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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Pedimos desculpa pelo incómodo...

18
Set12

 

... não prometemos, mas tentaremos ser breves!

 

Meus Caros e Minhas Caras,

 

Por motivos vários, mas principalmente, do foro profissional, não me vai ser possível, por uns tempos, dar continuidade à publicação de textos neste espaço.

 

Para aqueles que são fregueses habituais do estabelecimento, aqui ficam as minhas desculpas pelo incómodo que eventualmente lhes poderei infligir. Não é nada que umas sessõezitas de psicanálise não resolva.

 

Aos recém chegados, bem feita. Deviam ter vindo mais cedo!

 

Como disse acima, tentarei ser breve, e retomar a actividade o mais depressa possível.

 

OBRIGADO A TODOS!

 

 

 

Porque perguntar, em princípio, não ofende…

10
Set12

“É público que o FC Porto conseguiu encaixar cerca de 450 milhões de euros, com as suas melhores 20 transferências (para além disso, só o FC Porto conseguiria encaixar cerca de 10 milhões de euros, em 2003 (!), pela venda de Postiga ao Tottenham!). Isso contribuiu, e muito justamente, para afectar positivamente à imagem do clube do Dragão uma aura de intocável capacidade de negociação. Agora que os contornos da transferência de Hulk estão a ser discutidos na praça pública (o que vai fazer a CMVM perante declarações não coincidentes produzidas pelas partes interessadas?!...) e sobretudo perante a inevitável decepção em torno dos números, muito distantes dos 100 milhões, talvez estejamos perante a queda de um mito: com efeito, o FC Porto, ao longo dos tempos, vendeu muito e bem.


A verdade é que, não obstante essas vendas e o produto das receitas de qualificações sucessivas para a Champions, o passivo anda na ordem dos 200 milhões de euros. Nestas condições, podemos falar em boa gestão? Afinal a ‘boa gestão’, que vem sendo dada como um dado adquirido na opinião publicada, não será apenas um ‘módulo de propaganda’ e dar como certo algo que não está plasmado nas contas? Não teria o FC Porto a obrigação, num quadro de encaixes tão significativos, e com esta capacidade de realizar transferências de indiscutível impacto financeiro, de apresentar contas equilibradas? Com tantas receitas, não estará o FC Porto a gastar mais do que pode? Sem oposição externa e interna, este é um assunto condenado a não dar discussão”

 

“Ouvi muitas coisas nestes últimos meses sobre a situação financeira do nosso clube. Como não sei de ciência certa não me vou alargar. Confesso apenas uma incompreensão e deixo um desejo. O Porto só nos dois últimos anos fez vendas de mais de cem milhões de euros. Como é possível estar a viver dificuldades? O meu desejo é que não se desbaratem estes 40 ou 50 milhões mais os do Guarin e do Pereira. Como podem perceber, não peço muito”.

 

Vendo as coisas pelo prisma utilizado nestes três parágrafos, o concurso de medição de pilinhas sobre os valores das transferências do Hulk e do Witsel, a discussão sobre quem arcou ou vai arcar com a solidariedade e os empresários, ou sobre quem esperou por quem para dar o(s) negócio(s) por consumado(s), ficam um bocado em perspectiva.

 

É a velha questão da árvore e da floresta.

 

Os dois primeiros parágrafos são da autoria daquele, que por esta altura já devem ter percebido, é um dos meus amores de perdição, Rui Santos.

 

Há que dar-lhe por isso um desconto. Nem chega bem a ser uma ejaculação precoce. Assemelha-se mais a um daqueles desejos formulados quando se apagam as velas todas do bolo de aniversário.

 

Não é por o Rui o querer ou desejar, que estaremos como com propriedade, diz à cautela, “talvez”, e sublinha-se, aviva-se e põe-se em itálico, o talvez, “perante a queda de um mito”. Resta-lhe pois engolir em seco, e seguir para diante, escrevendo textos como aqueles que habitualmente nos dedica.

 

O último parágrafo é para mim mais preocupante. Pelo conteúdo, e por ser um portista acima de qualquer suspeita, Pedro Marques Lopes, quem partilha quase estereofonicamente a preocupação do Rui Santos.

