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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Pedimos desculpa pela interrupção

28
Fev14

 

O programa de erradicação do Paulo Fonseca em curso, segue dentro de momentos.

 

Não vi o nosso jogo de ontem. Jogos às seis da tarde têm destas coisas. Fui ouvindo o relato e acompanhando um minuto-a-minuto na internet, que mais parecia um quarto-de-hora-a-quarto-de-hora. Depois vi o resumo no Porto Canal e na net.

 

Do pouco que vi e ouvi, fiquei com a ideia de que os três golos alemães tiveram na sua génese, como de costume, déficits colossais do nosso sector defensivo, e nós marcamos três, fundamentalmente, à conta do querer e da determinação. E do Quaresma, e do Ghilas, e do Mangala, e do Licá. Sim, do Licá. Que extraordinário, não é!?

 

Este jogo não altera rigorosamente nada do que está para trás, apenas entreabre a porta para o que aí poderá vir.

 

O verdadeiro teste ao Paulo Fonseca não era este. O teste a sério vai ser quando regressar ao Dragão para receber o Arouca.

 

O de ontem e o do próximo fim de semana em Guimarães, não passam de etapas classificativas, quiçá eliminatórias, para o teste final.

 

Da maneira como as coisas estão, com a pateada do último domingo e com o que desde então se disse e escreveu, as posições extremaram-se de tal forma, que por muito boa vontade que se tenha, acho que foi atingido o ponto de não retorno.

 

Quem recuar agora vai saborear o travo amargo da derrota. Aqui chegados, a ironia é que a vitória do clube (do treinador, do presidente e da SAD), será a derrota da quase generalidade dos adeptos, que desespera por uma mudança. Por sua vez, a derrota do clube, será a vitória destes últimos.

 

Bem vistas as coisas, é um win-win agri-doce para quem quer a mudança – não acredito que, apesar de tudo, haja um portista a sério que não fique contente com a vitória do seu clube – portanto, que vença o FC Porto, dê lá por onde der.

 

E pode ser também ao Nápoles, dos Hamsiks, dos Higuains e dos Inlers, que os jogos e as eliminatórias só se perdem no fim.

 

Antes que me esqueça, uma nota final para o Jackson "cha-cha-cha" Martinez. É verdade que marca muitos golos. Mas também é verdade que, nos últimos tempos, falha para aí o triplo das oportunidades que marca, o que o deixa muito próximo de perder um dos "cha"'s do epíteto.

 

Entretanto, o Gonçalo Paciência está de volta aos B, e a fazer bons jogos. Que tal uma troca?

Discutir é preciso, às vezes

26
Fev14

 

No futebol, como na vida, hão de haver sempre opiniões divergentes e vozes discordantes.

 

Temo-las quando as coisas correm pelo melhor, quanto mais quando elas estão tremidas. O futebol é neste contexto, um fórum de discussão privilegiado. Tudo se discute. O que está de fora e o que nos toca directamente.

 

Os golos, as faltas, os foras-de-jogo, as decisões dos árbitros, os treinadores, as opções dos treinadores, os jogadores, os presidentes, as direcções das SAD, quando existem, os adeptos, quem é mais adepto, quem é menos adepto, qual a postura correcta, qual a incorrecta…

 

Enfim, discute-se tudo e mais alguma coisa.

 

Parece-me que é este o ponto em que nos encontramos neste momento. Dando razão ao ditado da casa onde não há pão, tudo parece ser argumento para fomentar a discussão.

 

Começámos a época a discutir jogadores, quem ia, quem vinha, quem ficava, quem era dispensado, e porquê.

 

Rapidamente passámos para a discussão das decisões dos árbitros, os seus erros e omissões, quem foi mais ou menos beneficiado, quem são os sérios e os menos sérios, os que se querem, e os que não se querem ver nem pintados. Menos mal, há sempre quem dê um passo em frente e passe directamente para as montras de talhos!

 

Em seguida, mas quase em simultâneo, dedicámo-nos ao sistema táctico. Duplo pivot, trinco à antiga, 4x3x3, 4x2x3x1, 4x1x2x1x2. Veio depois a questão dos jogadores mais adequados ao dito sistema.

 

De caminho, iam surgindo os primeiros fogachos de discussão em torno do treinador. Discutindo-se o treinador, não havia como fugir a envolver na discussão quem teve a responsabilidade pela sua contratação.

 

Meteu-se Janeiro, e voltámos à recorrente discussão das entradas e saídas.

 

Agora, estilo bola de neve a rolar encosta abaixo, discute-se o treinador, a SAD, e a saída de um administrador, o presidente, e a sua relutância em mandar às malvas o treinador, os puxões de orelhas aos jogadores.

 

Sem se chegar a grandes conclusões sobre os pontos prévios na agenda, a coisa avança inevitavelmente para o campo maniqueísta do quem apoia e quem não apoia, quem são os bons e os maus adeptos, quem é mais ou menos portista.

 

Detesto quando as coisas se encaminham neste sentido. Estou demasiado afastado do palco onde decorre a acção principal para participar nesse debate, e gosto demasiado de cores, neste caso do azul, para limitar a realidade ao branco e preto.

 

Temos pela frente um jogo importante, mas mesmo que o não fosse, por mais voltas que dê, não concebo que exista um único portista que suspire por uma derrota da sua equipa em Frankfurt, Leverkusen, na Conchinchina ou lá onde quer que seja. Nem sequer o Miguel Sousa Tavares.

