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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

A anormalidade normal

30
Dez15

Comecemos, se calhar, pelo fim: não é normal o FC Porto perder em casa com o Marítimo.

 

Ainda menos normal é chegar a estar a perder em casa com o Marítimo por 0-3, e acabar por mitigar a derrota apenas com um golo, acabando por perder 1-3.

 

O facto de ter sido para a Taça Lucílio Baptista, a menos prioritária de todas as competições serve de atenuante, mass não deixa de não ser normal.

 

Não é normal, na primeira parte, com 0-0 no marcador, em casa, num jogo para a Taça Lucílio Baptista, com um onze repleto de jogadores menos utilizados e até da equipa B, os adeptos da equipa, que por acaso, até vai em primeiro lugar no campeonato, assobiem a sua própria equipa.

 

Não é normal num jogo em casa, em que a equipa ganha por 1-0, e com esse resultado passa para a liderança do campeonato, os adeptos assobiem uma substituição, que não corresponde aos seus anseios.

 

Não é normal que o treinador da Académica admita que a estratégia que montou para jogar no Dragão, passava por colocar os adeptos do FC Porto contra a própria equipa.

 

Não é normal que tenhamos chegado a este estado de coisas.

 

Não é normal que, mesmo os adeptos mais acérrimos defensores do treinador, aqueles cuja confiança inabalável em quem dirige há mais trinta anos os destinos do clube, leva a verem nele o homem certo no lugar certo, apenas por, supostamente ter sido escolhido por quem foi, de certeza que pelo menos por um momento, também eles já franziram o sobrolho perante as escolhas do treinador.

 

É claro, que pelo muito pouco que vou lendo em alguns blogues, ainda há quem o defenda, mas desconfio que é apenas na expectativa do título em Maio. Será talvez a única parte normal.

 

Não é normal o ponto a que chegou a saturação e a indiferença dos adeptos perante a equipa, a ausência de identificação com os jogadores e com o clube que conheceram, e que, quanto a mim, os leva, somado ao que leram acima, a instintivamente a reagir, assobiando a própria equipa.

 

Não é normal que quem dirige os destinos do clube, e o faz há mais de trinta anos, assista, aparentemente, impávido e serenamente, ao descambar das coisas até este estado de divórcio latente.

 

E menos normal ainda é que o faça, tentando manter a aparência de que afinal, tudo é normal.

 

Porquê?

 

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Ser ou não ser, um apelo à esquizofrenia

22
Dez15

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Li por aí em vários sitios, que no último jogo o FC Porto teve finalmente, uma entrada à Porto. Determinado, dinâmico, pressionante, enfim, tudo aquilo que a malta gosta e quer. E as coisas correram bem.

 

Pela primeira vez não desperdiçámos uma boa oportunidade, num mau resultado do adversário, e eis-nos no topo da tabela. Dando de barato a injecção de motivação que terá sido a derrota alheia, quanto a mim houve dois factores primordiais que marcaram decisivamente o jogo.

 

Duplo pivot às malvas. Não é novo, já acontecera contra o Vitória de Setúbal, e noutros jogos de menor dificuldade e em casa: Lopetegui prescindiu do duplo pivot. Rúben Neves foi o trinco, e Danilo Pereira e Herrera, os dois médios, uma espécie de dois oitos.

 

Com o regresso de Herrera à equipa é bastante provável que esta opção se venha a repetir, pois com o mexicano em campo, esqueçam lá o duplo pivot.

 

Quando vi os dois trincos no Brasil de Scolari, confesso que achei interessante. Também gostei do duplo pivot do Irureta, no Deportivo da Corunha, que chegou a campeão espanhol. Mas quando o Koeman ou o sobrinho da Lola Flores, não me recordo qual dos dois, resolveu plantar um gajo ao lado do Petit, comecei a desconfiar.

 

A soma das partes valia claramente menos do que o pitbull sozinho. Ele, por si só, varria literalmente, a zona do meio-campo que lhe estava confiada. Alguém ao seu lado apenas lhe tolhia essa capacidade inata.

 

O mesmo se passa no FC Porto actual. Lopetegui quer jogar com dois pivots a meio-campo. Contudo, para isso, com o Herrera não vale a pena contar.

 

E quanto ao Rúben Neves e ao Danilo Pereira já deu para perceber que pô-los lado-a-lado só os atrapalha mutuamente, tanto defensiva como ofensivamente. Ambos fizeram um bom jogo, o Rúben a trinco, e o Danilo muitas vezes como um inesperado box-to-box.