 

 

 

 

Obviamente que as motivações e as apreensões de um e outro, são inquestionável e necessariamente diferentes, mas a questão fulcral é a mesma.

 

Como muito bem escreve o Jorge, a filosofia de compra/valoriza/vende que tem sido pivotal na capacidade negocial no mercado de transferências e na manutenção de plantéis competitivos”.

  

Pivotal, de acordo. Porém, será mesmo imprescindível? Não em termos abstractos, mas tomando como exemplo este caso concreto do Hulk, haveria mesmo a necessidade imperiosa de vender, agora e pelo preço a que se realizou a transação, seja ele qual fôr?

 

Tem-nos sido dito que sim. A maior parte dos sócios e adeptos acredita que sim. Muito sinceramente, também me parece o mesmo. Mas afinal, qual o impacto da transferência do Hulk nas contas da nossa SAD?

 

Desta vez, o argumento mais abundantemente empregue para justificar o estado de necessidade, foi o pagamento do empréstimo obrigacionista de 18 milhões, que vence até ao final no corrente ano.

 

Será isso? Se foi por 18 milhões, então as vendas do Álvaro Pereira, do Guarín e do Belluschi, resolviam a questão, e ainda sobravam uns trocados.

 

Indo ao Relatório de Contas Consolidado do 3.º trimestre – 2011/2012 (pág. 14), retiramos que o passivo da SAD ascendia, àquela data, a 214.171.035 euros, dos quais € 167.533.480, classificados no passivo corrente.

 

Por seu turno, o activo corrente é apenas de € 52.683.659. Portanto, sejam 40 milhões, 31 milhões, ou qualquer outro valor intermédio ou abaixo daqueles dois, o desequilíbrio era de tal sorte, que não é a venda do Hulk que vai equilibrar as contas.

 

Que ajuda, é inquestionável, mas daí até se concluir, neste momento e pelo montante que seja, pela sua imprescindibilidade, é outra história. É um daqueles casos que alivia, mas não cura.

 

Se estivéssemos a fazer um puzzle, a parcela onde aquele montante mais facilmente encaixaria seria nos custos com pessoal – 31 milhões e meio de euros no trimestre.

 

É bem certo que, a ser verdade o que se diz quanto à duplicação do ordenado do jogador, a partir de Setembro, a poupança andará por volta dos 9 milhões de euros. Ou seja, feitas as contas, o que o Zenit despendeu pagará qualquer coisa como um trimestre de encargos com salários e afins. Ficam a faltar outros três.

 

Para quem não gosta de números e contas, vamos tentar analisar a coisa por outra via.

 

Peguemos nas transferências mais vultuosas de há três épocas a esta parte. Comecemos pelas do Bruno Alves e do Raúl Meireles. Sem olhar para as somas envolvidas, era por demais evidente que ambos estavam por cá descontentes.

 

O papá do Bruno Alves não se calava, e o Raúl Meireles, que não ia além dos 70 minutos por jogo, foi para Inglaterra correr que nem um galgo atrás do coelho.

 

A seguir veio a do Falcao. Segundo reza o relatório de contas, a sua transferência deu azo a uma mais-valia de 20.170.000 €. Independentemente disso, todos sabemos que se tratou de uma shotgun sale, tendo em conta a ambição do jogador em mudar de ares.

 

Ainda assim, mesmo partindo de uma posição negocial menos vantajosa, a sua saída poderá vir a revelar-se mais rentável que a do Hulk.

 

Tanto quanto consta, não terá sido por vontade expressa deste último que se operou a mudança para Sampetesburgo. O próprio afirmou que não estava à espera de ser transferido, antes contava ficar entre nós e festejar o tricampeonato

 

Nesse particular, esta movimetação teve mais similaridade com a saída do Lucho Gonzalez, que com qualquer uma das atrás mencionadas.

 

 

Assim sendo, volto à questão fundamental: a venda do Hulk, neste momento e por qualquer que seja o valor, era efectivamente imprescindível ou vem resolver definitivamente alguma coisa, do ponto de vista financeiro?

 

Desportivamente, o timing da sua venda, quando o mercado português se encontrava encerrado, não permitiu acrescentar ao plantel um substituto de que se diga poder preencher directamente a sua lacuna.

