Cá pelas nossas bandas costuma-se dizer que “até ao lavar dos cestos é vindima”, ou que “ainda a procissão vai no adro”. O Prof. Doutor Rei da Chuinga, na sua originalidade, saiu-se com aquela do “ainda há muito frango para virar”. Os anglo-saxónicos (mais os americanos, que os restantes) costumam dizer que “não acaba até a senhora gorda cantar” – “it ain’t over ‘til the fat lady sings”.
O intróito anterior para dizer, sim, o FC Porto perdeu em casa o jogo da primeira mão da meia-final da Taça Millenium. Sim, é difícil, praticamente impossível mesmo, conquistar pela terceira vez consecutiva a dita Taça. Mas ainda não acabou.
A partida de ontem fez-me recordar aquele famoso embate nas Antas, que também acabou com 0-2, em que o César Brito marcou os dois golos da vitória, e perdemos o campeonato para a equipa treinada pelo Eriksson, na altura em que este era um Senhor do futebol.
Foi o tal jogo do cheiro nauseabundo no balneário, que catapultou o celebérrimo guarda Abel para o estrelato, de uma tal maneira que, por muitos anos que viva, o steward Sandro, nunca lhe chegará aos calcanhares.
Desta vez, à falta de César Brito, foi figura de proa o Fábio Coentrão. Logo havia de ser um gajo das Caxinas, que nos deram homens como o André e o Paulinho Santos, e que falta deles, ou de alguém como eles, tivemos ontem.
Sobre o Coentrão, disse aqui há tempos o seguinte:
Mal imaginava eu que, não só ia ficar no plantel, como o iam adaptar a lateral-esquerdo, e que seria nessa posição que haveria de arranjar maneira de, mais uma vez, lixar o FC Porto.
Como não vi o jogo, aviso desde já que minha opinião tem por base apenas o relato da primeira parte, que fui ouvindo numa estação de rádio qualquer, onde é comentador o Manuel Queiroz, e os resumos, que entretanto vi. Não ouvi a segunda parte do relato, e assim, fiquei na expectativa de, no final, ter uma agradável surpresa. Foi o que se viu…
Enquanto ouvia o relato radiofónico estranhei a forma como era enaltecida a postura táctica do adversário, e designadamente, a pressão alta que exercia sobre a saída da bola.
Contudo, o raio da bola estava sempre nos pés dos nossos!
O segundo golo foi paradigmático nesse aspecto. Estou a ouvir o relato, e o Fernando tem a bola, de repente, goooooolo! Até pensei que tínhamos empatado o jogo. Mas não, era dos outros. Que coisa!
Bem vistos os dois golos, onde é que está a pressão alta? No primeiro, o Rolando tem a bola dominada, e faz um passe de caca para um contrário, que mete no Coentrão. Daí em diante, o Maicon (horrível!) e o Helton fizeram o resto.
No outro, é o Fernando que tem a bola em seu poder, e a passa, sem mais aquela, ao Javi Garcia, que não se fez rogado (ao contrário do que já li, não me parece que o Helton tenha sido mal batido neste golo, pois tem à sua frente, salvo erro, o Saviola, que lhe bloca a visão, e que é posto em jogo pelo Rolando, que em vez de sair do campo ou avançar rapidamente no terreno, recupera a posição a passo de caracol).
Resultado da pressão alta? Não me pareceu. Só se na segunda parte, ou a partir da expulsão do acima hipermencionado Coentrão, passaram a pressionar alto e baixo, e talvez por isso, mesmo contra dez, não conseguimos sequer molhar a sopa.
Aliás, não me venham falar em lições de táctica, e em como, ao contrário do André Villas-Boas, esteve bem o Prof. Doutor Rei da Chuinga.
