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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Quando a desinformação começa em casa

31
Mai12

“[Miguel Relvas] alegadamente, representa o lobby angolano que, alegadamente terá também interesse em financiar o PSD.

 

Como nas autarquias não há obras, consequentemente não há sacos azuis para financiar as eleições internas dos partidos. (…) os partidos do arco do poder viraram-se para o capital angolano, o que explica a arrogância de Miguel Relvas em relação ao que anteriormente era a base do PSD: os autarcas.

 

Há também dentro do PSD oposição interna, embora discreta. Paula Teixeira da Cruz e Miguel Macedo, são alegadamente os inimigos mais sonantes de Relvas e da sua facção e modus operandi. Não que sejam uns santinhos, apenas representam interesses diferentes. Se Miguel Relvas cai, Passos Coelho fica à mercê do aparelho do PSD. Se Relvas deixa de o controlar, imaginem o quão frágil se torna a posição de Passos...Por isso, penso que esta demissão não irá existir, nem se por hipótese, o próprio a quisesse. Ângelo Correia e os seus não vão deixar o partido à mercê da linha do Balsemão, depois de tanto esforço para conquistar o aparelho para o seu lado, não estou a ver uma oferta de mão beijada”.

 

(retirado do texto "Risco sistémico", publicado no blog "artigo 58")

 

 

Quando aqui há tempos comentei, no texto "Mariquinha, vem comigo pr'Angola", o  veto de Luís Filipe Vieira a um torneio a realizar em Angola, supostamente promovido pelo agora na berra, Ministro Miguel Relvas, fi-lo em grande parte, porque estranhei a intermediação ministerial deste no processo.

 

Tendo em conta duas constatações. As boas relações que o clube que preside mantém (mantinha?) com aquele estado, e que até terão concorrido para que participasse, há duas épocas atrás, nos festejos do 35.º aniversário da sua independência.

 

E, além disso, o desprovido de sentido que me pareceu vetar um torneio, como retaliação à comichão que ao dito indivíduo havia provocado, o facto de aquele governante ter jantado com Pinto da Costa, Joaquim Oliveira, Judite de Sousa e Fernando Seara, após a vitória do FC Porto no Estádio da Lucy, selada com o golo do Maicon, naquilo que, aos seus olhos, teria configurado uma comemoração ostensiva, e pelos vistos, ofensiva.

 

Coloquei então a hipótese de se tratar de “uma maneira de procurar chegar a uma situação artificial de quid pro quo com a actual liderança política da nação”.

 

Pois bem, admito que as tricas da política, apesar de bem mais importantes para a vida de todos nós, me interessam bem menos que as futebolísticas, portanto, por vezes denoto lacunas bastante óbvias a esse nível.

 

Quando fiz aquela suposição, não havia ainda lido o texto acima transcrito. Mas, como não estou aqui para lançar lebres ou atoardas sobre o que quer que seja, parece-me que será de bom tom penitenciar-me, e acrescentar mais alguns dados àquilo que então disse.

 

O conteúdo do texto, bate certo com a argumentação que ouvi uma noite destas a José Luis Arnaut, em debate com Luís Fazenda, a propósito também do caso das secretas.

 

Dizia, inocentemente, o presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, que ao mexer em dossiers problemáticos como a reforma autárquica e na privatização da RTP, o coitado do Relvas terá cutucado as feras com paus demasiadamente curtos, e estará por isso, a levar o troco.

 

O problema, parece-me a mim, não será tanto o “deixar o partido à mercê da linha do Balsemão”, mas antes o desinteresse total que este terá em ver a RTP privatizada, e dividir com mais um operador privado, o já de si curto mercado publicitário, ou deixar a televisão do estado ir parar às mãos da concorrência.

 

Falando-se em Angola, necessariamente terá de se falar em Isabel dos Santos, que ainda recentemente reforçou as suas posições accionistas na Zon e no BPI.

 

 

 

Como se pode ler no artigo, em termos de programação, as grandes apostas da Zon, para conquistar audiências em terras angolanas, serão a SporTV e os canais TV Cine.

 

A SporTV, como é por demais sabido, é detida pela Controlinveste, de Joaquim Oliveira, e pela Zon. Assim sendo, o convívio entre Miguel Relvas e Joaquim Oliveira, parece fazer sentido, independentemente da sua associação a quaisquer festejos que estivessem em curso.

 

Por outro lado, para além de reforçar a sua posição no BPI, de que Américo Amorim foi fundador, e detentor de capital, até há uns anos atrás, Isabel dos Santos é, em parceria com o homem mais rico de Portugal, a feliz proprietária do BIC, a quem caiu no regaço o (des)nacionalizado BPN. A este somam-se outros negócios em conjunto, nomeadamente na área da energia e do petróleo.

 

 

 

 

 

Américo Amorim é membro do Conselho Consultivo do FC Porto. É demasiado rebuscado para chegarmos a algo que justifique a presença de Pinto da Costa no dito repasto.

 

Acontece que o FC Porto é também ele, proprietário de um canal de televisão. Gravitando a temática em torno do meio audiovisual, será por aqui o caminho? Quente ou frio?

 

Ficavam então, apenas explicar as presenças de Fernando Seara e Judite de Sousa. Bem, esta última, para além de portista, trabalha no ramo. Será suficiente? Não parece.

 

E Fernando Seara? Deixava-se arrastar para um jantar destes, apenas para acompanhar a esposa?

 

É um facto que lá para os lados do Estádio da Lucy, vão aparecendo novas vozes descontentes com o presidente e com o treinador.

 

José Veiga e António Figueiredo foram os primeiros. Agora é Bruno Carvalho, o concorrente derrotado no último plebiscito, que também tornou a assomar-se, comparando a situação actual do seu clube à Coreia do Norte e à Venezuela. Convenhamos, num clube que se arvora em paladino da democracia, até nos tempos em que cá no burgo o regime era ditatorial, fica mal!

 

Querem ver que o Fernando Seara ficou ressentido por ter visto hipotecadas as suas hipóteses de ir até ao fim com a sua candidatura à Liga e/ou à Federação Portuguesa de Futebol, vendo-se relegado da corrida pelos apoios ao “portista” Fernando Gomes e a Carlos Marta?

 

Quererá Fernando Seara constituir-se como uma “quarta via”? Logo ele, que tem estado com todos os presidentes de Damásio a Vieira, passando por Vale e Azevedo?

 

O que é certo é que, neste momento e num futuro próximo, pelo menos até ao acto eleitoral, o destino daquele clube e a sua capacidade para enfrentar a próxima temporada, está muito mais nas mãos de Joaquim Oliveira, do que o contrário.

