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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Tudo, menos isso

31
Jan13

 

Com a chegada ontem do certificado internacional do Liedson, ficou concluída a componente burocrático-administrativa da transferência, falta agora a consumação no terreno de jogo.

 

Se, no caso do Izmaylov, era o joelho que me deixava de pé atrás, por muito que anatomicamente isso fosse complicado, no do Liedson, eram certas e determinadas atitudes com que nos presenteava de cada vez que nos defrontava.

 

Mas, let bygones be bygones, o que lá vai, lá vai, agora está do nosso lado, e concordo plenamente com o nosso treinador quando refere que jogadores como aqueles dois, com a qualidade e o conhecimento do nosso campeonato de que são detentores, se em boa forma física, aportam quase instantaneamente um acréscimo qualitativo à equipa.

 

Ambos têm em comum o facto de, tal como o João Moutinho, serem provenientes, ou pelo menos ter passado por lá, no caso do Liedson, da Calimeroláxia, esse pomar verde e branco de fruta podre.

 

Tendo em consideração esta tendência hortofrutícola, dei por mim a magicar se não haverá por aqueles lados mais algumas peças de fruta com algum interesse.

 

Comecemos pelo princípio, e neste caso o princípio será a baliza.

 

Rui Pastorício. É bom guarda-redes, sem dúvida. Com o Beto a dar frangos como o da Pedreira contra o actual segundo classificado, ex-aequo, e sem saber muito bem em que estado estará o Eduardo, é sem dúvida o melhor guarda-redes nacional.

 

No entanto, até ver, ou seja, a reforma do Helton, estamos bem servidos nesse capítulo, e é demasiado caro, uma espécie de Louis Vuitton da Pepa. Desnecessário.

 

Na defesa, o meu favorito era o Bruno Pereirinha. Que na realidade, tanto pode ser defesa como médio. Uma espécie de sósia do Danilo, mas com menos corpo, menos técnica e sem ser internacional pelo Brasil.

 

 

Gosto deste rapaz, fundamentalmente por aquilo que conheci do pai, o Pereirinha, que jogou no Farense. Também fazia de lateral, nos dois lados, e ainda médio, se bem que mais defensivo.

 

Profissional sério e compenetrado, manteve uma regularidade impressionante ao longo das épocas em que passou por aqui. O filho dá a ideia de ser da mesma cepa, com mais propensão ofensiva, e é outro daqueles que gostam de jogar contra nós.

 

Falta-lhe explodir, no bom sentido, e alguma raça, que pelos vistos não adquiriu no clube do leão, contrariando o anúncio da Peugeot, mas que tenho a certeza, entre nós conseguiria explanar. É com pena que o vejo de partida para a Lazio.

 

No centro do terreno, gosto do Schaars. É inteligente, tem experiência e, tanto técnica como tacticamente, parece-me evoluído. Talvez até demais para aquele habitat.

 

Há quem prefira o Rinaudo, mas esse acho-o um tanto ou quanto estranho. Não é muito usual ver alguém com o seu tipo físico, ter tantas dificuldades ao nível dos rins. Caramba, não se pede um contorcionista, mas neste tipo o tronco parece que foi montando em cima das pernas de outra pessoa.

 

Mais adiante, têm três extremos que não jogava fora, especialmente se tivesse o Varela actual como termo de comparação: o Carrillo, o Jeffrén e o Capel.

 

Com o Carrillo, o problema ao que consta será uma certa tendência para se exceder nas ocasiões festivas, especialmente quando regressa à santa terrinha. Dá-me a ideia de que, devidamente domesticado, poderá tornar-se em algo interessante.

 

Ao Jeffrén vi-o fazer coisas engraçadas quando ainda estava no Barcelona. O passo que agora deu na carreira, não foi necessariamente no sentido evolutivo, e talvez se esteja a ressentir mais disso, do que das lesões.

 

O Capel conhecia-o do Sevilha, quando nos defrontou. Apesar daquela mania muito futriana de pôr os olhos na bola e desatar a correr com ela colada ao pé, ainda assim é o mais efectivo dos três.

 

A possibilidade, ainda que remota, de vê-lo com as nossas cores causar-me-ia bastante apreensão, pelos mecos utilizados nos treinos e por ele próprio, na eventualidade de esbarrar contra a peitaça do Mangala, por exemplo.

 

E há ainda o Wolfseiláquantos. Gosto dele. Tem lances de fora-de-série, e depois, de repente, desaparece.

 

Tenho cá para mim que padece do mesmo mal de que sofria o Izmaylov, e que uma mudança de ares não lhe faria mal. Pode ser que agora, com a concorrência do Niculae, espevite, porque o Viola, tocava muito baixinho.

 

Há apenas um jogador, dos actuais ou dos que mudaram entretanto de ares, que não quero, nem pintado ver com as nossas cores, e desconfio que se fosse o caso, e lhe propusessem um blushzinho ou um rimmel, ele quase de certeza não recusaria.

 

 

Obviamente, o Miguel Veloso.

 

O bundão do Scolari. E não é por motivos técnico-tácticos, de profissionalismo, ou por ser filho de quem é.

 

Reconheço que, esteticamente daria um lifting ao look médio do plantel, e um certo je ne sais quoi de metrossexualidade. Os penteados são magníficos e as sobrancelhas arranjadas um must, mas nem assim.

 

Chamem-me o que quiserem, mas ainda vejo o futebol, masculino, está visto, como um desporto para gajos de barba rija e pilosidades desenvergonhadas nos membros inferiores, onde ele, os Djalós e os Nunos Ribeiros, serão sempre apenas as excepções que confirmam a regra.

 

As venturas e as desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) – A Conclusão

30
Jan13

Bem, as coisas precipitaram-se um bocado desde que me lancei nesta saga, e o que é certo, é que a realidade superou em larga medida a minha suposta capacidade de análise.

 

Em Braga, contrariando inusitadamente quase tudo aquilo que escrevera, o treinador de cavalos resolveu inovar e alterar o esquema táctico habitual.

