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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Auxiliares de memória, precisam-se

26
Nov14

Corria o ano de 1981, e em 1 de Março, o FC Porto veio a Faro defrontar o SC Farense para a Taça de Portugal.

 

O jogo saldou-se por uma vitória azul e branca, com o Sousa a ser o autor de ambos os golos.

 

Ao intervalo, um pai sportinguista mexeu os seus cordelinhos, e conseguiu infiltrar o filho portista, vá-se lá saber como e porquê, (que a mãe também é sportinguista!) no pátio de acesso aos balneários do velhinho Estádio de São Luís.

 

E foi ali, a acenar envergonhadamente com um bloquinho de notasaos jogadores que iam passando, para que o assinassem, que resolveu a dúvida existencial do primeiro embate entre aqueles dois clubes a que assistiu.

 

Trinta e três anos depois, quase trinta e quatro, no rescaldo de um recente repasto em família, enquanto procurava um antigo jogo de xadrez para os filhos, outra vez feito miúdo, deu de caras com um bloco de notas, feito por si na aula de Trabalhos Manuais, que detestava.

 

De dentro do bloco, saltaram as duas folhinhas abaixo reproduzidas.

 

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Algumas das assinaturas são perfeitamente identificáveis. Duda, Frasco, Freitas, Fernando, um defesa-central barbudo, que viera do SC Braga, o Albertino, hoje pintor.

 

Mas a que resta, por mais que me esforce, não consigo identificar. Não sei se será do Sousa, o herói desse jogo.

 

Será que alguém com boa memória e acuidade visual me consegue ajudar?

 

Nota: Ainda não vi o jogo de ontem, todo. Mas gravei-o, e conto vê-lo logo, por isso, hoje apeteceu-me encher chouriços com esta manobra de diversão.

 

Nota da nota: Prometo que, quando lá chegar, vou festejar o golo do Herrera, como se fosse um momento único e irrepetível!

Ouço harpas, devo estar no céu (actualizado)

24
Nov14

"Os presidentes do FCPorto e do Benfica foram capazes de ultrapassar questões pessoais para salvar a Liga"

 

Quando vi e ouvi isto na RTP (a entrevista integral a Pinto da Costa em terras de Angola, será transmitida amanhã), nem quis acreditar. Quaisquer dúvidas que a capa abaixo pudesse suscitar, estavam perfeitamente esclarecidas.

 

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A minha primeira reacção foi pensar em fechar o tasco e dedicar-me ao macramé.

 

Foi como se em vez de quem preside aos destinos do meu clube, estivesse a falar no seu lugar um clone, um sósia perfeito, que por uma incrível coincidência, também se chamaria Jorge Nuno Pinto da Costa.

 

Mas depois de perder dez minutos a pensar fora da caixa, num exercício aturado de pensamento de caranguejo, acalmei e mudei de idéias.

 

O mote da minha deambulação foi: afinal, a quem dói mais esta união? A nós? Ou a eles?

 

É certo que do nosso lado há muito orgulho para engolir. Orgulho, e não só. Há Apitos Dourados, há tentativas de exclusão da Champions, há túneis, há tempos e tempos a ser insultados de corruptos e porcos, e outros mimos parecidos.

 

E do lado deles?

 

Bem se viu a precupação com que rapidamente vieram desmentir a união, logo à primeira denúncia vinda dos lados da Calimeroláxia. Como se fossemos leprosos, ou coisa pior, que na realidade é aquilo por que nos tomam.

 

Alguém no seu perfeito juízo, quando confrontado com as arbitragens que temos presenciado esta temporada, acreditará que controlamos o que quer que seja no futebol português?

 

Claro que sim. Há malucos para tudo nesta vida! Só que a realidade desmente-os.

 

E no entanto, eles vieram aliar-se a nós. Eles, que levaram anos e anos a criar um mito, lançando sobre nós o anétema do jogo sujo e da corrupção, como é que irão justificar agora, perante os próprios adeptos, esta convergência?

 

Para salvar a liga de clubes? Mas o que é que risca a liga de clubes no futebol português, para que seja tão premente a sua salvação?

 

Acaso não sobreviveria o nosso futebol sem a liga de clubes? O que é que se perdia? A arbitragem e a disciplina estão na Federação, e não se perspetiva qualquer alteração. Aliás, quem a defende é precisamente o Sporting, que ficou de fora.