 

Assim sendo, para quê insistir em fazer do Danilo um seis, quando o Rúben Neves faz perfeitamente a posição? Ou um defesa central? Ou então desperdiçar recursos, lançando-os a ambos num duplo pivot sem grande utilidade prática?

 

Rotatividade moderada. Para este jogo, Lopetegui introduziu apenas, note-se, apenas uma alteração: a troca de Marcano por Maicon.

 

Já na temporada passada, quando o Lopetegui resolveu fazer a vontade aos críticos, e se deixou de rotatividades, as coisas estabilizaram e encarreiraram. Apesar de tudo, ainda tivemos alguns momentos de futebol razoável.

 

É claro, que nunca dando o braço a torcer, como é seu timbre,  mais tarde a rotatividade acabaria por revelar-se o segredo do sucesso contra o portentoso Basileia, que eliminara o Liverpool, e que esta temporada até já perdeu, em casa, com o Belenenses.

 

Tudo bem. Que assim seja, se fôr caso disso. Chega de rotatividades, e mais para a frente, se nos correr bem a eliminatória contra o Borussia de Dortmund, que fique por conta da rotatividade. Pode ser?

 

Depois do Bayern de Munique ter sido eliminado pelo Real Madrid, consta que Guardiola se recriminou por ter abandonado a sua convicção táctica, cedendo à tentação de lançar-se num ataque desenfreado, como lhe pediam instintivamente os jogadores.

 

Lopetegui funciona ao contrário: quando abandona aquelas que são as suas convicções, as coisas, tendencialmente, correm-lhe melhor.

 

Guardiola, como li recentemente, é um inovador, que reescreveu o manual do que é ser treinador através da sua capacidade de pensamento lateral, o "thinking outside the box".

 

Para Lopetegui as hipóteses de sucesso parecem aumentar quando se deixa de inovações, e essencialmente, quando consegue pensar fora de si próprio.

A merda, segundo o padrão-Couceiro

13
Dez15

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Completaram-se ontem onze anos sobre a conquista da nossa segunda Taça Intercontinental.

 

Corria a época de 2004/2005, inesquecível, e não obstante, de má memória.

 

O FC Porto acabara de se sagrar campeão europeu pela segunda vez, e para além de José Mourinho, jogadores como Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Aleinitchev e Deco deixaram o clube.

 

Outros, com Costinha e Maniche à cabeça, prefeririam tê-lo feito, e demonstraram-no abundantemente ao longo da época.

 

Del Neri, vindo do modesto Chievo Verona foi o escolhido para suceder a Mourinho. Os jogadores haveriam de chegar aos magotes pela temporada fora, com o senão de que, a par de Quaresmas, Luises Fabianos ou Diegos, também vieram Leandros e Leandros Bonfins, Areias, Leos Limas, Cláudios Pitbulls, e outros do género.

 

De Neri acabaria por ser despedido, ainda no decurso do período experimental, numa brilhante e, que se saiba, nunca antes vista, tecnicalidade jurídico-laboral.

 

Para seu lugar veio Victor Fernández, sendo que Rui Barros ainda teve tempo e engenho para conquistar a Supertaça.

 

Com Fernández o FC Porto venceu a sua segunda Taça Intercontinental, o grande feito dessa epoca, mas nem isso lhe valeu, pois foi substituído por Couceiro, que faria a sinuosa recta final do campeonato nacional.

 

Esta foi temporada do Estorilgate, que o "Reflexão Portista" recuperou há dias, através duma entrevista do, à época, treinador-adjunto do Estoril, Carlos Xavier, dos pénaltis pelas boladas do Simão Sabrosa nas mãos dos adversários, e do treinador, Trappatoni, que mal ela terminou, se pôs a milhas, com saudades de casa.

 

Num período do mais completo desnorte a nível interno, e que do ponto de vista externo, muito pouco ou nada, jogou a nosso favor, ainda assim o FC Porto acabou o campeonato em segundo lugar, a uns meros três pontos do campeão.

 

Pelo caminho houve momentos humilhantes, é certo. O pior terá sido a derrota caseira por 0-4, contra o Nacional da Madeira, mas também cllaudicámos em casa contra o SC Braga (1-3), e Boavista e Beira-Mar (0-1).

 

Curiosamente, também derrotámos o Chelsea, no regresso de Mourinho "a Palermo"...