 

Escusado será de dizer que perdi grande parte da vontade de concluir a empreitada. Mas reconheço que até parecia mal. Portanto, com as minhas desculpas aos que pensaram que desistira, vamos lá tentar acabar em beleza os dois momentos anteriores:

 

As venturas e desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) - O Início

 

As venturas e desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) - A Continuação

 

 

 

Gestão do plantel

 

Como muito bem notou o nosso treinador na antevisão à última partida:

 

“Às vezes leio críticas em que baixamos de qualidade, de ritmo, mas é preciso analisar correctamente as situações e perceber as opções que de repente perdemos na equipa, uns porque foram para as selecções, outros porque se lesionaram, e passamos por este período sem ceder qualquer ponto, à excepção do jogo da Luz, mas aí eu olhava para o nosso banco de suplentes e via se calhar o mais jovem de sempre que se deslocou ao Estádio da Luz e acabamos por empatar e fazer o jogo que fizemos.”

 

Esta é uma constatação pura e dura. E factual. Entretanto, com as contratações de inverno e os regressos do James e do Atsu, a situação tenderá para desanuviar.

 

Porém, a gestão que foi (vai) sendo feita, ainda que não por si só, ter-nos-á custado a eliminação da Taça de Portugal, e vamos ver o que acontecerá na Lucílio Baptista.

 

Do outro lado o que vemos?

 

Depois de ter sido o ponto por onde o nosso adversário claudicou rotundamente na época passada, foram dados de mão beijada ao treinador os ingredientes necessários para que tal não torne a acontecer, aliviando-o de algo que, comprovadamente, está para além da sua competência.

 

O seu plantel foi construído tendo por base a filosofia aplicada aos eletrodomésticos produzidos por essas Chinas, Taiwans e quejandos, e que grandemente concorreu para a falência de tantas lojecas tradicionais de reparação dos ditos: estragou-se uma peça, vai fora e compra-se outro.

 

Basta olhar para a quantidade de elementos propensos às grandes as cavalgadas, ou seja, extremos, e avançados colocados à disposição. Dentro do modelo de jogo característico, funcionam assim como uma espécie de Pony Express, dos tempos modernos: correm até cair para o lado, e depois entra outro. E assim sucessivamente.

 

Como se tem visto, tem gente em número suficiente para isso, e até para introduzir inesperadas modificações no esquema táctico.

 

Deste modo, também por aqui quem correrá mais riscos? Quem tem a papinha feita, ou quem na falta de cães, tem que inventar gatos que os substituam?

 

Lançamento de novos jogadores

 

Numa das crónicas que motivaram esta deambulação, Miguel Sousa Tavares escreveu o que se segue, a propósito do Vítor Pereira:

 

“Com ele à frente, James teve de esperar meia época para conquistar a titularidade a Varela e a Cristian Rodriguez (…). Com ele, Atsu, Kelvin, Iturbe, Sebá e Tozé esperam e esperarão indefinidamente que o treinador lhes um décimo das oportunidades que têm jogadores «consistentes» como, por exemplo, Defour e Varela. Ao contrário de Jorge Jesus no Benfica, Vítor Pereira é um destruidor de talentos no berço”.

 

Neste particular, sinto alguma dificuldade em acompanhar o raciocínio do cronista. Que jogadores é que foram lançados no outro lado com sucesso, que se possa afirmar terem sido apostas pessoais do treinador?

 

Assim que me lembre, só vislumbro o Fábio Coentrão e, por aproximação, talvez o Di Maria. Há mais?

 

David Luiz? Já lá estava. Javi Garcia? O Ramires, que já era internacional brasileiro? O Witsel, cuja qualidade era inquestionável, tanto que já zarpou? O Emerson? O Melgarejo? Ou serão o Artur Moraes, ou o Paulo Lopes? Quem?

 

Não quer isto dizer que, do nosso lado o panorama seja muito distinto, que não o é. Digamos que descobrir talentos, tanto de um lado como do outro, é algo que a ambos de sobremaneira, não lhes assiste.

 

Contudo, há um item no curriculum do nosso treinador que já ninguém lhe apaga, nem com Supergel: a limpeza operada no balneário na temporada passada, que o obrigou a procurar alternativas.

 

Portanto, neste capítulo, digamos que se equivalem. O que se verifica é que são os dois treinadores bastante conservadores. Uma vez encontrada a sua equipa-tipo, a ela permanecem fiéis até que algum motivo de força maior os obrigue a introduzir modificações, e tal, obviamente, prejudica o lançamento de jogadores jovens.

 

A isso, acresce ainda a justificação aduzida pelo nosso treinador na antevisão acima mencionada, relativamente à aquisição de jogadores experientes no mercado de inverno:

 

“A questão é que um jogador jovem numa altura destas, se não tiver experiência para chegar e render, de pouco vale. Normalmente demoram o seu tempo a adaptarem-se. O próprio campeonato tem características próprias. Nesta altura, acho mais importante apostar em jogadores de qualidade, que vêm acrescentar qualidade ao nosso plantel e estão adaptados ao nosso campeonato. São jogadores que estando ao seu nível físico rapidamente conseguem estar disponíveis para acrescentar mais soluções ao treinador.”

 

 

Conclusão:

 

…finalmente!

 

Tudo isto somado, e ainda que, continuo a dizê-lo, sinta muitas vezes dificuldades em interpretar o nosso treinador, e dele discorde, não venham comparar o incomparável.

 

O que temos do outro lado é a conjugação perfeita da fome com a vontade de comer. Um matrimónio perfeito, ainda que em muitos momentos, certamente ditado apenas por conveniência, entre um presidente e um treinador, fazendo uma dupla que é uma ode ao pato-bravismo nacional.

 

De que outra forma se poderá entender a manutenção à frente dos destinos daquela equipa, de um treinador que, em três épocas, conquistou apenas um título de campeão nacional, contra três treinadores diferentes do principal oponente, sendo-lhe dadas todas as condições endógenas e exógenas, inacessíveis a quaisquer outros, para que o fizesse?

 

Com as nossas cores, não me lembro de mais ninguém para além do Fernando Santos, que tenha coleccionado dois insucessos consecutivos.

 

O nosso treinador, até agora, ganhou um título de campeão nacional, à primeira tentativa. O que acontecerá quando falhar?

 

Como vimos, o modelo de jogo, a apreciação que os adeptos deste fazem e o plantel, não o favorecem. Cada vez mais, ainda que como disse, não o compreendendo e até discordando por vezes do que vou vendo, parece-me que tem uma idéia muito precisa de onde quer chegar e do que tem que fazer para o conseguir. Contra ventos e marés.