 

A centralização dos direitos de transmissão televisiva? Para quê? A coisaTV não dá lucros a potes? E nós não temos os direitos vendidos até 2018?

 

Já sei, perdia-se a Taça Lucílio Baptista. Pfff!

 

Nada disto me parece razão suficientemente convincente para dar a volta a quaisquer adeptos, por mais fundamentalistas e desmiolados que possam ser.

 

Em compensação, do nosso lado, se deixam de fazer sentido queixas relativamente à arbitragem, talvez esta seja uma forma de finalmente se conseguir atingir um ponto de equilíbrio, perdido por via do Apito Dourado.

 

Aliviado finalmente, o espectro da corrupção que ensombra as actuações dos árbitros e que os leva, no exagero de evitar errar a nosso favor, a fazer precisamente o contrário, talvez o deve e haver no final do campeonato se venha a revelar efectivamente equilibrado.

 

A este ponto acresce que a parcialidade da comunicação social neste capítulo deixará de fazer sentido. Havendo uma sintonia entre os clubes, por que carga d'água a comunicação social, ainda que afecta a um deles, iria denunciar um deles e omitir o que se passa com o outro?

 

Um tal comportamento apenas acabaria inevitavelmente por minar a união, tão do interesse, vá se lá saber porquê, do seu clube favorito, logo será, em princípio, de evitar.

 

Por tudo isto, mudei de idéias, e tenho de dizer: "Chapeau", senhor Jorge Nuno Pinto da Costa. Jogada de mestre.

 

Quanto ao indivíduo dos apêndices auriculares protuberantes, das duas uma, ou se passou dos carretos, ou, como desconfio de há uns tempos a esta parte, o rombo no navio é tão colossal como o navio, e está ansioso por dar de frosques, prestando-nos antes disso, um derradeiro e precioso serviço.

 

Apenas uma nota final de discordância. Qualquer questão que possa ter havido, nunca poderá ser ou ter sido pessoal.

 

Jorge Nuno Pinto da Costa foi ilibado em toda a linha no Apito Dourado, mas o clube foi condenado e perdeu seis pontos.

 

Para os adeptos que têm levado anos e anos a serem insultados, e que, perante o silêncio institucional, em muitas ocasiões, deram eles próprios a cara e o corpo ao manifesto pelo clube, esta não é uma questão pessoal.

 

Os homens passam e a instituição fica, ninguém está acima dela. Foi isso que aprendemos nestes anos todos, e aplica-se aos jogadores, aos treinadores ou ao próprio presidente.

 

Apesar de estar a falar a partir de Angola, os tempos não são de absolutismo e os Reis Sol deixaram de fazer sentido. O Sol quando nasce é para todos. 

A problemática do assobio

20
Nov14

Depois do Bloco de Esquerda se preocupar com o reles piropo, do nosso lado são os assobios dos adeptos à sua própria equipa, que provocam casos sérios de urticária.

 

É uma temática interessante, especialmente porque, para além das vozes, muitas, críticas para com os assobiadores, poucas tentativas vi de procurar compreender, afinal de contas, porque diabos assobiam.

 

Paradigmático na procura de uma resposta, foi um dos comentadores do Porto Canal, não me recordo do seu nome, no pós-match da recente derrota com o Sporting.

 

Para ele, sendo certo que o (mau) futebol apresentado pela equipa não puxa pelos adeptos, estes também não incentivam a sua equipa. Antes pelo contrário, invectivam-na. Dizia ele, que lhe dava a impressão de que estes adeptos, que talvez se comportassem racionalmente durante a semana, deixando no ar a dúvida quanto a isso e dando-nos a boa notícia de que ele o fazia, pareciam aproveitar o fim de semana e os jogos de futebol para extravasar a sua irracionalidade, assobiando a equipa, que supostamente deveriam apoiar.

 

Ou seja, resume-se a situação a uma questão de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, que não tendo solução resolvida estará sempre, ou que a ter solução, será a saída mais fácil que é a irracionalidade dos adeptos.

 

É curto, e é o tipo de resposta simplificadora de que francamente, não gosto.

 

Julgo que não fujo muito à verdade se disser que na génese e crescimento do FC Porto moderno esteve uma forte identificação do clube com a cidade e a região, aliados numa luta, quero acreditar, mais contra a centralidade da capital do que contra o sul no seu todo.

