lucílio e o Paulo Paraty não o hão fazer?

 

Por causa de algo tão comezinho como um “limite de idade”? Num País onde o 13.º mês e o subsídio de férias não são sagrados, vamos prender-nos a minudências dessa ordem?

 

b) As partidas a disputar pelo clube mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, só poderão ser dirigidas por um daqueles árbitros regressados, pelo João “pode vir o João” Ferreira ou pelo Duarte Gomes.

 

Quanto muito, admite-se a título muito excepcional, e quando os jogos estão de antemão decididos, que possam intervir como uma espécie de árbitros, o Vasco Santos e o Bruno Esteves, desde que comprovada e inequivocamente continuem a demonstrar a sua (in)habilidade para o exercício da actividade que frequentemente insultam.

 

Ou ainda, quando o treinador da equipa em questão estiver naquelas alturas do mês, em que lhe apetece ofender e agredir adversários, é aceitável a nomeação do Rui Costa.

 

Estas nomeações serão antecipadamente calendarizadas para a totalidade da época, e delas será dado, para os efeitos tidos por convenientes, prévio conhecimento aos interessados. Ou seja, aos titulares das equipas de arbitragem em causa, e à formação que na ocasião trajar de vermelho.

 

Havendo mais do que um contendor que envergue vermelho, será notificado unicamente aquele cujo treinador apresentar a trunfa mais desgrenhada;

 

 

c) Nunca, mas nunca mesmo, em hipótese alguma, poderá o árbitro assistente Ricardo Santos ser incluído em equipas de arbitragem escolhidas para jogos da equipa mais grande do Mundo dos arredores de Carnide.

 

Para esses jogos poderão ser nomeados, ou o rapaz de Setúbal com alcunha de carro desportivo de alta cilindrada, ou aquele moço jeitoso que esteve a acompanhar a tal equipa em Aveiro no encontro com o Feirense, ou ainda qualquer outro, desde que dê pelo nome de Venâncio Tomé.

 

Dadas as dificuldades que estas restrições poderão colocar na escolha de árbitros assistentes, abre-se uma excepção. Nos desafios disputados em casa, e apenas nestes, poderá fazer-se recurso a alguns assistentes que se encontrem nas bancadas

 

Como aquele indivíduo diabólico de Gaia, com uma barbicha, que em tempos salvou um colega de sufocar por engasgamento, com um calduço bem aplicado, ou um outro personagem de barba e cabeleiras fartas, que por lá costuma vegetar;   

 

d) Para os jogos do FC Porto deverão ser nomeados, qualquer um dos árbitros indicados acima, excluindo-se da lista, contudo, os nomes do Vasco Santos, do Bruno Esteves e do Rui Costa, e acrescentando-se-lhe os do Bruno Paixão, e, apenas para as partidas a disputar na Calimeroláxia, do ex-Super Dragão Jorge Sousa;

 

e) A nível de critérios para a nomeação de árbitros assistentes, dá-se preferência a indivíduos com o nome de Venâncio Tomé.

 

É aceitável a nomeação do Ricardo Santos, contanto que, na parte do encontro em que lhe caiba acompanhar o ataque do FC Porto, se veja forçado a abandonar o recinto de jogo, por motivo imprevisível, como os que se indicam: ter deixado o arroz ao lume, ter disparado o alarme de casa, ter a água do banho a correr ou ter-se esquecido de deixar o jogo a gravar;

 

f) No caso do Sporting, os jogos que realize deverão ser dirigidos alternadamente, pelo Carlos Xistra ou pelo Bruno Paixão.

 

Quando algum destes dois provocar ataques de choro compulsivo, e se a birra não passar, dá-se-lhes um bocadinho de Aero-OM, e para roca, o André Gralha, ou qualquer outro que apresente uma tendência irreprimível para marcar penáltis inexistentes;

 

g) Quanto ao SC Braga, não consegui encontrar dados que possa considerar válidos para estabelecer algumas preferências, ou o contrário. Ainda me dei ao trabalho de pesquisar no Facebook, se de entre os amigos haveria algum árbitro ou árbitro assistente, ou nos “likes”, mas não encontrei nada de jeito. Ficará para aprofundar numa próxima ocasião;

 

Pois é. Como vêem a solução dos problemas da arbitragem, do futebol português e do País em geral, quiçá, pois afinal de contas, o país são eles, é fácil e expedita, basta haver vontade para tal. E essa, de certeza que não falta.

 

Quais greves, qual carapuça!

 

 

Caso algum dos meus Estimados Leitores, possua meios de fazer chegar estas minhas humildes sugestões a quem tenha poderes de facto para as implementar, estejam à vontade, que não serão cobradas royalties ou direitos de autor.

 


 

Nota: Não é por nada, mas tenho cá um feeling que, tal como a nota do Bruno Paixão, no último Gil Vicente x Sporting, não deve tardar mesmo nada para que se saiba quem são os árbitros nomeados para esta jornada. Ou, pelo menos, que alguns o saibam...

Filho és, pai serás

29
Mar12
 
 

« (…)

“Se não batessem na minha filha, não me chateava tanto", ressalva, denotando que tinha conhecimento da situação desde o início do ano lectivo, mas realçando que só agiu depois de a mulher ter reparado que o caso "começou a criar conflitos na sala de aula.

 

(…)

 

"aquilo começou a trazer problemas" e justifica assim que tudo isto se transformou numa "causa" pedagógica, garantindo que não está particularmente interessado na questão clubística.

 

(…)

 

confessa (…) que ouviu dos outros pais, maioritariamente benfiquistas, gritos de "vai para o Porto, isto aqui é Lisboa".

 

(…)

 

foi "hooliganizado" no âmbito de uma reunião onde pensou que o caso fosse amenizado, depois de ter falado com os responsáveis do Agrupamento de Escolas da Ericeira (AEE). "Tive os pais aos berros e a quererem empurrar-me e a forçarem-me para ver se eu entrava em reação física, para depois chegar a polícia para dizerem que eu estava maluco", relata, constatando que chamaram mesmo a GNR ao local. Estes encarregados de educação alhearam-se do papel de pais e passaram para o campo do adepto, nota, referindo-se aos "pais feitos claques".

 

(…)

 

"É um hábito de tal forma entranhado, que acharam um absurdo vir eu pedir para mudar aquilo", desabafa, atestando que "é quase como que uma lei" e relatando que os miúdos "cantam duas, três vezes por dia" a canção numa "prática diária".

 

(…)

 

"Como é que é possível estar-se a cantar isto em todo o distrito de Lisboa?" Questiona ainda, apontando para aquilo que será uma prática generalizada e perguntando se um comportamento exibido na sala de aula, "por uma educadora, durante anos consecutivos, não tem impacto na relação das crianças entre si e na relação da criança com a vida?".

 

(…)

 

aquando do Benfica-Zenit da Liga dos Campeões, e enquanto torcia pelos encarnados - "como faço com todas as equipas portuguesas", sublinha -, a filha lhe fez a seguinte pergunta: "ó pai, mas então o (…)ica não é contra o Porto, estás a puxar pelo (…)ica?!".

 

(…)

 

estas crianças "não retiram da escola nenhum sentido de identidade nacional, de país, de Portugal, mas retiram de clubes".

 

(…)

o presidente do AEE lhe confidenciou que "por acaso" é "benfiquista" e que não vê "muito mal" no caso. "Aqueles que defendem isto são benfiquistas", não duvida este adepto do FC Porto - "nem sou sócio", garante contudo -, reparando que "o grande problema é que são tantos e estão em tantos níveis que é perverso".

 

(…)

 

“Não vou entregar a minha filha a esta educadora, nem pensar", diz, lamentando que esta contou aos miúdos, na passada segunda-feira, 19 de março, por ironia Dia do Pai, que não podiam cantar o "Atirei o pau gato" por causa dele, que era "mau".