 

Daí a comparação com o palhaço acrobata, que roubei aos Rádio Macau. O palhaço tem, ou será bom para a sua sanidade mental que tenha, perfeita consciência de si, as palhaçadas fazem tão somente parte do seu papel.

 

O Vítor Pereira, em parte, também é assim. Ainda que para os adeptos, muito daquilo que faz não passe de uma perfeita palhaçada, dando bem mais azo a críticas de toda a ordem, do que a acessos de hilaridade, prossegue o seu caminho indiferente, que mais não seja na aparência.

 

Bem vistas as coisas, quanto a mim, arrisca e arrisca-se muito mais do que o seu colega do outro lado. Não obstante, a corda na qual se tenta equilibrar, tem na realidade, muito pouco de bamba.

 

Isto porque ao longo do percurso tem a sustentá-lo a tal famosa estrutura, que agora alguns querem pôr em crise à conta do episódio da Taça Lucílio Baptista.

 

No seu caso, tal como no de tantos outros, tudo dependerá do resultado final. Quem em três, perde duas, não dirá certamente o mesmo.


Nota: As minhas desculpas ao Miguel por utilizar uma imagem que vi no seu Tomo II. Achei que ficava aqui, mesmo a calhar.

Advantage: Porto!

29
Jan13

Este campeonato começa a assemelhar-se a uma longa partida de ténis, disputada nas vantagens. Vantagem de um lado, vantagem de outro. Só por mero acaso teremos vantagem nula.

 

Neste momento, depois da goleada de ontem, a vantagem está do nosso lado, e temos três bolas de “break” (golos) à maior. Digo bolas de “break”, porque o “serviço”, não está do nosso lado. Mais uma vez. Ainda assim, estou como o Zé Luis, não acredito que seja por aí que se irá decidir o que quer que seja.

 

E o que tem mais piada é que, estando em primeiro lugar, ainda ex-aequo, a volta que isto tudo deu, sem sair do mesmo sítio.

 

Na Pedreira, o nosso (único) rival, ao que consta, por necessidade pouco comprovada – lesão de Cardozo, mas com Rodrigo no banco -, alterou o seu esquema habitual, e conseguiu aquilo que o seu treinador nunca antes conseguira.

 

A equipa das cavalgadas heróicas desta vez optou pelo pragmatismo. Entrou apenas com um avançado, apoiado por uma linha de três, e dois mais atrás. Apanhando-se a ganhar aos 67’, troca um extremo (Ola John) por um médio defensivo (André Almeida). O adversário reduz aos 77’, e o árbitro, para manter alguma normalidade nisto tudo, acaba com o jogo aos 84’.

 

Pelo nosso lado, também beneficiámos de uma expulsão, aleluia, a segunda em dois jogos consecutivos, ainda que apenas por o de Setúbal ter sido adiado da 12.ª jornada. A terceira da temporada, contando com a do Rojo, no jogo com os da Calimeroláxia. Será melhor que não nos habituemos, pois não tarda, o Rui Gomes da Silva põe a boca no trombone, e acaba-se.

 

Mas dizia eu, beneficiámos de uma expulsão, e para além de demonstrarmos que assim, também nós, mostrámos que com cabeça, com a bola a circular e sem grandes correrias desenfreadas, também se alcançam goleadas.

 

Curioso também é que, estamos à frente pela melhor diferença de golos. No entanto, pese embora os inegavelmente mais vastos recursos ofensivos à disposição do nosso adversário, só levamos menos um golo marcado – 40/41.

 

E apesar de todo o folclore, que de resto não é novo, a propósito de um avançado contrário que marca muitos golos, temos o melhor marcador da prova.

 

Nem vale a pena falar da solidez da defesa, que é a menos batida, com quatro golos de diferença para a seguinte. Deve ser dos penáltis que ficaram por marcar, e dos vermelhos que ficaram por mostrar – somos a única equipa que ainda não teve qualquer atleta expulso e a que tem menos amarelos. Mas isso resolve-se…

 

Pretender ver um nexo qualquer de causalidade entre isso e a posse de bola, como aconteceu ontem, será perfeitamente estapafúrdio para os Goberns da nossa praça.

 

 
(imagem tirada do "Público", link acima)
 
As trivialidades que debitei até agora devem ter sido em número suficiente para que tenham percebido aquilo que vi do jogo. Os vinte e poucos minutos do costume.

 

Ouvi o relato da primeira parte, e aos quarenta minutos dizia o suspeitíssimo Manuel Queiroz, que o FC Porto estava a joga muito bem. Porém, ao intervalo, tivera sorte na forma como obtivera os dois golos. Coisas da vida!

 

Comecei a ver o jogo já com três zero, e o Gil com um jogador a menos. Irritei-me umas quantas vezes com o Varela, mas o homem lá marcou um golo, e com alguns passes em profundidade, dignos das 30.000 léguas submarinas.

 

Depois vi em repetição os golos do Danilo e do Defour. Que maravilhas!

 

O Danilo, a avançar e a serpentear para dentro trouxe-me à memória as diagonais do capitão João Pinto, com a ligeira diferença que acabou com um pontapé para o golo e sem feridos na bancada.

 

O do Defour é uma obra-prima em qualquer lado. Não me surpreende por isso, que o Jorge lhes dê dois Baías.

 

Então, e as corridas do Castro? Ninguém reparou?! Eu reparei, mas o que é que querem, gosto do rapaz. Fez duas corridas a dobrar colegas, à direita e à esquerda, que não foram brinquedo, e acabou ambas a proteger bem a saída da bola na frente dos respectivos oponentes.

 

Para minha consolação, como se me servisse de alguma coisa, constatei hoje de manhã que não devo ter sido o único que falhou grande parte do espectáculo.

 

Estes também não devem ter marcado presença, ao contrário do Leonardo Jardim…
 
 
 
 

O costume. Fica a dúvida: será distracção, negação ou apenas azia?  

A desonestidade intelectual tem cura?

28
Jan13

Ontem à noite, perdi 25 minutos da minha vida a ver o “Trio d’Ataque”, coisa que não acontecia há bastante tempo.

 

Digo “perdi”, porque valha a verdade, não vi nada que não tivesse visto antes. Ou seja, nada de novo, continua a mesma espécie de telenovela, apenas sem a presença do elemento feminino, que ajuda a passar o tempo.