 

Simultâneamente houve uma profunda identificação dos adeptos com o repto lançado pelo clube, e não só. Identificaram-se facilmente também com alguns jogadores, oriundos alguns deles dos mesmos lugares que eles próprios, com os quais estabeleciam sem dificuldade laços de grande afinidade, e cujo comportamento em campo, no fundo replicava a sua própria postura perante o desafio lançado e a vida - os chamados jogadores à Porto.

 

No entanto, assobios sempre os terá havido, e se alguns jogadores mal mijavam fora do penico se sujeitavam à assobiadela geral, outros podiam executar perfeitas obras de arte pelas paredes, sem que mal algum os afligisse.

 

Por muito que custe, este FC Porto, de Pinto da Costa, meu e de, quero crer, ainda muitos outros portistas, como todas as coisas vivas, nasceu, cresceu e morreu.

 

O FC Porto pós-moderno dos dias de hoje, sen que isto seja necessariamente uma crítica, é um entreposto de jogadores. É a fórmula, que nos garantem sem grande hipótese de refutação, que assegurará a sobrevivência do clube e a continuação na senda da conquista. Mais do que recorrer a fundos de jogadores, o clube transformou-se ele próprio num fundo de jogadores.

 

Nos tempos que correm, em que todo o cuidado com os produtos tóxicos oferecidos pelas instituições financeiras, é pouco, o investimento em jogadores com a chancela #SomosPorto, garante, para gáudio de alguns portistas, conforme já li, e dos investidores, um retorno garantido, inclusivamente superior ao que se poderia obter por outras vias.

 

Em nome deste FC Porto as referências com que os adeptos contavam no terreno de jogo, os jogadores com os quais se identificavam, foram progressivamente e menos paulatinamente do que, confesso, me agrada, sendo-lhes retiradas.

 

Em troca, o que é que o clube, a SAD, a direcção, deram aos seus adeptos? Vitórias atrás de vitórias. Os jogadores à Porto, que dentro do campo eram os elementos de referência dos adeptos foram sendo despachados para a Turquia, para os Rio Aves, Estoris e para a equipa B:

 

"estes até são bons rapazes, mas estes que aí vêm são melhores, alguns deles são mesmo vedetas internacionais, e assim vamos continuar a ganhar"

 

Ora, sendo esta a oferta, quando as vitórias não aparecem, os adeptos olham para o relvado e não encontram alguém que colha a sua especial simpatia, mas apenas camisolas azuis e brancas.

 

É como dizia o Rui Veloso: "O prometido é devido", e claro está, cai-lhes mal. É natural, e daí ao assobio é um vê-se-te-avias.

 

O seu comportamento tem muito de pavloviano, ainda que involuntariamente induzido. Foram condicionados para reagirem positivamente às vitórias, e fazem-no, da mesma forma que reagem pela inversa às derrotas.

 

O futebol ainda é um jogo de homens (e mulheres) para homens (e mulheres), a experiência diz-me que tendemos a ser mais condescententes para com aqueles com os quais estabelecemos laços de alguma afectividade: "Quem para louvar a noiva, senão o noivo?"

  

É irracional? Talvez. Mas o que é que será mais irracional, este tipo de comportamento, ou o acreditar que, porque nos últimos 30 e tal anos as coisas correram maioritariamente pelo melhor, o mesmo irá forçosamente novamente acontecer?

 

Isso é pura fé. Há algo mais irracional do que do que a fé?

 

Por tudo isto, talvez não fosse pedir muito que o Porto Canal, obviamente sem abdicar da sua linha editorial, em vez de nos presentear com boas novas sobre a racionalidade do(s) seu(s) comentador(es), pudesse incluir na sua grelha de programas, qualquer coisa que promovesse a aproximação entre os adeptos e os jogadores do clube.

 

Será que jogadores como o Tello, vindo do Barcelona, ou o Óliver do Atlético de Madrid, habituados a lidar com o todo-poderoso e omnipresente Real Madrid, não terão alguma coisa interessante para dizer, com que os adeptos do FC Porto possam estabelecer um paralelismo?

 

Ou o Brahimi? Ou o Maicon, que já por cá anda há uns anos?

 

Bem sei que há a revista, há as redes sociais, e tudo isso, mas decididamente, não chega. Este tipo de intervenção está vedado ao Porto Canal?  

 

Posso estar enganado, e certamente até estarei, mas parece-me que os laços afectivos e a identificação que, sem censuras, se estabelecerem entre os adeptos e os jogadores, terão um efeito bem mais duradouro do que campanhas, que por muito bem gizadas que sejam, à primeira derrota se irão.