 

Mesmo que isso signifique que o Paulo Fonseca, o Pinto da Costa, o Fernando Gomes (o actual!), e a SAD, fiquem exactamente nos mesmíssimos lugares onde e como estão.

 

Não me interpretem mal, gosto de discutir. Acho que é da exposição civilizada de diferentes pontos de vista, antagónicos ou complementares,  que se aprende alguma coisa, apesar de notar em mim mesmo, uma cada vez maior renitência em abandonar os meus próprios pontos de vista. Deve ser da idade.

 

E gosto de discutir futebol, ainda que seja um dos temas onde, logo à partida, se encontram reunidas, pelos mais diversos motivos, todas as condições para que seja uma das menos prolíferas das discussões.

 

No entanto, e para que não fiquem dúvidas, quinta-feira é para ganhar, e acabou.

 

E sobre isso não há discussão.

A insustentável irrevogabilidade da minha própria opinião

25
Fev14

Bem, agora chega. Um princípio de gripe – afinal, parece que estava mesmo a chocar alguma. Os cabrõezinhos dos bicharocos apanharam-me! - e meio dia de reunião, ajudaram a passar o tempo, e deram margem suficiente para todos aqueles que cá quiseram vir insultar-me, ou que mais não seja, fazer pouco do meu estúpido optimismo.

 

Quem não veio, ou veio e não o fez, azar. Foram complacentes, agora é tarde, acabou o prazo.

 

O que é que se me oferece dizer sobre a nossa equipa, após a derrota de domingo?

 

Honestidade em futebol, não compensa.

 

Ainda que possa não ser no sentido em que poderão estar a pensar, não soa bem, é verdade, e não fica bem a quem tem dois putos para educar, mas é a mais pura das verdades.

 

Se há coisa que salta aos olhos nesta equipa do FC Porto, é a sua honestidade.

 

Com Vitor Pereira, muito fruto da concepção egoísta que este tem do futebol, quando a equipa não jogava, fiquei muitas vezes com a sensação de que não o fazia propositadamente.

 

Os jogadores entretinham-se a trocar a bola entre si porque, para o treinador, o mais importante era furtar o esférico ao adversário, e mantê-lo na nossa posse. Para os jogadores, isso também acabava por se tornar mais cómodo, do que andar a correr que nem uns desalmados.

 

A maior valia técnica de algumas das nossas unidades, chegava e sobrava para tanto, e sempre que necessário, nas alturas decisivas, diziam presente. Isto, a nível interno, que fora de portas, como não poderia deixar de ser, foi outra loiça.

 

Agora, fico quase sempre com a sensação que, salvo honrosas excepções, os jogadores fazem o que podem. Há ali uma honestidade desarmante. Não fazem mais, porque não podem. Não dá para mais. E quem dá o que tem, a mais não é obrigado.

 

Mas devia ser.

 

Com o treinador é a mesmíssima coisa. Os espanhóis têm uma expressão para quando estão confortáveis em certo sítio, ou quando algo está de acordo com a sua vontade: "estar a gusto".

 

O Paulo Fonseca está (ainda) entre nós, mas de há uns tempos a esta parte, ainda que estando, está a custo, em vez de “a gusto”.

 

Nota-se por ali que há um grande desconforto incontido. Quem, quando fala, se refugia em lugares comuns e frases feitas, das duas, uma: ou não tem nada para dizer, ou não quer expressar o que lhe vai na alma.

 

Ora, se no início da temporada a comunicação social exaltava a lufada de ar fresco que os novos treinadores do FC Porto e do Sporting personificavam em matéria comunicacional, ou Paulo Fonseca mudou, ou não o faz porque simplesmente não está para aí virado.

 

E talvez ninguém lhe levasse a mal se tivesse mudado. Veja-se o caso do Leonardo Jardim, que agora parece um calímero de toda a vida.

 

Será sintoma do seu desconforto?

 

O que é certo, é que todos os treinadores que o antecederam, de alguma forma conseguiram impor a sua filosofia de jogo, por mais estapafúrdia que fosse. Co Adraanse, Jesualdo Ferreira, ou Vitor Pereira, todos eles impuseram a sua visão. E triunfaram.

 

No caso do André Villa-Boas, o caso não foi tanto uma questão estratégica, foi mais ao nível da dinâmica incutida aos jogadores, e estes fizeram a estratégia.

 

A presença do Fernando a meio-campo ditou que Paulo Fonseca falhasse rotundamente a este nível.

 

Se a perspectiva que Paulo Fonseca tem do futebol passa por um duplo pivot, com Fernando na equipa isso tornou-se impraticável.

 

Quando Paulo Fonseca tem como referências no futebol Arséne Wenger e o pateta platinado, isso só por si é já preocupante.

 

Para além de serem dois perdedores inveterados, no caso do segundo, para além do seu quê de invertebrado, adivinhar-se-ia a predilecção por um estilo de futebol mais vertical e directo do que aquele a que estamos habituados.

 

Paulo Fonseca, claramente não logrou atingir esse desiderato, e pior ainda, não demonstrou até à data, ser possuidor de suficiente agilidade mental, para conseguir fazer as coisas doutra forma. Daí ao seu estampanço ao comprido e à irrelevância de que falei há dias, foi um apenas um pequeno passo.

 

De resto, confirmado pelo próprio Paulo Fonseca nos últimos dois jogos. Mais do que os lapsos sobre Dortmund, o Bayer ou Leverkusen, fico perplexo quando a equipa perde ou empata, e o treinador nem sequer esgota as substituições.