 

Sem prosseguir a estratégia usual de antecipação de receitas, garantida pelos fundos da Olivedesportos e sem fundo de estrelas que lhes valha, as contratações, a havê-las, terão de ter como contrapartida vendas. Com Witsel reservado para o Real Madrid, restam o Gaitán, e como hipóteses mais remotas, o Rodrigo ou o Nélson Oliveira.

 

Ainda que se façam rogados, o contrato com a SporTV, é a única bóia de salvação que se avista. Única, exceptuando um qualquer milagre, claro está.

 

O que é que isto nos interessa? Como se costuma dizer no Brasil, “pimenta no cú dos outros é refresco”!

 

Vamos aguardar serenamente, com ou sem o Sereno. Vai-se a ver, ainda vamos ter o Porto Canal a internacionalizar-se para Angola.

 

Fica assim feita, em jeito de mea culpa, e para que a desinformação não comece em casa, a rectificação devida àquilo que disse antes.

 

Afinal de contas, nestas coisas que envolvem Angola e nos tempos que correm, o Ministro das secretas e dos aventais, é capaz de ter um papel bem mais relevante que quem boicotou o torneio.


Nota: Para quem tenha interesse no assunto, mais informações sobre Isabel dos Santos.

Prazer em conhecê-lo, Vítor!

29
Mai12

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto a outros o destaque é dado mal assentam arraiais, onde quer que seja, ao nosso treinador, foi preciso esperar pela conquista do campeonato para que alguém se lembrasse de fazer uma daquelas entrevistas, ditas de fundo. Bem, verdade se diga, mais vale tarde que nunca.

 

Digo isto, porque não me recordo, nomeadamente quando se ficou a saber que iria ser o sucessor do seu anterior chefe de equipa, de alguma entrevista com o calibre da agora realizada pela dupla Jorge Maia/André Viana. No entanto, admito que possa ser apenas falha minha.

 

Como a dita foi entretanto reproduzida em vários blogs portistas (como no Sou portista com orgulho ou no Dragão até à morte), não vale a pena repeti-la. Vou apenas tecer alguns comentários sobre o que li.

 

Diria, caracterizando-a em poucas palavras, que é uma entrevista tardia. Reveladora e tranquilizadora, e simultaneamente, enigmática e preocupante.

 

Do ponto de vista de um portista (o meu), é uma entrevista que peca por tardia. Tardia porque se tivesse sido feita antes, provavelmente muito do sofrimento dos adeptos teria sido poupado, e muitos dos impropérios dedicados ao Vítor Pereira, teriam sido evitados.

 

Porquê? Porque é uma entrevista reveladora de quem é o próprio Vítor Pereira, e das suas formas de pensar e de agir. A ideia que o adepto comum do FC Porto, e por adepto comum leia-se, eu próprio, fazia do Vítor Pereira, é que era o ex-adjunto do André Villas Boas, parte integrante da equipa técnica maravilha, que ganhara quase tudo na época anterior.

 

Que antes disso, tivera experiências como treinador principal no Santa Clara e no Sporting de Espinho, em que fracassara em cima da linha de chegada, e ainda antes disso, havia treinado a Sanjoanense e as camadas jovens do clube.

 

Convenhamos, não é muito. Pedia-se então aos adeptos que tivessem uma fé inabalável no bom discernimento da SAD, e que dessem o seu apoio ao timoneiro do barco. Era difícil. Alguns conseguiram fazê-lo. Outros, em que me incluo, não.

 

Nesta entrevista, o Vítor Pereira revela pormenores da sua pessoa, que, com alguma angústia à mistura, nos fomos apercebendo ao longo da época. Aquilo que, logo à arrancada, nos pareceu um discurso forte, de resposta ao carroceiro da chiclete, afinal, não passou de algo contra natura.

 

Mais valia ter admitido logo as diferenças relativamente ao seu antecessor, como agora faz, que contrariar a sua própria natureza, e dali para diante frustrar os adeptos, expectantes de doses sucessivas de mais do mesmo.

 

Do ponto de vista táctico, a mesma coisa. Explica, sem explicar no fundo, os casos do posicionamento táctico do James, do Hulk, do Lucho, e a questão do duplo pivot, mas deixa perceber que acredita numa espécie de fluidez, ainda que com limites.

 

Reveladora ainda quanto à sua expectativa de contar com o Falcao, que não se veio a concretizar, para grande pena nossa.

 

Foi também tranquilizadora. Ler que o Vítor Pereira, quando colocou o Maicon a lateral-direito ou o Hulk, a avançado-centro, estava consciente de que as suas posições não eram aquelas, mas que os pôs a jogar ali porque, no seu ponto de vista, na altura, seria o mais adequado para a equipa, por questões de trabalho e de confiança, é, sem dúvida, tranquilizador.

 

É que, tendo em conta, aquele que foi, quanto a mim, o seu momento mais baixo: a leitura feita do jogo contra o Manchester City, sempre tive algum receio que a colocação daqueles jogadores nas posições em causa, fosse uma convicção sua, como a fé, que supostamente nele deveríamos cegamente depositar. Assim, fico muito mais descansado.

 

Porém, a entrevista também contém o seu quê de enigmático. Se por um lado vem confirmar as suspeitas, mais tarde tornadas certezas, e confirmadas até pelo próprio presidente, de que nem todos remaram todo o tempo para o mesmo lado, por outro, assegura que “não [esteve] perante uma situação muito grave” (de indisciplina?).

 

Se assim é, então porquê o título inicial da entrevista, “Se entrasse de chicote durava dois meses”? Se “não [pode] apontar rigorosamente nada em termos de profissionalismo aos [seus] jogadores”, porque é que se levanta a questão da “gestão de egos”? Ou, pegando nas duas questões anteriores, porque é que [teve] de ser flexível até as peças do puzzle se juntarem”?

 

Neste capítulo, terá faltado ainda levantar a ponta do véu sobre uma matéria que não é desvendada na entrevista: porquê a exclusão, a dada altura, do Sapunaru e do Fucile? E As dispensas deste último, do Guarín e do Belluschi?

 

Para terminar, algo de preocupante. A preocupação não será da responsabilidade exclusiva do Vítor Pereira, ou do que disse na entrevista, mas por ler que, perante a iminência da saída do Hulk, cujo substituto na calha, aparentemente será o James, a lacuna identificada no plantel continua a ser a falta de um ponta de lança.

 

E pior ainda, aqui já decorrendo do que disse o nosso treinador, se o que se procura é um ponta de lança “que tenha características diferentes, que não diminua os que já temos”.