 

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Só para ter a certeza…

19
Nov14

Afinal, o Tozé é menos portista porque simulou uma falta e tentou sacar um amarelo ao adversário, ou porque o fez naquela jogada com o Martins Indi, e contra o FC Porto?

 

É que eu lembro-me do Paulinho Santos a sair do relvado estendido na maca, e a fazer o sinal de OK (infelizmente, não consegui localizar na net a imagem alusiva. Se alguém quiser fazer o favor, esteja à vontade).

 

Alguém vai querer pôr em causa o portismo do Paulinho Santos? E não se preocupem com a resposta que derem, que, quase de certeza, ele não lê este blog.

 

Agora, vamos lá por imagens.

 

Se quisessem escolher uma imagem que simbolizasse a mística do FC Porto, a superação de si próprios, o pensar no outro como em si mesmo, a luta aguerrida até ao último instante, o Ser Porto, o sentir a chama azul e branca no sangue, o pulsar do fogo da determinação e da garra nas veias, o fazer do impossível o possível, do ganhar e crescer independentemente de quem está do contra, do outro lado, a congeminar na sombra (descrição de mística do FC Porto, do Ser Porto, ou do portismo, como quiserem, retirada, com a devida vénia, do blog Porto Universal), qual das imagens escolhiam?

 

Esta, onde estes senhores festejam no encerramento do nosso pior campeonato dos últimos 30 anos, uma vitória no Dragão sobre o já campeão nacional, que viria a conquistar também as Taças de Portugal e da Liga:

 

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Ou esta, onde um Senhor chora após a conquista de um hexa, sim hexacampeonato de andebol?

 

João Pinto Hexa

 

Eu tenho a minha resposta, não deixem que a maiúscula em “senhor” os influencie na Vossa.

 

Voltarei a este assunto, dependendo das respostas, se as houver.

Being Julen Lopetegui

17
Nov14

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Lamento muito, mas tenho más notícias para aqueles que, por pouco mais do que pura fé, tomaram as dores do nosso treinador, e resolveram desatar a deitar loas à bendita da rotatividade.

 

As notícias também não são boas para os que viam no projecto por ele encabeçado, o regresso ao futebol de toque e de posse.

 

E para os que acreditam que tem uma idéia bem definida do que pretende para o futebol da equipa, as novas também não são igualmente as melhores.

 

Lopetegui não tem uma idéia para o futebol que quer ver implementado na sua equipa. Tem várias. E elas sucedem-se em catadupa, quase que atropelando-se.

 

No início da temporada, com Rúben Neves e aquando da pré-eliminatória da Champions, o futebol de posse parecia ser o desígnio pretendido.

 

A seguir, entrou em cena a rotatividade, e o modelo de posse foi-se verticalizando, dando lugar, intermitentemente, a um futebol mais directo. Este terá atingido o seu auge na partida contra o Estoril-Praia, em que o meio-campo ficou reduzido a duas unidades, e as transições ofensivas ficaram quase exclusivamente a cargo do Herrera.

 

A título de exemplo, peguemos nesse e no jogo contra o Nacional da Madeira.

 

Contra os madeirenses tivemos o meio-campo mais ofensivo da temporada: Casemiro; Óliver e Quintero.

 

Se bem percebi a intenção de Lopetegui, a jogar no Dragão, e contra um adversário que alinha com três unidades na linha de ataque, seria, quando em posse de bola, fazer subir os dois centrais até à linha divisória, com Casemiro a juntar-se-lhes, formando um trio.

 

Sendo o meio-campo oposto, com um duplo pivot mais destrutivo que construtor, pouco dado ao transporte de bola, ficava apenas o Gomaa, mais para lançar os avançados do entrar em progressão individual.

 

Estreitando o espaço de manobra dos três avançados alvi-negros, ficaríamos detentores de superioridade na zona intermédia com o avanço dos nossos laterais e o Quintero e o Óliver a funcionarem como médios interiores, sempre do meio-campo para diante.

 

A coisa parecia estar bem pensada. Mas falhou. E, estupidamente, falhou pelo motivo mais idiota que se possa imaginar: marcámos um golo cedo, aos 9 minutos de jogo.

 

A partir desse momento, o Casemiro foi o primeiro a desposicionar-se, avançando para terrenos que não seriam os seus, o Quintero raramente pegou no jogo, e o que salvou o naufrágio total do meio terreno foi a exibição do Óliver.