 

O jogo estava demasiado fechado para o Quintero? Então e não é para isso que serve o Quintero? Para desatar os nós górdios mais apertados.

 

É por demais evidente que Paulo Fonseca atirou a toalha ao tapete.

 

No fundo, o Paulo Fonseca não fez mais do que confirmar aquilo que afirmei: do ponto de vista da estrutura da equipa, a questão está perfeitamente resolvida e estabilizada.

 

 

 

As restrições que o Paulo Fonseca colocou a si próprio, quer pelo afastamento de alguns jogadores, quer pelas suas “opções tácticas”, reduziram-no à sua irrelevância. Olha para o banco, e não vê qualquer alternativa, tornando a sua presença, de pé, de braços cruzados ou a bater palminhas, perfeitamente inútil.

 

O único gesto de que talvez se pudesse socorrer, e eventualmente obter algum sucesso, seria aquele parecido com o do polvilhar culinário, e que entrou no léxico gestual de muitos outros treinadores, com o significado de “troquem a bola”.

 

Mas esse, ao Paulo Fonseca nunca o vi fazer.    

 

Assim sendo, nestes termos, tenho de admitir que não vale a pena continuar. Ir a Frankfurt, Leverkusen ou Dortmund, ou não, tanto faz. É igual. O melhor será mesmo irem uns para um lado, e o outro, para outro.

O bê-à-bá da domesticação de mentecaptos

22
Fev14

"[Jesus] limitou-se a contestar uma decisão real e inequívoca da arbitragem. Dessa falha grave e indiscutível resultou a vitória do clube visitante e consequente vitória do campeonato, por parte do clube que beneficiou do erro"

 

"O árbitro em causa tinha todas as condições para ver a falta e tinha a obrigação funcional de o fazer, e não o fez, por motivações que só ele sabe"

 

"O treinador, que era um dos grandes ofendidos do erro cometido, passou, por artes mágicas, a arguido e, nessa qualidade, punido disciplinarmente"

 

Das hipóteses abaixo, escolha e indique, em menos de 2 minutos e picos, aquela, e apenas aquela, que corresponda ao autor das frases acima reproduzidas:

 

a) Luis Filipe Vieira;

 

b) um familiar do pateta platinado, o herói da Merdaleja;

 

c) Jorge Nuno Pinto da Costa;

 

d) um qualquer outro elemento azul e branco, que tenha por hábito remeter fruta e conviver com árbitros de futebol no seu domícilio;

 

e) um sportinguista, depositante de importâncias monetárias nas contas bancária de árbitros, expositor em público dos dados pessoais destes, e destruidor exímio de montras de talho;

 

f) Herculano Lima, o ilustríssimo e iluminadíssimo mafarrico portista que preside à Comissão Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol;

 

 

   

Este desafio tem como principais destinatários os ilustres sportinguistas Eduardo Barroso e Dias Ferreira. Sendo possuidores de formação superior e figuras de proa nas suas actividades profissionais, certamente que, apesar de ser ténue a linha que separa a clubite da desonestidade intelectual, não lhes será complicado demonstrar que é possível a existência de inteligência, também no futebol.

 

Tendo em conta aquelas frases, poderão ainda aproveitar para explicar aos seus correligionários, assumindo que estes não serão totalmente mentecaptos, porque é o Conselho de Disciplina não lhes dá garantias de imparcialidade, no que toca ao FC Porto.

 

Peguem nestes dois sportinguistas, e mais no presidente, e peguem num benfiquista, e mostrem-me as diferenças.

 

Cada vez mais, a melancia costumava ser uma fruta de Verão, nos dias de hoje é fruta da época o ano inteiro.

A nossa época, em duas frases e uma canção

21
Fev14

 

 

“Lasciate ogni speranza, voi ch’intrate”

 

(Inferno, Dante Alighieri)

 

Devia aplicar-se aos adversários que entram no Dragão. Infelizmente, aplica-se é aos nossos sócios e adeptos que lá vão ver jogos europeus.

 

 

 

O nosso treinador fez coisas boas e inovadoras esta época. Infelizmente, as boas não foram inovadoras, e as inovadoras não foram boas.

 

(adaptado, salvo erro, de uma frase de Marcello Caetano)

 

 

“IV. Misplaced Rendezvous

It's getting late, for scribbling and scratching on the paper
Something's gonna give under this pressure
And the cracks are already beginning to show
It's too late
The weekend career girl never boarded the plane
They said this could never happen again
So wrong, so wrong

This time it seems to be another misplaced rendezvous
This time, it's looking like another misplaced rendezvous
With you
The parallel of you, you”

 

("Bitter Suite", Marillion)

 

 

 

Sim, sinto-me estupidamente optimista. Estarei a chocar alguma?

20
Fev14

Antes de mais, quero manifestar o meu mais profundo apreço e sincera admiração pelos que que vêem e persistem em ver o copo (leia-se: o FC Porto, versão 2013-2014), meio vazio.

 

Sou sincero. Em condições normais, não me assiste a menor dúvida que estaria entre Vós. Desta vez, porém, não sei o que se passa comigo. Por mais que o tente, não consigo.

 

Sinto-me doentia e estupidamente optimista, talvez até como nunca me sentira antes, mesmo perante situações bem mais risonhas.

 

Não, não pensem que estou assim por causa do jogo de Barcelos. Posso estar optimista, mas ainda não estou completamente tótó. Esses pastam lá para os lados da Calimeroláxia!