 

Desisti ao fim de 25 minutos porque a cada intervenção do representante benfiquista no programa, vi-me incapaz de reprimir insultos e de não desatar a praguejar sozinho em voz alta, frente ao televisor. Mudei de canal, mas o que já não me saiu da cabeça foi a pergunta do título.

 

O João Gobern conseguir vislumbrar a falta que dá origem à expulsão do Haas, e eu, por exemplo, não conseguir, é normal. Noutras ocasiões, também me pareceu ver as coisas de uma forma em directo, e depois, nas repetições tive de engolir a primeira opinião.

 

Estranho será que, como o Gobern, o árbitro e o árbitro assistente, situados ambos ao nível do terreno de jogo, tenham conseguido descortinar a falta, que depois, na televisão não se vê.

 

Nesse aspecto até estiveram mais ou menos equiparados aos telespectadores, pois enquanto um lance dum qualquer golo em pretenso fora-de-jogo ou de bola na mão nosso, é repetido à exaustão, neste caso muito poucas repetições tiveram lugar.  

 

Também não me surpreende por aí, além, que o Gobern tenha visto no Haas o último elemento da defensiva bracarense. Na linha recta para a baliza, foi a impressão com que também fiquei.

 

Porém, fico verdadeiramente apreensivo é que ao dito Gobern, que tão minuciosas e pertinentes análises faz de lances dos adversários, designadamente, dos nossos jogadores, tenha escapado a falta do Mona Lisa, no início da jogada.

 

Lá está, uma vez mais faltaram as repetições em número adequado e suficiente. Deve ter sido isso. 

 

A desonestidade intelectual estava apenas a aquecer. Estava lançado o gérmen, todo o seu apogeu viria a seguir. Aqui ainda a coisa passava.

 

Trazida entretanto à colação pelo Miguel Guedes, a expulsão na partida anterior a esta, do único central capaz do SC Braga, ir buscar os exemplos do Izmaylov e do Liedson, que mal chegaram ao FC Porto, e logo foram convocados, para servir de pretensa desculpa à arbitragem do Duarte Gomes, não lembrava a ninguém.

 

Nem sequer ao sportinguista de serviço. Querer fazer crer que pôr no onze inicial uma dupla de centrais, em que um deles fez três treinos com a equipa, e o outro nove jogos, não é a mesma coisa que lançar um médio/extremo quinze ou trinta minutos, ou um avançado.

 

É claro que, entrando no domínio da arbitragem, a coisa não podia ficar por aí. Confrontado pelo Miguel Guedes, com o facto de haver árbitros, como o mencionado Duarte Gomes, ou o do jogo, Bruno Esteves, que parecem seguir idêntica cartilha, mostrou-se espantado pelo arrolar de erros da autoria deste último, sempre em benefício do seu clube, nos jogos das duas últimas épocas, ante o Paços de Ferreira.

 

Se o Gobern visitasse blogs benfiquistas – eu sei que o faz, mas fica aqui entre nós – teria visto que também há queixas do Bruno Esteves do seu lado. Em grande parte da bluegosfera, até aqui, ainda que de forma ligeira, estava disponível a “ficha” do Bruno Esteves, que agora tem mais um episódio para acrescentar-lhe.

 

Talvez não tenha querido ir por aí, de tão ridículas e hilariantes que são a maior parte delas, quando vistas da perspectiva das suas cores. Então, mais valeu simular o pasmo, e puxar pelos trunfos do costume, de um naipe que parece nunca mais ter fim à vista: José Guímaro, Carlos Calheiros e José Pratas.

 

Assim se defendem quando o tapete da argumentação lhes começa a fugir debaixo dos pés. Se tivesse visitado os tais blogues do seu clube, haveria de ter visto que também podia acrescentar à lista o nome de Martins dos Santos. Fica para a próxima, que de certeza vai haver.

 

Entretanto, enquanto alinhavava este texto, acabei por responder por mim próprio à questão que coloquei.

 

Há aquela máxima que diz que se pode mudar de muita coisa, mas não se muda de clube de futebol. A desonestidade intelectual é incurável.

 


Nota: Hoje, contra o Gil Vicente, bastam-nos três golos para passarmos para o primeiro lugar. Ex-aequo, é claro. Não é nada de mais, e o Fiúza merece levar três. Pensar que ainda defendi este gajo no caso Mateus...Vamos lá ver se o Paulo Alves vai dar razão ao Gobern, e põe o Hugo Vieira de início.

No pares, sigue, sigue

27
Jan13

Aqui há tempos, Miguel Lourenço Pereira (dos blogues Em Jogo e Reflexão Portista, e da revista Futebol Magazine), dizia, em conversa com o Jorge, reproduzida no Porta 19:

 

"(...) aquilo que mais me dói, o abandono da formação"

 

"quero ter um fcp com identidade própria, não um empório de jogadores, e vejo a formação e encontro mt poucos putos que associes ao porto como cidade e espaço. quero mais tozés do que sebás, sinceramente"

 

"já sei que o importante é ganhar, mas como dizia o blanchflower, é ganhar com estilo, com atitude, com identidadde"

 

"(...) num plantel de 25 há espaço para os craques, para os negocios com empresarios e para a formaçao, com um equilibrio real. até pq em lucro de venda, um ricardo carvalho rende mais que um pepe porque custam os dois 30 milhões a quem os compra mas tu ficas com o 100% do 1º e do segundo tens de descontar o que pagaste"

 

a mistica nao pode recair nos helton e nos lucho, por mt identificação que haja"

 

Depois, oiço um jovem mexicano, recentemente contratado pelo FC Porto, que se saiba, ainda sem ter pisado solo nacional, dizer qualquer coisa como:

 

"Primeiro quero dar-me bem no FC Porto para, depois, emigrar para Espanha ou Inglaterra e jogar numa equipa de maior estatuto. Sei que pelo FC Porto passaram futebolistas importantes e que depois foram vendidos e triunfaram em grandes clubes europeus. Espero que o mesmo possa acontecer comigo"

"Obviamente, gostava de uma equipa como o Real Madrid ou o Barcelona mas sou consciente do futebol que se pratica nesses clubes. Na verdade, gostaria de jogar no Manchester United, ou numa outra equipa grande, onde tivesse a certeza que podia jogar"

 

Concordando eu com o que disse Miguel Lourenço Pereira, no Porta 19, e também mais recentemente, no Reflexão Portista, se por algum acaso do destino, tivesse voto na matéria, este rapaz escusava de fazer as malas. Para vir para o FC Porto, pelo menos.