 

Lopetegui teve de emendar a mão, lançando a jogo o Herrera, e a coisa recompôs-se, não sem que tenhamos sofrido alguns calafrios.

 

Contra o Estoril, pelos vistos, ao que se sabe agora, sem poder contar com Óliver e Quintero nas melhores condições, teve de mexer na equipa e dar a titularidade a Adrian e Herrera.

 

O Estoril, apesar de também utilizar o duplo pivot, optara nos últimos jogos, apenas por um avançado, o Kléber, e contra nós o Tozé, fazendo um 2 x 3 x 1, onde os homens das alas partem mais de trás que os nacionalistas, e são obrigados a um vaivém constante.

 

Contra uma equipa que vinha de disputar um jogo europeu, talvez a lógica tenha sido, um pouco à la Co Adriaanse, sufocar o adversário junto à sua defensiva, lançando para diante quatro homens: Quaresma, Jackson Martinez, Adrián e Brahimi.  

 

Uma vez mais, no papel a coisa parecia poder resultar. O raio é que os tipos do outro lado correram que se fartaram, e nunca, por nunca, se ressentiram do jogo disputado 72 horas antes. O nosso meio-campo de duas unidades, viu-se votado ao desprezo, e pouco mais houve a fazer que correr atrás do prejuízo.

 

Ou seja, nota-se perfeitamente que há trabalho de casa feito. Os adversários são estudados e não resta dúvida que são procuradas as soluções que, no plano teórico, terão pernas para andar. Mas algo falha.

 

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Para Vitor Pereira, havia quem entrasse em perda contra nós por mudar o seu ADN.

 

Mourinho tinha o seu esquema táctico, que balançava entre o 4x3x3, a nível interno, e o 4x4x2, para os jogos europeus, mas os princípios básicos não se mudavam.

 

Adriaanse, a partir do momento em que apostou no modelo de jogo que melhor conhecia, levou a sua para diante, não obstante os constantes sobressaltos provocados pela vertigem ofensiva.

 

Jesualdo permaneceu sempre fiel ao seu estilo de bloco mais recuado e transições rápidas.

 

O André Villas-Boas, apostou no 4x3x3, e para além das trocas de Beluschi por Guarín, e das rotações defensivas, pouco mais mexeu.

 

Por Vítor Pereira começou este flashback, e quanto a mim, foi o mais conservador de todos os nossos treinadores dos últimos tempos.  

 

O descalabro de Paulo Fonseca começou precisamente quando foi incapaz de impôr o seu modelo de jogo de duplo pivot, que de resto, muito por força da existência de um senhor chamado Fernando, não fazia sentido.

 

Comecei a ver futebol no tempo em que não existiam doutorados e mestres da táctica. Existiam sim velhas raposas, como Pedroto, Manuel de Oliveira, António Medeiros e outros, com os quais curiosamente, o actual mestre da táctica nos seus tempos de jogador, raramente calçava para o onze inicial.

 

Eram homens dotados de uma imaginação e uma sageza táctica que de jogo para jogo, ou no próprio jogo, alteravam a forma de jogar das suas equipas, apostando com mestria no factor imprevisibilidade.

 

Talvez por isso, pessoalmente, agrada-me no futebol a plasticidade táctica. A repetição do mesmo sistema de jogo vezes sem conta torna-se enfandonha, e francamente, aborrece-me. Por isso mesmo, uma das críticas que sempre fiz a Vitor Pereira foi a de não ter um plano B.

 

Contudo, quando olho para os nossos ex-treinadores que acima mencionei, e para as suas posturas, tenho de dar o braço a torcer.

 

Pergunto-me se nos dias de hoje, não nos estará a faltar arrogância táctica, do género de entrar em campo e dizer:

 

"Estamos aqui, e jogamos assim, vocês desengomem-se como quiserem".

Mendes' World, algures no ano 2016

14
Nov14

Ainda amargurado e sem digerir a troca no defeso do sidekick perfeito, di Maria, por James Rodriguez, depois de nova manifestação pública de apreço de Ancelotti por Toni Kroos, com culpas no cartório para Miguel Lourenço Pereira, subitamente, Cristiano Ronaldo sente-se triste, e Florentino Pérez põe os patins ao treinador italiano.