 

 

 
Percebi perfeitamente que aquele Gil Vicente não é nada de especial. Tirando os Hugos Vieiras e os Luíses Martins, e mais um ou outro, que resolvem fazer do jogos que disputam contra nós, os pináculos das suas tristes vidas, não lhe vi nada de especial. Ainda se o Paulo Baptista fizesse de Bruno Paixão…

 

Não, isto já vem de mais atrás. Se num acesso de masoquismo, releremo que escrevi aquando do regresso do Quaresma, percebem facilmente uma nota de franco optimismo. Ou ilusão, que apesar de tudo, se mantém, contra ventos e borrascas.

 

Se costumam passar por cá, também com certeza que já perceberam que a minha veia de optimismo não se confunde com o tomar por maná dos céus toda e qualquer sacrossanta decisão emanada da direcção da SAD.

 

Bem, talvez fizesse melhor se, em vez de jogar conversa fora, desembuchasse porque é que raios é que me sinto optimista, e quem sabe, com uma dose valente sorte, talvez ainda consiga converter um ou dois de Vós. Havia de ser lindo!

 

Então vamos lá. Em primeiro lugar, estou optimista porque nos encontramos claramente na nossa “zona de conforto”.

 

Estamos a quatro pontos do primeiro classificado, que vamos receber no Dragão na última jornada da Liga. Partantos, não dependemos única e exclusivamente do nosso desempenho para revalidarmos o título. O que, paradoxalmente, joga a nosso favor.

 

Claramente preferimos assim, e as coisas correm-nos melhor quando estamos neste estado. Cai-nos melhor o papel do underdog.

 

Até parece que estar em primeiro não nos motiva por aí, além, e daí os deslizes pungentes, que surgem com uma arreliadora naturalidade. Não somos aves de rapina necrófagas em busca da carniça, e quem nos tira o prazer da caça, da perseguição, tira-nos quase tudo.

 

E depois, é como diz o Francesco Bernoulii, no “Carros 2”:

 

“Para destruir os sonhos de alguém, é preciso subir as expectativas!”    

 

Além disso, não sei se já olharam para o calendário de competições. Vamos entrar numa fase de maior regularidade, as interrupções vão ser menores e mais espaçadas, e isso, em princípio, favorece as equipas que fazem da constância exibicional uma regra.

 

O busílis é atingir essa constância, ou que mais não seja a constância pontual, como nos tempos do Villas Boas.

 

Aquele que será sempre o nosso principal rival, como se isso fosse uma grande novidade, ou se o conseguisse efectivamente fazer, avisou de antemão que não vai gerir coisa nenhuma!

 

As intermitências são claramente benéficas para quem insiste em fazer do futebol uma intensa cavalgada, e o faz jogo atrás de jogo. Beneficia ainda as equipas em construção, que precisam mais de treinar do que jogar, para criarem os necessários automatismos, e ressacarem convenientemente, quando a vida lhes corre menos bem.

 

Deste ponto de vista, uma sucessão mais contínua de jogos parece-me que nos será vantajosa.

 

O outro motivo pelo qual estou optimista – sim, são apenas dois! O que é que esperavam? Ficaram desiludidos? – é que conseguimos neutralizar uma das mais perigosas variáveis aleatórias que nos poderiam sair ao caminho: o Paulo Fonseca, o nosso treinador.

 

E aí, verdade seja dita, o mérito é todinho da direcção da SAD.

 

São muitos os que clamam pela substituição do nosso actual treinador, talvez tantos, se não mais, quanto os que ficaram desagradados com a famosa entrevista de Pinto da Costa ao Porto Canal, e nomeadamente com o voto de confiança ao técnico então expresso.

 

 

 

Retive do que se escreveu na altura, a opinião do Miguel Sousa Tavares que, se interrogava, relativamente ao presidente, se “esse dom [do fino conhecimento que sempre teve do futebol] se perdeu algures, ou se ele entrou por uma estranha e suicidária estratégia”.

 

Concluindo, a questionar:

 

“Então, o que pretenderá Pinto da Costa: convencer-nos de que nós – todos nós, os adeptos – depois de 30 anos assistir a vitórias, não somos capazes de perceber de que matéria elas são feitas?”

 

E seremos? – pergunto eu.

 

É que, onde muitos vêem na inacção para a substituição, uma omissão, eu vejo acção no sentido da reparação de um erro, do qual, a direcção, ainda que não o assuma, estará, tudo leva a crer, perfeitamente consciente.

 

Paulo Fonseca é um misto de Luigi del Neri dos tempos modernos, e daquela dona de casa dum anúncio de um óleo (ou de uma margarina, não me lembro), que dizia sonhadora: “Hoje vou variar. Hoje vou fazer maionese de gambas”.
 
 
 
 

Apenas teve a sorte de ter conseguido disfarçar melhor a coisa nos primórdios da sua estadia entre nós, e verdade seja dita, a vida não lhe ter corrido excessivamente mal, conseguindo passar além do período de experimental.

 

A equipa, com aquela estória do duplo pivot e com o Lucho para diante, andava claramente partida, dividida entre um bloco defensivo demasiado recuado e desprotegido pela confusão gerada a meio-campo, e um bloco avançado desapoiado, e com extremos, ou algo parecido, como o Josué, incapazes de catapultarem o jogo para diante.

 

O resultado foi o que se viu na deplorável fase de grupos da Champions que fizemos.

 

Havia que dar uma volta às coisas, e o que é que aconteceu em Janeiro? Para começo de conversa, o regresso do Quaresma.

 

Já por diversas vezes ouvi, inclusivamente da parte do presidente, que o grande obreiro da sua vinda teria sido o treinador.