O detentor da cátedra da chiclete esteve assim tão bem? Quem vê, ou ouve, de fora, como eu, a ideia que transpareceu é que montou a equipa perspectivando, como quase toda a gente, menos, pelos vistos, o André, achava que fazia mais sentido, a colocação do Hulk junto à linha. Nem que para isso, tivesse de mandar lá para dentro o Walter!
Daí o reforço(?) do lado esquerdo com o César Peixoto, para fazer frente à dupla Hulk-Belluschi. Com o Hulk ao meio, tenho cá para mim que o esquema só não se alterou porque tiveram a sorte de marcar logo no dealbar da partida.
De resto, que oportunidades de golo é que tiveram? Nos resumos vê-se uma cabeçada na primeira parte, para defesa fácil do Helton, e aos 80 minutos, a jogada do Cardozo. Essa sim, com uma parada quase impossível do nosso guarda-redes, e na sequência de mais uma abébia do Maicon.
Do nosso lado, se não quisermos contar os remates do Hulk (dois), pelo menos mais duas oportunidades tivemos: pelo James, a passe do Varela, e por este, depois de dar uma nozada ao “reforço” Peixoto. Não é muito, é verdade. Mas estivemos assim tão mal? Ou esteve assim tão mal o nosso treinador?
Já falei da colocação do Hulk ao centro,e infelizmente, tenho de me juntar ao coro dos que não entendem a exclusão do Walter, até do lote de convocados. Se não presta, o que é que ainda anda por cá a fazer?
O Fucile é outro caso, que nem para o banco foi. Não estava em condições para jogar? Se estava, porquê o Sereno, menos móvel, e um central adaptado, quando o que se louva no Sálvio é precisamente a rapidez de pernas e de execução? Dá a ideia que, apesar do discurso do rapaz, que cai muito bem no goto de alguns portistas, e da renovação do contrato, a cabeça já cá não está. Será isso? Deveríamos tê-lo despachado enquanto foi tempo?
Quanto ao Otamendi acredito que não estivesse em condições para alinhar de início, uma vez que andou a recuperar mazelas durante a semana. Se não foi por isso, então acho que está mais do que na hora de acabar com a rotatividade. Começa a ser um martírio para os adeptos, e estou em crer que até para o próprio, ver o Maicon em campo.
Portanto, neste jogo, quais foram as grandes asneiras do André? Assim de repente, com a informação de que disponho, só me ocorre o ter posto o Hulk ao meio. De resto, só o não ter ido ao mercado buscar o tal terceiro (ou segundo) avançado-centro, um defesa-lateral esquerdo e um trinco, que ofereça algumas garantias quanto ao rigor de passe. Será isto?
Para acabar, só uns pequenos remoques quanto ao árbitro. Não foi por aí que perdemos.
Na grande-penalidade reclamada sobre o James, aqueles que defenderam que foi mesmo penálti o marcado a favor do Vitória de Setúbal, por falta do Fucile, agora dirão que não foi, e os que disseram que não foi, é provável que agora digam que foi mesmo. Tanto num caso como noutro, acho que não foi.
A expulsão do Coentrão, pela falta cometida pareceu-me exagerada. Talvez o vermelho directo numa falta anterior sobre o Hulk fosse mais justificado. Afora isso, só se foi em função da acumulação de amarelos, a contar com o que não recebeu aquando dos festejos do golo.
Mal esteve ao não expulsar o Cardozo, que mais uma vez agrediu visivelmente o Sapunaru.
Resumindo, estamos por baixo no final da primeira parte da eliminatória, e temos que recuperar dois golos de desvantagem na casa do inimigo, que, sem margem para dúvidas, está numa evidente subida de forma. Mas, caramba, mas não nos é superior, nem pouco mais ou menos, apesar do que querem fazer crer.
Os dois golos foram mais que consentidos e fruto de (vários) erros individuais, e as séries estatísticas não são tudo, e não dão pontos extra. No tempo do Sporting do Peseiro, também só se falava das séries de vitórias consecutivas dos sportinguistas, e no fim os campeões fomos nós.
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