 

Quais? O Janko? O Kléber? O Walter? Onde vamos encontrar um ponta de lança que não os diminua? Ou seria ao Hulk, que se referia?

 

Tudo somado, os enigmas e preocupações são claramente superados pelas revelações e pelo descanso de espiríto. Uma bela e merecida entrevista, culminada por uma boa análise da época que passou, em que, indubitavelmente, [f]omos o nosso principal adversário”, e um autorretrato, que só pecou por tardio.

 

Muito prazer em conhecê-lo, Vítor!

P.V.P. ou “Da influência da cor vermelha enquanto factor de distorção na apreensão da realidade” – Parte III

28
Mai12

A propósito dos incidentes ocorridos no Dragão Caixa, no recente jogo final do playoff da Liga de basquetebol, vieram alguns dos moralistas do costume botar faladura, inicialmente, até sem saberem exactamente do que falavam.

 

Nem tal é preciso. Como é tradicional, fazem-no, escudados no maniqueísmo primário, tão do agrado dos adeptos do seu clube. O Bem vs. Mal, em que os lados estão perfeitamente definidos, e adivinhem quem está de que lado?

 

Ao Bem, tudo se perdoa, pois se dali algo menos digno emana, é por provocação do Mal.

 

Acham o comportamento do Carlos Lisboa lamentável, mas, ainda assim, quiçá por desconhecimento da sua prévia existência, ou apenas para atirar paralelepípedos aos olhos dos outros, permanecem na vã esperança que o dito se digne a facultar uma explicação plausível, que desdiga o que disse, e obviamente, desculpabilize a sua atitude, pois tonto é que não é.

 

Do lado do Mal, estão os tontos, os grunhos, a barbárie, pois mesmo quando provocados, são incapazes de revelar capacidade de “encaixe”. A mesma que aquele treinador reclama dos outros, dizendo que, na derrota, «[é] preciso saber “encaixar”», quando ele próprio, a ser verdade o que li num comentário, não a terá em abundância suficiente para suportar uma piada sobre o seu futuro profissional, e reagiu como se viu.

 

Reagiram mal e exageradamente os adeptos? Sim, é verdade. O que é engraçado é, como em tão pouco, apenas naquela resposta do treinador e no texto a que vai dar a ligação acima, tanto se revela do “ser benfiquista”.

 

A mesma puta da mesma superioridade moral do costume. A facilidade em julgar os outros pelos seus parâmetros, e paradoxalmente, a usual incapacidade de olhar para o próprio umbigo, à volta do qual, afinal de contas, tudo gira.

 

Aquele texto recordou-me de algo que comecei a escrever antes da interrupção ocorrida na actividade deste espaço, entre Maio e Dezembro do ano passado.

 

Na altura, num momento convulsivo da temporada, comecei a escrever para que as Putas das Virgens Puras não encolhessem os ombros e viessem dizer que não viram, não ouviram e não sabem de nada. Era suposto ser uma trilogia, como qualquer obra que se quer credível, mas ficou inacabada (caso interessem, ficam as ligações para a Parte I e a Parte II).

 

Para a terminar, faltou uma história, contada parcialmente na primeira pessoa, que poderá contribuir para o enriquecimento cultural, dos que tiverem suficiente abertura de espírito para a compreender.

 

Na cidade de Faro cada um dos três maiores clubes nacionais tem a sua filial. O Sporting Clube Farense, o mais proeminente e mais representativo, como o próprio nome indica, é filial do Sporting Clube de Portugal. A filial do Futebol Clube do Porto é o Futebol Clube de São Luís, e a do outro clube, o Sport Faro e Benfica, que merece toda a minha consideração, e daí aqui constar o nome por completo.

 

O São Luís e o Faro e Benfica, como são vulgarmente denominados, são clubes de bairro, que não sei se alguma vez terão ido além dos campeonatos distritais, e se alguma relevância têm, será ao nível das camadas jovens e do desporto amador.

 

É claro que, dada a dimensão dos três clubes, a maior parte dos farenses, onde eu me incluo, tem uma dupla paixão, por um dos clubes de Lisboa ou do Porto, e simultaneamente, independentemente da sua preferência nacional, pelo SC Farense.

 

Após esta breve introdução, direi que em todos os anos que vi futebol no velhinho e hoje decrépito São Luís, sendo o mais imparcial que me é possível, nunca vi o SC Farense ser mais prejudicado contra um dos grandes do que com qualquer outro. Se alguma excepção houver, para pior, será talvez, precisamente em confrontos com a equipa da “casa-mãe”. 

 

Assim sendo, a bipolarização por e anti, descrita por António Boronha no seu blog, e que aqui reproduzi, do ponto de vista de um qualquer farense sem outras preocupações clubísticas que não o SC Farense, não tem mais motivo plausível para existir que, eventualmente o distanciamento geográfico entre Faro e o Porto.

 

A que, entrando na parte que tem que ver com os clubes, acresce o facto de, como o próprio Boronha admitiu já por diversas vezes, o Farense ter sido, no decurso dos seus mandatos, um dos clubes beneficiados, por exemplo, pela política de cedência de jogadores do FC Porto.

 

Tudo somado, torna-se difícil compreender o porquê de, em praticamente todas as vindas a terras do sul, os autocarros portistas serem sistematicamente apedrejados.

 

 

 

Estes comentários, retirados da caixa respectiva do blog acima mencionando, a propósito de mais um apedrejamento, ocorrido aquando de uma visita do FC Porto ao São Luís, poderão, em parte, ajudar a compreender o estado de espírito reinante nesses dias:

 

 

 

 

 

Caso não chegue, convirá ainda ter em conta que a maior claque do Farense chama -se “Southside Boys”, e ostenta por sigla um orgulhoso duplo “S”. Eu não teria tanto orgulho nisso, mas isso sou eu que sou esquisito em rfelação a certas coisas.

 

 

Conhecem alguma outra claque cujo nome termina em “Boys”, e em cujo símbolo constem também duas letras iguais, no caso invertidas?

 

Exacto, é essa mesmo. A tal que é ilegal, e que tem uma arrecadaçãozinha no Estádio da Lucy, onde se encontram coisas interessantes. E porque é que há esta similitude entre as designações destas duas claques?

 

Quem não as conheça, poderá dizer: “Olha que coincidência engraçada!”

 

Quem conhece os seus elementos, trata alguns por tu desde os tempos de escola, sabe bem o porquê, e tem tudo a ver, claro está, com aquele ou aqueles, que são os clubes do seu coração.