 

Três treinadores, mais de três dezenas de jogadores, uma Taça Intercontinental, uma Supertaça Cândido de Oliveira, arbitragens estranhas, Cunha Leal na Liga de clubes, e acabámos a três pontos do campeão nacional.

 

Mal comparando com o passado recente, pergunto-me porque diabos é que, para tantos portistas, o Couceiro foi uma das maiores merdas que, desde sempre, passaram pelo nosso clube.

Um treinador de gestão

10
Dez15

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Com a eliminação da Champions League de ontem, caiu por terra o último argumento que se interpunha entre Lopetegui e o falhanço rotundo de Jorge Mendes, na tentativa de lhe construir uma carreira de treinador.

 

A desvalorização, seja pelo próprio ou por terceiros, desta eliminação e da consenquente queda para a Liga Europa, com o argumento de que estão ainda em disputa quatro troféus, é de fazer corar de vergonha - se a tiverem - todos quantos na pretérita temporada empregaram argumentário inverso, quando a situação foi, também ela a inversa.

 

Se Jorge Mendes e Lopetegui têm algumas noções de gestão de carreiras, hão-de chegar à conclusão de que este, é o momento mais conveniente para dar de frosques.

 

O glamour do percurso anterior na Champions empalideceu, mas nada mais se perdeu ainda, que alguma vez tivesse sido encontrado. É pois o tempo de pegar nos cacos que restam e tentar capitalizar sobre eles.

 

Continuar significa arriscar a que qualquer uma das quatro provas em disputa possa correr mal. E o que será, nesse caso, "correr mal"?

 

Relegados de mister próprio para a Liga Europa vindos da prova máxima, o pensamento vai imediatamente para a vitória. Realisticamente, olhando para a concorrência, diria que chegar aos quartos-de-final, será o mínimo dos mínimos.

 

Contudo, é a liga nacional que passa a ser o desígnio prioritário. Menos que a sua conquista vem com o travo amargo do fracasso.

 

As Taças, de Portugal e da Liga, tão desprezadas no passado, em contraponto com os milhões, a valorização dos jogadores e a suposta projecção do clube, poderão ser a tábua de salvação para a temporada?

 

Claro, que sim. Já se viu que há quem se agarre a tudo para permanecer à tona. Mas a Lopetegui só servirão se a ideia for ficar por cá muitos anos. Será que é isso que quer?

 

Sinceramente, não consigo exprimir em percentagens as probabilidades de as coisas correrem bem ou mal, mas se o passado servir de indicador para alguma coisa, digamos que 50/50%, poderá ser lisonjeiro.

 

Portanto, o risco de que se esvaia a réstea de credibilidade que ainda possui é bastante elevado.

 

Logo, a ficar até ao fim, não esperemos de Lopetegui que corra grandes riscos. Vamos ter um treinador de gestão, que irá praticar os actos de gestão corrente necessários a dar resposta ao expediente normal, e com muito cuidadinho, para não se colocar ainda mais a jeito.

 

Também já todos vimos no passado, até bem próximo, o resultado dessa opção.

 

Assim sendo, faites vos jeux, Monsieur Mendes!

Por favor, surpreendam-me

08
Dez15

Por mais de não sei quantas vezes, já disse a mim mesmo que tenho de deixar de ver ou ler, as conferências de imprensa de antevisão dos jogos.

 

Ou melhor ainda, devia era deixar pura e simplesmente de passar cartão ao futebol. De certeza que me chateava menos, era mais saudável, e a família agradecia. Mas não consigo, é mais forte do que eu, e o twitter está a revelar-se altamente aditivo.

 

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"Quero que os jogadores achem que é possível vencer aqui"

 

"Quero que os jogadores achem que é possível vencer aqui"?

 

Mas que merda é está? "Que achem que é possível " ou que são capazes, e com o catano, vão vencer, caralho!

 

Não sou especialista em discursos motivacionais, mas isto do "que achem que é possível", é forma de motivar alguém antes de um jogo decisivo?

 

Ou são, ou não são. Ou sim, ou sopas. Isto é um voto de confiança nos jogadores?

 

Vão dizer-me que foi uma má escolha de palavras, ou dificuldade de expressão. Volta Vítor Pereira, estás perdoado!

 

Ai, que saudades daquele discurso analfabruto do:

 

" Vai jogar à defesa ou ao ataque? "

 

"Quando tivermos a bola atacamos, quando não a tivermos, defendemos".