 

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Nem a Champions, o título espanhol e a Taça do Rei chegaram para salvar-lhe a pele.

 

Para o seu lugar surge Julen Lopetegui, recente campeão em título português e semi-finalista derrotado pelo Real Madrid na Liga dos Campeões, que põe assim abruptamente, fim a um projecto a três anos, após um final dramático de campeonato.

 

A derradeira jornada da prova viria a revelar-se decisiva com os dragões e o clube mais grande dos arredores de Carnide a alcançá-la em igualdade pontual.

 

O FC Porto derrota o Penafiel, depois de entrar a perder, com o golo adversário a ser apontado numa assistência de Herrera, em passe ao bom estilo de Secretário. Jackson Martinez empata, através de uma grande-penalidade assinalada por Artur Soares Dias, por falta cometida sobre Adrián Lopez.

 

O tento da vitória e do título, viria a ser obtido por Ricardo Quaresma, de livre directo, já em período de descontos.

 

O mais directo concorrente na luta pelo ceptro de campeão, acaba derrotado nos Barreiros, com um golo de Talisca na própria baliza.

 

Coincidindo com o términus do projecto de Peter Lim em Valência, o sucessor de Lopetegui é Nuno Espiríto Santo, que assim regressa ao Porto depois de ter sido terceiro classificado da La Liga, logo atrás de Real Madrid e Barcelona, e vem finalmente dar alguma substância à hashtag #SomosPorto.

 

O magnata de Singapura abandona Espanha e instala-se na capital lusa, trazendo consigo na bagagem Rodrigo, André Gomes, João Cancelo, Ivan Cavaleiro, Bernardo da Silva e Enzo Pérez, cuja estadia em Mestalla, não foi além de seis meses.

 

Fica assim cumprida a profecia do indivíduo das orelhas protuberantes, de que aqueles jogadores, que haviam saído por empréstimo, um dia regressariam ao seu clube.

 

Fazendo jus ao nome do seu novo proprietário, o clube passa a ser vulgarmente conhecido por Sport Limsboa e vocês sabem o resto.

 

Quem acaba por não beneficiar desta lufada de ar fresco, é o pateta platinado que orientava a equipa. Tão tradicionalmente habituado a morrer na praia, quando em confronto com o FC Porto, como a ser beneficiado por erros de arbitragem nos seus jogos, não consegue resistir a um terceiro lugar, atrás do Vitória de Guimarães de Rui Vitória, que, seguindo à última jornada a dois pontos dos líderes, derrota em Coimbra a Académica.

 

Comovido, o pateta platinado despede-se eloquentemente, como é seu apanágio: "Atão prantes, é assim: sou muita bom, mas fui!"

 

Seguindo na onda das profecias que se realizam, como nos contos de fadas, o seu substituto é Paulo Fonseca, que por sua vez, profetizara que um dia ainda voltaria a treinar um clube grande. Cumpre desse modo o seu sonho inconfessado de menino e, como bónus, segue as pisadas do seu grande ídolo. Um três em um.

 

É este o Mundo de Mendes, Jorge, algures em 2016, ano da graça dele próprio.

 

Rói-te Nostradamus!

 

E se nos deixássemos de merdas?

12
Nov14

Lamento maçá-los, mas regresso a um tema que abordei recentemente, não tendo sido talvez, suficientemente explícito.

 

Dificilmente alguém conseguiu, ou algum dia conseguirá, ser consensual.

 

Recuo uns anos, para tentar explicar melhor onde quero chegar. Co Adriaanse não foi consensual entre os adeptos portistas.

 

Caramba, alguns houve que andaram aos pontapés com o carro do homem! O tipo era doido, etc, etc, mas o principal problema foi que, entre os jogadores, e esses sim, é que contam, não era, de todo consensual.

 

Jesualdo Ferreira nunca reuniu o consenso entre os portistas. O benfiquismo era difícil de perdoar, o futebol praticado, por vezes também. As vitórias foram atenuando as divergências entre defensores e, chamemos-lhes, descontentes, por assim dizer.

 

Quando as coisas se tornaram mais complicadas, na terceira temporada, teve em Bruno Alves, no jogo da derrota contra a Naval 1.º de Maio, um verdadeiro e saudoso capitão, e o consenso estabeleceu-se em torno da equipa.

 

No entanto, ainda hoje há quem o defenda e quem o insulte.