 

Por isso, há um pequeno pormenor que é omitido naqueles comentários, e que eu também presenciei no dia em questão. O autocarro do FC Porto foi perseguido e apedrejado até à saída da cidade, quem o perseguiu e apedrejou trajava as camisolas alvi-negras da claque do Farense, só que, por baixo destas a cor era outra.

 

Isto vi eu, não foi preciso que alguém me viesse relatar. Mais tarde, preocupados com as eventuais consequências da situação, apareceram outros sócios do Farense a falar do sucedido, e do facto de o clube ir arcar com as responsabilidades dos actos de uns quantos energúmenos. Como penso que veio a suceder.

 

Portanto, pregadores da moral, dos bons costumes, da verdade desportiva e quejandos, deixem-se de tretas. Os Bons não estão todos de um só lado, nem os Maus do outro.

 

Foi feio o que aconteceu no Dragão Caixa? Pois foi. Não há violência boa e violência má, apenas violência condenável? Também é verdade, assim como a violência não pode servir de álibi para mais uma rodada da dita.

 

Porém, “antros”, no dizer do autor do texto que despoletou este meu longo desabafo, como o Dragão Caixa, há-os por todo lado, basta que neles se reúnam umas quantas dúzias de grunhos, sem que faça grande destrinça entre os que provocam e os que respondem desporporcionada e despropositadamente.

 

Apenas separo os que assim agiram porque, verdadeiramente se sentiram ofendidos por um grunho, daqueles, se é que os houve, por exemplo, no caso do Dragão Caixa, que apenas tinham por motivação obstar a que um adversário recebesse um título na sua casa.  

 

Porque os grunhos, por muito que custe a alguns aceitar, são de todas as cores (clubísticas).

27 de Maio de 1987

27
Mai12

Há 25 anos atrás, nesta data, o ano lectivo estava a terminar. O 11.º ano não tinha corrido mal. Bem melhor que o 10.º, que fora um ano de transição. De escola, de ciclo de estudos, etc.…

 

A matemática continuava a ser o calcanhar de Aquiles. A Bobona Dentuça não dava tréguas, e os testes que fazia eram só para os crânios da turma. As explicações do Mestre Caniço ajudavam a desenrascar, mas a coisa permanecia colada a cuspo.

 

Éramos dois portistas na turma, eu e o João Paulo, e na outra turma de Contabilidade, havia o Nuno. Esta é que era uma grande inovação em relação ao Liceu e ao ciclo preparatório.

 

Porém, não haviam grandes discussões futebolísticas. O Nuno arrasava tudo e todos na turma dele, eu fazia a minha parte na minha. No fundo, quando o assunto era futebol, a dada altura a discussão descambava invariavelmente, para a gozação dos benfiquistas e sportinguistas, e o assunto morria por ali.

 

Só o Jorge, sportinguista e ceifado estupidamente tão cedo desta vida, é que tentava manter a coisa num plano de alguma seriedade. Ninguém o levava a sério, claro está.

 

O Carlinhos, outro sportinguista, e o Serginho Máfino, benfiquista e leitor andante do papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos até aos dias de hoje, discutiam entre eles, e normalmente, a coisa acabava com a mochila do Sérgio, nos costados do Carlinhos, e mais um ataque de asma deste último.

 

Na realidade, o que o pessoal gostava era de acção. Era de jogar futebol e basquete, e às vezes vólei, porque haviam umas quantas miúdas giras que davam uns toques, e não de ficar a discutir o assunto.

 

Ser portista no Algarve já não era tanto, ser visto como uma aberração, agora era mais uma excentricidade.

 

Contudo, tinha vantagens. E essas vantagens eram acrescidas quando se tinha, como eu, um pai que na altura trabalhava na TAP.

 

Trabalhar na TAP, entre outras benesses, significava ter contacto com colegas em Lisboa e no Porto. Ora, por aqueles dias, para um colega no Porto, saber que algures no Algarve, havia um colega que tinha um puto que era portista (“doente”, segundo a douta opinião do meu progenitor), devia ser um fartote.

 

Então, de vez em quando, lá vinha qualquer coisa alusiva ao FC Porto. Ele eram galhardetes, pisa-papéis, bilhetes de jogos antigos, enfim, uma parafernália de peças de merchandising, como agora se diz.

 

Vai daí, ainda me estava a refazer da emoção da conquista da Taça dos Campeões, e da maravilha daquele toque de calcanhar do Madjer, quando, no dia seguinte pela hora do almoço, o meu pai entra em casa com uma folha de papel na mão.

 

A folha é a que abaixo se reproduz, e o que contém são as assinaturas dos heróis de Viena, jogadores e equipa técnica, recolhidas no avião que fez a viagem de regresso. Algumas são perfeitamente identificáveis, outras, até hoje não sei de quem são.

 

  

Infelizmente, para mim, não é o original. Esse estará certamente na posse de algum dos ex-colegas do meu pai, provavelmente algum dos Dragões da TAP, e terá um valor incalculável. Esta, é uma mera reprodução, recebida via fax, e mal tratada pelo tempo, logo o valor que tem é apenas sentimental.

 

Ainda assim, não é pouco, e por isso decidi aqui reproduzi-la.

 

Quanto ao colega do meu pai nunca tive oportunidade de lhe agradecer, nem sequer lhe fixei o nome, por isso, queria aqui deixar-lhe expresso o meu agradecimento por esta e por todas as outras peças que me enviou, e dizer-lhe que o puto algarvio portista, doente ou não, continua e continuará portista.

 

Um quarto de século depois, (como o tempo voa!) fica assim feita a minha singela homenagem aos heróis de Viena, pela mão dos próprios. 

 

Somos Porto, Somos Campeões!

Somos Campeões, Somos Porto!

A louca cavalgada da cavalaria rusticana

25
Mai12

A coisa começou por aqui:

 

"Vieira é o pior presidente da história do Benfica", disse o José Veiga, após a derrota com o Sporting.

 

"Vieira colhe o que semeou" e, ele e Jesus estão a mais, acrescentou António Figueiredo.

 

O Gaspar Ramos, também aproveitou para molhar a sopa: "Continuidade de Jesus não é a melhor solução".

 

A seguir vieram as pinturas rupestres, dignas de ser classificadas de património arqueológico universal pela UNESCO.

 

 

Termina a Liga, e seguem-se as entrevistas. Um dos visados acima veio dizer que atingiu o limiar da sua competência, pelo que, por aplicação do Princípio de Peter, atingira o (seu) topo, para que é que quereria mais?

 

O António Carraça deu-lhe continuidade, dizendo que "mais vale sermos segundos, que ganhar com batota". Não se pode queixar. Na parte do “sermos segundos”, fizemos-lhe a vontadinha.