 

Resta a prata da casa. Era essa a intenção? A sua saída (ou a do João Moutinho, por hipótese), sendo inevitável e impreterível, dentro daquela que é a lógica de gestão do clube, foi atempadamente acautelada pelas entradas do Iturbe, do Atsu ou do Kelvin? É isso? Ou serão o James ou o Varela que o vão substituir?

 

Pela parte que me toca admito que fiquei surpreendido com a saída do Hulk, e confesso a minha frustração. Sendo certo que era algo que mais tarde ou mais cedo acabaria por acontecer, sempre acreditei que enquanto fosse possível se faria por ir protelando o inevitável.

 

Foi como regressar aos tempos da escola e adiar o início do estudo para o exame de Estatística, “só mais este jogo! Estou a ganhar ao Torquay, e a seguir só falta o Scunthorpe!” – meu rico Football Manager! Bons tempos -, ou o pendurar a porcaria do candeeiro da sala de jantar, que depois de demorar nove anos para ser comprado, convinha que ficasse pendurado vinte minutos antes de chegarem os convidados para o jantar.

 

Enfim, a vida é mesmo assim, e faz-se por ela. A que preço? Logo se vê.

Breve resenha das grandes vitórias da época 2012/2013

06
Set12

Esta, como o próprio título indica, é apenas uma breve resenha, porquanto com o que levamos de época – 4 jogos oficiais – não há ainda muito a registar.

 

No entanto, há um clube que, muito claramente, se distancia dos seus rivais. Ora senão, reparem:

 

Clube mais grande do Mundo dos arredores de Carnide:

 

 - aprovação pela Assembleia da República a criação do Tribunal Arbitral do Desporto, apenas com os votos do Partido Socialista, e a abstenção dos demais partidos.

 

Talvez não se recordem, mas a ideia da criação deste Tribunal, surgiu muito por força da necessidade de se evitarem decisões contraditórias entre os Conselhos de Disciplina da Liga de clubes e de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, como, por exemplo, no caso do Hulk e do Sapunaru.

 

O Governo da altura, do Partido Socialista, entendeu por bem criar uma comissão para a para justiça desportiva, que se dedicasse ao estudo de alternativas susceptíveis de “promover uma adequada conexão entre a Justiça e o Desporto”, podendo “conduzir à criação de um tribunal desportivo”.

 

Por mera coincidência, era na altura Secretário de Estado da Justiça, João Correia, o conhecido causídico benfiquista que patrocinou a derrota do seu clube e do Vitória de Guimarães, na tentativa de excluir o FC Porto da Champions.

 

Quem esteve para fazer parte desta comissão, foi o nosso conhecido Ricardo Costa, acabado de terminar o seu mandato na Comissão de Disciplina da Liga, mas cujo nome foi vetado, sabe-se lá porquê, por Laurentino Dias. Demasiada bandeira?

 

Enfim, o Tribunal aí está, um tanto ou quanto a destempo, e vai funcionar sob a égide do Comité Olímpico.

 

Uma vitória, sem dúvida;

 

- a Eusébio Cup;

 

 

 

 

- a agressão do Mona Lisa ao árbitro alemão, ainda por punir.

 

Quando nos lembramos que o Hulk e o Sapunaru, por algo que apenas alguns viram, foram suspensos preventivamente, e agora, perante qualquer coisa que, apenas alguns não querem ver, não há suspensão, é uma vitória, sem dúvida.

 

Quando notamos que o Ricardo Costa não lhe aplicou um sumaríssimo, aquando da agressão ao jogador do Nacional da Madeira, na Taça Lucílio, porque o Olegário Benquerença o havia apenas amarelado, e agora, com o cartão a ficar quedo na mão do árbitro, também ele caído por terra, sem qualquer admoestação que se conheça, nem sombra de sumaríssimo, é uma vitória, sem qualquer margem para dúvida;

 

- o castigo de 15 dias aplicado ao tratador de cavalos, que por um incrível acaso do destino, termina mesmo antes do próximo jogo da sua equipa.

