O FC Porto perdeu. Finalmente. Com o Nacional da Madeira, para a Taça da Liga ou, se preferirem, portuguesmente falando, a Bwin Cup.
Se bem interpreto o sentimento portista à volta deste jogo e desta derrota, ficou a pairar um misto de resignação e de revolta. A derrota haveria de chegar, mais tarde, o que até era bem melhor, ou mais cedo, mas esta terá sido uma derrota num jogo mal perdido, como se os houvesse bem perdidos, tendo em conta o paupérrimo desempenho, também do adversário.
Como não vi o jogo, apenas o resumo, não opino a esse nível.
Porém, dá-me a ideia que o sentimento de resignação prevalece sobre o restante.
A comunicação social desportiva deu ao facto a costumeira relevância, como se pode ver pelas capas da imprensa do dia seguinte ao jogo. E ainda bem.
Qual a importância então desta derrota?
Será que, como fez questão de frisar “O Jogo”, alguns começavam a duvidar de que o FC Porto era “vencível”? Acreditariam talvez que a série de jogos sem derrota seria capaz, num registo sem igual, de se prolongar ad aeternum.
Nesse caso, o golo do Anselmo (este gajo, começa a irritar-me. Sempre a marcar ao FC Porto…), que ditou o tão ansiado epílogo da invencibilidade portista, foi um bálsamo para espíritos perturbados.
Como sou chato, permito-me voltar a lançar a inquietude nessas mentes, que daí em diante voltaram a dormitar descansadas.
Caso se tenham esquecido, o objectivo interno, delineado fundamentalmente para manter os níveis de concentração competitiva da equipa, e publicamente difundido pelo nosso treinador, num acto com o qual já expressei a minha discordância (se é objectivo interno, é interno. Não é para divulgar para o exterior), foi a manutenção da invencibilidade até ao final do ano de 2010.
Esse objectivo foi cumprido, caso não tenham notado.
O resto são estatísticas e recordes. Apesar da resignação, é notória entre os adeptos uma certa mágoa, pelo não prolongamento da série invicta até, sei lá, os cinquenta jogos!
Meus Caros, acordem! Ao contrário da ideia que vem sendo propalada, tal não é impossível.
Vejamos. Esta série mágica começou ainda na era Jesualdo Ferreira, no decurso da qual, e desde a final da Taça da Liga, foram dez os jogos sem derrota.
A estes dez jogos, André Villas-Boas somou mais 26 jogos imbatível, perfazendo 36,até ao último jogo. Acontece que, pelo meio, entre uma época e outra, se bem se recordarão, o FC Porto perdeu dois jogos.
Foi em Paris, em 31 de Julho perdeu por 1-0, com o Paris Saint Germain, e no dia seguinte, por 2-1, com o Bordeaux.
“Ah, mas esses jogos foram na pré-época, e não eram oficiais” – dirão.
Desculpem lá, mas o que é a Taça da Liga/Bwin Cup? Acaso é alguma competição oficial? Que eu saiba não é.
Como muito bem sustentou o actual detentor do troféu (vejam bem a importância da coisa!), aquando daquela farsa do comunicado dos órgãos sociais, que veio reiterar a ameaça vem-e-vai, de não participar nesta competição, a Taça da Liga não é uma competição profissional de participação obrigatória.
Eu não iria tão longe, como eles também não foram, mas parece-me que, para todos os efeitos, as competições oficiais futebolísticas em Portugal são as Ligas ou campeonatos, a Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira.
O resto é folclore. É bem certo que a comunicação social se entretém afanosamente a contabilizar estas vitórias, sempre de forma a colocar um certo clube na dianteira das provas conquistadas, mas, no fundo, se calhar as vitórias na Taça Latina, que alguns querem fazer crer ser precursora da Taça dos Campeões, ou naqueles campeonatos disputados por convite, serão bem mais oficiais que a Taça da Liga.
Esta competição é apenas uma aberração, mal parida por uma abecerragem, que para pouco mais serve que para atribuir mais uns troféus a alguns (veja-se o rol de vencedores até à data!), e para distribuir algum trocado, em receitas de bilheteira e prémios, aos clubes mais pequenos.
E mesmo para estes, mais valia depositarem-lhes o dinheiro directamente na conta, e deixarem-se de coisas.
Para um clube como o FC Porto, e como o Jesualdo Ferreira teve a frieza de admitir, nunca poderá ser considerada uma prova prioritária, apenas uma oportunidade para rodar jogadores menos utilizados. A não ser, que se chegue a um ponto de não retorno, em que surja a oportunidade de pespegar um valente correctivo a um rival, tão ingloriamente desperdiçada na época passada, mas que não acredito que o seria na presente temporada.
Por isso, a nível interno, o que conta são as vitórias na Liga Zon Sagres, ou o que quer que venha a chamar-se no futuro, na Taça de Portugal e na Supertaça Cândido de Oliveira. Essas sim, todas somadas, dentro de pouco tempo vão-nos permitir esfregar na fronha de quem de direito, que somos os melhores, entre outros motivos, também porque temos mais troféus conquistados. Troféus oficiais!
