Quinta-feira, 3 de Fevereiro de 2011

A senhora gorda ainda não cantou…

 

Cá pelas nossas bandas costuma-se dizer que “até ao lavar dos cestos é vindima”, ou que “ainda a procissão vai no adro”. O Prof. Doutor Rei da Chuinga, na sua originalidade, saiu-se com aquela do “ainda há muito frango para virar”. Os anglo-saxónicos (mais os americanos, que os restantes) costumam dizer que “não acaba até a senhora gorda cantar” – “it ain’t over ‘til the fat lady sings”.

 

O intróito anterior para dizer, sim, o FC Porto perdeu em casa o jogo da primeira mão da meia-final da Taça Millenium. Sim, é difícil, praticamente impossível mesmo, conquistar pela terceira vez consecutiva a dita Taça. Mas ainda não acabou.

 

A partida de ontem fez-me recordar aquele famoso embate nas Antas, que também acabou com 0-2, em que o César Brito marcou os dois golos da vitória, e perdemos o campeonato para a equipa treinada pelo Eriksson, na altura em que este era um Senhor do futebol.

 

Foi o tal jogo do cheiro nauseabundo no balneário, que catapultou o celebérrimo guarda Abel para o estrelato, de uma tal maneira que, por muitos anos que viva, o steward Sandro, nunca lhe chegará aos calcanhares.

 

Desta vez, à falta de César Brito, foi figura de proa o Fábio Coentrão. Logo havia de ser um gajo das Caxinas, que nos deram homens como o André e o Paulinho Santos, e que falta deles, ou de alguém como eles, tivemos ontem.

 

Sobre o Coentrão, disse aqui há tempos o seguinte:

 

"O único contra que vejo [relativamente à previsível vitória benfiquista na Liga Sagres 2009-2010], é a possibilidade do Fábio Coentrão ficar no plantel. É que, ficando, dificilmente jogará. Se fosse emprestado, pelo menos contra o FC Porto, haveria de fazer dois jogos do caraças!

  

Mal imaginava eu que, não só ia ficar no plantel, como o iam adaptar a lateral-esquerdo, e que seria nessa posição que haveria de arranjar maneira de, mais uma vez, lixar o FC Porto.

 

Como não vi o jogo, aviso desde já que minha opinião tem por base apenas o relato da primeira parte, que fui ouvindo numa estação de rádio qualquer, onde é comentador o Manuel Queiroz, e os resumos, que entretanto vi. Não ouvi a segunda parte do relato, e assim, fiquei na expectativa de, no final, ter uma agradável surpresa. Foi o que se viu…

 

Enquanto ouvia o relato radiofónico estranhei a forma como era enaltecida a postura táctica do adversário, e designadamente, a pressão alta que exercia sobre a saída da bola.

 

Contudo, o raio da bola estava sempre nos pés dos nossos!

 

O segundo golo foi paradigmático nesse aspecto. Estou a ouvir o relato, e o Fernando tem a bola, de repente, goooooolo! Até pensei que tínhamos empatado o jogo. Mas não, era dos outros. Que coisa!

 

Bem vistos os dois golos, onde é que está a pressão alta? No primeiro, o Rolando tem a bola dominada, e faz um passe de caca para um contrário, que mete no Coentrão. Daí em diante, o Maicon (horrível!) e o Helton fizeram o resto.

 

No outro, é o Fernando que tem a bola em seu poder, e a passa, sem mais aquela, ao Javi Garcia, que não se fez rogado (ao contrário do que já li, não me parece que o Helton tenha sido mal batido neste golo, pois tem à sua frente, salvo erro, o Saviola, que lhe bloca a visão, e que é posto em jogo pelo Rolando, que em vez de sair do campo ou avançar rapidamente no terreno, recupera a posição a passo de caracol).

 

Resultado da pressão alta? Não me pareceu. Só se na segunda parte, ou a partir da expulsão do acima hipermencionado Coentrão, passaram a pressionar alto e baixo, e talvez por isso, mesmo contra dez, não conseguimos sequer molhar a sopa.

 

Aliás, não me venham falar em lições de táctica, e em como, ao contrário do André Villas-Boas, esteve bem o Prof. Doutor Rei da Chuinga.

 

O detentor da cátedra da chiclete esteve assim tão bem? Quem vê, ou ouve, de fora, como eu, a ideia que transpareceu é que montou a equipa perspectivando, como quase toda a gente, menos, pelos vistos, o André, achava que fazia mais sentido, a colocação do Hulk junto à linha. Nem que para isso, tivesse de mandar lá para dentro o Walter!

 

Daí o reforço(?) do lado esquerdo com o César Peixoto, para fazer frente à dupla Hulk-Belluschi. Com o Hulk ao meio, tenho cá para mim que o esquema só não se alterou porque tiveram a sorte de marcar logo no dealbar da partida.

 

De resto, que oportunidades de golo é que tiveram? Nos resumos vê-se uma cabeçada na primeira parte, para defesa fácil do Helton, e aos 80 minutos, a jogada do Cardozo. Essa sim, com uma parada quase impossível do nosso guarda-redes, e na sequência de mais uma abébia do Maicon.