 

(…)

 

"Tentei tudo e mais alguma coisa até chegar à queixa e isso só aconteceu porque os responsáveis não quiseram resolver, quiseram impor uma coisa que é absurda", constata, concluindo que "ignoraram a criança"

 

(retirado daqui)

 

Sou pai. Tenho dois filhos gémeos, de três anos. Aquilo que li, e que acima transcrevi sobre aquela estória do “Atirei o pau ao gato”, versão benfiquista, choca-me. Fiquei chocado na primeira vez que ouvi e li sobre este caso, mas à medida que mais vou lendo, mais chocado fico.

 

Enquanto pai, em primeiro lugar, acreditem ou não, e como portista depois, mas não tanto, porque, de facto, quer se queira, quer não, no país em que vivemos, temos infelizmente de encarar este tipo de situações como “normais”.

 

O externato que os meus filhos frequentam, de acordo com o regulamento interno, a cumprir por todas as crianças, prevê o uso de um uniforme.

 

Muitas vezes, quando vou buscar os meus filhos reparo que, no meio dos miúdos (e miúdas), todos trajados a preceito com a indumentária preconizada no tal regulamento, sobressai frequentemente um miúdo vestido a rigor com o equipamento completo de uma certa equipa de futebol. Não é do FC Porto, e não é difícil adivinhar de que equipa se trata.

 

A criança em questão é familiar de alguém que trabalha na instituição, portanto, até que a mostarda me chegue efectivamente ao nariz, não vou fazer rigorosamente nada, pois, afinal de contas, durante a semana e enquanto estão acordados, os meus filhos passam mais tempo naquela escola, do que comigo ou com a mãe.

 

E há outra coisa que não farei, enquanto outros não o tentarem fazer primeiro: influenciar ou tentar influenciar os meus filhos na escolha de um clube de futebol.

 

Que me perdoem os colegas portistas que pensam de outra maneira, mas foi assim que fui educado. Sou algarvio, nado e criado no Algarve, não tenho qualquer relação substantiva com o norte do País, ou com a cidade do Porto, no entanto, sou adepto do FC Porto.

 

Os meus pais são ambos sportinguistas. Nunca me influenciaram, nunca me criticaram, também, poderei quase seguramente dizê-lo, nunca compreenderam o porquê de tal ter acontecido.

 

Ter o FC Porto como equipa favorita, ainda que influenciado por terceiros, e em parte inconscientemente, foi a primeira decisão que tomei por mim mesmo, com impacto, diria que decisivo, na minha vida futura. E de que não me arrependo. Nunca.

 

À medida que fui crescendo, fui percebendo o alcance e as implicações dessa decisão, e conforme fui conhecendo melhor o país e a sociedade em que vivo, mais me congratulo dela, e mais se foi tornando conscientemente irreversível.

 

Aliás, houve duas coisas que me marcaram ao longo da minha infância, e ajudaram a definir muito daquilo que sou. O facto de ser portista, e o de os meus pais não me terem baptizado em pequeno, deixando ao meu critério, quando tivesse idade, fazer a escolha que muito bem entendesse. Nunca a fiz.

 

Esses dois pormenores marcaram em algumas situações, uma diferença entre mim e os outros, ainda que para muitos deles isso parecesse irrelevante. Para mim não foi, garanto.

 

Posto isto, mentiria se dissesse que não ficava muito feliz se os meus filhos viessem a ser portistas. É claro que seria oiro sobre azul e branco.

 

Quando me vêm com conversas sobre este assunto, para picar, costumo dizer, fugindo com o rabo à seringa, que prefiro que não o sejam. Ser do FC Porto é ter a vida facilitada. É só ganhar, ganhar, ganhar. Mais vale que sejam de um dos outros, para aprenderem a perder. Forma o carácter.

 

É claro que isto é uma grande tanga, como todos sabemos, e digo-o só para despistar. Por outro lado, se não optarem pelo FC Porto, estão feitos ao bife, pois vão ter o pai sempre a gozar com eles à fartazana.

 

De uma coisa tenho a certeza, sejam de que clube forem, nunca vão ter de perguntar, em tempo algum:” Ó pai, estás a puxar pelo (…)ica?”

“Your Favourite Team Doesn’t Give a Damn About You”

28
Mar12

Li este texto aqui há uns dias. Salvaguardadas as distâncias que vão entre duas realidades bastante diferentes, dois países e dois desportos quase sem paralelismos entre si, soou-me algo familiar. Os adeptos são os mesmos em todo o lado, e por isso, resolvi traduzi-lo.

 

Espero que apreciem.

 

 

 
(foto e artigo tirados daqui)
 
A tua equipa favorita está-se nas tintas para ti
 
Por Justin Halpern em 7 de Março de 2012
 

 

Nos últimos 20 anos, apenas perdi sete jogos dos Chargers [San Diego Chargers, uma equipa de futebol americano, que actua na NFL – National Football League]. Vejo-os todos os Domingos, e se o jogo é codificado localmente, agarro-me ao rádio como se estivesse em 1944 a ouvir um discurso de FDR [Franklin Delano Roosevelt] sobre os nazis.

 

Há cinco anos, quando andava a servir à mesa e mal ganhava para a renda, gastei trezentos e trinta dólares numa camisola autêntica do LaDainian Tomlinson. Fi-lo em parte porque necessitava de trocar a minha camisola do Steve Foley depois de ele ter sido atingido a tiro pela polícia, mas também porque queria mostrar o meu apoio à equipa que amo.

 

E no final desta época há uma hipótese muito razoável de que a equipa na qual gastei milhares de horas – e demasiados dólares – a apoiar vá sair de San Diego.

 

Os Chargers estão em San Diego desde 1961, e durante esse tempo tornaram-se o Nicholas Cage da NFL. A cada 10 anos arranjam maneira de fazer uma boa época, mas na maior parte do tempo são uma vergonha de se ver. Mas na época de 1994-95, chegaram à Super Bowl. Apesar de ser do Kentucky, o meu pai é fã dos Chargers. Ele veio para San Diego em 1971 e apaixonou-se pela equipa.

 

Ele é incapaz de usar uma camisola, e a primeira vez que viu a minha disse, “Eu nunca usaria uma maldita camisola de um homem adulto. Isso é para crianças e para a mulher que fode actualmente esse homem”. Mas nunca perde um jogo, e segue a equipa tão de perto quanto eu.

 

Para adeptos dos Chargers como nós, aquela ida à Super Bowl foi grandiosa. Eu tinha 14 anos, e ver os Chargers era a minha actividade favorita que não requeria uma caixa de lenços. O meu pai e eu vimos todos os jogos dos playoffs na nossa sala, ele no seu fato de treino cinzento sentado na sua já gasta cadeira reclinável castanha, e eu desportivamente com a minha t-shirt Junior Seau no nosso sofá castanho.  Para o Super Bowl, mantivemos a mesma rotina, na esperança de que o resultado fosse o mesmo. Mas não foi. Os San Francisco 49ers deram uma coça aos Chargers, 49-26.

 

 

 

 

O meu pai assistiu em silêncio, e eu tentei reduzir as minhas reacções a gritos e cerrar de punhos, mas no princípio do quarto quarto, quando o Steve Young, estabelecendo um recorde fez o seu sexto passe para touchdown para um Jerry Rice desmarcado, saltei do meu assento no sofá, corri para uma almofada que caíra no chão, e chutei-a com toda a força que tinha. A almofada fez ricochete pelas paredes da nossa pequena sala de estar e aterrou no rebordo da lareira, onde embateu de encontro à peça mais preciosa do meu pai: uma garrafa de bourbon do Kentucky em cerâmica com 50 anos que lhe tinha sido dado pelo pai dele. O meu pai estava a guardar aquele bourbon para uma ocasião especial não especificada. Uns anos antes, um amigo perguntara-lhe se ele tinha bebido daquele bourbon na noite em que eu nasci, para marcar o nascimento do seu filho. “Nem sequer pensei nisso”, disse ele. “As pessoas cagam bebés a cada raio de cada segundo. Aquele bourbon foi feito com amor e paciência”.