 

Parece-me que alguém se terá esquecido de explicar a este jovem, que o FC Porto não é excatamente aquele clube do Juan Figger, que lucrou 18 milhões no(s) negócio(s) do Hulk, sem que este alguma vez lá tenha jogado. 

 

Não tendo eu voto na matéria, só espero que, caso o rapaz para cá venha mesmo, se dê bem logo à chegada, porque senão terei de dizer-lhe, como li no Bibó Porto, Carago!:

 

"Herrera, amigo, para ti, aquele abraço afectuoso, e continua a ir para a p... que te pariu!"

 

Tou de olho em ti, pá!

 

 

 

As venturas e as desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) – A Continuação

26
Jan13

O que se segue é a continuação do texto "As venturas e as desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) - O Início.

 

Apreciação do modelo de jogo pelos adeptos

 

Poderei estar eventualmente a laborar num erro, mas penso que de entre os adeptos portistas, mesmo muitos daqueles que defendem o treinador com unhas e dentes, apenas porque sim ou porque é o nosso, não serão poucos os que frequentemente terão dificuldade em rever-se no tipo de jogo que a equipa produz, apesar de o importante prevalecer – ir vencendo.

 

Quando estrategicamente, aquilo que se espraia no terreno de jogo tem até para os mais despertos, o efeito soporífero de transformar o que se vai vendo, ao vivo ou no meu caso, na televisão ou no online, num lento e sonolento bocejo, algo não corre bem. Queremos mais. Queremos sempre mais. É a nossa marca distintiva.

 

Do outro lado há uma empatia, diria que quase total, entre o modelo de jogo adoptado e os adeptos, ainda que nem sempre a coisa corra pelo melhor. Nesse caso, tem toda a pertinência o diagnóstico da situação feito por um homem da casa, Carlos Daniel, e que consta no excerto que reproduzi no texto que deu origem a esta "reflexão".

 

Faltou-lhe, como é tão típico entre nós, indicar o ou os responsáveis, pelo estado de coisas diagnosticado. Ou talvez não estivesse interessado nisso, uma vez que o (de)mérito cabe sem sombra de dúvida, ao treinador daquele clube.

 

 

Não que tenha descoberto a pólvora, ou inventado algo de novo. Nada disso. Quanto muito terá o mérito de ter alguma memória, e de ter conseguido replicar algo que outros não conseguiram, e que foi o estilo de jogo de correria louca, que tanto me irritou nos idos dos anos 80, em que os jogadores daquele clube pareciam correr sempre mais, e ter um dinamismo superior a todos os demais.

 

Ou seja, o futebol que sempre foi apanágio daquela equipa e que fez dos seus atletas papoilas saltitantes. Digamos que nos tempos áureos dos anos 60, a diferença se fazia muito, entre outras coisas, que não vêm agora ao caso, através da força física de uns tais Eusébio e Coluna, da velocidade de um José Augusto e de um António Simões [ndr.: por lapso, mencionei inicialmente Jaime Graça], e da altura de um José Torres. E do profissionalismo, que consta que terá sido o primeiro emblema a abraçar.

 

Ora, saltitar não é o mesmo que jogar futebol. Corridas desenfreadas de uma trupe de Forrest Gumps esbaforidos – “Run, Forrest, run” - também dificilmente o serão. Foi o que terá pensado o Ivic, que mal havia posto pé na Cesta do Pão, e logo tratou de “encolher” o rectângulo de jogo.

 

No entanto, por vezes é efectivo, e permite alcançar resultados, contrariando de certo modo aquela outra teoria estapafúrdia da “nota artística”, parida pelo mesmo individuo.

 

Melhor ainda, é com este futebol que o povão vibra. Muita corrida, forte pressão ofensiva, o adversário permanentemente encostado às cordas, ou no caso, à sua baliza, e frequentemente, depois de exaurido, esmagado, espezinhado sem dó nem piedade até ao limiar da humilhação. Sangue, como dizia aqui há uns anos o Nuno Graciano, muito sangue, é o que o povo quer.

 

Ah, e convém não esquecer umas ajudazinhas, que aqui e além, concorrem para aquela parte do encostar às cordas, do esmagamento e do espezinhamento.   

 

É, no fundo, o tipo de futebol que mais agrada aos seus adeptos. Preenche-lhes os egos e simultaneamente, o do treinador. Sim porque há que não esquecer a vertente egocêntrica da questão.

 

Há que não esquecer que estamos em presença do arquétipo do “bullied”, que passa a “bully”, e se transforma no macho alfa da matilha, um verdadeiro galifão de crista. Uns seguem-no porque não sabem mais, e agrada-lhes o status quo, outros porque lhes convém.

 

E assim sendo, torno a perguntar: quem arrisca mais? Quem mais dá ao público com regularidade aquilo que ele quer, ou quem se marimba para os adeptos e fiel às suas convicções, somente no final atinge o nirvana?


Nota: Com um bocado de sorte, ou azar, tudo dependerá da perspectiva, ainda é capaz de vir a haver mais um capítulo dentro em breve.

 

Há carrapau!

25
Jan13

Lisboa – Setúbal – Lisboa – Setúbal. Eis-nos chegados àquela altura da temporada em que a gestão do plantel se torna decisiva. Em Fevereiro, vão novamente entrar em cena os jogos para as competições europeias, e é importante manter o balanço até lá.

 

Não é nada de novo. Vimo-lo em 2009/2010, e temo-lo visto desde então, com maior ou menor incidência. Num ápice ganhou foros de tradição, assim ao género do Dia dos Namorados, aqui há uns anos, ou agora o Halloween.

 

A troika Pereira, Guilherme e Baptista, indo na esteira das anteriores Comissões de Arbitragem, deu início de à três jornadas a esta parte, ao rodízio de árbitros de Lisboa e Setúbal, para os jogos de um certo clube.

 

 

Desta vez, calhou a Bruno Esteves apitar o próximo jogo dessa equipa na Pedreira. É claro que é apenas uma coincidência o facto de ser da terra do carrapau, e aparentemente, fazer nos tempos que correm as vezes de Lucílio Baptista em 2009/2010, quando, a cada três jogos, lhe calhava dirigir uma partida do clube mais grande do mundo dos arredores de Carnide.