  

 

 

Uma vitória esperada, ainda assim uma vitória digna de registo;

 

F.C. Porto:

 

- o Troféu Pedro Pauleta;

 

 

 

 

- a Supertaça Cândido de Oliveira;

 

 

 

Uma vitória, sofrida, mas sempre uma vitória. A quarta consecutiva;

 

- Pinto da Costa ilibado de branqueamento e crimes fiscais;

 

Aqui não é tanto uma vitória nossa, mas mais uma derrota da Dr.ª Maria José Morgado. Mais uma entre tantas.

 

Como também se ganha por demérito do adversário, é sempre uma vitória.

 

S.C. Braga:

 

- acesso à fase de grupos da Champions League;

 

 

 

Por este breve resumo pode-se facilmente constatar que há um clube que supera claramente os demais.

 

A nós, do ponto de vista desportivo, as coisas não nos têm corrido mal. O Eusébio e o Pauleta foram dois grandes avançados, cada um na sua época, mas é sempre meritória uma vitória nos troféus que os homenageiam, ainda que o Santa Clara não seja o Real Madrid, acabadinho de chegar de férias. E temos a Supertaça.

 

Na área da justiça, propriamente dita, também não estamos mal, como é, de resto, nosso apanágio.

 

O pior é mesmo na justiça desportiva, onde o nosso mais directo oponente triunfa por 3-0. Por coincidência ou não, o equivalente ao resultado convencionado para as faltas de comparência.

 

Sintomático.

Wtf?!

05
Set12

 

Mas afinal o que é que se passa neste amontoado de folhas de papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos?

 

Está tudo doido, ou quê? É que não tarda nada, nem para os fundos das gaiolas isto vai servir, porque os pobres dos bichos ainda podem ficar afectados com as tintas, ou o que quer que seja que empesta o sítio onde produzem esta coisa.

 

Foi impressão minha, ou aqui há coisa de uns dois ou três dias, no mesmo papel infecto a capa era esta:

 

Então como é que é?

 

Primeiro é “Quem diria que Witsel e Hulk iriam render o mesmo?” “Iguais em milhões”.

 

Conforme consta no próprio comunicado à Comissão de Mercado de valores Mobiliários (CMVM), no caso do rapaz de vermelho, ter-se-á tratado de uma alienação “a título definitivo [d]a totalidade dos direitos desportivos e económicos do atleta Axel Witsel ao Football Club Zenit, pelo montante líquido de euro 40.000.000 (quarenta milhões de euros), valor da cláusula de rescisão”.

 

Ou seja, algo que se assemelha a um hostile take over. Bateram o contado e levaram o palhaço. Não há cá comissões, percentagens para empresários, fundos de garantia, mecanismos de solidariedade, direitos de formação, e todas essas tretas.

 

E ficaram muito contentes, porque afinal o rapaz valia tanto como o Hulk.

 

No entanto, o Jornal de Notícias, teve uma visão substancialmente diferente, quiçá uma miragem, que inclui 8 M, para um investidor, 4 M, de comissão de intermediação e 2 M, a confirmar, para o fundo de solidariedade.

 

 

Agora, ficam todos contentinhos das suas tristes vidinhas, porque o Zenit, por certo tão somente para satisfazer a ansiedade de quem escreveu aquele título, terá vindo dizer que pagou apenas 40 M pelo Hulk, o que significará apenas quatro coisas:

 

- que investidor, detentor dos restantes 15% dos direitos económicos não vendeu o seu quinhão, o que é perfeitamente legitimo, embora um tanto ou quanto estúpido;

 

- que o FC Porto mentiu à CMVM, pois os russos não vão suportar o pagamento ao tal fundo de solidariedade;

 

- que aos 40 M, haverá a abater 4 M, e não 6 M, da comissão do agente (10% do valor da venda, que assim passa a ser de 40 M, em vez de 60 M), mais os 3 M do fundo de solidariedade, e os 2 M de prémios ao jogador;

 

- fazendo as contas, o resultado líquido da operação teria ficado pelos 31 M de euros, no lugar dos 40 M anunciados.

 

Portanto, bem vistas as coisas, o negócio do rapaz de vermelho revelou-se mais rentável em 9 M, que o do Hulk. Onde é que estão as parangonas desfraldadas a apregoar isso?