  

Vi horrorizado a almofada a bater na garrafa, que começou a bambolear devagar em direcção à borda da lareira, onde havia estado pousada desde que me consigo lembrar. Naquilo que parecia câmara-lenta, saltei sobre a mesa do café em direcção à lareira, com os braços estendidos, mas era tarde: caiu ao chão mesmo diante dos meus olhos, e desfez-se em três grandes bocados, derramando o precioso líquido na nossa carpete. Em 20 segundos, era como se nunca tivesse existido. Gelei, depois virei-me lentamente para olhar para o meu pai. A cara dele era uma cara que desde esse dia vi em muitos dos meus amigos que são pais. Uma cara que diz, “Estou com sérias dúvidas sobre a minha decisão de ter filhos”. Então, antes que conseguisse encontrar palavras para me desculpar, levantou-se e saiu pela porta da frente sem dizer palavra. Da nossa sala de estar vi-o subir a rua e desaparecer na escuridão.

 

Quatro horas depois, por volta das 22:30, estava a lavar os dentes e a preparar-me para me deitar quando ouvi a porta de frente abrir. Um momento mais tarde, ele apareceu à porta da casa de banho, com gotas de suor na testa.

 

“Papá, peço imensa desculpa por…”

 

Não há uma escala disponível com a qual eu possa medir com precisão o quanto quero que te cales neste momento, mas acredita-me quando digo que é no teu melhor interesse que o faças”, disse ele calmamente.

 

“Okay”.

 

“Okay. Eu compreendo que gostes dos Chargers. Torces por eles; queres que ganhem. Mata-te quando eles perdem. Mas deixa-me contar-te uma pequena história. Quando exercia medicina no Oklahoma, havia por lá um obstetra que gostava de ir a bares de strip. E havia um em particular não muito longe do hospital a que ele ia sempre que podia. E isto era no Oklahoma, que não é exactamente a primeira divisão dos bares de strip. Não devia dizer isto, é grosseiro. De qualquer forma, aquele médico, apaixonou-se por uma das strippers. E começou a voltar do almoço e a dizer a toda a gente que tinha a certeza que a rapariga também gostava dele, e que lhe dizia que ele era diferente dos outros, e etc., etc.. Isto continua durante uns meses. Então, no dia de São Valentim, ele vai ao bar de strip com um ramo de flores para pedir namoro à stripper ou coisa que o valha. Adivinha o que aconteceu”.

 

“Ela disse que não”.

 

“Não. Ele nem sequer lhe perguntou, porque quando ele entrou ela estava a roçar o traseiro pela tesão de um tipo qualquer. Ele tentou dar um soco ao fulano e levou com uma garrafa de cerveja na cabeça, como um cara-de-cú. O que, para referência futura, será a única maneira como conseguirás pôr uma garrafa de cerveja na cabeça: como um cara-de-cú,” disse ele.  

 

“Wow. Que seca”.

 

“Não exactamente, porque ele era um estúpido de um filho-da-mãe. O que ele não conseguiu perceber – e que qualquer ser humano conseguiria – foi que a stripper vai ser sempre simpática o suficiente para o fazer regressar ao bar, mas no fim do dia, ela está-se marimbando para ti. És apenas mais uma tesão onde ela se esfrega por dinheiro. É a sua profissão. E queres ver? É o raio da mesma coisa que os San Diego Chargers e qualquer outra equipa sentem por ti. Por isso na próxima vez que te quiseres levantar e chutar qualquer coisa, lembra-te disto: A tua equipa favorita está-se nas tintas para ti, portanto porque é que deixas que te arruine o dia? Ou, mais importante, que te faça destruir uma garrafa sagrada de bourbon?”

 

Pensei um momento. “O que é que aconteceu ao tal médico?”

 

“Tornou-se o obstetra-chefe. O seu nome é Hal Ashland. Um gajo porreiro”.

 

Hoje, os Chargers ameaçam ir para outra cidade se não lhes derem um novo estádio. Os fãs de San Diego estão a telefonar para programas de rádio e a escrever artigos irados em blogs, a dizer que se os Chargers se forem embora que se sentirão devastados e traídos. E o seu comportamento não é diferente daquele da grande parte dos adeptos pelo país. Cada vez que a nossa equipa favorita faz algo egoísta, apenas por motivos puramente económicos, levamo-lo a peito. Porque queremos acreditar que eles gostam de nós tanto quanto nós gostamos deles. Mas eles não gostam. Eles apenas se esfregam em quem tem mais dinheiro. Portanto se decidirmos ser como o Hal Ashland, vamos mas é parar de ficar surpreendidos de cada vez que levarmos com uma garrafa de cerveja na cabeça.
 
 

1 razão para ter um pouco mais de paciência com o homem, e 1 razão para nunca ter sentado o traseiro naquela cadeira

27
Mar12

 

 

O texto que se segue é, declaradamente, inspirado no artigo "10 Razões para ter um pouco mais de paciência com o homem", publicado pelo Semedo, no blog "Café das Antas".

 

Não é objectivo do mesmo parodiar aquele artigo, nem sequer criticá-lo, ao de leve que seja, até porque concordo com parte dos factores atenuantes apresentados. Os mais discutíveis serão, quanto a mim, o 3, o 6, o 7 e o 10. Mas é apenas uma questão de opinião…

 

Então vamos lá, sem atenuantes nem conservantes:

 

1 – É demasiado tarde para substitui-lo por algum outro treinador (de jeito).

 

Pois é. A janela de oportunidade para o pôr a andar terá estado aberta, por aí entre Novembro e Janeiro. Entretanto fechou-se. Agora é tarde demais. A seis jornadas do encerramento desta edição da Liga, duvido muito que um treinador entrado de novo conseguisse levar a nau a bom porto.

 

A única alternativa, minimamente plausível, seria o André Vilas Boas. Fundamentalmente, pelo conhecimento que tem do grupo de trabalho, ou do que resta dele, e pela aceitação que terá junto dos jogadores.

 

E quanto à disponibilidade do Villas Boas? Hmmm, não me parece que estivesse de agulha para aqui virada. Ainda que as pretensas razões que o terão levado a sair para o Chelsea, neste momento pareçam ter deixado de ser preponderantes.

 

Se o que tinha era receio de falhar, nesta altura o falhanço está consumado, e é de tal maneira rotundo que, o que quer que viesse, seria lucro.

 

Ainda assim, acho que seria tarde de mais.

 

1 – Uma promoção abstrusamente absurda

 

Disse-o antes, só entendi a promoção do Vítor Pereira a técnico principal, num contexto de continuidade em relação ao que vinha sendo feito, em termos de grupo de trabalho e de processos.

 

Percebeu-se, principalmente a partir do fecho do mercado de Janeiro, que tal não seria assim. O afastamento de alguns jogadores e a entrada de duas novas unidades, cujo encaixe no modelo de jogo utilizado até aí, deixava adivinhar uma clara ruptura, se não da parte do treinador, pelos menos de alguns jogadores em relação àquele.

 

Centremo-nos agora na ascensão do Vítor Pereira a principal responsável pela equipa do FC Porto.

 

Conseguem imaginar um processo de recrutamento de recursos humanos em que a análise prospectiva do desempenho do candidato ao lugar, é feita pelo próprio?

 

É que, no caso do Vitor Pereira, se tivermos em conta as palavras de Pinto da Costa, quando pretendeu justificar que o nosso actual treinador não era uma segunda escolha, mas sim "a escolha", terá sido assim que se passou.

 

Recordam-se? O que disse foi qualquer coisa como: "Falei com o professor, e perguntei-lhe se estava em condições de pegar na equipa, e ele disse-me que sim".

 

Ora bolas! E estava à espera que dissesse não, caso não se sentisse capaz? Até eu, se me perguntassem, mesmo sem perceber peva do assunto, tenho cá para mim que dizia que sim. Ah, pois não!

 

Será que quando foram contratados o Quinito, o Octávio, o Del Neri ou o Couceiro, lhes foram perguntar: "Oiça lá, acha que é capaz...?"

 

Custa-me a crer que sim.