 

Para os mais distraídos, recordo que se trata de um jogo entre o primeiro, ainda que ex-aequo, e terceiro classificados da Liga Zon Sagres, e que Bruno Esteves não é internacional.

 

Nem teria que o ser, quando um dos argumentos aduzidos por Vítor Pereira, o dos árbitros, não o nosso, para não nomear para o recente clássico, disputado entre os então primeiro e segundo classificados do campeonato, o melhor árbitro nacional e europeu do ano, foi que Pedro Proença não podia arbitrar os jogos todos.

 

Acontece que, no caso do Bruno Esteves, este é o terceiro encontro que irá dirigir da tal equipa. Antes, esteve na partida contra o Nacional da Madeira, em casa, e contra o Rio Ave, fora. Após esta jornada será o único que (t)repetiu, sendo repetentes uma vez, apenas Marco Ferreira e o inevitável João “pode vir o João” Ferreira. É um facto, não pode estar em todos os jogos, mas vai estando em alguns. Mais que outros.

 

Nada disto seria no entanto relevante, não fossem alguns pormenores comezinhos ocorridos sob os seus auspícios, em jogos do clube em questão.

 

Podemos recordar Paços de Ferreira na época passada, e a carícia afetuosa do Bruno César ao agora seu colega de equipa, Luisinho.

 

 

Ou, novamente Paços de Ferreira, mas há duas épocas atrás, quando teci alguns comentários em relação a certas ocorrências dessa partida, com as quais vos deixo, para que possam meditar sobre a matéria:

 

“O novo léxico futebolístico

 

(...)

 

1) penálti simulado pelo Fábio Coentrão – jogada do tipo “Aimar, Aimar, é cair, e marcar”;

 

2) falta inexistente sobre o Fábio Coentrão, que leva à expulsão do jogador pacense – jogada “E tudo o vento levou”;

 

3) agressão do Cachinhos Dourados – jogada em que o atleta de farta cabeleira encaracolada, amavelmente e com risco iminente para a sua própria integridade física, atinge na face com o seu membro superior um oponente, na tentativa esforçada de remoção de um dente cariado que atormentava de sobremaneira este último, pondo em causa a sua performance desportiva;

 

4) penálti cometido pelo Maxi Pereira – jogada em que o artista, provavelmente filho de mãe de profissão incerta, mas ainda assim inconfessável, projecta o seu antebraço de encontro à zona peitoral do adversário, numa tentativa, de resto, bem sucedida, de demonstrar o acerto da Teoria da Gravidade, da autoria de Sir Isaac Newton (ainda que o dito desconheça por inteiro a Teoria, o Sir Isaac, e tenho as minhas dúvidas quanto à mãe!)”.

 


 

Nota: Parece que o FC Porto corre o sério risco, ui, ui, de se ver excluído da Taça Lucílio Baptista. Não se faz. Isto é coisa da verdade desportiva do Rui Santos, ó se é!

Logo agora que andavam todos tão contentinhos, nomeadamente o João Querido Manha e o Joaquim Rita, porque finalmente levávamos aquilo a sério!

Vá lá, como disse um dia o Domingos Paciência sobre a bola de prata do Nené, dêem duma vez a merda do caneco aos seus legítimos donos!

As venturas e as desventuras de um palhaço acrobata (numa corda muito pouco bamba) – O Início

24
Jan13

Depois da exibição medíocre de ontem, na noite escura e chuvosa de Setúbal, não admira que o brilho resplandecente do resultado obtido tenha encandeado alguns órgãos da dita comunicação social, tais as dificuldades que denotam para reproduzi-lo nas suas primeiras páginas.

 

Salva-se “O Jogo”, que mais não seja, mas do qual costumam coexistir duas versões geograficamente distintas, de que só conheço a que se segue.

 

 
 

 

O FC Porto alcançou o primeiro classificado no topo da tabela, e é segundo ex-aequo, tendo em conta a diferença de golos marcados e sofridos? Bah! O Levezinho, que resolve, chegou à Invicta.

 

Está a apenas dois golos de passar a primeiro de facto, ainda que ex-aequo? Sim, sim. E o Jesualdo? O que é ele anda a fazer?

 

Jogámos sem o James Rodriguez, sem o Fernando, sem o Atsu, sem o Varela, excepção feita ao lance do penálti, sem o Kelvin, à parte o penteado, e já agora, sem o Izmaylov? E depois? O Maicon até regressou.

 

O Jackson Martinez é, neste momento, o melhor marcador da prova? Balelas! Imaginem o forrobodó que para aí andaria se fosse o Cardozo, com penáltis e golos fantasmas à mistura…

 

Business, as usual, como sempre.

 

Também não tardará muito para que mais uma saraivada de comentários depreciativos se abata sobre o nosso treinador.

 

 

Recordo o que dele dizia Miguel Sousa Tavares, na sua última crónica, que [é] bom a dar consistência à equipa; é mau a dar-lhe criatividade, a correr riscos necessários, a apostar e a desamarrar os jogadores de desequilíbrio”.

 

A imagem generalizada, é a de que Vítor Pereira é temeroso, por contraponto com o treinador do nosso principal adversário, um caso paradigmático de temeridade.

 

Será assim? Será o timoneiro da nossa nau, assim tão avesso a correr riscos?

 

Quem tem por hábito visitar este humilde poiso, terá percebido que não morro de amores por ele. É verdade. Porém, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, e além disso, não suporto que o comparem a outros, designadamente ao tal, elevando este aos píncaros, e rebaixando o nosso. É coisa que me irrita solenemente.

 

Mas afinal, qual dos dois corre verdadeiramente mais riscos? É a análise que proponho, tendo em conta os seguintes parâmetros:

 

- características das equipas/modelo de jogo;

 

- apreciação do modelo de jogo pelos adeptos;

 

- gestão do plantel;

 

- lançamento de novos jogadores;

 

Vejamos então.

 

Modelo de jogo.

 

Conforme escrevi no último texto, o sumo que retirei da leitura dos três trechos então reproduzidos, no que toca às características das duas equipas, resume-se em parte, a que a nossa está mais talhada para jogar com equipas da sua igualha ou até ver, de nível superior, ao passo que o adversário conveniente dos nossos rivais será tendencialmente da sua categoria para baixo.