 

A parte da “batota”, foi o Director de Comunicação que a veio explicar, transformando-a em "tributo".

 

Seguiram-se mais uns quantos assalariados, na defesa da sua insigne entidade patronal. Artur Moraes, Rodrigo, e mais recentemente, o Matic, o mais desfasado da realidade de todos eles, ou o que mais dificuldades tem em expressar-se na língua de Camões.

 

Ainda falta dar direito de antena a uns quantos, até que o rol se finde, muito provavelmente, no mais desprezível e insignificante dos stewards, que circulam pelos túneis do Estádio da Lucy, ou seja, o único que não terá sido alvo das agressões do Hulk, do Sapunaru, do Helton, do Cristián, do Fucile, e da D. Gertrudes, que vende tremoços à porta do recinto, dito desportivo.

 

A reacção dos da “situação” não se fez esperar. Munidos de lata de tinta e trincha na mão, cá vai disto, e mais trabalho para a UNESCO.

 

 

[seria bom que alguém verificasse no próximo relatório de contas trimestral, se para além da existência de verbas para pagamento aos jogadores da União de Leiria, estão a ser registadas despesas com as latas de tinta e as trinchas]

 

Ontem, primeiro tivemos o José Eduardo Moniz - o tal que, quase que foi candidato opositor à presidência, mas que falou com o Vara, e acabou a trabalhar na sucursal angolana da Ongoing, a empresa dos aventais e dos espiões – a fazer a primeira parte do espectáculo, aquecendo as hostes para o número principal.

 

"O Benfica tem de deixar de ser gozado por Pinto da Costa". Sublime. Como se não bastassem as tristes figuras que fazem, e precisassem de alguém de fora para fazer-lhes isso!

 

A pièce de résistance haveria de chegar mais tarde. Qual Adelaide Ferreira, Luis Filipe Vieira, veio dizer que o papel principal era o dele.

 

Recapitulando. Num guião por demais conhecido de todos, primeiro foram ensaiadas as desculpas pelo insucesso, e agora segue-se o toque a reunir contra o inimigo comum habitual.

 

Mas será possível que ninguém contou a este ser néscio (obs.: parece que o dito, não gosta de ser apodado de “burro”, esse animal tão injustiçado e inteligente!), a história do menino e do lobo?

 

À primeira vez, passa. À segunda, ainda vá que não vá. À terceira, já ninguém o leva a sério, e vem mesmo o lobo. Será que acha que ainda o vão levar a sério desta vez?

 

Bem, quem quiser, que faça o favor de cair na esparrela. No entanto, a coisa parece ter surtido algum efeito. Até n’ “O Jogo”, menos dado a essas coisas. Há que conquistar audiências.

 

 

“Violento ataque a Pinto da Costa e ao FC Porto”, diziam ontem nas notícias. E não só. Violentíssimo ataque também aos juízes, que olham para o lado, e inclusivamente, ao papa, acusado de receber visitas de ladrões. Como se não lhe bastassem os problemas com a pedofilia!

 

A campanha está ao rubro lá para as bandas do Estádio da Lucy, e o acto eleitoral ainda é só daqui a uns cinco meses. O Luis tomou o seu comprimidinho azul (e branco, neste caso), e pôs-se em pé. Do que não se livra é da sensação de ejaculação precoce que deixou passar.

 

O vídeo que se segue, é um bom retrato do que foi, é e, muito naturalmente, irá ser o resto da campanha eleitoral.

 

Faltou um bocadão assim (actualizado às 22:50)

24
Mai12
 

Há muito tempo que não assistia a um jogo de basquetebol, ainda que pela televisão, quase na sua totalidade.

 

Ontem fi-lo, e em má hora, pois pude presenciar duas situações que, quase de certeza absoluta, raramente se terão visto até à data, e que dificilmente se tornarão a presenciar.

 

A primeira, uma equipa marcar apenas quatro pontos, no decurso de um dos quartos da partida (no caso, o segundo), e todos eles de lance livre.

 

A outra, uma equipa que, com 17 segundos para jogar (no último quarto), e a possibilidade de passar para a frente no marcador, numa reposição de bola pela linha lateral, sobre a linha de meio-campo, entrega a bola ao adversário.

 

Infelizmente, as duas ocorreram do nosso lado. E perdemos o campeonato nacional.

 

Só tinha tido a oportunidade de espreitar um dos jogos da série final, o de sábado passado, em que também fomos derrotados (querem lá ver que sou eu, que sou pé frio!). O que então me pareceu, e escrevi-o num comentário que fiz num texto anterior, foi que tínhamos entrado “fraquinhos e sem grande chispa”.

 

Quanto mim, foi o que se tornou a ver ontem. Não tenho a menor dúvida de que, na cabeça dos jogadores, o pensamento estava na vitória. A forma como recuperaram de onze pontos de desvantagem, até quase virar o jogo, é elucidativa.

 

Mas faltou ali, sempre qualquer coisa. Faltou acerto, é verdade. Às vezes, uma pontinha de sorte, também. Mas, fundamentalmente, faltou garra, faltou a capacidade para reagir, ou melhor, capacidade para reagir à Porto.

 

Os jogadores até iam acertando umas coisas, desde que não fossem triplos, e o Stempin, que até foi eleito MVP, lances livres, desde que de um em um. Só que depois, tornavam a recair na mesma maldita letargia. Pareciam amorfos.

 

Durante o intervalo, mostraram o Rolando a dar autógrafos na bancada, e pensei: “É isso! É isso que estes tipos parecem: uma trupe de Rolandos”.

 

Foi um estado de amorfidão generalizado, em que o único que a dada altura, no início do último quarto, pareceu querer escapulir-se, foi o miúdo Diogo Correia.

 

Colocado, pelo que percebi, de forma não muito usual, a primeiro base, teve duas boas iniciativas. Vai daí, ensaiou um triplo em cima do relógio dos segundos, que falhou, e foi recambiado de novo para o banco.

 

Mais a frio, e tendo em conta aquilo que se ouvia por aí, sobre salários em atraso nas modalidades (basquetebol, andebol e hóquei em patins), será que isso teve algum peso na postura dos jogadores?

 

Depois de ler, no Dragão até à morte, a entrevista do treinador do andebol, Obradovic, e de observar o seu comportamento no banco, e em várias entrevistas em directo, parece-me evidente que, a sua desenvoltura para lidar com uma situação daquela natureza, será razoavelmente diferente da que, pelo que é dado a ver, terão o Moncho López, apesar de ser, sem dúvida, um grande treinador, ou o Tó Neves.