 

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Depois vem o Danilo Pereira:

 

"Não vamos mudar o nosso jogo. Temos a nossa filosofia de jogo, sabemos defender e estamos preparados"

 

Quanto ao mudar o jogo e a filosofia, as esperanças há muito que se foram. Nem se pede tanto.

 

Mas a parte do "sabemos defender e estamos preparados" dá que pensar. Estarem preparados, é sempre bom.

 

Agora a conjugação do "sabemos defender", com o " estamos preparados ", assim de repente, remete para os jogos da época passada na Cesta do Pão e contra o Belenenses. Deve ser só coincidência...

 

Portanto rapazes, o gajos são todos muita bons, a fina flor da elite futebolística de vários continentes, mas com o caralho, vamos lá deixarmo-nos de merdas, que se fodam os discursos bonitos de ocasião, e toca a ganhar a porra do jogo.

 

Neste clube, ninguém "acha que é possível". Ou é possível, ou  fica a pele em campo, a tentar fazê-lo possível.

 

E de preferência, que seja a dos outros...

Guardiolices lopeteguianas

07
Dez15

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(imagem e análise táctica do Bayern Munique x Arsenal em "Outside of the boot")

 

Há coisa de um mês, andou por aí meio mundo em êxtase com a Pirâmide do Guardiola.

Não é caso para menos. Uma inovação táctica que recria algo que existiu há cem anos atrás, é bem apanhada. Sem dúvida.

 

Agora a sério, nos tempos que correm, um treinador que lança mais do que três tipos na frente de ataque, é merecedor de todos esses encómios, e mais alguns. Cinco, é obra.

 

Mas será tanto assim? Não vi o famoso jogo piramidal do Bayern de Munique contra o Arsenal, mas (re)vi o último Bayern x Stuttgart, em que os bávaros cilindraram por 5-1. E o que é que vi?

 

Que o Guardiola me fintou, e deixou o famoso e centenário 2x3x5, em parte incerta.

 

O Bayern entrou com três defesas: Rafinha, Boateng e Alaba, e dois médios mais defensivos: Vidal e Kimmich. À frente deles o Douglas Costa, e ainda mais para diante: Robben, Thomas Müller, Lewandowski e Coman. Um 3x2x1x4, portanto.

 

Na defesa, o Rafinha foi um defesa-direito que quase não subia no terreno, enquanto o Boateng e o Alaba alternavam entre quem era o central e o defesa-esquerdo, quem subia e quem ficava.

 

Nos poucos, pouquíssimos, momentos de aflição em que o Stuttgart se aventurava para além do seu meio-campo, era um Deus nos acuda, à boa maneira do Adriaanse, com o Rafinha, invariavelmente, a ir buscar os heróis fugitivos.

 

A meio-campo Vidal e Kimmich asseguravam alguma solidez defensiva, com o chileno, mais afoito para diante, a cair para a direita, e o germânico mais posicional. Até porque da sua esquerda para o miolo, se abria o raio de acção de Douglas Costa, sempre em progressões rápidas e verticais.

 

Na frente, apareciam então Robben, Müller, Lewandowski e Coman. Dos quatro, Coman e Lewandowski eram os mais fixos, com o primeiro, colado à linha lateral esquerda, e dela pouco se afastaria, e o segundo, ao centro, entre os centrais contrários, passe a redundância.

 

Müller e Robben, mais móveis, a procurarem através de recuos e penetrações, triangular com Vidal.

 

Do tão falado cinco da frente, nem vê-lo. Só nas ocasiões em que o Douglas Costa se chegava à frente, mas sempre partindo de uma posição mais recuada.

 

Perante isto, o que diriam os fulanos que para aí andam extasiados, se tivessem presenciado o nosso jogo contra o Vitória de Setúbal?

 

É verdade, e se estivessem estado acordados entre os 59 e os 73 minutos de jogo, entre a saída do Evandro e a entrada do Osvaldo, e a saída do Brahimi e a entrada do Imbula?

 

Foram apenas 14 minutos, mas nesse quarto de hora menos um minuto, quando em posse de bola, o FC Porto jogou com Indi e Marcano, na defesa, como médios Danilo Pereira, a trinco, e André André, livre, e na frente, nada mais, nada menos, que seis homens: Maxi Pereira, Tello, Osvaldo, Aboubakar, Brahimi e Layún.