 

Custa-me a aceitar. Que eu saiba, por onde passou, o Paulo Fonseca nunca treinou grandes vedetas, muito menos uma vedeta do calibre de um Ricardo Quaresma.

 

Acredito que tivesse vontade de experimentar, mas a vinda do extremo, quanto a mim, colocou-o claramente sob pressão. É muito fácil despachar um Iturbe, ou encostar um Kelvin ou um Quintero, quando comparado com o sentar um Quaresma no banco.

 

Se veio, veio para titular. Nem os adeptos lhe perdoariam algo diferente. Com o Quaresma no onze, a equipa tem necessariamente que chegar-se mais à frente. É como disse aquando do seu regresso, liberta os colegas e puxa para diante a tracção da equipa.

 

Por muito que o treinador seja apreciador de cautelas e caldos de galinha, é meio caminho andando para enviar para o esquecimento o tal duplo pivot.

 

Só dou aqui o benefício da dúvida sobre os méritos e o assentimento do Paulo Fonseca para sua vinda, porque simultaneamente, sendo ele, Quaresma, quem é, e vindo inevitavelmente para titular, mais facilmente se justifica aos olhos dos adeptos, o desaparecimento do Kelvin ou do Quintero.

 

Cronologicamente em seguida, tivemos a saída do Lucho. Por muito que se diga que saiu a seu próprio pedido, ninguém me tira da cabeça que houve ali dedo da SAD.

 

A saída do Lucho veio resolver uma situação que o Paulo Fonseca se vinha a revelar incapaz de solucionar convenientemente.

 

Disse, quando escrevi o texto "O Kama Sutra táctico do Paulo Fonseca", que a questão do Lucho era difícil de resolução, fundamentalmente porque ia para além do racional de qualquer adepto, entroncando directamente no plano do emocional.

 

 

E não só dos adeptos. Não me esqueço da homilia em defesa do Lucho Gonzalez, proferida pelo José Fernando Rio no Porto Canal, no pós-match do jogo contra o SC Braga no Dragão.

 

Curiosamente, ou talvez não, quanto a mim, um dos nossos melhores desempenhos da época, e em que o El Comandante, doente, saiu ao intervalo para dar o lugar ao Carlos Eduardo.

 

Defendia o comentador que o Lucho teria sempre lugar naquele meio-campo, pois fazia qualquer uma das três posições em causa.

 

Pelos vistos, o Paulo Fonseca parecia pensar o mesmo, e por isso mesmo, daí para diante limitou-se a fazer a entrar o Carlos Eduardo para dez, e o Lucho recuou no terreno.

 

Isto quando, progressivamente, na mente dos adeptos se ia tornando cada vez mais evidente que, nas condições físicas em que se encontrava então, a única posição possível para o ex-capitão era a de sentado no banco de suplentes.

 

Mesmo recuado no terreno, isso tornou-se bem evidente na derrota da Cesta do Pão. Contra equipas mais pequenas, o Fernando ainda faria à vontade os dois lugares mais recuados do meio-campo, e nem se notaria a “ausência” do Lucho.

 

Contra equipas de outra dimensão, ou na Liga Europa, já não seria assim, com a agravante para a SAD, de termos em campo um jogador, que saltava à vista desarmada não poder com uma gata p’lo rabo, e no banco, jogadores contratados a peso d’oiro, a desvalorizarem-se de dia para dia.

 

E este era um problema que o Paulo Fonseca não queria, ou era incompetente para resolver. A saída do El Comandante facilitou-lhe a vida de sobremaneira.

 

Depois temos a renovação do Fernando. A renovação do Polvo foi a machadada final, assim espero, e penso que todos nós, na estória do duplo pivot. Com o novo capitão em campo, é para esquecer essa hipótese.

 

Finalmente, a venda do Otamendi e o regresso do Abdoulaye. Com esta troca ficou bem transparente que o que está em causa, vá-se lá saber por quê, é a falta de confiança do Paulo Fonseca no Maicon.

 

Só assim se explica a “opção táctica” que foi retirá-lo da equipa, e com que sucesso, na Cesta do Pão, e agora, a entrada do Abdoulaye na equipa, directamente de emprestado a titular.

 

Com todas as panes cerebrais de que o Otamendi vinha padecendo, mantê-lo à disposição do treinador, em especial para as partidas mais importantes, e numa fase em que todas elas são decisivas, era um risco desnecessário de fogo amigo.

 

Assim, como assim, uma vez afastado o Maicon, fica o Abdoulaye, que, não desfazendo, pior do que o argentino não será fácil fazer.

 

Por tudo isto é que eu digo que não vejo qualquer inaccção por parte da Direcção da SAD.

 

Antes pelo contrário, a SAD, apercebendo-se do erro original, que terá sido a contratação do Paulo Fonseca, esteve activa e operante, fazendo aquilo que estava ao seu alcance para, sem dar o braço a torcer, dotar a equipa das condições necessárias para discutir o campeonato até ao fim.

 

E mais, fê-lo entrando por uma área onde, por exemplo, com Vítor Pereira, não o fez: as quatro linhas.

 

Estas entradas e saídas tiveram, ou esperar-se-ia que tivessem, impacto directo na constituição do onze que entrasse para jogar, enquanto que com o Vitor Pereira, o regresso do Lucho, não sendo despicienda a sua presença em campo, teve muito mais em vista pôr em ordem um balneário. Senão, veja-se a chamada em simultâneo do Paulinho Santos à equipa técnica.

