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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

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Incompetência: uma estranha forma de vida

22
Mai14

Os dois primeiros títulos de campeão nacional que não conquistámos nos últimos dez anos tiveram a assinalá-los algumas efemérides, que fazem deles qualquer coisa de irrepetível.

 

Primeiro foram o Estorilgate, os sumaríssimos, a cunha leal na Liga, para não falar dos penáltis do Sabrosa, ou do treinador campeão, que zarpou com saudades da família, e que está a demorar mais tempo a reencontrá-la do que o ET a chegar a casa.

 

Depois, no segundo, seguiram-se o túnel, o Ricardo Costa, a despedida do Lucílio Baptista e os golos anulados ao Falcao.

 

 

 

O título de campeão que não conquistámos esta época, quanto a mim, também fica assinalado por uma efeméride digna de registo, e que não tenho visto exaltada com frequência.

 

Não, não estou a falar do tripletezinho, que esse é mais badalado que o chocalho de uma vaca leiteira. Refiro-me à profissionalização da arbitragem.

 

Pois é, esta foi a temporada da profissionalização da arbitragem.

 

Acho que a única vez em que estive de acordo com o Paulo Bento, foi quando ele, a propósito da profissionalização da arbitragem, concluiu que a única diferença era que em vez de termos amadores incompetentes, iríamos passar a ter profissionais incompetentes.

 

E no entanto, para quem vê de fora, as coisas até não terão corrido excessivamente mal. Como acontece esporadicamente, sempre que um certo e determinado clube é o campeão, as razões de queixa são poucas, e apenas o segundo classsificado, fez por tomar o lugar do clube que mais reclama sempre que não ganha. Tudo normal, portanto.

 

Porém, aquilo que se viu foi que a premissa que supostamente, serviria de base a quem nomeia os árbitros: "os melhores árbitros para os melhores jogos", depressa se veio a revelar chão que deu uvas. Grande parte das arbitragens, com a do Estoril x FC Porto à cabeça, pareceram em vez disso,  o resultado de valentes pielas, ao passo que outras foram protagonizadas por verdadeiros artistas.

 

Mas o que é que foi feito afinal dos "melhores árbitros para os melhores jogos"?

 

Se partirmos do princípio que os melhores jogos serão aqueles que envolvem os clubes melhor classificados, e que os melhores árbitros serão os internacionais, aquilo que podemos constatar é que o campeão apenas teve onze dos seus trinta jogos dirigidos por juízes internacionais.

 

O segundo classificado teve dezasseis e o FC Porto, catorze.  Dir-me-ão talvez, que a diferença pontual cavada entre o primeiro classificado e as restantes equipas, terá tornado as coisas tão desinteressantes, que deixou de justificar-se a nomeação de árbitros de alta patente para as partidas disputadas pelo campeão.

 

Talvez. Mas, se aprofundarmos esta hipótese, o que verificamos é que cinco das arbitragens protagonizadas por internacionais aconteceram entre a 13.ª e a 19.ª jornada.

 

À 13.ª jornada, o futuro campeão seguia em terceiro lugar com 30 pontos, tantos quantos o FC Porto, e o primeiro era o Sporting, com 32 pontos. À saída da 19.ª jornada liderava com 46 pontos, o Sporting era segundo com 42 e o FC Porto, terceiro com 41 pontos.

 

A segunda leva de jogos do campeão apitados por internacionais, aconteceu entre a 25.ª e a 29.ª jornadas. Nada mais que quatro partidas.

 

Na 25.ª ronda o primeiro levava 64 pontos, mais sete que o segundo classificado, o Sporting, e o FC Porto quedava-se pelo 3.º lugar com 49. Pela 29.ª e penúltima jornada, o já campeão detinha 74 pontos, com a mesma diferença de sete pontos para o segundo classificado, que entretanto conquistara mais um ponto ao FC Porto, agora com 58 pontos.

 

Portanto, a tese do desinteresse para justificar a não nomeação de internacionais parece não se aplicar inteiramente, uma vez que mesmo quando as coisas pareciam encaminhar-se para aquele que viria a ser o desfecho final, continuaram a ser nomeados para os jogos do campeão.