 

Com André Villas-Boas a divisão inicial entre os que o defendiam, porque sim, porque era nosso, tal como agora acontece com Lopetegui, e os que dele duvidavam, foi sendo erradicada na exacta proporção em que os resultados foram aparecendo.

 

Ainda assim, não se livrou de reparos sobre a falta de ópera, e pior do que isso, a sua saída é que, verdadeiramente, terá dividido os portistas.

 

Não muito diferente foi o que se passou com Vitor Pereira, embora neste caso, os níveis de desconfiança fossem à partida bem mais elevados, fruto da sua condição de ex-adjunto, e o pobre futebol praticado, somado aos maus resultados nas provas europeias, também não ajudaram.

 

A clivagem entre aqueles que defendiam o treinador, apenas porque sim, à margem de uma qualquer perspectiva mais racional, e os que nele não acreditavam acentuou-se. Neste capítulo, o bicampeonato, que cada vez mais me parece resultado da sua competência, nem para a sua continuidade concorreu.

 

Ou seja, quatro treinadores, todos eles vencedores, alguns deles até por mais de uma época, e nenhum deles consensual.

 

Mais, à desconfiança de base, mais patente nos casos de André Villas-Boas e Vítor Pereira, a resposta foi um crescendo de divergência entre os adeptos, que, se num caso foi esmorecendo com as vitórias, no outro nem tanto.

 

Porém, que eu me lembre, nenhum destes quatro treinadores teve atitudes ou decisões que, para além da desconfança inicial, motivassem a divisão entre os adeptos.

 

Com Lopetegui tivemos a desconfiança inicial, resultante do seu percurso profissional, e a resposta foi a usual.

 

Depois tivemos a contratação do contingente de jogadores seus compatriotas, e novo factor de divisão surge entre os portistas.

 

Seguiu-se o affaire Quaresma, e assistimos ao nascimento do FC Quaresma.

 

Em seguida, a rotatividade, primeiramente dos intérpretes, e agora do modelo táctico.

 

Tudo isto salpicado por raros momentos de bom futebol e de resultados satisfatórios, como o apuramento para a Champions e agora a garantia de apuramento para os oitavos de final, entrecortados por resultados francamente desanimadores e futebol de fazer dó.

 

E nascem o FC Assobios e o FC Festas.

 

Nunca, com qualquer outro treinador notei tanta divisão entre os portistas, e nunca os resultados e o bom futebol foram tão gritantemente necessários, de modo a sanar a desconfiança de partida.

 

Paradoxalmente, nunca nenhum outro daqueles treinadores, por si só, fez tanto para fomentar essa divisão.

 

Portanto, e se nos deixássemos de merdas? E se nos deixássemos de FC Quaresmas, FC Assobios e FC Festas, e percebessemos de uma puta de uma vez por todas, que o que todos queremos é bom futebol e vitórias?

 

E se não o primeiro, que venham as segundas.

 

E se nos deixássemos de concursos de portismo? Agora toca a vez ao Tózé. É portista, não é portista.

 

Que se lixe! Que faça o mesmo que fez de azul e branco vestido, e será tão portista como o mais portista dos portistas.

 

O "Tactical Porto" também levou pelo caminho com o estigma da falta de portismo. Porquê? Porque ousa analisar tacticamente quem? O FC Porto! Queriam que analisasse quem?

 

Ora, sinceramente!

 

A coisa já chegou a um ponto que já vi adeptos a criticarem adeptos, que por esse prisma, até talvez não o fossem, por chamar Lopes, ao Julen Lopetegui - deixem-me escrevê-lo assim, não vá o diabo tecê-las.

 

Não se pode duvidar, analisar, quanto mais criticar, fora do mainstream, que não sei bem se é main, mas que, definitivamente se quer a si próprio elitista, exclusivista, detentor da verdade e censor?

 

"Blasphemare absens fides", é isso?

 

Há um prémio especial para o concurso dos mais portistas? Ou será de consolação? Avisem o Governo, que talvez ainda lance uma sobretaxa nova.

 

É para aí que caminhamos? É para aí que queremos ir?

 

Se é, pergunto novamente, e se nos deixássemos de merdas? 

 

 

Major breakthrough!

12
Nov14

Aham!

 

As poucas apetências que possuo no domínio da ciência informática são universalmente reconhecidas, por isso, é com enorme prazer que os convido a olhar para a coluna da direita desta coisa, mesmo por debaixo do boneco do Facebook. Fui eu que fiz!