 

Desta vez, designadamente uma vez assegurada a continuidade do Fernando, e com a saída do Lucho, criadas expectativas de titularidade em rapazes como o Defour ou o Quintero, o balneário parece pacificado.

 

Com as movimentações operadas, as questões estruturais da equipa e da sua forma de jogar estão resolvidas por exclusão de partes. Restam no fundo, apenas as taras e manias do Paulo Fonseca, como sejam, a ostracização do Maicon, a indecisão rotativa do meio-campo, a preferência pelo Ricardo, em detrimento do Kelvin ou do Quintero, e os seis minutos de glória do Ghilas.

 

Por isso, ainda que compreenda os anseios manifestados por alguns colegas, a substituição do Paulo Fonseca, neste momento, não me parece que seja de todo prioritária, uma vez que aquele se encontra reduzido a uma expressão pouco mais que irrelevante.

 

Assim sendo, e em conclusão, mais do que do treinador ou da SAD, parece-me que estamos nas mãos dos jogadores, e daquilo que resolverem fazer ou não.
 
 
 

Ora, se quase todos eles são internacionais, muitos deles com aspirações a estarem presentes no próximo Mundial, é muito natural que, com portismo ou sem portismo, com tarjas ou sem tarjas, sejam suficientemente espertinhos para perceberem que o seu sucesso e o das suas carreiras, será tanto maior quanto assim o for o da sua equipa. 

 

Dito isto, e abundantemente, três dias após ter começado este monólogo à la Fidel de Castro, tenho a declarar que continuo estupidamente optimista.

 

Com o resto da família toda doente, e rodeado de uma incultura de vírus, germes e outros bicharocos, estarei a chocar alguma?

Digam-me que estou enganado (ou "O teste da melancia")

15
Fev14

Por favor, digam-me que estou enganado. Que não estou a ler bem.

 

Digam-me que não é verdade que este filho de uma putéfia, coitada, que de certo não terá culpa pelo acto falhado de gente que pôs no Mundo, em vez pedir a derrota dos vizinhos, no jogo que o vento levou, vem agora pôr em causa a imparcialidade do Conselho de Disciplina da Liga, apenas e só, em função das perguntas feitas a alguns intervenientes no processo, e que transpiraram para a imprensa.

 

Curioso é que, antes do relatório da Comissão de Instrução e Inquérito, não se soube se esta quis ouvir ou ouviu alguém, ou que perguntas foram feitas, para além da posição que foi amplamente divulgada do clube do pateta alegre em questão.

 

 

 

Digam-me que na citação desta primeira página falta a palavrinha "selectivamente". Ou seja, que seria assim: «Vamos acabar "selectivamente" com a impunidade no futebol português!». Porque é isso que deve estar em causa.

 

Este cabrãozeco está atrasado. Não atrasado no sentido que possam eventualmente cogitar, mas atrasado porque, aqui há uns anos atrás, houve uma fase em que estavam na moda os testes.

 

Eram testes sobre tudo e mais alguma coisam, e nada em especial. Agora o que está na moda são os testes de stress da banca e as avaliações da troika.

 

O que este fulano vem fazendo, desde que começaram a conceder-lhe direito de antena, e muito por causa disso é que lho dão, é, no fundo, aplicar um teste, não aos professores, como o ministro Crato, mas aos adeptos do seu clube, e a si próprio: o teste da melancia.

 

O teste da melancia é um poderosíssímo instrumento de avaliação, que mede, por exemplo, a inteligência dos adeptos do clube a que o indigente preside.

 

Permite avaliar até que ponto é que os adeptos percebem que este tipo anda apenas a fazer o jogo dos vizinhos do estádio dos flocos de lã, e  os anda a iludir.

 

Testa ainda a sensibilidade dos adeptos, ou seja, até que ponto conseguem os ditos serem encornados, sim, eu disse "encornados", e não outra coisa parecida, e continuarem o seu caminho, remirando os flocos que caem do céu, se não forem chapas de zinco, e assobiando alegremente o hino da senhora do cabelo verde.

 

E finalmente, um teste ao projecto de vida do próprio. É assim que testa aquilo que quer na vida, e a forma como quer ficar, se é que quer, nos anais do futebol português, a que, às vezes, diz não pertencer, mas a que tanto fez para chegar: como uma entrada de topo de página, ou como um burrié, escondido algures num cantinho da contra-capa do livro.

 

A escolha parece-me óbvia. Não é, ó cagaita!? 

No dia em que os porcos voarem

08
Fev14

Ainda que não concorde inteiramente com o enquadramento dado a alguns dos clubes mencionados, e muito menos com a conclusão final, achei interessante, para reflexão, este texto de João André, publicado no blogue Delito de Opinião.

 

Vejam se concordam.

 

 

"Modelos de negócio no futebol

 

 

Quanto mais sigo o futebol europeu mais me convenço que existem 4 modelos de sucesso. A saber:

 

1.    O clube com o bilionário que paga as extravagâncias (com ou sem equilíbrio financeiro posterior): Chelsea, PSG, Mónaco, Manchester City;

 

2.    Os clubes ricos que são mais ou menos bem administrados e que (também) por via de serem bem sucedidos equilibram as contas: Manchester United, Real Madrid, Arsenal, Barcelona, Bayern de Munique, Juventus;

 

 

3.    Os clubes que se baseiam em descobrir futuras vedetas noutros países e as tentam vender com lucro: Benfica, FC Porto, Udinese, Lyon, Sevilha;

 

4.    Os clubes que tentam essencialmente formar os seus jogadores e que quando vão ao mercado preferem jogadores ainda muito jovens e pouco conhecidos: Ajax, Sporting, Atlético Bilbau, Feyenoord.