 

Comparando, por exemplo, com o FC Porto, temos que a maior série de nomeações de árbitros internacionais para os nossos jogos, ocorreu entre a 20.ª e a 25.ª jornadas. Nada mais que seis, de seguida.

 

Aquando da 20.ª jornada, éramos terceiros, com 42 pontos, a dois do Sporting, e a sete do primeiro. Finda a 25.ª ronda, mantinhamos o terceiro lugar, mas a oito pontos do segundo e a quinze do primeiro. Não deixa de ser curiosa e por certo significativa, a diferença.

 

É claro que não podem ser sempre nomeados árbitros internacionais.Tem de haver alguma rotatividade, e todos, desde que habilitados para tal, devem ter a oportunidade de apitar jogos importantes.

 

Nem mais. Pois bem, onde é que fica a rotatividade se levarmos em linha de conta que dos 19 jogos do campeão, que não foram dirigidos por internacionais, nove deles tiveram a apitá-los apenas três árbitros?

 

Bruno Paixão, Paulo Baptista e Rui Costa foram, cada qual, juízes em três jogos do líder. "Os melhores árbitros para os melhores jogos"?

 

Paulo Baptista leva uma longa carreira, e apesar de já ter apitado a final da Taça de Portugal, não chegou a internacional. Rui Costa vai pelo mesmo caminho.

 

E quanto a Bruno Paixão, só se entende se for a personificação do "Princípio de Peter". Foi promovido até ao limiar da sua incompetência. Aí chegado, provou que era de facto incompetente, e foi despromovido, por isso, aparentemente, terá voltado a ser competente!

 

Há algo que não quadra aqui.

 

 
Como, de resto, também haverá naquelas teorias que dão o FC Porto como o menos interessado na profissionalização da arbitragem. Diziam que, com os árbitros a serem pagos pelo orçamento da Federação, ficaria menos espaço de manobra para os comprarmos por fora.
 
A ser assim, e combinando esta tese com aquela que faz do FC Porto o amo e senhor do "sistema", não teríamos qualquer interesse em ter árbitros internacionais nos nossos jogos. Ou teríamos? E afinal, quem é que teve menos internacionais a apitarem os seus jogos?
 
Visto de outro prisma, e pegando ainda no nosso suposto "domínio" sobre o "sistema", a existir, isso significaria que teríamos, por exemplo, sob controle, as promoções de árbitros a internacionais, e logo, a sua almejada profissionalização.
 
Assim sendo, fará sentido que outros, que não nós, tenham tido mais partidas dirigidas pelas grandes promessas da arbitragem?  

     

Tudo isto soa a incongruência, como também na aparência, têm sido ao longo dos tempos incongruentes muitas das nomeações de Vitor Pereira. Mas será mesmo assim?

 

Para terminar, este texto não pretende desculpabilizar a perda do título pelo maior ou menor acerto das equipas de arbitragem. O FC Porto perdeu este campeonato porque, em momentos decisivos, esta equipa primou pela falta de comparência.

 

O que escrevi tem apenas em vista, designadamente para memória futura, assinalar a efeméride de que o clube que teve o início do seu período áureo associado ao dealbar do profissionalismo dos jogadores, também fica associado ao primeiro título conquistado na era dos árbitros profissionais.       

São feijões senhores, são feijões

18
Mai14

 

A primeira edição da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada a título oficial, e sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol, foi a correspondente à época de 1980/81.

 

Foi a primeira vitória do FC Porto a que assisti. Estava a jogar à bola na rua, coisa que se fazia naquele tempo, mas fui a casa por um instante, e apercebi-me que estava a dar futebol na televisão. Fiquei a ver. Era a segunda mão, e esse jogo marcou, salvo erro, a estreia do capitão João Pinto, que jogou a médio.

 

Ganhámos, e no final, o guarda-redes adversário, o falecido Manuel Galrinho Bento, teve aquela famosa tirada de que era uma taça "a feijões".

 

Com feijões ou sem feijões, a continuação do nosso jogo na rua tornou-se numa reedição daquela Supertaça.

 

Hoje, tive o azar de ir comer uns caracóis num restaurante ao pé de casa. Dada a hora, tive o cuidado de fazer um prévio reconhecimento do terreno. Tudo calmo. Um plasma cuidadosamente virado para a esplanada, mas muito pouca gente na rua, que o Verão antecipado parece que se foi.

