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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Às portas do nirvana

28
Set15

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Como dizia aquela música brasileira, "tudo está no seu lugar".

 

À histeria do André André seguiu-se a do resultado de Moreira de Cónegos, e foi ver juras de amor eterno a serem quebradas, votos de confiança tão irrevogáveis como a demissão do Paulo Portas, e apoios incondicionais com mais cláusulas que contratos de seguros.

 

Adivinhava-se o fim do estado de graça mais duradouro alguma vez visto.

 

Porém, precipitaram-se claramente aqueles que viram nesta a ocasião propicia para lançar críticas. Se estiveram calados até agora, mais valia terem continuado.

 

"Tudo está no seu lugar", não graças a Deus, como na canção, mas obviamente por conta da omnisciência e da omnipotência de quem superiormente dirige os destinos do nosso clube, que tudo tem previsto e acautelado. Estou a ser irónico, caso não tenham percebido.

 

Pois bem, passado o chorilho de críticas, Marte voltou a estar alinhado com Saturno, como diz o dito popular "a sorte protege os audazes", e às vezes também os outros, "ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo", e eis-nos no topo da tabela.

 

Venham de lá mais apoios incondicionais, autos de fé e juras de amor eterno. Ou pelo menos, até à próxima vez que a gracinha se repita. Nada de novo, portanto.

 

Como nada de novo teve também o que se passou contra o Moreirense. Ou teve?

 

Tirando a entrada do Herrera, que torna mais difícil perceber se estamos a jogar com um duplo pivot, ou em 4x3x3, e as substituições feitas para ganhar o jogo, que segundo o próprio treinador, desequilibraram a equipa, no resto, as asneiras do Lopetegui, essencialmente, vão sendo uma repetição daquilo que já fez antes.

 

E, muito provavelmente irá tornar a fazer. Afinal, é para isso que lhe pagam. Ah, não?! Não é? Pois não. Melhor assim, ao menos saem de borla.

 

A realidade é que estamos prestes a entrar num período de prolongamento do estado de graça, diria que de pré-nirvana.

 

Não sei se já deram uma vista de olhos ao nosso calendário para os próximos tempos. Vamos ter quatro jogos consecutivos no Dragão: na próxima terça-feira, contra o Chelsea, no dia 4 de Outubro, dia de eleições, com o Belenenses, segue-se uma pausa para o Cristiano Ronaldo, a 20, recebemos o Maccabi, e a 25, o SC Braga, do Paulo Fonseca.

 

Destes quatro adversários, o Chelsea é sem dúvida o mais complicado, ainda que, mesmo em caso de derrota, não se adivinhe uma grande catástrofe. O Mourinho não joga para esmagar o adversário, por isso, mesmo perdendo, o resultado deverá ficar dentro de padrões aceitáveis.

 

Quanto aos outros, bem, os outros que me desculpem, mas ainda por cima em casa, só por manifesta incompetência da nossa parte é que deixaremos de ganhar.

 

Depois temos União da Madeira e Maccabi fora, a 31 de Outubro e 4 de Novembro. Não estará na ideia de ninguém estender a maldição da ilha ao recém promovido União, e quanto ao Maccabi, com Brahimi ou sem Brahimi, é para ganhar.

 

Voltamos ao Dragão para receber o Vitória de Setúbal, a 8 de Novembro. Nova interrupção, e a 24 temos cá o Dínamo de Kiev.

 

Vamos a Tondela, a 29, e recebemos o Paços de Ferreira no Dragão, em Dezembro, a 5.

 

A 9 jogamos em Stamford Bridge, e 13 voltamos pela última vez à Madeira, para defrontar o Nacional.

 

Ou seja, de terça-feira que vem até 9 de Dezembro, temos oito jogos para ganhar, e para recuperar e manter o estado de graça, sem grandes chatices.

 

Mesmo os resultados das partidas com o Chelsea, sendo contra quem são, ainda que negativos, não hão-de causar grande mossa.

 

É claro, tudo isto no papel, e conforme disse, salvo manifesta incompetência da nossa parte.

 

Sem me dar ao trabalho de olhar para o calendário dos nossos mais directos adversários neste mesmo período, sou capaz de apostar que não poderão dizer o mesmo.

 

Para além disso, o discurso e a postura honesta e vertical de Rui Vitória, é algo a que os adeptos benfiquistas não estão propriamente acostumados, nem valorizam grandemente, o que dificulta a criação de empatia entre treinador e massa associativa.

 

Enquanto for vencendo, tudo bem, mas dois contratempos consecutivos, e desmorona-se, qual castelo de cartas colado com cuspo.

 

No outro lado da circular, o Sporting não tem pedalada para o Jorge Jesus.

 

Portanto, ou muito me engano, ou o essencial da Liga NOS 2015-2016 vai ser disputado até Dezembro. Lopetegui tem todas as condições para resolver a questão neste lapso de tempo, e deixar o título encaminhado, senão conquistado.