 

Como da minha parte a situação continua complicada para conseguir debitar mais do que 20 linhas seguidas, e como a minha capacidade de síntese está mais ou menos ao nível da apetência para a informática, o único sítio onde, com alguma regularidade, continuo a mandar algumas bojardas é no Twitter.

 

Como também já percebi que nem todos são fãs do dito coiso, voilá: o @azulaosul no Azul ao Sul.

 

Espero que não se importem, e quanto ao resto...vou dando notícias! 

A equipa-tipo e o tipo das equipas

09
Nov14
Não sei o que vai na cabeça de outros portistas, pois pelo que tenho percebido, nalguns casos, é radicalmente diferente do que vai na minha, mas, para mim, nesta altura da época, o FC Porto já tem uma equipa-tipo estruturada.

Fabiano; Danilo, Maicon, Martins Indi e Alex Sandro; Casemiro; Herrera e Óliver; Tello, Jackson e Brahimi.

Pontualmente poderão entrar o Quintero e o Quaresma, pelo Óliver e pelo Tello, e ainda muito mais pontualmente, quaisquer outros.

Esta equipa-tipo resultou das múltiplas experiências feitas pelo treinador, com vários jogadores, e com os mesmos jogadores em posições diferentes.

Perante a dúvida metódica, a equipa acabou por encontrar ela própria a sua equipa-tipo. São estes os jogadores, e são estas as posições.

Como o velho princípio do "não mexas mais, que estragas", parece ter tanta aplicação aqui, como o dizer a um puto de seis anos para não fazer o que quer que seja, resta esperar que a equipa e a equipa-tipo sobrevivam à teimosia do tipo das equipas.

Se eu fosse...

02
Nov14

 

 

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Após a rotatividade ter atingido o seu pináculo (até à data!) na partida frente Sporting, cuja derrota nos custou a eliminação da Taça de Portugal, e pior do que isso, ter de gramar com o sorriso trocista do Bruno de Carvalho, seguiram-se três vitórias consecutivas.

 

Contra o Athletic de Bilbao, o Quaresma decidiu o desafio.

 

Em Arouca, o onze que entrou em campo tinha apenas uma alteração relativamente ao último que jogara.  

 

No jogo de sábado sairam o Herrera, um dos jogadores mais contestados pelos críticos, e o Tello, e entraram o Óliver e o Quaresma.

 

Se eu fosse um portista a sério, daqueles que não são adeptos do FC Quaresma, do FC Assobios ou do FC Festas, aproveitava a embalagem deste recente trajecto vitorioso, e parava um bocadinho para pensar.

 

Se eu fosse inteligente, o que se coloca em dúvida a título meramente académico, perceberia sem grande dificuldade que as últimas opções do mister Lopetegui revelam afinal uma crescente aproximação àquilo que os contestatários, membros de pleno direito do FC Quaresma, do FC Assobios, do FC Festas e demais, vêm reclamando.

 

E, sendo inteligente, ficaria contente, porque os resultados não enganam, e têm sido jeitosos.

 

Tão contente que certamente não perderia tempo a tentar demonstrar que o golo do Quaresma resultou de um acto de egoísmo, pois havia um colega em melhor posição para marcar, além da ajuda prestada pelo guarda-redes contrário.

 

Ou a constatar que o Arouca, enfim, o Arouca é o Arouca...

 

Ou que o golo do Brahimi, sendo um golpe de génio, surgiu também ele após uma série de jogadas egoístas, que poderiam facilmente tê-lo feito ir para o duche mais cedo.

 

Mas ficaria ainda mais contente por comprovar que a grandeza do FC Porto é de tal ordem, que consegue albergar no seu seio várias correntes de opinião distintas, das  pró fundamentalistas acirradas às critícas e contestatárias obstinadas, e que no fundo e apesar dos pesares, todas querem o mesmo: que o FC Porto vença, que vença sempre, e em particular, clubes cuja dimensão nos é inferior, como diria o presidente do Sporting.

 

Se fosse um portista a sério e inteligente, garanto que não perderia tempo precioso a apregoar e a exibir o meu portismo em detrimento dos demais, e marimbava-me para os adeptos do Eça, que se divertem a criar heterónimos para algo que é único, até nas diferenças.

 

Digamos que é como os concursos de medição de pilinhas, que perdem um tanto ou quanto do seu interesse, a partir do momento em que o John Holmes entra em cena.

 

Isto, se eu fosse...