 

Maxi Pereira e Layún foram naquele período, os verdadeiros extremos, enquanto Tello e Brahimi flectiam para o centro, ao mesmo tempo que recuavam um nadinha, como os antigos interiores, procurando ocupar o espaço entrelinhas.

 

Osvaldo era o homem fixo diante da baliza, em torno do qual orbitava Aboubakar. E foi assim que surgiu livre para cabecear para o golo.

 

Ou seja, uma espécie de 2x1x1x3x3, ao qual não consigo associar qualquer figura geométrica. Talvez uma fórmula matemática: V+1+1+M, mas é demasiado rebuscado, por isso, vou chamar-lhe apenas o "coiso" de Lopetegui.

 

É claro que isto era um exagero de arrojo. Para mim, pessoalmente, tudo o que vá para além de dois defesas e um duplo pivot, para aguentar as coisas cá atras, faz-me arrepios na espinha.

 

O Vitória, ao não ter um único jogador capaz de ter a bola nos pés e de fazer um passe, que não fosse uma bola bombeada para o Suk, também ajudou.

 

Foram apenas catorze minutos, o bastante para chegar ao golo. Aí chegados, sai o Brahimi, entra o Imbula, e eis-nos de regresso ao 4x3x3. O adversário estava subjugado. Se até aí, pouco tinha feito, dificilmente o faria daí para diante.

 

Durou pouco, mas foi interessante ver o FC Porto com uma dinâmica de equipa crescida, mandona, e capaz de asfixiar o adversário, se não pela qualidade, pela quantidade.

 

Como seria de esperar, não vi este momento histórico a ser objeto de grandes parangonas onde quer que fosse. Mas aconteceu.

 

Talvez porque aquilo que para o Bayern é um modo de vida, para nós foi uma sala de pânico.

 

Nota: Se tudo correr bem, esta será a primeira parte de um texto, com duas partes. Como esta saiu um tanto ou quanto insonsa, na próxima, como não nasce Guardiola quem quer, vou tentar descobrir algumas diferenças entre nós e o Bayern, para além das mais óbvias. Com um bocado de sorte…

 

 

Quando menos, é mais

05
Dez15

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Na minha opinião, e friso, na minha opinião, os melhores momentos do FC Porto na temporada passada, aconteceram, quando o Lopetegui, basicamente, se deixou de invenções, e acabou por fazer aquilo, que grande parte dos adeptos reclamavam.

 

Ou seja, quando se deixou de experiências e rotatividades e resolveu estabilizar um onze base.

 

Hoje, aconteceu o mesmo. Atrevo-me a arriscar que a equipa que hoje entrou em campo no Dragão, seria aquela que uma grande porção dos adeptos portistas poriam a jogar de início.

 

Talvez alguns optassem por Tello em vez de Corona, ou por Danilo Pereira em vez do Herrera, mas, no essencial...

 

E aqui, por essencial quero dizer, o mandar para as putas o duplo pivot a meio-campo, e a aposta declarada em dois extremos, que não são extremos, pois jogam por dentro, são interiores.

 

Se é este o modelo de jogo que o homem quer, para quê estar com invenções?

 

Por azar o Paços de Ferreira marcou primeiro. Em boa verdade, o FC Porto também não jogava por aí além.

 

O nosso meio-campo, em conjunto, joga pouco futebol, e a coisa só se compõe quando a bola chega lá adiante aos extremos-interiores. Ainda assim, fomos para o intervalo empatados.

 

E foi merecido. A seguir passámos para a frente, e também foi merecido. Houve falta sobre o guarda-redes no lance do pénalti? Não me parece. Se fosse o guarda-redes a saltar com o pé à frente assinalavam?

 

Quando já imaginava uma substituição tacticamente rocambolesca, do género André André por Marcano, que ia jogar para central, derivando o Martins Indi para defesa-esquerdo, e o Layún, para o lugar do André André, eis que o Lopetegui se limita a trocar este pelo Danilo Pereira.

 

O recém entrado foi jogar para o lado do Rúben Neves e o triângulo do meio-campo passou a ter duas unidades atrás, e o Herrera à frente. A seguir, sai o Brahimi e entra o Tello. Uma troca directa e bem metida. Com espaços para penetrar, o Tello é bem desenrascado que o argelino.

 

Por último,  entra o Evandro para o lugar do Herrera. Talvez para assegurar uma maior capacidade de retenção da posse de bola?

 

Como se vê, tudo muito simples e escorreito, quase linear, sem grandes invenções, e porém, efectivo. Para que mais?

