Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Excelente Vincent

11
Dez14

Aboubakar.jpg

 

A avaliar pela forma como sorriam e se abraçavam no final do jogo os nossos rapazes e os do Shakthar, o empate foi o resultado salomónico que a todos satisfez, e felicidades para a próxima eliminatória, que se nos tornarmos a encontrar será lá mais para diante.

 

Quem também não vamos encontrar de certeza, é qualquer um dos nossos compatriotas. É como dizia aquela canção brasileira: “Tudo está no seu lugar”. Nós, nos oitavos de final da Champions, o Sporting na Liga Europa, o que é estranho, mas não deve ser por muito tempo, e os outros no sofá.

 

Não será como na canção, “graças a Deus”, mas pelo que ouvi ontem ao Ribeiro Cristóvão, e principal e estranhamente, ainda para mais, dado o timing, ao Joaquim Rita, graças ao pateta platinado com o nome do Filho.

 

Só correu mal a lesão do Ruben Neves, que era um daqueles azares perfeitamente escusados em qualquer momento, mas principalmente no jogo daqueles, e antes de um jogo dos outros.

 

Para mim, o melhor nem foi o resultado, nem o golaço do Aboubakar, para deleite do meu filho Vicente – o meu outro filho, quando lhe expliquei que aquele senhor com a crista esquisita e a barba, ainda mais esquisita, se chamava Raúl (Meireles), como ele, fez a cara mais incrédula que o vi fazer até hoje.

 

O que verdadeiramente me encheu as medidas foi ver, já não me recordo se antes, se depois do golo, o Aboubakar a puxar pelo público.

 

Foi preciso ser um jogador chegado há uns meses, e que não tarda estará infelizmente de partida novamente – raios parta a malfadada CAN! – a interagir com os adeptos.

 

Poderá ser um enviesamento de perspectiva da minha parte, pois vejo os jogos a uma distância considerável, e num espaço de observação limitado a um rectângulo, mas parece-me que há um excessivo distanciamento entre jogadores e público.

 

Sinto isso, mesmo em relação àqueles que mais anos têm de casa, como se para eles, os adeptos fossem apenas aqueles chatos que estão confortavelmente sentados nas bancadas, sempre prontos para assobia-los à primeira escorregadela.

 

Que o são, nalguns casos. É verdade, mas caramba, não é motivo para se esconderem ou fugir deles, muito menos ignorá-los.

 

Por isso, gostei Vincent. Gostei do golo, mas principalmente, da atitude. 

 

Quizás el castellano no sea tan sencillo (o "Los hijos de puta de siempre siguen siendo hijos de puta")

06
Dez14

Resolvi aproveitar uma pausa durante o almoço para dar uma vista de olhos às notícias no Sapo, e dei de caras com isto:

 

"Não vou ficar eternamente no FC Porto", da autoria do Jackson Martinez. Vindo de quem vinha, não me causou grande surpresa. Digamos que não estou propriamente à espera que, no dia em que deixe as nossas cores, o Jackson o faça de lágrimas nos olhos e voz embargada.

 

Para compor o ramalhete, lá vinham mais umas quantas notícias sobre o Jackson Martinez:

 

"Liverpool ao ataque por Jackson"

"Empresário diz que Jackson «Vai respeitar acordo com FC Porto»

"Tottenham quer Jackson em janeiro"

 

Um belo quadro. No entanto, apesar de não achar estranho o conteúdo, achei o momento: "Por que raio há-de vir dizer uma coisa destas, nesta altura?"

Não me dei por satisfeito, e fui tentar descobrir a origem da notícia.

 

Pelo que percebi, surgiu numa entrevista que o Jackson terá dado ao site beIN Sports, que terá sido depois replicada, por quem? Pelo "Record". A entrevista, se quiserem podem vê-la e ouvi-la aqui.

jackson-martinez_l39ve0wk8mf61dtt932004o49.jpg

 

Se o fizerem, hão-de notar, tal como eu também o fiz, que o que ele diz é: "No solo quero quedar ahí, quiero seguir (-lo) mejorando, seguir cresciendo como jugador y continuar aprendiendo".

 

Ora, isto é ligeiramente de "Não quero ficar eternamente no FC Porto".