 

Ainda não as vi. Porque é que ao repto lançado pela SAD do nosso clube, muito directo e entendível até a tanto lobotomizado que por aí vagueia, de que sejam divulgados pelo clube vencedor desta espécie de concurso de medição de pilinhas de miúdos da primária, os valores globais envolvidos na transferência, veio um palerma encartado qualquer, refugiar-se na resposta do Zenit e acrescentar mais uma série de banalidades, numa na tentativa clara de interliga-las a não se sabe muito bem o quê?

 

Se os 40 M recebidos pela venda do Rallo, são “líquidos”, onde é que ficou a parte sólida? Marchou com a descarga do autoclismo?

 

Melhor ainda, se os 40 M são “líquidos”, e correspondem à cláusula de rescisão (vide comunicado à CMVM), querem que acreditemos que os russos, que pagaram a cláusula de rescisão integral, e no nosso caso, nem sequer se dignam a suportar o “mecanismo de solidariedade”, ainda vão ser beneméritos ao ponto de arcar com a parte sólida?

 

Era estranho, não era?

 

Quem mente, ou quem mentiu à CMVM, e qual a mentira mais grave: a do FC Porto, que faz um negócio de 31 M líquidos, e declara à CMVM, 40 M, ou de quem declara 40 M líquidos, num negócio cujo valor total se desconhece?

 

O negócio do Witsel, assim à primeira vista, parece ter potencial para ser muito superior ao do Hulk e, sabe-se lá, um dos melhores negócios da época. Ainda melhor do que o pintam.

 

Porque é que, desta vez, aqueles que tanto se ufanam de estar sempre na vanguarda, de serem os mais grandes, de fazerem os melhores e maiores negócios, ficam satisfeitos em serem iguais ou apenas em ultrapassar pela direita?

 

É estranha esta humildade, este comedimento. Muito estranho. 

Mercado: o papão irracional

03
Set12

A visão do “mercado”, que me transmitiram quando estudei (ou a que consegui apreender, quiçá por ser a mais redutora e simplista), é que este era apenas e só o ponto de encontro entre vendedores e compradores.

 

Agindo o mais racionalmente possível, de modo a maximizarem a satisfação das suas necessidades, uns procuram comprar a maior quantidade possível e/ou a melhor qualidade, ao preço mais baixo que lhes aceitarem, e os outros, vender a maior quantidade possível, ao preço mais elevado que queiram pagar-lhes.

 

Esporadicamente, os que vendem partilham com os compradores alguma da sua preocupação com a qualidade.

 

No fundo, é isto. Outros enviesamentos poderão eventualmente acontecer por força de factores de distorção artificialmente introduzidos mas na prática, continuo a pensa que se resume a pouco mais que isto.

 

Depois, entram em cena a procura e a oferta. Quando aquela sobe, aumentam os preços, quando faz o percurso contrário, descem. E vice-versa em relação à oferta.

 

Por isso, há certas movimentações do “mercado” de transferências que me são particularmente difíceis de entender, senão as tomar por conta destes factores de distorção.

 

Três exemplos:

 

 

O interesse do Zenit no João Moutinho. Depois do Conselho de Administração do Zenit de Sampetesburgo ter vetado o pagamento de 50 milhões de euros pelo Hulk, ou o FC Porto ter recusado uma oferta daquele clube, por aquele montante pelo jogador, consoante os pontos de vista, foi noticiado que o clube em questão afinal, se virara para João Moutinho.

 

Tudo isto passado entre os dias 28 e 30 de Agosto, e portanto, a um dia do fecho da grande parte dos mercados europeus mais relevantes. As excepções serão os mercados francês, turco e, espantosamente, o russo.

 

Pelo que então se pôde ler, a oferta do Zenit pelo médio português ascendeu a 26 milhões de euros, quando a sua cláusula de rescisão é na ordem dos 40 milhões. O Tottenham chegou aos 27 milhões, e segundo consta, terá ficado a meras irregularidades processuais de consumar a contratação.

 

Concordo com o Vítor Pereira, quando diz que não haverá por esse Mundo futebolístico treinador que, dispondo o seu clube de arcaboiço financeiro para tanto, não queira dispor nas suas fileiras de Hulk e João Moutinho, ou apenas um deles.