 

Tudo somado, a dúvida com que fiquei foi: estiveram ou são “fraquinhos, e sem grande chispa”?
 
 

 

Uma nota final para o que se terá passado a seguir ao jogo. Não vi. Desliguei a televisão antes.

 

No entanto, ainda no decorrer do jogo, viram-se objectos a caírem dentro do campo, o que, aparentemente, terá motivado a entrada da polícia. Para além disso, não vi mais nada.

 

Mas todos conhecemos o Carlos Lisboa, e assim sendo, sabemos do que é/foi capaz. De bom, infelizmente, e de mau…

 

Por isso, e no que a ele diz respeito, não andaremos muito longe da verdade se pensarmos como confessou um dia o ex-árbitro Carlos Valente:

 

“Decidi acertadamente, por intuição, uma situação de jogo estando de costas para o lance”.

 

(comentário retirado daqui)

 


Actualização (2012.05.24, às 22:50):

 

Carlos Lisboa, no seu melhor:

 

 
E o que é que o indíviduo em questão, tem a dizer sobre o assunto:
 
"As pessoas têm de saber encaixar quando ganham e quando perdem. Ganhámos, ficámos contentes, fomos melhores nos momentos decisivos dos jogos e mais competentes. Agora, essas coisas...não vi imagens nenhumas. Não vejo o canal do FC Porto, nem leio o "site". Festejei como é normal...esse gesto, se calhar, era a explicar um bloqueio, não sei"
 
Bem, parece-me que não é preciso dizer mais. É suficientemente elucidativo do que é o sujeito em questão, e até da azia que lhe vai na alma. De tal maneira que, no momento de saboriar a vitória, até se lembrou dos célebres bloqueios do seu colega de clube. Deve ser um critério de selecção e recrutamento lé para aquelas bandas...
 
Oa meus parabéns ao Nuno Marçal pela compustura e pela coragem de ir sozinho falar com um tipo destes, ainda para mais, estando ele rodeado pela sua pandilha. Foi uma pena ter-se portado como o Senhor que é, e não lhe ter aviado, ali logo, um valente paposeco!

 

Sobre cadeirões e rabos

23
Mai12

Como todos pudemos constatar, fruto da ampla divulgação, que com o devido espavento, foi feita sobre a situação, dos oito semi-finalistas da Liga dos Campeões e da Liga Europa, cinco eram espanhóis.

 

Um tão elevado número de equipas, todas elas oriundas da mesma Liga, quererá dizer alguma coisa sobre a valia da competição em causa.

 

Ainda que dessas cinco equipas só duas tenham efectivamente almejado atingir a final, e para cúmulo, a da competição residual ou dos pobrezinhos, como se queira chamar, a Liga Europa.

 

Se tal era perfeitamente previsível, encontrando-se três equipas espanholas em competição, já na Champions, ter como finalistas o Chelsea e o Bayern de Munique, terá sido, para muitos, e para mim, inclusivamente, uma surpresa.

 

Mais surpreendente ainda, que o campeão europeu acabou por ser o Chelsea, sexto classificado da Premier League. Pior do que os “blues” a nível interno, só o Athletic de Bilbao, finalista vencido da Liga Europa, que terminou em 10.º lugar na Liga BBVA.

 

 

 

 

 

O seu adversário na final, o campeão da Liga Europa, Atlético de Madrid, foi 5.º classificado, e o finalista derrotado da Champions, o Bayern de Munique, foi a equipa que concluiu a competição interna melhor posicionado, 2.º lugar.

 

 

Pelo caminho, nas meias-finais, ficaram os primeiros, segundos e terceiros classificados em Espanha, e o quarto na caseira Liga Zon Sagres.

 

Na Liga dos Campeões, dos quatro semi-finalistas, os germânicos foram únicos que disputaram a última eliminatória com a sua situação interna resolvida, dando-se até ao luxo, de descansar jogadores na Bundesliga, a pensar no confronto da segunda mão com o Real Madrid.

 

O Chelsea, nunca perderia a posição em que estava no campeonato. Quanto muito poderia alcançar o quinto ou, com muita sorte, o quarto lugar.

 

Barcelona e Real Madrid, não só estavam em plena disputa do primeiro lugar na liga espanhola, como, para cúmulo, se defrontaram entre as duas mãos da semi-final.

 

Tudo isto para concluir o quê? Muito francamente nada de especial. Apenas para recordar algo que ouvi pela primeira vez ao Artur Jorge, numa entrevista sobre a conquista da Taça dos Campeões de 1987. Qualquer coisa como:

 

“Não tínhamos rabo para dois cadeirões daquele tamanho. O campeonato português estava perdido, por isso apostámos tudo na Taça dos Campeões”.

 

Aparentemente, quem primeiro havia proferido tal frase teria sido Bella Guttman, depois de se sagrar campeão europeu nos anos sessenta, e perder o campeonato português para o Sporting.

 

É interessante que no futebol, que tanto evoluiu nos seus aspectos físico-tácticos, da década de sessenta até aos nossos dias, algumas realidades permaneçam quase imutáveis, como que a querer provar à saciedade que ainda é um desporto praticado por seres humanos, e que a capacidade destes tem limites.

 

Há alguns que se esquecem disso, e depois vêm lamentar-se dos ovos que colocam a mais de um lado, deixando por isso, de os pôr no outro. Mas esses, ao mesmo tempo que, em inesperados rasgos de algo que se assemelha a inteligência, chegam a essa brilhante conclusão, logo num ápice deitam por terra as expectativas de encontrar vida inteligente no seu cérebro (ou verticalidade, na coluna, dita vertical), e caem no discurso do costume: “Os árbitros, os árbitros, os árbitros…”.

 

O último jogo do FC Porto do Artur Jorge antes de partir para Viena, e se tornar campeão europeu, pela primeira vez, foi contra o “meu” Sporting Clube Farense. Completam-se amanhã 25 anos.

  

Por interdição do velhinho São Luís (Não me lembro do motivo. Ainda pensei que tivesse sido por causa da garrafa de água na cabeça do baixinho Sepa Santos, mas isso afinal, foi na temporada seguinte), a partida foi disputada em Portimão.

 

Como naqueles tempos não podia deixar de ser, estive lá. Foi ver o Algarve, quase sempre desunido, uno do Sotavento ao Barlavento, mais do que a puxar pelo Farense, contra o FC Porto. O Algarve, salvo seja, antes, os adeptos dos clubes da capital.

 

 

O Farense ganhou por 1-0, com um golo do saudoso Paco Fortes, a um FC Porto, fraquinho, e com a cabeça já em Viena.