 

São mais de dois meses de estado de graça garantido até ao nirvana, é só não o desperdiçar.

No fundo, os adeptos não passam de uma cambada de Bonnies Tylers

24
Set15

Como o Jorge muito bem caracterizou, depois do último fim-de-semana, gerou-se uma onda, não, um tsunami de histeria em torno do André André.

 

Sei disso. Fui um dos que não lhe resistiram.

 

Mas foi interessante. Sabem porquê? Essencialmente porque tive a oportunidade de comprovar algo de que já falara em tempos, quando dediquei algumas linhas à problemática do assobios e dos assobiadores.

 

Todos nós, enquanto adeptos, queremos ter na nossa equipa bons jogadores. Profissionais, empenhados, dedicados, isso tudo. É básico, e é o mais natural.

 

Porém, se para alguns esses atributos, embrulhados numa bela camisola às riscas azuis e brancas, bastam, há outros que vão ainda mais além no seu grau de exigência.

 

A ligação emocional e afectiva que têm com o clube pede mais que as meras obrigações éticas e mecânicas do profissionalismo.

 

Procuram referências dentro do terreno de jogo, alguém com que se identifiquem. Grande parte do empolamento dado, ainda hoje, à questão do Quaresma, para lá de muita estupidez, terá resultado disto mesmo.

 

A carga genética azul e branca que o André André carrega involuntariamente em si, mas que denodadamente faz por não desmerecer, torna-o num símbolo por excelência. Num país ainda devoto do mito sebastiânico, e que procura salvadores da pátria a cada esquina, é um achado.

 

Talvez fosse interessante que alguém retirasse daqui, senão a devida, ao menos uma qualquer ilação.

 

No fundo, os adeptos não passam de umas bifas, de fartas cabeleiras loiras esvoaçantes, abonadas com proeminentes pares de amélias, que se pavoneiam bamboleantes, enquanto equilibram um balde de malte na mão, na pista do Liberto's, em Albufeira.

 

Uma autêntica cambada de Bonnies Tylers, que nos intervalos em que não estão muito ocupados a assobiar ou a cantar "slb, slb, slb...", se dedicam a sessões contínuas de karaoke:

 

" I need a hero

I'm holding out for an hero "

 

Bem, e agora, vou pôr-me na alheta, que está lá ao fundo, na ponta do balcão, um gajo podre de bêbedo, que não pára de galar-me.

 

Porra, que o raio da cabeleira loira é mesmo irresistível!

 

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Concatena, filho, concatena

23
Set15

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O Layún deu o mote, quando disse que "os clássicos não se jogam, ganham-se".

 

Valha a verdade que este clássico foi muito mal jogadinho, graças a Deus. Ou neste caso, graças aos tipos que por aquele relvado andaram, correram, espernearam e provocaram, que resolveram fazer a fineza de dar-lhe razão, e substituir a inteligência e o bom futebol, por nervo e vontade.

 

Uma primeira parte desgraçada do nosso lado, aliás, perfeitamente em linha com o que acontecera em Kiev, a meio da semana.

 

Na Ucrânia, o André André começou à esquerda, com o Herrera ao meio e o Brahimi à esquerda. No caos que foi aquele meio-campo, passou para o meio, e as coisas melhoraram.

 

Depois foi acabar na direita, naquilo que agora à posteriori, parece ter sido um ensaio prematuro para o clássico, uma vez que, como se viu, o resultado estava longe de estar garantido, e um milhão de euros que voou pela janela. 

 

No Dragão, o André André começou como havia acabado o jogo anterior, à direita.

 

Jorge Jesus, quando Lopetegui o confrontou na temporada passada, disse queque, enquanto homem, o rival era corajoso por tê-lo feito, mas como treinador...

 

André André à direita foi um sinal de receio de Gaitán? Em boa verdade sempre seria o homem mais perigoso do adversário.

 

O certo é que, uma vez mais, as coisas começaram a recompor-se quando André André passou para o meio.

 

Em ambos os jogos Lopetegui apostou no duplo pivot a meio-campo. Danilo Pereira e Rúben Neves, na Champions, e Rúben Neves e Imbula, para a Liga doméstica.

 

Nas duas partidas o duplo pivot andou aos papéis. Completamente perdidos no primeiro jogo, e em ambos, médios defensivos e linha defensiva excessivamente recuados em relação aos demais médios e avançados.

 

Resultado, um enorme buraco no centro do terreno, que André André logrou, de certa maneira, preencher quando passou para o meio.

 

O exagero foi tal que no Clássico, a dada altura, quando o adversário atacava, e fazia-o fundamentalmente por Gaitán e com os recuos de Jonas, para vir buscar jogo, Rúben Neves e Imbula baixavam de tal maneira, que quase se integravam na linha defensiva.