 

Os nomes referidos acima são essencialmente indicativos e não são herméticos. Há clubes que poderiam caber em mais que uma categoria (Arsenal e Barcelona, por exemplo). No entanto, e para este post, quero comentar essencialmente o modelo 3.

 

Este modelo interessa-me por ser aquele que o meu clube - Benfica - segue actualmente. É indiscutível que tem dado alguns bons frutos. No reinado de Jorge Jesus - que é um ás a valorizar jogadores e fraquinho a vencer troféus - deu para a venda por bom dinheiro de Coentrão, Ramires, di María, Javi García, David Luiz e agora Matić. Outro exemplo de sucesso (e ainda mais pronunciado) é o do FC Porto, com a venda de Falcao, Hulk, João Moutinho, etc. São modelos que têm dado para adquirir jogadores por 5 a 15 milhões para os vender a 20-35 milhões e pelo meio os jogadores contribuem bastante para a equipa. No papel são bons negócios.

 

Claro que têm problemas. Estão dependentes de agentes (Jorge Mendes à cabeça) e um dos problemas disto é que estes poderão exigir a compra de jogadores no máximo apenas medíocres como contrapartida (o cortejo de jogadores contratados pelo Benfica para serem emprestados e depois dispensados dá a volta ao Estádio). Por outro lado, se os jogadores forem bons mas não forem vendidos, o investimento não compensa em termos financeiros. Luisão, Cardozo e Gáitan podem ser bons jogadores, mas há anos que o Benfica tenta vendê-los com lucro e não consegue.

 

Disto resulta que os clubes com o modelo 3 vivem dentro de uma bolha. Por vezes é inflaccionada (não se consegue vender o jogador), noutras alturas é reduzida (o jogador dá um bom lucro). O problema das bolhas é que, de tempos a tempos, rebentam. Para tal bastam normalmente pequenos percalços. O clube pode passar demasiado tempo à espera de vender os jogadores (e entretanto compra outros); os clubes que pagam as fortunas passam por um período de menor liquidez (como quando esperam pelos novos contratos televisivos); ou, e aqui há o risco actual, quando regras externas entram em vigor com o fim de limitar os gastos excessivos - o famoso fair play financeiro da UEFA.

 

Actualmente não se sabe muito bem o efeito que terá porque a própria UEFA ainda não esclareceu certos aspectos. Por outro lado fica por saber se a UEFA teria coragem de negar a entrada a um Chelsea ou a um Milão (dois clubes a tentar cumprir as regras). No entanto, assumindo que as regras são estabelecidas e cumpridas e que clubes que vivem à base do sugar daddy têm mesmo que limitar gastos ou ser excluídos, os clubes dom o 3º modelo arriscam-se a ficar com activos desvalorizados nas mãos.

 

Os jogadores que compram têm-se vindo a tornar cada vez mais caros porque os clubes vendedores (normalmente da América do Sul) sabem que eles são depois retransferidos a valores que aumentam constantemente. Isso significa que ao comprarem um jogador em 2014 por um valor que será substancialmente superior aos de 2012, os clubes "3" esperam também que o valor de revenda em 2016 seja também superior ao de 2013. Caso isso não suceda por razões externas, os clubes perdem dinheiro muito depressa.

 

E é nessa corda bamba que clubes como o Benfica e o FC Porto caminham. O FC Porto menos porque é indubitavelmente melhor organizado, mas também está sujeito ao risco. Nesses momentos veremos os clubes do modelo 4 a reemergir, porque a queda na valorização dos jogadores os afectará menos, já que gastaram também menos a comprar ou simplesmente nada a treinar.

 

Não sou - longe disso - um oráculo de futebol. Espero até que esteja enganado, para bem do Benfica - e, vá lá, do FC Porto, a bem do desporto português. No entanto não posso deixar de pensar que se o Sporting mantiver o caminho que trilha actualmente, será a breve prazo o dominador do futebol português por uns anos.”

 

 

Confesso que fico um pouco preocupado, não com o enquadramento do FC Porto naquele grupo, mas pelo facto de, a nível externo, nenhum dos clubes que o integram lutar declaradamente pelo título de campeão do respectivo país.

 

Por outro lado, a nível interno, fico mais tranquilo pois parece-me que, dentro do nosso modelo de negócio, ainda somos detentores da liderança.

 

Sem dúvida que o nosso rival, pontualmente, tem vindo a fazer alguns bons negócios, e outros em que não se consegue muito bem distinguir negócio de negociata, suscitando bastas dúvidas a proveniência dos fundos que lhes dão cobertura.

 

Pela nossa parte, apesar de alguma inversão no modus operandi, o modelo permanece.

 

As futuras vedetas, que antes eram adquiridas a preço de banana, como diria o Mourinho, deram o lugar a vedetas, ainda que jovens, e como tal, dispendiosas.  

 

É das regras comerciais: para se obterem margens de lucro, ou se vendem muitas unidades, a baixo preço e com uma margem curta por cada uma, ou se vendem poucas unidades, a um preço elevado, obtendo-se margens mais elevadas em cada uma delas.

 

As aquisições do Hulk, do Danilo, do Alex Sandro, em parte do James, do Quintero, e do Reyes e do Herrera, marcam essa viragem.

 

Convém também ter presente o papel dos empresários, intermediários e fundos de jogadores. Quanto maior for a margem na venda dos jogadores, maior será sua própria.