 

Dirão: "Eh pá, a SAD deve ter analisado, e concluído que o homem tinha competência, senão não o contratava!"

 

Também acho que sim. Mas não foi isso que o presidente disse. O que ele disse foi que lhe perguntou se ele achava que tinha condições para... E se dissesse que não? Como é que ficava a SAD?

 

Portanto, bem podem depois ter vindo manifestações de confiança na competência do Vítor Pereira, e a concomitante passagem de atestados de incompetência aos críticos, enquanto putativos avaliadores da sua capacidade. Contudo, o primeiro certificado de incompetência para levar a cabo essa análise, foi passado a si próprio pelo presidente da SAD, quando fez aquela afirmação.

 

Por outro lado, se a contratação dependeu da análise do próprio, de certa forma, aquela frase como que desresponsabiliza a SAD da opção tomada, e em caso de fracasso, atira para o recrutado a responsabilidade pelo mesmo, e pela sua incapacidade para autocriticamente, avaliar as suas insuficiências.   

 

Concluindo, afastada a premissa da continuidade que justificaria a sua contratação, o maior erro terá sido o inicial. Daí em diante, o que veio, veio por acréscimo. Ou, neste caso, decréscimo.

São bloqueios senhores, são bloqueios!

26
Mar12

 

Ponto primeiro. Esteve bem durante a semana o nosso treinador, ao trazer de novo à baila, ainda que em resposta a um energúmeno que mais valia deixar ficar a falar sozinho, a questão dos bloqueios, refinando-a.

 

A comprovar esse facto, a reacção descabelada, em mais do que um sentido, do, ao que parece, futuro ex-comunicador-mor do nosso rival mais dado à pantomina. Uma reacção assim ao género dos miúdos que são apanhados com a mão dentro do frasco dos biscoitos:

 

“Em Olhão, João Capela, (…) além de cúmplice do antijogo, mostrou-se um diligente moço de recados do treinador do FC Porto, tantas as vezes e o tempo que dispensou a ver os jogadores do Benfica na grande área do Olhanense, de forma a garantir que não havia “bloqueios” que irritassem o treinador do FC Porto. João Capela bloqueou, isso sim, o jogo e não me parece que tenha sido só ingenuidade”

 

Aliás, consta que o calcanhar de Aquiles do nosso treinador não é o trabalho desenvolvido durante a semana. A questão é em que é que esse trabalho se vem a consubstanciar posteriormente no fim-de-semana (ou à sexta-feira, ou à segunda-feira, quando calha!).

 

Às vezes, faz-me lembrar de mim próprio, quando as avaliações me corriam menos bem. Por norma, até estudava a matéria toda, excepto umas paginazinhas as mais das vezes insignificantes, que, de certeza absoluta, não iam sair no teste.

 

Depois, bem depois, era o que se via. O raio do professor(a) fazia o teste incindir precisamente sobre a matéria dessas, e eu bloqueava. Assim parece o Vítor Pereira.

 

Ponto segundo. Grande parte das discussões futebolísticas que tive com um colega sportinguista, no tempo em que o Sporting ainda dava luta para discutir alguma coisa, terminavam invariavelmente da mesma maneira.

 

Eu a queixar-me de azar, do árbitro, ou de outra coisa qualquer, e ele a retorquir-me: “Em futebol, só contam as que entram”.

 

Aprendera esse argumento com o pai, que era treinador de futebol. Aposto que o Vítor Pereira nunca foi treinado pelo pai do Uva.

 

Bloquear naquela história de que “podíamos ter marcado o segundo, o terceiro, o quarto, não marcámos, e sofremos um. Marcaram no nosso único erro”, não aquece, nem arrefece, e eu até nem desgosto de semi-frio, de chocolate, de morango, de caramelo…

 

Só que, em futebol, não dá. Ou melhor, dá para respostas como a do Henrique Calisto: “Se falham, é problema deles!”

 

 

Ficaram penáltis por marcar? Pois terão ficado. Um para cada lado. E se, para os próximos jogos ultrapassasse-mos este bloqueio do “podia-ter-sido-tão-bom-mas-não-foi”?

 

Ponto terceiro. E porque é que havemos de assacar responsabilidades ao treinador (pronto, pronto, aquela de manter o Defour a meio-campo, obrigando o João Moutinho a recuar para o duplo pivot, num jogo com o Paços de Ferreira e com o Fernando disponível, não foi das melhores, mas enfim…), quando há jogadores que parecem bloqueados, às vezes por adversários reais e outras nos labirintos da sua própria psique?

 

Nos últimos dois golos que sofremos, que, por mero acaso, coincidiram com os empates frente à Académica de Coimbra, e agora com os castores, onde é que andava o Rolando?

 

Desta vez o Maicon estava castigado. E o Mangala? Foi castigo por causa das falhas na meia-final da Taça da Liga, que não alinhou? Se vamos por aí, nos jogos que nos correram mal recentemente, o miúdo francês apenas esteve num deles. O Rolando, em compensação, esteve em todos, e com falhas comprometedoras em dois deles. A titularidade é para manter?

 

Ponto quarto, quinto e sexto. Dentro de tudo, quando se comparam os discursos dos treinadores dos quatro primeiro classificados, não estamos tão mal como tudo isso (ok, eu sei que isso não dá títulos, mas deixem lá. É uma espécie de prémio de consolação).

 

Quando oiço o Sá “socos” Pinto dizer que não viu "nenhum adversário mais forte que o Sporting", desde que assumiu o cargo, causa-me estranheza.

 

No FC Porto é o adjunto (o prof. Rui Quinta), que vai para a bancada para ver outra dimensão da partida. Pelos vistos, lá pela Calimeroláxia parece que é o treinador principal. E ainda por cima deve ter alguma coisa a bloquear-lhe a visão. Na volta fica num daqueles lugares radiofónicos do estádio, de onde nem se vê o jogo.

 

Do lado do mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, é o contrário. Parece que desligaram o bloqueador de asneiras. É o treinador que não percebe porque expulsaram o Aimar, artista que não faz mal a uma mosca, desde que ela não lhe vá chocar contra a sola da bota, e que insiste, contra todas as evidências e opiniões contrárias, que não “não treina bloqueios, bloqueios é no basquetebol”.

 

Ora, por aquilo que disse um dos ex-pupilos do Prof. Doutor Rei da Chuinga, eu que joguei basquete durante uns anos, devo ter treinado menos bloqueios na minha vida do que os comandados deste fulano. Vale o que vale.

 

Estes tipos não sabem mesmo o que dizem. É como dizer que “O auxiliar [Tiago Trigo] fica melindrado porque o treinador do (…)ica lhe aponta o erro”

 

É um caso mais do que evidente de bloqueio em face da verdade, bastante usual, de resto, lá para aquelas bandas. Julgava eu que o tal treinador havia feito um juízo de valor sobre a intenção do árbitro auxiliar de assinalar ou não aquele fora-de-jogo.

 

Aparentemente, enganei-me. Eufemisticamente falando, limitou-se a apontar um erro.

 

Neste contexto, tendo em conta que o treinador do SC Braga é um rapaz pacato, que ainda não anda envolvido nestas guerrilhas comunicacionais, há que admitir que o nosso treinador, ao menos falou de algo real, tão concreto e definido como outra coisa qualquer, os bloqueios, agora em versão refinada.

 

Os outros devotam-se a elucubrações fantasiosas, projecções indefinidas e retiradas estratégicas perante a verdade dos factos.

 

Ponto último. Como disse antes, não será grande consolo, pois, mais coisa, menos coisa, agora vemo-nos na posição de, caso o SC Braga vença hoje, no próximo jogo estarmos a tirar pelos da casa, para regressarmos ao topo da Liga.

 

Isto, partindo do princípio que levamos de vencido o Olhanense, com os três ausentes da jornada passada de volta, e o Sérgio Conceição no banco. Há duas épocas, empataram dois a dois no Dragão.

 

Acho que essa é uma posição que nem auxiliado por um kama sutra, com instruções transcritas foneticamente conseguirei assumir.