 

Ou seja, estamos perante equívocos tácticos, exponenciados por uma considerável dose de casmurrice, ou ainda falta trabalho táctico para limar as arestas do sistema, e demonstrar as suas virtudes?

 

Pelo que percebi, em particular no jogo contra o Stoke City, o ensaio do duplo pivot começou na pré época. A colocação de Herrera ao meio, num papel de praticamente segundo avançado, já vem da época passada.

 

Como é que se conjuga isto com rasgados elogios ao treinador?

 

"Concatena, filho, concatena"! - dizem agora os ex-"Gato Fedorento".

 

Não consigo.

Obrigado André

21
Set15

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Correndo o risco de ser acusado pelo Eduardo Barroso, de algum tipo de plágio, não resisto a contar-vos como é que eu e um dos meus filhos reagimos ao golo do André André, pois o outro andava muito ocupado com o Sonic e o Dr. Eggman.

 

"Foi golo de quem?" - pergumtou ele ao ouvir o meu grito.

 

"Do Porto. Do André André!" - respondi-lhe.

 

"Do André André?! Ele é dos mais fraquinhos..."

 

"É fraquinho, mas é do Porto" - disse-lhe já com os dentes cerrados, a fazer um esforço de contenção para não lhe arriar um chapadão, e sem grande esperança de que percebesse onde queria chegar.

 

Quando foi a hora do André André falar na flash interview fiz questão de por o som mais alto.

 

"Ouviste o que ele disse? Era o sonho dele estar ali e o Porto é o clube do coração dele, por isso, até pode ser fraquinho, mas marcou o golo".

 

Calou-se. O meu filho conhece montes de jogadores de futebol. Por causa das cadernetas de cromos, sabe-lhes os nomes e reconhece-lhes as caras. Portugueses e não só.

 

Mas, apesar de ainda não conseguir avaliar a sua qualidade futebolística, no que toca ao André André, não andou muito longe da realidade.

 

Não estamos na presença de um fora-de-série. É um bom jogador, porventura acima da média, tem qualidade técnica e é inteligente, mas são a raça e a abnegação que fazem dele o jogador que é. E com aquela camisola vestida, então...

 

No fundo, o FC Porto moderno foi isto. O FC Porto internacional teve a sua génese nesta matriz. Uma mescla de jogadores, alguns de elevada craveira, suportados numa base de homens pouco mais que medianos, mas a quem aquela camisola elevava aos píncaros do estrelato.

 

O segredo era então descobri-los e valorizá-los, para depois os transferir com um lucro apreciável. Cada vez mais me convenço de que este, terá forçosamente de ser o caminho a seguir para evitar a dependência de interesses duvidosos de terceiros. Se ainda houver volta a dar.

 

Dificilmente será com orçamentos de centenas de milhões de euros, inflacionados com vedetas oriundas dos catálogos pret-a-porter de fundos de investimento, e a fazer fé no profissionalismo e na racionalidade de jogadores, que chegam com destino marcado para a porta de saída.

 

O portismo é apenas sinônimo de profissionalismo e racionalidade, ou é um sentimento? Os sentimentos compram-se com os milhões da Liga dos Campeões?

 

O amor à camisola está ultrapassado? Está démodé? Não se usa? Azar. Vamos contra a corrente!

 

Por pensar assim sou retrógrado? Bota-de-elástico? Reaccionário? Que seja. É para o lado que durmo melhor.

 

O que sei é que, de vez em quando, vou saboreando momentos de alegria de tal intensidade, que infelizmente, muitos não conseguem sequer compreender, e que tenho pena de não conseguir partilhar com eles.

 

Aqui há tempos foi com a explosão de alegria do Castro, também ao marcar um golo com a nossa camisola. Ontem, foi com o André André.

 

Obrigado André.

Incaracteristicamente característico - A confissão

01
Set15

A propósito do texto "Incaracteristicamente caracteristico", que publiquei na manhã do nosso último jogo contra o Estoril-Praia, tenho uma confissão a fazer-vos.

 

Acreditem ou não, e espero que acreditem, porque senão não tenho qualquer forma de prová-lo, mas o essencial daquele texto estava escrito, vai para qualquer coisa como quase dois anos.

 

Andava por ali, abandonado nos rascunhos à espera de melhores dias, e nem sei porquê, deu-me para publicá-lo no Sábado passado.

 

Não sei se isto vos diz alguma coisa, porém, para mim, é ilustrativo daquela que foi a evolução futebolística do Herrera, mais coisa, menos coisa, em linha com a quantidade de títulos arrecadados pelo seu treinador na época passada.

 

E mais, no ultimo jogo foi por demais evidente, que o Herrera acabou por se revelar o elemento estabilizador da equipa. 

 

Bem demonstrativo daquele que é o estado da arte nos tempos que correm.