 

Outra explicação para a mudança poderá ter a ver com o plano desportivo. Deste ponto de vista, será sempre preferível vender por época um Hulk, um João Moutinho ou um Falcao, ainda que acompanhados por um James ou um Ruben Micael, que pôr no mercado meia equipa.

 

É claro que a coisa tem outras desvantagens, mas sobre essas, conto falar noutra ocasião.

 

Agora, a parte que me deixou atónito, foi a perspetiva de termos “a breve prazo [um Sporting] dominador do futebol português por uns anos”.

 

Não é por nada, mas eu cresci a ouvir a lenga-lenga das camadas jovens do Sporting, e dos méritos da sua formação. Depois veio a Academia, e qual foi o clube que mais perto andou, e ainda não se safou do buraco?

 

Apesar de todos os méritos de Aurélio Pereira, e dos Futres, dos Figos, dos Quaresmas, dos Crisnaldos, dos Nanis, das maçãs podres, dos bundões, e outros tantos, que não passaram da cepa torta (Carlos Martinzes et al.), nada disso foi suficiente.

 

Bastou vir algum doidivanas, daqueles que abundam lá pelas bandas da Calimeroláxia, e quase foi tudo por água abaixo. Uma vez, outra, e mais outra.

 

Mesmo nesta temporada, em que as coisas até estão surpreendentemente, a correr melhor do que o previsível, o treinador quer levar o barco com calma, sem sofreguidões, degrau a degrau, de acordo com o planeado, e vem de lá o presidente a querer títulos.

 

Pois é, é que é muito bonito recorrer à prata da casa, nem que seja em desespero de causa, como é claramente o caso, ficamos todos muito orgulhosos por termos mais jogadores portugueses que os outros todos, mas se os resultados desportivos não aparecerem…

 

É caso para se dizer, como na anedota sádica: “não há bracinhos, não há bolachinhas!”

 

Atendendo ao actual estado da arte dos três grandes, parece-me muito mais fácil ao FC Porto ou aos outros da capital, na falta de resultados, operarem uma reviravolta estratégica num curto espaço de tempo, do que ao Sporting assomar-se ao patamar dos dois rivais seguindo pela sua via, sem conquistar títulos – e daí a premência absoluta da Taça Lucílio Baptista, há que apaziguar as hostes.

 

Por isso, cheira-me que a previsão do autor, se algum dia se concretizar, será no dia em que os porcos voarem. E aí, cuidado com as penas no fiambre!

A factualidade silogística duma filha de putice

07
Fev14

Antes de mais convirá esclarecer que dou tanta relevância à Comissão de Instrução e Inquérito da Liga de Clubes e às suas conclusões, como à Liga ela própria, ou à Taça Lucílio Baptista.

 

Como as coisas estão, o único atractivo associado à Lucílio Baptista, é o facto de o FC Porto nunca a ter conquistado. Vai daí a sucessão de episódios rocambolescos envolvendo o clube. No dia em que a conquistarmos pela primeira vez, perde todo o seu, já de si pouco, appeal.

 

É que nem é bem uma competição, é mais uma telenovela mexicana ou venezuelana.

 

No entanto, esta celeuma à volta do atraso do FC Porto no jogo com o Marítimo, e a tese com que a Comissão sustenta a existência de dolo na situação, ao menos, tiveram o condão de me fazer recordar com saudade um ex-colega, estupidamente desaparecido do meio de nós.

 

Um dia, na disciplina de Filosofia, em que lhe calhou ter fazer um trabalho sobre os silogismos gregos, saiu-se com o seguinte exemplo para demonstrar a sua falibilidade:

 

“Os chineses são amarelos. Os eléctricos também são amarelos, logo, os chineses são eléctricos”

 

 

 

Assim anda a Comissão de Instrução e Inquérito.

 

O árbitro relata que o jogo começou atrasado “por atraso do FC Porto no túnel para vistoria dos equipamentos”.

 

O capitão do FC Porto, quando questionado pelo árbitro, limitou-se a responder “simplesmente que se atrasaram”.

 

O FC Porto alega agora que o atraso se deveu à realização de exames médicos ao jogador Fernando Reges, que sentira dores no período de aquecimento.

 

Como não o fez antes, e o dito jogador “constava na ficha técnica”, e pior ainda, pasme-se, “iniciou o jogo a titular”, obviamente que, “à luz dos juízos da razoabilidade e de bom senso que devem nortear a valoração da prova”, “a razão para o atraso no início do jogo não foi portanto, a realização de exames médicos indispensáveis ao jogador.”

 

Et voilá! A prova de que os gregos, nesta matéria, eram uns simplórios. Ou insuficientemente filhos da puta…

 

E arremata a Comissão, certamente precavendo-se da eventualidade de algum chico-esperto poder vir a achar isto tudo, um tanto ou quanto abstruso, “as dúvidas sobre a condição física do atleta, a existirem, deveriam ter levado a equipa a considerar outras opções que lhe permitissem não prejudicar o interesse na verdade desportiva e a proteção dos contendores”.

 

Nem Esopo fez melhor na fábula do cordeiro e do lobo:

 

“Se não foste tu que bebeste a água, foi o teu pai. Se não foi o teu pai, foi o teu avô”

 

Fabulástico!

 

Consta que a presidente da Comissão é docente em cursos de formação. Será que se ausentou por uns momentinhos, e tiveram de convidar o tipo das castanhas da esquina para fazer um part-timezito?

 

Ná, é mau demais! Até para ele...

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