 

Portanto, a não ser que haja mais qualquer coisa que me tenha escapado, cá está mais um belo exemplo do jornalisno de merda que temos por cá. Venham-me dizer que não há quem seja levado ao colinho...

 

Se não entendiam o que o homem estava a dizer, porque é que não pediram ajuda ao Nuno "saco-de-mijo" Luz? De certeza que ele dava uma mãozinha.

 

Mas não, los hijos de puta de siempre siguen siendo hijos de puta. 

Truz, truz, quem vem lá?

05
Dez14

Há uma regra na vida, que embora nunca tenha aplicado pessoalmente, tenho de ciência certa, que resiste a qualquer teste ou experimentação.

 

Só vocês saberão o porquê, mas imaginem que vão visitar uma vidente, uma astróloga, uma cartomante, uma taróloga, uma cigana, como quiserem. Se baterem à porta ou tocarem à campainha, e do lado de lá uma voz perguntar: “Quem é?”, esqueçam. É escusado, podem dar meia volta e ir embora.

 

Assim andam a arbitragem portuguesa e as nomeações do Vítor Pereira. Ele bem nos pode oferecer a bola de cristal, o baralho de Tarot, e dizer-nos que vamos ter os melhores árbitros nos melhores jogos.

 

A acção não bate certo com o discurso, e as nomeações que faz são de tal forma incompreensíveis, que se tornam mais imprevisíveis que uma ida dos meus filhos à casa de banho.

 

Isto, caso se perguntem, vem muito concretamente a propósito da recente nomeação dos Manueis, o Oliveira e o Mota, para os jogos do actual primeiro classificado e o nosso.

 

Mas não é novo. Já no final da época passada, que ainda por cima, marcou a estreia da profissionalização da arbitragem, questionei esta “política”. Não estão disponíveis os internacionais/profissionais, e vão estes? Será isso?

 

Paulo Baptista – um árbitro que, não obstante a longa carreira, pelos vistos, nunca mostrou competência suficiente para alcançar a internacionalização, mas que possui no seu currículo um vasto lastro de presenças em clássicos e até uma final da Taça de Portugal – comentou criticamente na época passada, que seria uma forma de preservar os internacionais.

 

Apitavam menos, logo, mais longe do escrutínio geral estariam e menos erros cometeriam.

 

Então mas estes, não é suposto serem os melhores? Se são os melhores, não errarão menos que os outros?

 

Ou afinal, é tudo a mesma coisa? Se é assim, porque é que estes é que são internacionais/profissionais, e não os outros? Qual é o critério de escolha? As avaliações?

 

Então, mas se não chegam a internacionais porque não têm boas notas, a seguir vão apitar os tais melhores jogos? Para quê? Melhoria de nota?

 

Tudo isto é muito relativo. Ainda há umas jornadas atrás tivemos um belo exemplo do que é a ironia poética da nossa arbitragem.

 

Bruno Paixão, um árbitro que fez o percurso inverso, sendo despromovido de internacional, segundo a lógica, por não ser suficientemente competente para tal, foi apesar disso, escolhido para um jogo importante.

A coisa até não lhe terá corrido mal, mas um dos seus auxiliares cometeu um daqueles erros de palmatória, perfeitamente naturais, quando a favor de um dos clubes em compita. O que é que aconteceu? Todos caíram em cima do Bruno, e irão cair-lhe enquanto o caso estiver em cache na memória.

 

Nessa mesma jornada, o Artur Soares Dias, árbitro internacional, fez uma arbitragem do mais ranhoso que há, num jogo nosso, e o que é que lhe sucedeu? Escapou-se incólume por entre as gotas de chuva.

 

Por isso, esta questão, quanto a mim, ultrapassa já o mero pormenor da “escolha”. Acho que entrámos grandemente no domínio da gestão danosa.

 

Se existem recursos disponíveis, estamos a pagar por eles, e não os utilizamos, o que é que podemos chamar a isso?

 

Faz-me lembrar um País que conheço, que também foi pago para esquecer a pesca, a agricultura, a indústria: “Ah, e tal, esqueçam lá isso, que vos damos fundos para a formação profissional”. O resultado está à vista.

 

E se existem recursos disponíveis, pagamos por eles, não os utilizamos, e ainda vamos pagar a outros piores para executarem a mesma tarefa, então, nem sei o que diga.