 

Mal, por mal, oxalá empatem, sempre dá para gerir a ida à Pedreira, partindo do pressuposto de que um empate será um mal menor.

 

Bem, para terminar deixo-vos a minha piada favorita sobre bloqueios, que nem o cabotino especialista na matéria consegue superar…

 

Quatro (quase) fantásticos

23
Mar12

Hoje, de todos os dias, não queria deixar de escrever qualquer coisa.

 

Foi precisamente neste dia, há quatro anos atrás, que nasceu o "Azul ao Sul". Faz hoje, portanto, o seu quarto aniversário.

 

Tem sido um percurso algo acidentado, que meteu de permeio duas interrupções na actividade, e daí o "quase", no título do texto.

 

Este último regresso às lides bloguistícas, que aconteceu efectivamente, no início do presente ano, tem corrido às mil maravilhas. O mês de Fevereiro e no que vai decorrido de Março, os números de visitantes que por aqui passa(ra)m entraram directamente para o Top3 do número de visitas, e Janeiro também lá esteve.

 

Não está mau, para uma baiúca destas.

 

 

 
Como disse noutras ocasiões, ou se não disse, devia tê-lo dito, não foi esse o objectivo com que iniciei este passatempo. Mas já agora, podendo juntar o útil ao agradável, porque não?
 
Além disso, isto é complicado. Não por falta de assunto, e aí, tenho muito a agradecer à malta do segundo classificado na tabela da Liga, mas essencialmente, porque redigir os textos e, principalmente, muitas vezes, pô-los cá no momento oportuno, não é fácil. Por vezes, perde-se o timming ideal, e lá vão eles...
 
Bem, como já devem ter percebido, muito do que para aqui vai não passa de alucinações, ou é fruto da maneira como vejo o que vai acontecendo no panorama futebolístico. A esse nível, não contem com grandes melhoras!
 
Vou tentar continuar como até aqui. Fundamentalmente, vou tentar continuar, e tanto quanto possível, fazer minhas as máximas do "Bibó Porto, carago!" e do "Dragão até à morte", ou seja, "Quanto mais mentirem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles" e "Todos juntos somos poucos para vencê-los".
 
O meu muito Obrigado, a todos os que cá vêm.
 
Entretanto, falando de futebol, ali ao lado, em Olhão, parece que a partida acabou empatada. Olha que azar!
 
...e parece que o Aimar foi expulso por não ter enfiado uma patada, ainda que ao de leve, num adversário. Olha que pena!
 
Este João Capela começa a subir na minha consideração. E eu que estava com dúvidas em relação a esta nomeação do Vítor Pereira (o dos árbitros).
 
O Capela, não sei se se lembram, foi o tal que quando o FC Porto veio a Olhão, não assinalou uma falta para grande penalidade sobre o Hulk, que depois a Comissão de sei lá o quê, veio dizer que era mesmo falta.
 
Tendo este antecedente em conta, e a expulsão do Pouga (e a exibição global que fez), num jogo do mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, contra o Leixões, aqui há duas épocas, de que ainda não me esqueci, tinha as minhas dúvidas. Afinal, o homem gosta mesmo de Olhão. Deve ser mais ou menos como o Bruno Paixão e Barcelos...
 
 
 
 

 

Falando de árbitros e nomeações, será que alguém é capaz de me explicar porque é que as nomeações para esta jornada são o inverso das da ronda anterior?

 

Na 23.ª jornada, todos os clubes dos cinco primeiros lugares da classificação apanharam árbitros internacionais, excepto o segundo classificado. Nesta, todos apanham árbitros não internacionais, excepto, adivinharam, o segundo classificado. Porque será? Haverá alguma lógica por detrás deste fenómeno?

 

Sporting x Feirense. É facil, vai o Vasco Santos. O André Gralha estará na Pedreira, na recepção do SC Braga à Académica. Na nossa ida à capital do móvel, vamos ter o Hugo Pacheco, e na ilha dos buracos, vai estar o Jorge Ferreira, no Marítimo x Gil Vicente.

 

Sem contar com o Vasco Santos, os demais são muito pouco rodados nestas andanças. Será que o nosso encontro em Paços de Ferreira é mais pacífico, que o de Olhão? Hugo Pacheco. Bem, o Hugo Pacheco é um aspirante a Paulo Baptista, ou quando muito a Elmano Santos. Estará à altura? Bem, no Estádio da Lucy, na segunda jornada sempre safou os da casa.

 

E o André Gralha em Braga? Não merecia algo mais?

 

Enfim, a ver vamos, como diria o Stevie Wonder... 

E se fossem lamber sabão?

22
Mar12

 

Li num site pouco recomendável, e não acarditei:

 

“O presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol não gostou do clima de crispação entre Jorge Jesus e Vítor Pereira, após o clássico nas meias-finais da Taça da Liga, pelo que está disposto a mediar uma aproximação entre as partes.

Os dois treinadores nem sequer se cumprimentaram no relvado do Estádio da Luz e no final, durante as respetivas conferências de imprensa, foi evidente a existência de clima tenso.


Falando à Antena 1, Silveira Ramos refere que não gostou e diz mesmo que a classe de treinadores prepara-se para aprovar um código de conduta de forma a evitar este tipo de situações.


«No próximo dia 26 haverá Assembleia Geral, da qual consta na ordem de trabalhos a aprovação do código de ética. Só por isso mostra a nossa preocupação sobre as relações entre os todos os companheiros de atividade. Nesse sentido, obviamente que tentarei aproximar Jorge Jesus e Vítor Pereira para que as suas condutas não sejam de hostilidade», afirmou o líder da ANTF”
.

 

Nos tempos que correm, é esta a grande preocupação da ANTF? Então e albergar no seu seio um fulano que mente deliberada e descaradamente diante das câmaras da televisão, para quem o queira ver e ouvir, fazendo-o sem o mais pequeno rebuço?

 

 

Não lhes causa consternação que um seu associado afirme, sem papas na língua, que “o fair play é uma treta”, se envolva em cenas de pugilato no final de, pelo menos duas partidas, fora os insultos e impropérios dirigidos noutras múltiplas ocasiões às equipas de arbitragem?

 

Que utilize estratagemas uns legais, outros a roçar a ilegalidade e ainda alguns ilegais, para vencer, e que o faça sem pudor, e ainda em cima se vanglorie disso ou minta alarvemente, como fez há dias, nesta questão dos bloqueios.

 

 

Que acuse um árbitro auxiliar de não assinalar uma infracção, porque não quis?

 

Nada disto preocupa a Associação de classe dos treinadores? Não, claro que não. O que são preocupantes são as “condutas de hostilidade”. Vão “aprovar um código de conduta de forma a evitar este tipo de situações”? A sério? Para quê?

 

Se a própria Liga de clubes, que superintende as provas onde ocorreram a maior parte daquelas situações, ou a Federação Portuguesa de Futebol, pura e simplesmente não interferem, ou se limitam a meros puxõezinhos de orelhas, é a ANTF, que vai actuar?

 

De que forma? Mais valia contratarem a Paula Bobone para preparar um manual de boas maneiras adequado ao fenómeno!

 

A educação de cada um é aquela que é, assim como a moral, os costumes e outras coisas que se vão adquirindo desde a nascença. O problema do fulano em causa vai muito para além de um mero código de conduta.

 

Apesar de não ser das áreas das sociologias ou das psicologias, parece-me claramente que, o que aquele tipo necessitará é de todo um trabalho de reeducação social, impossível de realizar do pé para a mão, e pior ainda quando tem a retaguarda protegida da forma que tem.

 

Sejamos francos, sem eufemismos ou paninhos quentes, o Jorge Jesus é, na pior das acepções que se queira dar à palavra, um merdas. Atenção, não estou a dizer que é uma merda. Não. Não se trata nada disso.

 

Foi, enquanto jogador, mediano a tender para medíocre. Provavelmente se consultarem os dados relativos à sua carreira no Zerozero.pt, ou em qualquer outro site do género, não chegam a essa conclusão.