 

Um futuro campeão europeu sem o capitão João Pinto, sem o Celso, o Jaime Magalhães, o André, o Madjer e o Futre, que viriam a ser, todos eles, titulares contra o Bayern de Munique.

 

Foi um jogo fraquinho, com o Farense a apostar num futebol de contenção, com três trincos (Pires, Pereirinha – pai do actual jogador do Sporting, e o Orlando), e o FC Porto em contenção de esforços.

 

Sinceramente, não liguei muito às incidências da partida, tal a profusão e a violência dos muitos urros e apupos oriundos das bancadas. Recordo-me de pensar qualquer coisa como: “Ai, ai, espero que em Viena seja a sério, se não, grande baile vamos levar!”

 

Enganei-me. E enganei-me redondamente, como se comprovou três dias depois. E ainda bem.

 

Lembro-me de ficar impressionado com um jogador – o Walter Casagrande. Como é que aquele tipo, de ar (ar?!) ganzado e pernas de bailarina chegou ao escrete? Enfim, o Waldir Peres e o Serginho, também lá foram, não é?

 

Esta filosofia dos rabos e dos cadeirões também ajuda a explicar, em parte, a nossa época, que findou.

 

Uma vez conquistada a Supertaça, também, mal seria se o não fosse, o objectivo prioritário passou a ser a Liga. Concentrámo-nos nela com todas as nossas forças, e conquistámo-la. Os outros, andaram por aí a espalhar ovos, e depois queixam-se.

 

Tudo isto, uma vez mais, não é nada de novo, mas permitam-me concluir, enaltecendo o FC Porto do André Villas Boas, e o próprio André, pois não há dúvida que, nos últimos tempos, foi a equipa com o maior traseiro que vi.

 

 

 

 


Nota: Nos últimos dois textos utilizei nos títulos as palavras “cú” e “rabo”. Isto começa a parecer uma fixação. Em textos futuros, vou tentar dedicar-me a outras extremidades do corpo humano.

 

Nota2: Falando nisso, hoje há a negra da final da Liga de basquetebol (que se joga com as mãos, como sabem) no Dragão Caixa. Para quem não vai poder lá ir (como eu), é às 20:30, com transmissão em directo pelo Porto Canal.

O ovo no cú da galinha e a Taça na vitrina da Académica

22
Mai12

 

Seria hipócrita da minha parte se dissesse que a vitória do Sporting, na final da Taça de Portugal, me deixaria mais feliz que o triunfo da Académica.

 

E isso nem teria que ver com o facto de, vencendo, o Sporting nos alcançar em número de títulos da Taça de Portugal. Haverá de ser um dia de frio no Inferno, quando me preocupar que o número de títulos que tal equipa conquiste, se equipare aos nossos.

 

Também não foi pela mísera consolação de ver ganhar o clube que nos atirou pela borda fora da prova em questão.

 

Nada disso. Ou em parte até seria por este último motivo. Mas só porque seria assim, uma espécie de desforra particular em relação a algumas melancias, que quando fomos eliminados, se divertiram a gozar o prato.

 

Aos sportinguistas a sério, por esses, que conheço vários, e com os quais sinto uma réstia de empatia, sinto alguma pena de não terem conseguido o troféu, só para os ver felizes.

 

É engraçado como os estados de espírito de uns e outros, era bastante diferente antes do encontro iniciar. Para os melancias a vitória era um dado adquirido, quase um mero pró-forma. Os outros, a partir do momento em que foi nomeado o Paulo Baptista, recordaram a solidariedade do alentejano com o João “pode vir o João” Ferreira, e começaram a por travões à euforia.

 

No fim de contas, até parece que o Paulo Baptista não terá tido grande influência no desfecho da partida. Se, até como diz o Sá Socos, a derrota resultou de um “detalhe”…aos quatro minutos de jogo.

 

Para dizer a verdade, cada vez me agrada mais o Sá. A mim, e pelos vistos, aos sportinguistas e aos melancias.

 

A equipa perde. O homem vai à conferência de imprensa, diz umas quantas verdades incontornáveis, do tipo, “o Sporting não pode perder com a Académica de Coimbra de maneira nenhuma”, ou “não fomos o Sporting que temos sido, aquele que eu [me] orgulhava de liderar”. Enfim, coisas bonitas e que calam fundo junto dos adeptos do clube.

 

Ou então, coisas com uma profundidade de espírito espantosa, como [h]ouve alguma apatia no subconsciente, porque no consciente eles queriam ganhar”. A melanciada fica derretida, e aplaude.

 

Vem o próximo jogo. Nova derrota. Mais umas quantas tiradas ao nível das anteriores, e temos de novo a malta a aplaudir, de lágrima no canto do olho. Novo jogo, nova derrota, e mais umas quantas pérolas de inspiração. Sim, dá mesmo gosto ouvir este Sá Socos, em versão hari krishna.

 

Também foi interessante ver que, para além dos melancias, outros houve que bradavam: “Ó inclemência, ó martírio, que a Académica safou-se da descida na última jornada, e agora, pasme-se, até vai à Liga Europa, à pala do Sporting, está visto”.

 

Pois é. Os de Coimbra tinham lugar assegurado apenas pelo simples facto de defrontarem os leões na final da Taça. Na qualidade simbólica de derrotados, obviamente. Da mesma maneira que foram às competições europeias outros clubes, como o Leixões, e outros por certo, de que não me recordo.

 

Agora com a Académica, lembraram-se de ficar chocados. Pronto, assim já ficam descansadinhos. Desta feita, a Briosa vai lá na qualidade de titular do troféu. E, ao que parece, vai diretamente para a fase de grupos, enquanto o seu rival ainda vai para o play-off, ou lá o que é. Boa. É a velha estória de contar com o ovo no cú da galinha, e sair merda.

 

Consta que não é só no futebol que isto acontece. Como, de qualquer maneira, nunca conseguiria (tele)visionar em directo a quarta partida do play-off do campeonato nacional de basquetebol, quando soube do resultado (74-65, a nosso favor), fiz uma tentativa desesperada para a (re)ver em diferido.

 

Por falta de alternativa, tive que ir zappando até à …icaTv, aparentemente a única coisa, aproximada de uma tv, que transmitiu em directo o desafio. E lá estava: repetição anunciada para as 21, e qualquer coisa.

 

“Porreiro”, pensei. “Vou ver o jogo, e ainda gozar com as caras de enterro dos gajos dos comentários”.

 

Qual quê! Ao contrário do anunciado, estavam a dar uma repetição, sim senhor, mas do jogo da Liga Zon Sagres, entre os donos do canal e o finalista vencido da Taça de Portugal!