A perfeição é o limite

02
Dez14

Isto não se faz. Desde ontem que sou constantemente alvo de provocações por parte de colegas, mormente daqueles que são adeptos de um clube muito grande, muito grande, que obteve este fim-de-semana mais um golo num lance de fora-de-jogo, de que pouco se fala, justificando-se assim, tanto a parte do mor, como do mente.

 

Então não é que uma série destes sacanas me vieram dar os parabéns pela vitória do FC Porto?

 

Parabéns porquê?! Perguntei eu, surpreendido.

 

Parabéns porquê, num jogo contra uma equipa que terá tido tanto tempo de descanso após a partida para a Liga Europa, como o Estoril, com quem empatámos?

 

Porquê, se os golos do FC Porto, todos eles sem excepção são indignos de ter visto a luz do dia, tal a casualidade com que surgiram?

 

Sim, porque não houve naquele raio daquele jogo, uma única porra de um golo de que se possa dizer: "Benza-te Deus!"

 

Querem que festeje aquela vitória, com aqueles golos?

 

O primeiro nasce de um atropelamento fatal do Jackson ao defesa vilacondense, ou vice-versa, que não percebi muito bem. A bola sobre para o Tello, e este, com as lacunas que lhe são sobejamente reconhecidas e apontadas no momento da decisão dos lances, marca.

 

Não sei o que é mais fortuito, se a origem do lance, se o seu epílogo.

 

No segundo golo, o Tello, a trancas e barrancas recupera a bola, dá para o Jackson, que em vez de lhe reciprocar o passe, vai por ali fora, e feito um autêntico Quaresma contra o Athletic, remata e marca.

 

O terceiro é a suprema heresia. Como se não bastasse  a insistência individual do Alex Sandro, ainda tem o desplante de virar as costas ao lance, para o defesa do Rio Ave chutar contra si, e a bola só parar no fundo das redes.

 

Como dizia o Jesualdo Ferreira, "só os cagões é que viram as costas à bola". Mas este tem desculpa: o adversário é que rematou contra ele.

 

No quarto golo, onde é que já se viu o Quintero inventar um passe daqueles, em vez de lateralizar o jogo para a linha, de onde, por certo, o Quaresma tiraria mais um dos seus cruzamentos tecnicamente horripilantes, mas que, pasme-se, vai, não vai, surtem em golo.

 

E o último, nem tenho palavras. Afinal de contas, o futebol é ou não é um jogo colectivo? Degredo imediato para o Danilo!

 

danilo18.jpg

 

Portanto, se bem percebi, e deixando de fora os penáltis do Herrera e do Danilo, mais o empurrão do Casemiro em plena área que o Olegário deixou por assinalar, é por isto que me dão os parabéns?

 

Tenham juízo. 

 

Está decido, de hoje em diante só vou festejar as vitórias que brotem de golos resultantes de lances de futebol colectivo, de onde ressalte o verdadeiro labor da equipa, que sejam fruto de uma esquematização táctica bem delineada, depois de horas e horas de trabalho de laboratório, vulgo, treino, que se olhe para eles e se veja geometria em movimento, e claro está, que sejam esteticamente belos e perfeitos.

 

E se pensam que estou apenas a ironizar, podem tirar o cavalinho da chuva. Descobri recentemente um nicho pouco explorado, de adeptos portistas que, não obstante o FC Porto ganhar e alguns dos seus jogadores, apenas alguns, marcarem golos, por vezes até decisivos, não se dão por satisfeitos.

 

Querem mais. No fundo, querem a perfeição, o gesto tecnicamente perfeito, diria o Gabriel Alves. É com eles que quero estar, e é com eles que vou passar a estar. Poderei eventualmente andar mais mal disposto, mais azedo e corrosivo naquilo que escrevo, mas azar, é o preço a pagar pela celebração da perfeição.

 

E nada menos do que isso.

 

Nota à navegação: não levem a sério. Compreendo perfeitamente que todos nós temos jogadores que admiramos, e outros que só queríamos ver pelas costas, desde que não fosse com as cores do tal clube grande.

 

No entanto, e apesar disso, até quando alguns acertam, usar isso para criticá-los, como por aí tenho visto, excede quanto a mim o razoável. A tad far fetched in my book.