 

Do nosso lado, se não quisermos contar os remates do Hulk (dois), pelo menos mais duas oportunidades tivemos: pelo James, a passe do Varela, e por este, depois de dar uma nozada ao “reforço” Peixoto. Não é muito, é verdade. Mas estivemos assim tão mal? Ou esteve assim tão mal o nosso treinador?

 

Já falei da colocação do Hulk ao centro,e infelizmente, tenho de me juntar ao coro dos que não entendem a exclusão do Walter, até do lote de convocados. Se não presta, o que é que ainda anda por cá a fazer?

 

O Fucile é outro caso, que nem para o banco foi. Não estava em condições para jogar? Se estava, porquê o Sereno, menos móvel, e um central adaptado, quando o que se louva no Sálvio é precisamente a rapidez de pernas e de execução? Dá a ideia que, apesar do discurso do rapaz, que cai muito bem no goto de alguns portistas, e da renovação do contrato, a cabeça já cá não está. Será isso? Deveríamos tê-lo despachado enquanto foi tempo?

 

Quanto ao Otamendi acredito que não estivesse em condições para alinhar de início, uma vez que andou a recuperar mazelas durante a semana. Se não foi por isso, então acho que está mais do que na hora de acabar com a rotatividade. Começa a ser um martírio para os adeptos, e estou em crer que até para o próprio, ver o Maicon em campo.

 

Portanto, neste jogo, quais foram as grandes asneiras do André? Assim de repente, com a informação de que disponho, só me ocorre o ter posto o Hulk ao meio. De resto, só o não ter ido ao mercado buscar o tal terceiro (ou segundo) avançado-centro, um defesa-lateral esquerdo e um trinco, que ofereça algumas garantias quanto ao rigor de passe. Será isto?

 

Para acabar, só uns pequenos remoques quanto ao árbitro. Não foi por aí que perdemos.

 

Na grande-penalidade reclamada sobre o James, aqueles que defenderam que foi mesmo penálti o marcado a favor do Vitória de Setúbal, por falta do Fucile, agora dirão que não foi, e os que disseram que não foi, é provável que agora digam que foi mesmo. Tanto num caso como noutro, acho que não foi.

 

A expulsão do Coentrão, pela falta cometida pareceu-me exagerada. Talvez o vermelho directo numa falta anterior sobre o Hulk fosse mais justificado. Afora isso, só se foi em função da acumulação de amarelos, a contar com o que não recebeu aquando dos festejos do golo.

 

Mal esteve ao não expulsar o Cardozo, que mais uma vez agrediu visivelmente o Sapunaru.

  

  

 

 

Resumindo, estamos por baixo no final da primeira parte da eliminatória, e temos que recuperar dois golos de desvantagem na casa do inimigo, que, sem margem para dúvidas, está numa evidente subida de forma. Mas, caramba, mas não nos é superior, nem pouco mais ou menos, apesar do que querem fazer crer.

 

Os dois golos foram mais que consentidos e fruto de (vários) erros individuais, e as séries estatísticas não são tudo, e não dão pontos extra. No tempo do Sporting do Peseiro, também só se falava das séries de vitórias consecutivas dos sportinguistas, e no fim os campeões fomos nós.

 

Por que carga d’água não havemos de ir à Cesta do Pão dar a volta a isto?

  

  

  

  

sinto-me:
música: Don't dream it's over - Crowded House
publicado por Alex F às 18:09
link do post | comentar | favorito
2 comentários:
De penta1975 a 4 de Fevereiro de 2011 às 11:10
caro Axel,

concordo com a tua "visão" do clássico da passada Quarta - principalmente com as falhas do André e com o não termos ido ao (super)mercado.

mas o meu comentário vai só no sentido de sugerir uma outra escolha musical, que passa por este vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=kOHG5_HixdI). o refrão é sugestivo ;)

mas eu acredito!
a última vitória do FC Porto ante o 5lb, em plena Luz e igualmente para a Taça de Portugal remonta a 1967/1968 e foi por 0-3 (curiosamente o resultado mais desejado para daqui a sessenta e oito dias...)

saudações desportivas mas sempre pentacampeãs!

Tomo I (http://www.miguel-lima.com)
De Alex F a 4 de Fevereiro de 2011 às 16:05
@Penta1975

Meu Caro,
Que grande remontada! Só que no caso é a equipa da casa que vira o marcador. Esperemos que em Abril não seja assim...
Acho que temos atributos suficientes, ainda que de outro género, para evitar que isso aconteça.

Comentar post

.Outubro 2019

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.posts recentes

. Coisas diferentes, talvez...

. O efeito Mendes

. Quando uma coisa é uma co...

. O acordo necessário e a n...

. No limiar da perfeição

. In memoriam

. FC Porto 2016/2017 - Take...

. A quimera táctica do FC P...

. No news is bad news, (som...

. Poker de candidatos

.links

.tags

. todas as tags

.arquivos

.mais sobre mim

blogs SAPO

.subscrever feeds