 

 

Ora bem, atenta aquela que é a realidade do nosso panorama futebolístico, como ontem pudemos sobejamente constatar, e pensando apenas na Liga Zon Sagres, o nosso modelo de jogo estaria ajustado a quantos jogos? Com boa vontade, seis. E ainda há alguns que fazem o possível por reduzir esse número.

 

Comparativamente, do outro lado passar-se-á exactamente o inverso. Tomando como o exemplo o recente clássico, o modelo da cavalgada heróica, se algumas dificuldades experimentar na sua implementação, resumir-se-ão a apenas esses mesmos seis jogos, quando não forem menos.

 

A vocação da nossa equipa direcciona-a claramente mais para as competições europeias, do que para as internas. Só que, a essa escala, quase tudo pode acontecer, desde Dínamos de Zagreb a Apoeis.

 

O grau de aleatoriedade da aposta é sempre, necessariamente mais elevado.

 

Assim sendo, quem arrisca mais?


Nota: Com um bocadinho de sorte, os demais pontos seguir-se-ão dentro em breve. A não ser que esta primeira parte dê azo a demasiadas reclamações…

Expliquem-me lá...

23
Jan13

...como se eu fosse extremamente estúpido, o que é uma hipótese ainda não totalmente posta de parte:

 

O Izmaylov não pôde jogar em Setúbal porque, quando da data inicialmente prevista para a realização deste jogo, não fazia parte dos quadros do FC Porto, certo? Certo!

 

Por sua vez, o Fernando não pôde jogar em Setúbal porque na, supostamente última jornada da primeira volta, acumulou o quinto cartão amarelo. Contudo, na data em que o jogo deveria ter sido disputado, salvo erro, tinha apenas três cartões amarelos.

 

Sim, eu sei que os regulamentos são aquilo que são, e não há volta a dar-lhes. A pergunta é: porquê?!

 

Viva a coerência incongruente do futebol português!

 

 

 

Um em três

23
Jan13
“Nas palavras de Vítor Pereira, o FC Porto fez um jogo «consistente» contra o Paços de Ferreira. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora ajuda-nos a perceber exactamente o que quis dizer o treinador portista: por «consistente» entende-se aquilo que é sólido, credível, estável. De facto e olhando o jogo, vencer por 2-0 é credível, sem que o adversário crie uma ocasião de golo é sólido e sem grandes sobressaltos é estável. E, todavia…todavia essa consistência tão cara a Vítor Pereira é uma moeda de duas faces. Na face vista na [Cesta do Pão], ela resultou na melhor estratégia aplicável ao adversário e na melhor tendo em conta os condicionalismos próprios (ausências de James e Atsu). A estratégia de posse de bola, domínio de meio-campo e solidez defensiva, manietou o futebol de cavalgada do [outro lado] e produziu um jogo em que o empate foi o menor dos benefícios colhidos. Mas é forçoso reconhecer que, como dizia um benfiquista, o FC Porto de meia oportunidade fez dois golos embora o [outro], recheado de soluções ofensivas alternativas, só tenha tido mais uma oportunidade.

 

Mas, para receber em casa um Paços de Ferreira, que de antemão se sabia que iria jogar fechado e organizado atrás, é óbvio que a mesma estratégia de «consistência» arriscava-se a produzir o que se viu: um jogo tão lento, tão aborrecido, tão falho de interesse que às tantas a câmara da televisão até surpreendeu um jogador do Paços bocejando de sono. E um jogo que o FC Porto só desatou e venceu graças a um pontapé feliz e à total ausência de capacidade ofensiva do adversário”.

 

(Miguel Sousa Tavares, “Consistência: Virtudes e fraquezas”, sacado, com a devida vénia, daqui)

 

 

Não vale a pena falar do árbitro do jogo com o [outro lado]. Já era expectável. Depois de andarem um ano a lamentarem-se de um alegado fora-de-jogo de Maicon, num lance que só viram na televisão, e depois de Pedro Proença ter pedido ridículas desculpas ao [outro lado], sabia-se que o árbitro deste jogo ia comportar-se desta maneira.


Os foras-de-jogo mal assinalados, mais a expulsões que não aconteceram já estavam no programa das expectativas para este jogo. O que não estava no programa para muitos foi aquilo que ninguém quer ver nem assimilar: o FC Porto é uma equipa de Champions, é mais forte, mais competente, mais consistente e a melhor do campeonato.

 

O jogo na [Cesta do Pão] foi só mais um exemplo, porque infelizmente é sempre preciso o Futebol Clube do Porto defrontar o [outro lado] na [Cesta do Pão] para dizer que a diferença é grande. Ainda assim, a dificuldade é imensa, pois agora a ideia que passam já não é que o [outro lado] é a melhor equipa mas sim que foi um jogo entre as duas melhores equipas do campeonato.

 

Foi, sem dúvida que o foi; só que uma, o FC Porto, como tem demonstrado sempre, é melhor que a outra, (...) - que mostra todo o seu poderio frente a equipas mais fracas, e toda a sua fragilidade frente aos mais fortes.

 

A forma como tentaram mascarar uma evidência foi a mesma que utilizaram quando o Barcelona foi [à Cesta do Pão] e fez uma das exibições mais humilhantes de que há memória para um adversário. Essa incapacidade do [outro lado] que ficou plasmada num jogo absolutamente humilhante foi depois mascarada com a genialidade de Messi e companheiros. Lembro-me bem do tom cândido com que o técnico do [outro lado] falou e de como a imprensa no dia seguinte se referiu a «extraterrestres», como se não fosse possível perder com o Barcelona de forma mais digna.

 

Ontem, o FC Porto só não ganhou o jogo, para lá do árbitro, porque não tinha soluções no banco para lançar no campo. As lesões de alguns jogadores condicionaram as opções de Vítor Pereira.

 

De resto, se fosse ao contrário e perante o que se viu, teríamos toda a imprensa a falar da genialidade [do Prof. Doutor Rei da Chuinga] e o próprio a enaltecer os seus méritos. Ora, como se viu, o FC Porto dominou, jogou melhor, deu um banho de bola e humildade ao [outro lado] e Vítor Pereira, como sempre tem acontecido, revelou ser mais capaz e mais competente, apesar de não ter contado com os mesmos recursos.