O resto, o resto é relativo, como o é a derrota contra o Nacional da Madeira. O FC Porto perdeu? Pois perdeu. Perdeu a invencibilidade? Sim. Desde há 26 jogos para cá. Em jogos oficiais, daqueles com conta para conquistar títulos oficiais, por muito que custe àquelas almas inquietas, continua invicto à 36 jogos, com oito pontos de vantagem na Liga Zon Sagres, pronto para defrontar o Pinhalnovense, para os quartos-de-final da Taça de Portugal e o Sevilha, nos dezasseis avos de final da Liga Europa.
Isso sim, é o que conta.
Que não se leia neste texto, e na redução à sua insignificância da Bwin Cup, um subterfúgio para escamotear os problemas, as exibições e resultados menos conseguidos que vêm acontecendo, e cujo expoente máximo foi esta derrota.
Acontece que, pelo menos a meu ver, os problemas do FC Porto, leia-se, o plantel, são os mesmos que já se adivinhavam no início da época. Por isso, não há muito de novo a acrescentar.
Quando está disponível no mercado, ou melhor ainda, livre, o guarda-redes titular do campeão nacional em título, e vamos buscar o segundo ou terceiro guarda-redes do SC Braga, algo não bate certo.
O Quim tem mau feitio? Pedia mundos e fundos incomportáveis para os cofres da SAD? Foi por ter saído directamente do mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, sem fazer antes a apropriada quarentena? Não podíamos ter na equipa três guarda-redes de qualidade acima da média? A dispensa do Helton, depois das saídas do Bruno Alves e do Raul Meireles estava fora de questão?
Este último é o único argumento que me convence.
No centro da defesa temos três defesas centrais órfãos. O Rolando está órfão de quem o apoie e incite, e o faça sair daquele estado vegetativo de acabrunhamento. O Maicon é órfão de alguém que lhe dê uns sopapos naquela cara, de cada vez que faz asneirada. O Otamendi está órfão de alguém com presença física, que ganhe bolas no jogo por alto, e que o deixe para as sobras.
O Sereno, esse nem faz parte deste filme. Como se previa.
No lado esquerdo da defesa, como não era difícil de adivinhar, o Rafa não chega aos calcanhares do Palito. A melhor alternativa para substituir o uruguaio, mesmo com todas as panes cerebrais, que de vez em quando o acometem, continua a ser o Fucile, e o resto é conversa. Agora que estão os dois lesionados…
O Fernando a trinco nunca me encheu as medidas. Mas, admito que é uma questão de gosto pessoal. Além disso, o que me preocupa é a descontinuidade das suas presenças na equipa. É que o rapaz de cada vez que pára, depois é uma carga de trabalhos para recuperar o ritmo de jogo. Como não está talhado para o passe à distância, lá vêm as jogadas em que se agarra em demasia em bola, lá vêm as entradas fora de tempo e as faltas escusadas em zonas próximas da nossa área.
Substitui-lo pelo Guarín, depois do fracasso rotundo do Jesualdo Ferreira, ao colocá-lo naquela posição, é um grande risco. No fundo, o colombiano enferma em grande parte, dos mesmos defeitos do Fernando, mesmo estando em forma.
O passe longo não existe. Como é mais dotado tecnicamente, tem a tendência para levar longe de mais os seus esforços, e agarrar-se à bola para lá da conta. Se o jogo pende para o lado físico, ainda vá que não vá. Se não, sendo mais fraco do ponto de vista posicional, a vida complica-se.
Ou seja, não temos no plantel um trinco-trinco, que se leve a sério. O Fernando é ainda assim o que mais se aproxima.
Ainda no meio-campo, o Rúben Micael está a ser a surpresa da época. De certeza que ninguém esperava vê-lo tão mal. Talvez este fosse o único problema que não se antevia em Agosto.
No ataque, não tenho coragem de dizer o que quer que seja sobre o Cristián Rodriguez. Criticar alguém que passa mais tempo no estaleiro, do que no campo, pela sua performance nas quatro linhas, é meio caminho andado para cometer uma injustiça. Mais do que a recuperação física do jogador, impõe-se a psicológica de alguém que, cada vez que parece estar a regressar, cai novamente.
O Hulk e o Falcao não têm substitutos à altura. No caso do Hulk, até não é muito grave, porque, estando em forma, e isso inclui a cabeça no lugar, não precisa de substituto. Para fazer o que tem feito ultimamente, até o Mariano Gonzalez faz.
O caso do Falcao fia mais fino. O Walter continua, de cada vez que o vejo entrar em campo, a fazer-me lembrar a Shakira. Pelos piores motivos, “the hips don’t lie!”.
Mas, como disse, tudo é relativo. Se assim como assim, estamos na posição em que estamos, força rapazes, é continuar, que os jogos que aí vêm são todos para ganhar!
Invencíveis!
. Coisas diferentes, talvez...
. Quando uma coisa é uma co...
. O acordo necessário e a n...
. FC Porto 2016/2017 - Take...
. A quimera táctica do FC P...
. No news is bad news, (som...