 

Para isso, seria necessário vê-lo a jogar, ao vivo e a cores. Eu vi. Várias vezes, quando passou por aqui por Faro. Só para terem uma ideia, digo-vos, ficou na memória de todos (ou quase!). Não foram muitos os jogadores que por cá passaram, que eram gozados pelos próprios sócios da bancada de lugares cativos do Farense. Ele foi.

 

Como treinador, alguma competência lhe teremos forçosamente que reconhecer. Por isso, e para não ser ofensivo para com um monte de esterco, não o comparei com um, mas tirando aquela saída da playstation, quando treinava o Braga, manteve-se algo discreto.

 

A ascensão a treinador do seu actual clube abriu-lhe a janela de oportunidade de que carecia para dar vazão às frustrações acumuladas que carregaria consigo. O facto de se sentir, confortavelmente híper-protegido, fazem dele uma espécie de “bully”, daqueles que existem agora nas escolas, e que sempre existiram, ainda que sem a pomposidade com que agora são destacados.

 

E não passa disso mesmo, um “bully”, um merdas, que apanhando-se na mó de cima, ou quando espreita a possibilidade de lá chegar, se arma em valentão, e quando, como na época passada, lhe respondem à letra, dentro do campo e sem estratagemas, como aqueles em que é useiro e vezeiro, sem admitir, se recolhe à sua casota, de rabo entre as pernas.

 

Este texto não tem nada a ver com o clube que lhe paga o ordenado, presumo que principesco, é pessoal, se quiserem, por isso, dou-lhes dois exemplos de treinadores desse clube, e da forma diversa como se comportaram perante situações mais ou menos idênticas, àquelas com que este espécime foi confrontado:

 

José Maria Camacho – nunca foi campeão nacional, muito por causa de um tal de José Mourinho. Também ensaiava a marcação de livres, mas não era cá com bloqueios. Fazia-o de forma construtiva, desviando a bola do adversário, como método para o desposicionar;

 

Giovanni Trapattoni – o velho “Trap”. Foi campeão, e zarpou de cá quando viu onde estava metido, com Vieiras, Veigas, Cunhas Leais, e quejandos. Lembram-se? Dizia que estava com saudades da família. De então, até à data, passou pelo Stuttgart, pelo Casino Salzburg, e pela selecção da República da Irlanda, onde ainda se mantém? E a família?

 

Alguém espera ver o Jorge Jesus fazer o mesmo? Vã esperança.

 

Vem agora a ANTF preocupar-se com as “condutas de hostilidade”. Em boa altura o fazem.

 

Não terão nada melhor com que se apoquentar? Ora, vão mas é lamber sabão!

 

Para não dizer algo pior…

 

Dever cumprido ou uma questão de copos

21
Mar12

É engraçado, mas, muito honestamente, não fiquei chateado por aí além com a nossa derrota de ontem. É bem certo que será menos um título que eventualmente, poderíamos conquistar, e não o vamos fazer.

 

É mais um que o nosso adversário, poderá eventualmente, e há por aí quem se esqueça, deste eventualmente, conquistar.

 

Acima de tudo, o que me chateia mesmo é perder com aquele clube. Sempre, seja em que circunstância for, e onde quer que seja. Em especial, no nosso querido Estádio da Lucy, futuro palco da final da Champions.

 

Quanto ao resto, como disse no título que encima este texto, é uma questão de copos. Meio cheios, meio vazios, e os que alguns parece que andaram a beber.

 

À posteriori, parece-me que atentas as condicionantes deste jogo, não estivemos mal. Não direi ainda, como enunciou o nosso treinador, que estivemos perante uma “gestão inteligente” do plantel. Para isso, faltou a vitória, e falta ainda saber como é que nos vamos sair no futuro.

 

Ficaria por uma “gestão proactiva” do grupo de jogadores disponíveis. Na troca do Helton pelo Bracalli, nada a dizer. Não há aí grande gestão, é o usual, e estiveram bem, ele e o treinador.

 

A entrada do Sapunaru, era expectável, dado o castigo do Maicon para a próxima jornada. Bem de novo, ambos.

 

No centro da defesa, há que dar rodagem ao Mangala, e ele esteve no melhor e no pior do jogo. Compensa em disponibilidade física e vontade, aquilo que lhe falta por vezes em discernimento (primeiro golo contrário) e em posicionamento (terceiro). São vinte anos, caramba!

 

O Alex Sandro tinha feito uma perninha contra o Nacional da Madeira, adivinhava-se o lançamento neste encontro. Também razoavelmente bem. O que se espera de um lateral brasileiro: afoito a atacar, e ainda tenrinho, quando toca a defender.

 

No meio está a virtude, e esteve no nosso meio-campo. O Lucho resolveu contrariar o que eu havia escrito num texto anterior, e enquanto durou, esfarrapou-se como é raro vê-lo fazer. É uma pena não jogarmos a Liga em trinta voltas contra o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide.

 

Pareceu-me que a sua saída e a entrada do James, fora determinantes na quebra da equipa, sem que consiga decidir-me qual a mais influente. É muito provável que o Lucho tivesse dado o que tinha para dar, e por outro lado, havia que poupá-lo para outras batalhas. Pena é, que com os anos que leva de carreira, nunca tenha dedicado uma atenção mais especial aos remates de longe. De carambola, ainda lá vai, que de resto…

 

Não utilizo muito a palavra “sublime”, mas foi assim que o João Moutinho esteve, senão nos noventa minutos, pelo menos em grande parte deles. É, de facto, uma pena não jogarmos a Liga em trinta voltas contra o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide.

 

O siamês Defour, ficou uns (bons) furos abaixo. Esforçou-se por acompanhá-lo, mas não é para todos.  

 

O Álvaro Pereira a médio, entronca naquele conceito de “descanso activo” do André Villas Boas. Para quem está habituado a fazer o flanco todo, parece que falta (e faltou) ali qualquer coisa.

 

Portanto, perdemos. Porém, não me parece que as coisas tenham estado tão desequilibradas, que dêem azo a um desequilibrado qualquer achar que a sua equipa provou que era melhor que a nossa.

 

Em particular quando o próprio indivíduo admite que é totalmente alheio ao caminho trilhado para o sucesso por essa equipa.

 

"Os meus jogadores não treinam bloqueios" – diz ele. Pois claro. Bem me parecia que ele era lá capaz de se lembrar de tal coisa. É mais que evidente que são movimentos espontâneos. O facto de se repetirem jogo após jogo, sem punição pelos árbitros, é mera coincidência.

 

Como aquela espécie de baile de roda que fazem, de mãos dadas, aquando dos livres adversários nas proximidades da sua área. Ou as entradas a pés juntos do Garcia, as cotoveladas e cuzadas do capitão de equipa, os chegas-p´ra-lá do Maxi Pereira, ou as entradas do Cardozo.

 

Nada é ensaiado, em nada disso há o dedo do treinador. Tudo fruto da espontaneidade daquelas cabecinhas. Deve ser da do Luisão, que é onde as ideias devem ter mais aderência…

 

No fundo, apenas confirmou aquilo que sempre pensei. O fulano tem pouco de treinador de futebol, e muito de treinador de cavalos. It takes one to coach several…

 

Uma vez que entrámos no domínio da arbitragem, abro aqui um parêntesis, para esclarecer alguns adeptos do dito clube, que ao contrário do que resfolegam, não é verdade que falemos agora do tema, e que há duas semanas tenhamos ficado calados.

 

Ou não nos ouviram, ou não quiseram ouvir, ou então, o que ainda é mais provável, não nos entenderam.

 

Há duas semanas, se não foi unanime, mesmo entre portistas, terá sido quase, o entendimento de que o golo da vitória foi obtido em fora-de-jogo. Não houve dúvidas quanto a isso. Da mesma maneira que também não houve dúvidas quanto ao facto de termos sido sistematicamente prejudicados ao logo de todo, pelo árbitro que tanto contestaram, para sermos beneficiados pelo auxiliar, numa única jogada, que por acaso, ditou o resultado.