 

 

Para ontem (segunda-feira), estava anunciado um jogo de basquetebol às 21:54. Julguei que fosse o último, ou seja, o de domingo. Qual quê, outra vez? Transmitiram o jogo de sábado, em que ganharam por um ponto (67-66).

 

“O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Para quê mostrar as derrotas, quando se tem uma vitória aqui à mão de semear?

 

O que interessa é que o próximo jogo, salvo erro, é o decisivo, e joga-se no Dragão Caixa. Digo “salvo erro”, porque esta questão suscitou algumas dúvidas no Reflexão Portista.

 

Por cá, não há muito a tradição americana de disputar séries de play-offs à melhor de sete jogos. Foi assim na temporada 2010-2011, e fomos campeões. Agora, ter-se-á alterado o modelo. Começa a parecer-se com o hóquei em patins, em que à medida que íamos conquistando títulos, se ia modificando o modelo de prova, até que, por fim, dez títulos depois, ter-se-ão cansado.

 

Deduzo por isso, que se tratará de uma final à melhor de cinco, ou por outras palavras, até um dos contendores atingir três vitórias, o que acontecerá necessariamente na próxima quarta-feira. Há que ter cuidado, porém, pois nesta final já perdemos em casa (80-82, no segundo jogo). Ainda assim, tudo se prefigura para mais um camião de t-shirts irem acabar em panos do pó.

 

Com um melão considerável devem ter ficado os nossos amigos bávaros. Aquela derrota caseira contra o Chelsea, não veio nada a calhar. A eles, porque a nós, enquanto selecção portuguesa, até pode ter sido um favor.

  

Diz o Beckenbauer que os jogadores do Bayern estão deprimidos, e ainda são uns oito na selecção do Joachim Löw.

 

Não nutro nenhuma simpatia especial pelo Chelsea, contudo, desde os tempos do Vialli, do Gullitt e do Zola, que acho alguma piada àquele clube. Por outro lado, desde o Hamburgo dos finais dos anos 70/inícios dos 80, que o futebol alemão não me diz grande coisa. No entanto, como poderei ficar indiferente à tragédia do finalista derrotado de Viena?

 

E à tristeza do Schweinsteiger no final da partida? Coitado do rapaz.

 

 

 

Para variar um bocadinho de toda esta maré de tristezas, e portanto, completamente fora da ordem do texto, estão de parabéns os nossos sub-17, treinados pelo Nuno Capucho, que ontem vi no Porto Canal, e cujo discurso me deixou francamente impressionado pela positiva.

 

 

Vi o final da primeira parte do jogo contra o Vitória de Guimarães, que terminou, salvo erro, com 0-2, e os vinte minutos iniciais da segunda. Achei particularmente interessante o comentário ao intervalo de um miúdo, para aí dos seus quinze anitos, que resumiu tudo: “O Porto está em cima, eles foram lá a baixo duas vezes, e marcaram dois golos”.

 

E era isso mesmo. Como se viu na segunda parte, ficou espelhado no resultado final de 5-2.

 

Ouvi dizer, que seria a equipa das camadas jovens em que menos se apostava para chegar ao título, mas pareceu-me que há ali matéria-prima.

 

Gostei do lateral-esquerdo, Rafa. Boas iniciativas a subir pelo flanco, e seguro a defender, ainda que o Vitória pouco se tenha afoito no ataque, naquilo que vi do desafio.

 

Também me agradou o extremo-direito, Raul. Para além da carga afectiva, que para mim o nome carrega, esteve bastante bem a desmarcar-se e na recepção e domínio da bola.

 

Mostraram personalidade, sabendo jogar sem precipitações, e com umas variações de flanco (no sentido esquerda-direita, principalmente), com bastante a propósito.

 

Parabéns rapazes, parabéns Capucho!

Porto 1987-2012 : 25 Anos nos topo do Mundo

21
Mai12

PORTO 1987-2012 : 25 ANOS NO TOPO DO MUNDO é o título do livro que vai ser apresentado na Avenida nos Aliados, mais exactamente no Café Guarany, no Domingo, dia 27 de Maio, pelas 18.30 h.

 

No dia 27 de Maio de 2012, cumprem-se 25 anos sobre a mítica conquista da Taça dos Campeões Europeus, que marcou o início do longo ciclo de triunfos nacionais e internacionais do Porto.

 
É exactamente esta «era dourada do Dragão» que este livro retrata e celebra. Mas de uma maneira peculiar: por uma vez, são os adeptos que «mandam» no jogo e contam a história maravilhosa de 25 anos do Porto entre os melhores clubes do mundo.
 
Fazem-no através de crónicas pessoais – plenas de memórias, afectos, emoções – centradas em 25 jogos memoráveis deste quarto de século portista, expondo formas muito diversas de viver o clube, sua história, cultura e identidade.
 

O livro vai ser distribuído nas bancas com o Jornal de Notícias de domingo dia 27 Maio (8.50 euros + o jornal).

 

Participam neste livro ilustríssimos portistas como por exemplo, Miguel Guedes, Rui Moreira, Álvaro Costa, Álvaro Magalhães, Jorge Manuel Lopes, Miguel Carvalho, Ricardo Alexandre, Carlos Tê, Helder Pacheco, entre muitos outros portistas, cerca de 30.

 

 

  

(recebido por e-mail, uma vez mais, com os meus agradecimentos ao João Coelho, que fez o favor de divulgar o evento, e o link para a página no Facebook

 http://www.facebook.com/Porto25anosnotopodomundo)

A Taça das segundas figuras

18
Mai12
Taça de Portugal sem o FC Porto não é a mesma coisa. Logo numa edição da prova em o Sporting nos pode igualar em número de troféus (16), o que é que se vê?
O árbitro? Paulo Baptista. Mais secundário só se fosse o Bruno Esteves ou o Hugo Pacheco. Se calhar não estavam disponíveis...
Até o Presidente da República resolveu aproveitar para dar uma saltada a Timor, fazendo-se representar pela Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. É irónico, logo uma portista a entregar a Taça.
Deviam era apanhar com a Manuela Ferreira Leite, como o nosso capitão João Pinto, naquela final em que choveram pedras.
Pobre Taça de Portugal, ao que chegaste!
Estou com o Domingos Paciência, "Taça?! É para quem a vai jogar!". Resta-me torcer pelo Pedro Emanuel, e esperar que a meteorologia se engane na previsão. Pode ser que dê para ir à praia, e depois petiscar uns caracóizitos, acompanhados de umas bejecas fresquinhas.

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