Curiosos, de facto, foram os comentários ao jogo. Reconheceram erros grosseiros, mas que não influenciaram o resultado. Reconheceram incapacidade do [outro lado] em jogar, mas adiantaram que o empate era justo porque o jogo foi equilibrado. Alguns tiraram o chapéu [ao Prof. Doutor Rei da Chuinga], porque enalteceu o grande jogo a que se assistiu, quando todos viram que o [outro lado] pouco ou nada fez porque a outra equipa foi mais forte, mesmo estando diminuída nas suas opções.


O que fica do jogo é que este [adversário] e toda a imprensa vão ter de baixar a guarda porque no Porto mora uma equipa mais forte”.

 

(Júlio Magalhães, “Baixar a guarda”, tirado daqui)

 

 

 

[O outro lado] faz de cada posse de bola um ataque, o FC Porto quase faz de cada ataque uma posse de bola. O [outro lado] só se sente confortável quando domina, o FC Porto sente-se sempre cómodo quando controla, mesmo não dominando.

 

Nestes jogos, o FC Porto é mais igual a si próprio, o seu modelo não é tão arrasador contra equipas mais pequenas mas, pelo equilíbrio, adapta-se facilmente a jogos de maior exigência. O [outro lado] sai da zona de conforto quando não tem a iniciativa permanente e os jogadores acusam a mudança de chip se lhes pede que reparem na cara do adversário, para "marcar" Xavi ou Messi, Moutinho ou Lucho, habituados que estão a ignorar anónimos do Moreirense ou do Olhanense. Em suma, o FC Porto mantém o modelo, os princípios de jogo, mesmo quando altera o sistema, enquanto o [outro lado] mantém o sistema mas acaba, forçado ou deliberado, a jogar segundo princípios diferentes”.

 

(Carlos Daniel, não sei onde o disse ou escreveu, mas encontrei-o aqui)

 

 

  

Três visões sobre uma única realidade. Dois portistas, um benfiquista. Miguel Sousa Tavares, como todos sabem, um portista contra a corrente que, como tantos outros não nutre uma especial simpatia pelo nosso treinador e pelas suas opções técnico-tácticas.

 

Outro portista, Júlio Magalhães, que, nem por isso. E Carlos Daniel, benfiquista, e por isso, com o foco da análise a incidir fundamentalmente sobre o seu clube.

 

Independentemente da cor e do fervor clubístico de cada um, as suas análises convergem essencialmente para dois pontos: a equipa do FC Porto é mais talhada para os desafios internacionais, para a Champions, e para defrontar grandes equipas, que para os triviais feudos entre portas.

 

O nosso principal rival, pelo contrário, extasia-se a espezinhar e massacrar compulsivamente aves e outros animaizinhos inocentes, sem que a PETA se meta ao barulho. Quando apanha com outro tipo de oponentes, daqueles assim mais à séria, e que não se acagaçam com a cor das camisolas, a coisa fia mais fino.

 

Além disso, tanto uns como outros revelam uma incapacidade gritante de mudar agulhas ou de "chip", como diz o Carlos Daniel, sempre que lhes calha em sorte um adversário que, azar dos azares, escapa ao padrão para que estão formatados.

 

Mal de mim, que critiquei o Vítor Pereira por se atirar ao Manchester City, de peito aberto, censurá-lo agora por adoptar uma postura mais cautelosa e à base de caldos de galináceo, quando defronta equipas de uma bitola mais elevada.

 

Desde a pré-época que noto que a consistência defensiva é a pedra-de-toque desta equipa, e entendo como perfeitamente normal que a aposta do clube e/ou do treinador privilegie a participação europeia, depois do fracasso, não há que esquecê-lo, que foi a temporada passada nesse particular.

 

Por cá, como dizia o Mourinho, é q.b. ganhar nos sítios certos, nos momentos certos, sem confiar, como diz o outro, “que mais tarde ou mais cedo os golos vão aparecer”.

 

O que continuo a criticar é a ausência de um plano B, que permita a tal mudança de agulha, quando as coisas estão mais complicadas. Mas, da maneira como as coisas estão em matéria de opções (e estão a ficar mais desanuviadas, como se viu contra o Paços de Ferreira), demo-nos por felizes quando o plano A corre conforme o delineado.

 

Àquilo que aqueles ilustres escreveram, daria apenas uma achega da minha lavra, que pomposamente denomino de “teoria da pica”.

 

Quantos dos nossos jogadores ainda não foram campeões nacionais? Muito poucos. A grande parte até são bicampeões nacionais.

 

Quantos dos nossos jogadores ainda não contam no seu palmarés com pelo menos, uma vitória que seja sobre o nosso principal adversário? Idem, aspas, aspas.

 

Do outro lado, quantos podem dizer o mesmo? Quantos foram campeões e quantos nos derrotaram? Não sei de cor, nem vou procurar, mas não devem ser muitos.

 

Ou seja, para os nossos jogadores, aquilo que lhes dá verdadeiramente “pica”, é derrotar o nosso rival. Quando isso acontece na sua própria Cesta, tanto melhor. Quando a vitória na partida, coincide com o triunfo no campeonato, ui, ui. E quando, ainda por cima, apagam a luz e ligam a rega, para abrilhantar a coisa, é ouro sobre azul e branco.

 

O resto, bem, o resto é uma sensaboria total. É tão somente o caminho que se calcorreia para chegar à explosão suprema de alegria, que é e será sempre o primeiro lugar. Uma chatice, assim como para os miúdos, a sopa antes do segundo prato, e este antes da sobremesa.

 

Para eles não. Cada instante que passam na nossa dianteira, é um momento raro de triunfo que saboreiam até ao tutano. Por isso empenham-se ao máximo, e isso vê-se em cada golo que marcam e cada oponente que esmagam. Nós também lá estamos presentes.

 

O texto do Júlio Magalhães, de certa forma, reflecte este meu delírio teórico. A superioridade acaba, paradoxalmente, por se revelar um dos nossos maiores problemas.

 

Especialmente quando nos falha a motivação, e esquecemos que a sua demonstração tem que ser sistematicamente renovada, oportunamente e em sede própria. Por outras palavras, a cada partida e no terreno de jogo, qualquer que seja a cor, dimensão ou formato do adversário a vencer.

 

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