 

Só não correu melhor por flagrante excesso de pontaria na cabeça do Maicon e nas botas do Tello e do Corona, e falta de pontaria nas do Aboubakar e do Herrera.

 

A ideia que fica é que o FC Porto vai em crescendo para Stamford Bridge, ao passo que o Chelsea segue em perda acelerada.

 

E que menos, é mais. Não vale a pena inventar.

Tiros que saem pela culatra

01
Dez15

O FC Porto joga amanhã na Madeira. Pelo menos a previsão meteorológica assim o parece permitir.

 

No sábado a seguir recebe o Paços de Ferreira no Dragão, e na quarta-feira seguinte vai a Stamford Bridge, decidir com o Chelsea o primeiro lugar do grupo, ou...a queda para a Liga Europa.

 

São três jogos no espaço de uma semana, e cinco se recuarmos quinze dias, e contarmos os jogos contra o Dínamo de Kiev e o Tondela.

 

A partida contra o União da Madeira, que devia ter sido disputada a 1 de Novembro, foi adiada devido ao mau tempo que se fazia sentir na ilha da Madeira.

 

O voo em que seguia a equipa teve de ser desviado para Porto Santo, ficando assim impossibilitada a chegada ao local do jogo, com as 24 horas de antecedência regulamentarmente exigidas, e daí o adiamento.

 

Antes disso, o FC Porto  recebera e empatara com o SC Braga no Dragão, a 25 de Outubro, e a seguir iria a Tel Aviv (ou Haifa), defrontar o Maccabi, a 4 de Novembro.

 

Ou seja, vinha de um resultado menos conseguido em casa (empate com o SC Braga), ia jogar na Madeira, onde o seu treinador ainda não venceu, e depois, tinha um jogo decisivo para a Liga dos Campeões.

 

Com uma vitória em Israel e mais outra em casa, contra o Dínamo de Kiev, evitava ir disputar o apuramento a Londres, na última jornada.

 

Precisamente o que vai agora suceder.

 

Além disso, Maicon e Brahimi estavam lesionados.

 

Assim, em vez de fazer três jogos em dez dias (quatro em quinze dias, se contarmos com a recepção ao Vitória de Setúbal, a 8 de Novembro), o FC Porto, escudando-se na prerrogativa regulamentar que lhe assistia, preferiu adiar o jogo contra o União.

 

Agora vai ter de jogar de três em três dias, incluindo o jogo decisivo contra o Chelsea. Há tiros que saem pela culatra.

 

Ouvi há pouco nas notícias que a equipa desembarcou na Madeira por volta das 20h00, tendo saído do Porto hoje, depois de ter festejado ontem à noite a entrega dos Dragões de Ouro.

 

Salvo se o tiver feito ainda hoje à noite, uma eventual sessão de treino de habituação ao relvado, se é que ainda se usa, só terá lugar amanhã.

 

A viagem do Porto Santo para a Madeira demora cerca de 35 minutos. Na anterior tentativa, o voo,  após divergir para Porto Santo, aterrou durante a tarde do dia 31 de Outubro.

 

Havendo voo no dia seguinte, e quase de certeza que existem voos diários, ou mesmo não havendo, seria sempre da responsabilidade da companhia fretada levar aquele voo até ao destino, porque é que o FC Porto não jogou contra o União da Madeira no dia seguinte?

 

Lopetegui disse na altura que era uma pena não terem podido jogar, mas que as condições não o permitiram. 

 

Quais condições? Mantinha-se má a previsão meteorológica? Ou foi porque o árbitro também se viu impossibilitado de chegar ao seu destino?

 

Se se queixam da nomeação do Bruno Paixão, teria sido uma excelente ocasião para o evitar, e jogar com um árbitro saído do público.

 

Lopetegui falou hoje da rotatividade como se duma fatalidade fosse, inerente às equipas que jogam de três em três dias. Pois bem, fomos nós que, ao adiarmos o jogo do Dia de Todos os Santos para  amanhã, nos pusemos nessa posição.

 

E já agora, se não jogássemos de três em três dias, não havia rotatividade?

 

Infelizmente, seja de quem quer que tenha sido a ideia do adiamento deste jogo, a impressão que dá é que contou com o ovo no cú da galinha: duas vitórias sobre o Maccabi e o Dínamo de Kiev, e cumprir calendário contra o Chelsea.

 

Pois é, há tiros que saem pela culatra...

 

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