 

Fui buscar a família, e ainda cheguei a tempo de assistir aos minutos finais da Taça de Portugal. Qual não é o meu espanto quando, ainda não tinha terminado a partida, e já se falava em "triplete". "A primeira equipa a ganhar as três competições"!

 

No final do jogo, lá veio o pateta platinado, de três dedos em riste, como é seu costume, com a mesma estória. Do pateta platinado espera-se tudo. Dadas as limitações que todos lhe reconhecemos, acrescidas pela emoção do momento, dá-se o devido desconto e nem vale a pena entrar pelo caminho da desonestidade intelectual, por aquilo que em direito se poderia chamar de "flagrantíssima impossibilidade de objecto".

 

Só que a seguir, cada um dos pés de microfone da estação de televisão pública que tomou da palavra, fez questão de reiterar a estória.

 

E aqui já fico com a pulga atrás da orelha. Uma coisa é o João Bonzinho esquecer-se que o FC Porto foi uma das equipas, a par do Sevilha, do Bayern de Munique, do Manchester United e de uma outra, que logrou marcar presença em duas finais europeias consecutivas. E, hélas, para ele, é claro, logo havia de as conquistar. Apenas, ao contrário dos demais, foram finais de competições diferentes, e talvez daí a confusãozinha.

 

Outra coisa é tantos esquecerem-se da Supertaça Cândido de Oliveira. Ganharam três competições, é certo, mas não ganharam, nem "as três competições", como ouvi a alguns, nem sequer as três mais importantes.

 

Que eu saiba, em termos de importância, temos a nível nacional, por ordem decrescente: o Campeonato ou Liga, a prova rainha - a Taça de Portugal, e a Taça que opõe os vencedores destas duas - a Supertaça.

 

Compreende-se que queiram hipervalorizar a Taça Lucílio Baptista, basta ver quem ganhou mais edições, mas isto é como no poker. Um trio, é sempre um trio, mas pode ser de duques ou de ases. E os ases ganham aos duques.

 

Ou seja, nem a tal equipa conquistou o triplete de maior valor, nem foi a primeira a fazê-lo. Ainda muito recentemente, o FC Porto de Villas Boas conquistou a Liga, a Taça de Portugal e a Supertaça. Esse sim, o triplete real.

 

Portanto, é o costume. Podiam fazer as coisa doutra maneira? Podiam, mas não era a mesma coisa. Querem festejar? Festejem à vontade, mas na devida proporção, e sem atirar areia para os olhos dos outros, se faz favor.

 

E não se esqueçam, na próxima temporada a Supertaça vai ser outra vez a feijões. Mas talvez d' oiro!    

Mudam-se os tempos, mudam-se as verdades

17
Mai14

Ok, agora chega. Esta merda já me está a irritar, ao ponto de quase ter tido uma discussão ao almoço.

 

 

 

Para os mais distraídos, o que podem ver na imagem é a marcação de uma grande-penalidade, com o João Tomás, do Rio Ave, a partir para a bola.

 

Onde é que está o guarda-redes, e de que equipa é o guarda-redes? Sim, isso mesmo. Garanto que não há nenhum toque de Photoshop, que não sou dotado de jeito, nem tenho paciência para tanto.

 

Pois bem, este jogo foi para a Taça de Portugal da época 2010/2011, e o árbitro não foi outro senão o João "pode vir o João" Ferreira.

 

Na altura, acho que isto não mexeu com quase ninguém. Eu próprio, escrevi qualquer coisa sobre o assunto e, de resto, tudo normal, e siga a banda.

 

Agora é um Deus nos acuda. Petições a nível planetário na internet, e sei lá mais o quê. Não vou ao exagero de pedir coerência, caramba, que isso seria demasiado, mas então e um bocadinho de memória? Não era bom?

 

Bem sei, a filha do barbas ganhou o festival da Eurovisão (esta é da "Viperina", da "Nova Gente" da minha Mãe. Obrigado Mãe, pela imersão de cultura!), e agora querem ganhar tudo e mais alguma coisa, dê lá por onde der, mas por favor, menos, meus caros, menos...