Nem sequer o Big Mal. Faleceu Malcolm Allison. Cá por estas bandas ficou conhecido por ter treinado aquela que, para alguns, é actualmente a nossa sucursal de Lisboa, o Sporting.
Não era, nem por sombras, um Sir, como o Bobby Robson. Nem lá andava perto. Parecia mais um daqueles ingleses castiços que vêm para Albufeira, para o golfe e as nights regadas de whisky, com música de fundo da Bonnie Tyler a bombar.
No entanto, quanto a mim foi o último treinador que conseguiu ser campeão no Sporting, enquanto este ainda era um grande clube. Convirá não esquecer que foi o último campeão em Alvalade antes dos dezoito anos de jejum, interrompidos pelo Augusto Inácio e pelos cotovelos do Acosta, a que se seguiu, duas épocas depois, o campeonato do guaraná, perdão, do Jardel, com a modesta colaboração do Boloni.
Como disse, aquando da sua passagem pelo Sporting, ainda este era uma grande equipa, que lutava taco-a-taco pelos títulos das competições que disputava, e ganhava jogos por 3-0, com os golos todos marcados em penáltis sobre o Manuel Fernandes e o Jordão. Daí para cá, aprimorou-se em segundos lugares (com acesso à Champions), e mesmo isso já vai sendo difícil.
Ganhou ainda, salvo erro, por 4-1, aquela final da Taça de Portugal, contra o Sporting de Braga, em que o Quinito para o Estádio Nacional de Oeiras de fato, gravata e florzinha na lapela. Muito lhe serviu!
Recordo ainda a sua estadia mais tarde no Vitória sadino, onde a dada altura reencontrou Manuel Fernandes e Jordão, já bem entrados nos trintas, e onde, com a ajuda do heterodoxo Roger Spry (este sim, passou pelo FC Porto!), pôs aquela equipa a jogar como nunca mais se viu.
Eram os tempos dos treinos inspirados nos métodos dos comandos de Sua Majestade, da música, e das caras com pintadas e dos gritos de guerra. Esquisito? Pois sim. O que é certo, é que deu resultado.
Depois, recordo a sua efémera passagem por um Farense moribundo, que não conseguiu salvar. Uma vitória em três meses e caminho aberto para a saída, dele e do Presidente Fernando Barata, culminando com a ascensão de Paco Fortes a treinador, e a entrada de António Boronha para Presidente.
No Farense, como o meu cunhado e Boronha me recordaram, teve o seu apogeu no jogo decisivo da época contra o Sporting de Braga, em que se lembrou de colocar o central Luisão, a jogar a avançado-centro. Precisávamos ganhar…e perdemos.
Para mim, mais do que isso, aquilo que mais me marcou foi, logo após a sua chegada, a “transformação” do Fernando Cruz, precisamente de avançado-centro em trinco.
Para os que não se lembram, o Fernando Cruz era um avançado, que começou a sua carreira em Setúbal, e que, sendo alto e franzino, costumava descair mais para as laterais. Ficou famoso por um golo marcado num jogo contra o FC Porto, que, juntamente com outro (ou outros!?) do seu colega, um brasileiro pequenino, de nome Da Silva, contribuíram para o empate, se não me engano 3-3, nesse jogo.
Andou pelo Sporting nos anos pós-Manuel Fernandes e Jordão, e, quando chegou ao Farense, estava feito um guarda-fato, alto e espadaúdo, que onde encostava, era dele, mas que, pronto, em termos técnicos, a bola atrapalhava um bocadinho.
A primeira coisa que o bom do Allison fez quando o viu, foi pô-lo a jogar a trinco, e era confrangedor!
Ver um tipo a jogar naquela posição, que cada vez que tentava levantar uma perna para dominar uma bola a saltitar a meio-do-campo, dava a impressão que entravámos numa qualquer twilight zone, e a velocidade do jogo passava para slow-motion, era aflitivo.
Só mesmo com muito whisky no bucho. E o resultado foi o que se viu.
Dito isto, podia ter passado sem conhecer o colorido que o bom do Big Mal trouxe ao nosso futebol? Podia…mas não era a mesma coisa.
Que descanse, mas quase de certeza que não será em Paz!
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