 

 

Ontem não foi assim. Não falo do fora-de-jogo, eventualmente mal assinalado, mas o segundo golo dos da casa foi claramente precedido de falta. O árbitro também teve o seu momento de “bloqueio”.

 

Contudo, não esteve bloqueado em duas situações que ainda não vi escalpelizadas em parte alguma. São comezinhas, é certo, mas é por este tipo de coisas que se aferem intenções e intencionalidades.

 

A dada altura, como o resultado em 2-2, o árbitro chama a atenção ao Bracalli, para apressar a reposição da bola em jogo, e quando se vira para o centro do terreno…interrompe a partida para entrar o Gaitán!

 

No lance em que o Witsel leva cartão amarelo, por falta sobre o James, há uma primeira falta, o Artur Soares Dias dá a lei da vantagem. O miúdo sofre uma nova falta, cai, o árbitro assinala…mas manda marcar o livre mais atrás, no local da falta inicial. Porque carga d’água, se deixou seguir o jogo?

 

Sim, eu sei que são apenas pormenores. Só que, quando se é assim nas pequenas coisas, imagine-se nas grandes…

 

Ora bem, estes são os motivos pelos quais o copo me pareceu meio cheio, incluindo alguns que contribuíram para o seu esvaziamento, e ainda outros que me levam a crer que alguém se meteu nos copos.

 

O copo meio vazio tem a ver com algo que escrevi aqui há tempos:

 

“Os objectivos para esta temporada vão caindo uns atrás dos outros, como peças de dominó. Dos seis títulos, que para nós, adeptos que ainda acreditamos no Pai Natal, no coelhinho da Páscoa, e que o FC Porto entra em todas as competições para ganhar, salvou-se a Supertaça.

 

Restam a Liga Zon Sagres e a Taça dos outros, que, curiosamente, vão ser decididas contra a mesma equipa, e no Estádio da Lucy”.

 

Neste momento, livrámo-nos de mais um escolho, e estamos reduzidos ao objectivo que passou de prioritário a único.

 

 

 

 

Agora, para alcançar essa meta temos falta de um Hulk, a jogar mais do que aquilo que fez, em especial na segunda metade do desafio de ontem. E esse é também o meu copo meio vazio. Do Kléber, infelizmente, deixámos de esperar grande coisa, mas começo a sentir saudades do Incrível.

Corruptos e corruptores – Subsídios para um português que se quer escorreito (ou “Quando for grande quero ser como a Dr.ª Edite Estrela”)

20
Mar12
 

Apercebi-me recentemente, muito por força da azia que a nossa vitória de há duas semanas no estádio onde vamos jogar hoje, terá provocado, que os adeptos do clube derrotado insistem e continuam a mimosear-nos com o carinhoso epiteto de “corruptos” e a (des)tratar o nosso clube denominando-o de “Futebol Corrupto do Porto”.

 

Vindo de onde vem, não é algo que me afecte grandemente, e não é por isso que me dediquei a escrever este texto.

 

Num País onde, pese embora todas as Novas Oportunidades, a iliteracia grassa quase omnipresente, é nosso dever cívico, enquanto cidadãos de corpo inteiro, contribuir, sem pretensões ou superioridades, para minorar esse flagelo junto dos nossos concidadãos, que por tanto se mostrem interessados. Os que não estão interessados, passem bem.

 

É pois, imbuído deste espírito, que passo ao seguinte esclarecimento de conceitos, com a inestimével ajuda do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

 

Corrupto (adj.) – 1. Que sofreu corrupção; 2. Adulterado, viciado; 3. Desmoralizado, devasso; 4. Prevaricador, venal; 5 . Errado (falando-se de linguagem).

 

Corruptor (adj. s. m.) – 1. Que ou o que corrompe; 2. Que instiga à corrupção, ao suborno.

 

Assim sendo, ainda que para mim resulte em quase imperscrutável o, certamente tortuoso, a existir algum, processo mental por intermédio do qual os adeptos daquele clube concluem sermos “corruptos” e o nosso clube o “Futebol Corrupto do Porto”, presumo que se filiarão nos famosos casos dos “Apitos”, o “Dourado” e o “Final”.

 

Nem me vou dar ao trabalho de enunciar a quantidade de vezes em que as mais variadas instâncias judiciais e desportivas deitaram por terra as teses por eles sustentadas, e deram por finalmente mortos e enterrados processos em estado moribundo, ressuscitados pela híper-mega-task-force da Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado.

 

O YouTube revela índices de credibilidade bem mais elevados que todas aquelas instâncias juntas. Os tribunais só acertam, conforme se queixa o próprio, quando o arguido em causa dá pelo nome de João Vale e Azevedo, ultimamente tão na berra.

 

Como álibi para a terminologia empregue refugiam-se, conjecturo apenas, porque a psiquiatria não é o meu forte, no facto de o Futebol Clube do Porto, nunca haver interposto recurso da decisão da Federação Portuguesa de Futebol, que lhe retirou seis dos pontos conquistados ao longo da temporada 2007/2008. Os tais seis pontos, que não voltam mais.

 

Há muitos portistas que ainda caminham desconfortavelmente com essa pedra no sapato. Compreendo-os. É uma mácula que ficou impregnada nas faixas daquele título, o clube, ao contrário do que fez o seu presidente, não ter contestado a acusação que sobre si impendia.

 

Na altura, confesso que também assim pensei. Mas depois, acordei para a realidade do ardil urdido pela corja fomentadora daquele processo, e, sinceramente, neste momento, nem me aquece, nem me arrefece.

 

Na altura, recordo-me que havia duas linhas de argumentação que defendiam a não interposição do recurso.

Uma, sustentava que um eventual recurso poria em causa a homologação do campeonato, e, consequentemente, a inscrição do clube nas provas da UEFA da época subsequente.

 

A outra, que um recurso, a acontecer, protelaria uma qualquer decisão para a época seguinte, e por conseguinte, a produção dos seus efeitos. Ou seja, em vez de terminar a temporada de 2007/2008, com uns míseros catorze pontos de vantagem para o segundo classificado, arriscávamo-nos a iniciar a época seguinte com menos seis pontos, ou a perdê-los, no decurso da mesma.

 

Não sei qual das duas, se alguma, será verídica. A mim parece-me mais verosímil a segunda. Tendo este pressuposto em consideração, é compreensível a opção estratégica do clube.

 

E sei que, tal como eu a compreendo, muitos daqueles que se destacam da mole ignara de apaniguados daquele clube, também entendem perfeitamente a opção tomada. Contudo, perante a impotência, perante a humilhação das derrotas sofridas, no campo e fora dele, fazem daquela arma de arremesso o paliativo de recurso.

 

Pois bem, tenho uma má notícia para lhes dar. Estão redondamente equivocados. Para já, a ter sido em alguma instância, daquelas que valem, e não no YouTube ou na …ica TV, condenado o Futebol Clube do Porto, nunca seria “corrupto”. Quanto muito, nessa hipótese, admitida apenas com intuito didáctico, seria “corruptor”.

 

Ou seja, aquele que corrompe, e não o que é corrompido. Portanto, do primeiro erro voluntário, vira-se a página e entramos na confusão, também voluntária para alguns, nem tanto, para outros, na aplicação dos conceitos.

 

Se o Futebol Clube do Porto corrompesse, então teria, em princípio de existir um corrompido. Digo “em princípio”, porque não são virgens na justiça e na política portuguesas as situações em que, havendo “corruptores”, não há “corrompidos”.
 
 
 

Como curiosidade adicional, refira-se que no primeiro daqueles casos, em que, no Tribunal da Boa Hora, numa sala de audiências eram condenados os corruptores, figuras gratas caídas em desgraça do Partido Socialista, e noutra sala era absolvido o presumível corrupto, a equipa do Ministério Público encarregue da acusação, que na altura, ao que consta, não era híper-mega, nem sequer task force, incluía nas suas fileiras a atrás mencionada Maria José Morgado, Procuradora-Geral Adjunta.