 

O Spalleti, com certeza não será diferente. O que eu não percebo é a fixação do Zenit nos jogadores do FC Porto.

 

O Hulk e o João Moutinho actuam em posições bastante diferentes, por isso, só vejo duas hipóteses: ou os russos estavam (estão?) necessitados de jogadores para ambos os lugares, ou far-nos-ão em estado de tal carestia financeira, que depois da primeira nega, alimentavam esperanças de levar o segundo a preço de saldo.

 

Quanto às necessidades do lado deles, não faço a menor ideia. Sobre as nossas, aparentemente não serão tão prementes como tudo isso. Apesar das poucas vendas que fizemos, algumas, as melhores por coincidência, de faca ao pescoço, e os ajustamentos introduzidos no plantel, ainda assim, parece que fomos os que conseguimos o maior lucro.

 

Porque carga d’água é que o Zenit tanto insiste na nossa tecla? E mais ainda, porque é que um clube de um País onde o mercado de transferências ainda está aberto, entra em concorrência com um Tottenham, pelo João Moutinho?

 

Se era com o nosso desespero que contavam, então mais valia esperar pelo encerramento dos restantes mercados com alguma projecção, e aí sim, avançar com uma qualquer oferta.

 

Quem está desesperado por vender, se não tem mercado, não lhe resta alternativa senão baixar o preço. Serão estes russos burros ao ponto de desperdiçar uma vantagem competitiva destas? – à atenção de monsieur Platini, o fairplay financeiro também passa por aqui!

 

Porém, constata-se que, ao passo que os seus conterrâneos iconoclastas do Anzhi foram bastante lestos a negar o seu interesse por jogadores de outro emblema, quebrando assim a imagem de resistência estóica que se queria ver transmitida, da parte do Zenit não houve refutação alguma da versão do nosso presidente.

 

Tudo isto, é no mínimo estranho. E também não deixa de ser sui generis que tal aconteça em vésperas de uma deslocação complicada da nossa equipa, acompanhada da nomeação de um árbitro também ele complicado, mas que a bem da verdade, até nem complicou de sobremaneira.

 

Que tenha havido interesse dos Hotspurs, e que tenham chegado a vias de facto, não duvido. Quanto ao resto, haja irracionalidade meus amigos, mas nem tanto…
 

  

 

 

O affaire Palito. Este é outro negócio que, à primeira vista, prima em primeiro grau, para não sair da família mais chegada, pela irracionalidade.

 

Antes de mais, considero que foi um excelente negócio. Para nós, é claro. Podem vir dizer que o uruguaio há duas épocas atrás valia 22 milhões, o certo é que, no momento em que foi transferido, o valor facial do Álvaro Pereira era, quanto a mim, zero.

 

O seu destino no FC Porto estava delineado, e não era nem de ontem, nem desde este defeso. O jogo com o SC Braga, na Pedreira, deixou muito pouca margem de manobra a todas as partes envolvidas (jogador, treinador, clube).
 
 
 

Encostado, ou coisa parecida, nem o que demos por ele quando o contratámos, valia. Por tudo aquilo que já se viu ser capaz de congeminar no balneário, com impacto negativo junto do grupo de trabalho, se tivesse que o avaliar, talvez lhe desse um valor abaixo de zero.

 

Vir um clube como o Inter de Milão, aliás à semelhança do que aconteceu com o outro do chapéu, dar 10 milhões pelo Palito, é quase como estar com uma gastroenterite, e encontrar uma casa de banho decente no deserto tunisino (been there, done that!).

 

Ainda bem para nós, mas o que me faz espécie é porque é que os neroazzurri se prestaram a desembolsar tais quantias por aqueles dois jogadores?

 

Dirão que são dois bons jogadores, e que valem aquela dinheirama toda. No caso do uruguaio, não contesto. Quando quer, consegue ser efectivamente um dos melhores do mundo na sua posição. Ou pelo menos já o logrou conseguir, e os italianos terão a esperança de que volte a sê-lo.

 

O outro, nem tanto, mas parece que é por lá apreciado.