 

Ora, se, como se arrogam, são seis milhões os adeptos do nosso adversário de hoje, e apenas um milhão e trezentos mil do nosso lado. Se, como é sobejamente sabido, e em muitos casos, perante declarações públicas de amor serôdio, a maior parte dos árbitros actualmente em funções são também, digamos, “simpatizantes” do dito clube.

 

Se, ainda há não muito tempo, até no Conselho de Ministros a maioria era pelas suas cores, então, parece-me a mim, que a probabilidade estatística de que os “corruptos”, afinal estejam noutro lado, será…hmm, hmm, é fazer as contas, bastante elevada.

 

A não ser que, numa hipótese desprovida de grande sentido, a quase totalidade da magistratura nacional e demais vendidos/comprados esteja incluída no tal mísero milhão e trezentos mil.

 

Pois é meus caros. Lamento muito informá-los, mas laboram em erro. Os “corruptos” estão quase de certeza do vosso lado. É entre vós que, a haver alguma réstia de corrupção, poderão procurar os corruptos.

 

Por isso, lanço-lhes daqui um apelo: caso mais logo o jogo não lhes corra de feição, deixem-se de tangas, e enfrentem a realidade. Ou então, não o façam, como sempre. Garanto-vos que será, com certeza, para o lado que vou dormir melhor…

Roda, roda vira (actualizado em 2012.03.19, às 23h41)

19
Mar12

[A anedota que aqui tinha sido inserida foi por mim removida. Não porque tenham havido comentários ou reclamações em relação à mesma, mas porque, depois de pensar sobre o assunto, conclui, eu próprio, que era, de facto, de um tremendo mau gosto, podendo eventualmente, apesar de ser apenas uma piada, e não passar disso, ser tida como ofensiva por alguns leitores.

 

Da mesma maneira que tenho para mim que a liberdade de expressão que me assiste, me permitiria escrevê-la, também acho que essa liberdade terá necessariamente que ter como limite o bom senso.

 

Assim sendo, as minhas desculpas a quem a leu, e se sentiu ofendido, e a quem vier a ler o texto após esta alteração, e perder o seu sentido integral]

 

(...) é assim que vejo as possibilidades de rodagem de jogadores do nosso meio-campo no clássico de amanhã.

 

Compreendo perfeitamente o nosso presidente quando proclama, no contexto de três saídas difíceis, uma delas ultrapassada, à ilha dos buracos, ao Estádio da Lucy e a Paços de Ferreira, a prioridade atribuída à Liga, em detrimento da meia-final da Taça dos outros.

 

Contudo, não estou a ver como é que poderemos ir ao nosso palco de festas favorito rodar jogadores.

 

Se bem lembro, para o encontro com o Nacional, a dada altura, tínhamos disponíveis quinze jogadores. De tal maneira que fizeram parte dos convocados o sub-19 Mikel, e o excomungado Iturbe.

 

Agora, regressa de castigo o Hulk, e consta que recuperou de uma lesão o Djalma. Portanto, como continuará de fora o Fernando, qual é a rotação passível de introduzir no plantel?

 

O Bracali parece ser dado adquirido. E quanto ao resto? Volta o Sapunaru à direita? Joga o Alex Sandro em vez do Álvaro Pereira? O Maicon faz dupla no centro da defesa com o Mangala? Ou será Maicon, Rolando, Mangala e Alex Sandro? Há duas semanas, quando levámos o jogo a sério, começámos com Maicon, Rolando, Otamendi e Álvaro Pereira, passámos por Djalma, Maicon, Otamendi e Álvaro Pereira, e acabámos com o Sapunaru no lugar do Djalma. 

 

No ataque, com o regresso do Hulk e do Djalma, ficamos com alternativas que chegam para correr com o Iturbe dos convocados e o Cristíán Rodriguez do onze titular.

 

Ou então, dentro do tal espírito de rotatividade, será que se vão manter? Seja como for, há alternativas.

 

E no meio-campo? Que opções temos? Assim de repente, ocorrem-me o Defour, o João Moutinho e o Lucho Gonzalez, a rodarem precisamente com…o Defour, o João Moutinho e o Lucho Gonzalez!

 

Tirando a hipotética possibilidade do Mangala alinhar a trinco, ou da inverosímil estreia de um Mikel ou de um Podstawski, o que é que resta?

 

Pois é, nada.

 

E aqui chegados, como em tudo na vida, haverá (pelo menos) duas hipóteses:

 

Os nossos três mosqueteiros estiveram a poupar-se na partida com o Nacional da Madeira, e vão entrar em alta rotação no Estádio da Lucy.

 

Ou, efectivamente, não podem com uma felina pela cauda, e estamos à beira do abismo, em vias de dar um passo em frente.

 

Aquilo que diz o nosso presidente é revelador sobre a forma como se encarou esta temporada. A prioridade é o campeonato. Isso não invalida que, nesta altura da época me pareça incompreensível a inexistência de opções para o meio-campo, que permitam colmatar a ausência, neste caso por lesão, como poderia ser por outro motivo qualquer (castigo, baixa de forma, sei lá…), do Fernando.

 

 

 

Diga-se em abono da verdade, que o candidato (mais) natural para o substituir, o Souza, nunca deu mostras de ser capaz de o poder fazer a contento.

 

Que implicações é que isto tem? Bem, como se viu no último jogo, por o Defour e o João Moutinho a jogarem lado a lado, não foi a melhor das soluções.

 

O ex-box-to-box João Moutinho, nos dias de hoje, é mais box. Joga numa caixinha imaginária, que se transforma com frequência num labirinto, do qual nenhuma Ariadne ou colega de equipa, que seja, o ajuda a sair. O Defour, pelo seu lado, preferencialmente do centro para a direita, andou relativamente perdido, mostrando à saciedade que pode ser muita coisa, mas não é um número 6.

 

Mas haverá alternativa a este estado de coisas?

 

Há duas coisas que é pura perda de tempo pedir ao Lucho Gonzalez para fazer ou demonstrar, aliás, não valia a pena fazê-lo quando de cá saiu, e agora, ainda menos: defender e a apetência para alinhar numa espécie de tiki-taka à moda da casa.

 

 

 

O Lucho era e, parece-me que continua a ser, ainda que num quadro de rotações mais baixas, um grande jogador. Mas é homem para movimentos de ruptura. Não dele, claro está, mas dos outros. Passes rápidos e precisos, a rasgar, à procura de um finalizador. 

 

Assim sendo, e porque, quer passe a estratégia de jogo pela posse da bola ou seja por transições rápidas, o primordial e fundamental passo a dar terá de ser sempre a recuperação da bola, nem vale a pena pensar em pressionar alto, como tentou o Vítor Pereira implementar no início da temporada.

 

É claramente tempo perdido. Resta pois atrasar linhas, e aguardar o embate do adversário. Ora, recuar sem o Fernando a servir de pilar e a cobrir a defesa, não é fácil.

 

Foi isso que se viu contra o Nacional da Madeira, e é esse, quanto a mim, um dos motivos para a enorme clareira que se abre naquele meio terreno, onde, bem para lá da simples falta de pernas, outras faltas por ali haverá, que aliadas à falta de visão que nos levam a não ter, nesta altura do campeonato, entre outras coisas, alternativas para o meio-campo.

 

Cada vez percebo menos disto. Ou cada vez quero perceber menos.

 

Venha mas é de lá o jogo, o árbitro e tudo o resto, com rotatividade, sem rotatividade, só espero que ninguém se aleije, e que no final, possamos, como é hábito, festejar a vitória (nem que seja nos penáltis) no Estádio da Lucy. Outra vez!


 

Nota: Depois de escrever o texto, reparei que, entretanto, saiu a lista de convocados para o jogo. Afinal, o Varela também está de regresso, e o Iturbe mantem-se. Saíram o Helton, o Cristián e o Mikel. Quanto ao resto, nada de novo…

 

 

Nota2: …e o árbitro é… Artur Soares Dias!

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