 

Por outro lado, o Inter não é conhecido por fazer contratações de jogadores a pensar na sua valorização e posterior revenda com lucro, como infelizmente parece ser o nosso fado sem remissão.

 

Logo, se se prestou a pagar aqueles valores, será porque era mesmo aqueles que queria no seu plantel.

 

Se é assim, sabendo de antemão o estado azedo a que haviam chegado as relações dos jogadores com o treinador, e por via disso com o clube, por que carga d’água é que atiram com aqueles montantes para cima da mesa, em vez de esperar que os dois lhes caíssem de maduros no colo?

 

Não é que me esteja a queixar, mas do ponto de vista meramente economicista, não parece ser uma decisão muito racional.

 

A não ser que, sem que a comunicação social, sempre tão expedita a arranjar interessados para os atletas que fazem parte do plantel do FC Porto, e que interessa manter, tenha dado por isso, o Inter tivesse alguns concorrentes na corrida por aqueles dois.

 

Ou querem lá ver que nós é que estamos mal habituados por cá, e por outras paragens ainda perdura alguma réstia de ética no futebol?

 

Numa altura em que o próprio Real Madrid parece que se prepara para provar o próprio veneno, e pagar com língua de palmo e meio os métodos que empregou quando contratou o Cristiano Ronaldo, duvido muito.
  
 

A contratação do Lima. Começo por dizer que até há dois dias atrás, gostei do Lima enquanto jogador, e que não me importava se por esta altura envergasse de azul e branco, em várias tonalidades, em vez de vermelho e branco.

 

No entanto, grande parte daquilo que vou escrever de seguida, infelizmente também teria aplicação se estivesse connosco.

 

Por uma vez, concordo inteiramente com a opinião do tratador de cavalos que masca chiclas, e também acho que são perfeitamente compatíveis, podendo jogar lado-a-lado, o Cardozo e o Lima.

 

Como alguma comunicação social, a mesma a que acima aludi, fez questão de frisar que, enquanto pontas-de-lança prioritários das suas equipas, aqueles dois valeram na pretérita temporada, 20 tentos cada um.

 

No entanto, jogando juntos, salvo se estiver para vir por aí uma avalanche de jogo ofensivo, dificilmente conseguirão alcançar aquela marca. Portanto, a tendência será para reduzirem a sua produtividade.

 

Marcando menos golos, é muito natural que baixe o seu valor de mercado.

 

Dado que o clube em questão tem no seu plantel mais dois avançados muito semelhantes àqueles, Rodrigo e Kardec, será com naturalidade que estes últimos perderão algum espaço na equipa e tempo de jogo, ainda que no caso do segundo, tal não passasse à partida de uma miragem.

 

Tratando-se de dois jogadores mais jovens que o Lima, e com alguma margem de progressão e valorização, jogando menos, é esse potencial que em parte se perde.

 

A entrada deste jogador no plantel vai ainda dificultar a chamada à equipa de jogadores como o Aimar, o Bruno César ou, ainda que menos, o Gaitán, para jogarem por trás do ponta-de-lança.

 

Mantendo-se o esquema de 4x4x2, só restará, nos casos do Bruno César e do Gaitán, jogar na linha, onde a concorrência é numerosa, e ao Aimar, como médio mais adiantado, onde terá a companhia do Carlos Martins.

 

Seja como for, esta entrada conjugada com a saída do Javi Garcia, como já se percebeu, vai obrigar o Witsel a jogar mais recuado.

 

O Matic ou os Andrés da B, por muito boa vontade que se possa ter, não estão à altura do lugar, e o belga é o que mais garantias oferece. Tendo em conta as suas capacidades, é contudo um desperdício fazer dele um trinco mais posicional, e mais uma opção que dificilmente concorrerá para a sua valorização.

 

Tudo somado, qual é a racionalidade da contratação de mais um ponta-de-lança, por uma equipa que só dispõe de um lateral-direito e que não tem lateral-esquerdo, nem um trinco capaz?

 

Estes são três exemplos de como se fossemos apenas pela questão da racionalidade do mercado, uma grande parte dos negócios no futebol estariam fadados a morrer à nascença.

 

Nestes casos, ainda bem para nós.