Sim, eu sei que já muito se falou sobre a capa de segunda-feira acima reproduzida, e desculpem lá voltar ao assunto, mas ainda há um ou dois pormenores que gostava de trazer à baila.
Primeiro. Porque carga d’água é que, num jogo entre bracarenses e outra equipa qualquer, é trazido à colação, com honras de primeira página, o FC Porto?
Segundo. “O FC porto não precisava deste árbitro para ser campeão por mérito”? O que é que isto quer dizer? “FC Porto não precisava deste árbitro”? Que eu saiba, e como quem escreveu isto também deve saber, quem nomeia os árbitros é a Comissão de Arbitragem (CA) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
Por certo terão conhecimento que, pelo que corre por aí, foram quatro os árbitros que pediram escusa para este desafio, de tal maneira que o Presidente da CA teve de quebrar as suas próprias regras e nomear um árbitro que, à partida não reunia condições para tanto.
Quererão fazer crer que, o órgão da Liga, cuja continuidade, ao que se diz, constituiu a contrapartida do apoio encarnado ao actual elenco directivo, fez um favor ao FC Porto ao nomear este árbitro?
É que, pela amostra no vídeo abaixo, relativamente ao qual não subscrevo a totalidade dos comentários, não foi só o FC Porto a ser favorecido.
(link para o vídeo obtido em "Dragão até à morte")
Adiante. O que dizer quanto ao “mérito”? Que o mérito do FC Porto na (re)conquista deste título, ao contrário do que aquele título, e o maior ainda “Xistra decide o que estava decidido”, querem dar a entender, é inegável. Se não, vejamos.
Na época passada, o futebol do campeão em título, aquela equipa maravilha, que dava espectáculo onde assentava arraiais, e que não só vencia, como humilhava e trucidava os adversários que o infortúnio colocava no seu caminho, e no fim, ainda chupava os ossinhos, qual horda de hunos, comandados por um Átila esgrouviado, por sorte, apeado de montada, não fosse a sua ruminação fazer dele uma, ainda mais evidente capicua de uma besta de montar, só foi superado em qualidade, de acordo com voz entendida, pelo enorme Barcelona.
Ora, essa equipa, apesar de todos os encómios e adjectivos que lhe foram dispensados, só conseguiu garantir o almejado título, na última jornada da Liga Sagres, a que chegou com dois pontos de vantagem sobre, precisamente, o SC de Braga, que saiu reforçada para cinco pontos, por força da derrota, quando já nada de útil havia a fazer, dos minhotos, na Madeira.
E ainda assim, com a prestimosa colaboração de Lucílio Baptista, em cinco pontos (quatro dados de borla e um sonegado a um concorrente, que, de directo, passou a indirecto por mor disso, por acaso, o FC Porto), de Jorge Sousa, em mais um, e de Rui Costa e Olegário Benquerença, na subtracção de mais quatro pontos ao tal adversário, tornado indirecto.
Pois bem. Tudo levava a crer, tendo em conta os acontecimentos e comentários pré-jogo de Braga, que a tal equipa maravilha ia a caminho da sua reedição na presente temporada.
Independentemente de já não aniquilar e subjugar os seus oponentes como costumava fazer, e de se ver ele própria humilhada por cincazero, numa ocasião, lá ia paulatinamente, fazendo o seu trajecto, com algumas vitórias pela margem mínima (também são vitórias!), obtidas em período de descontos (que também é jogo!), de tal maneira que, até motivou uma reformulação do conceito de goleada, passando uma vitória, à tangente, por 4-3, aser redefinida como uma “goleada pela margem mínima”.
Porém, para os entendidos, a série de vitórias consecutivas alcançadas, fará dela certamente, uma equipa superior tudo e todos, e por conseguinte, ao SC de Braga, da pretérita temporada.
Fazendo um mero exercício de lógica, que alguns tanto prezam, para justificar o injustificável, se esta equipa actual, de hiperbólico calibre, é superior ao segundo classificado da época passada, que terminou a cinco pontos do líder, e se se encontrava na presente edição da Liga, antes da partida disputada na Pedreira, a oito pontos do primeiro classificado, o FC Porto, e depois ficou a onze, então, poderemos dizer este último está melhor do que a tal equipa maravilha apenas superada pelo Barcelona. Ou não? Para mérito chega?
Não? Então vamos por outra via.
Na temporada finda, a tal oitava maravilha do Mundo e arredores (de Carnide), que tratava da saúde a tudo e todos, ganhava “limpinho”, e era a maior, entre outros motivos, porque era a que marcava mais golos, a que sofria menos e a que tinha no seu seio o melhor marcador da prova.
Comecemos precisamente por aqui. O melhor marcador de 2009-2010, acabou com 26 golos obtidos, em 29 jogos. O segundo classificado terminou com apenas menos um, 25 golos, e menos um jogo realizado, muito por força de um estúpido cartão amarelo, em vésperas de defrontar a equipa do primeiro.
Mas não só. O segundo classificado viu anulados três(!) tentos, sem que se saiba muito bem porquê. Portanto, digamos que é um nadinha falacioso empregar este critério para sustentar o que quer que seja.
Quanto aos golos marcados pela equipa vencedora de então, foram nada mais, nada menos que 78. Destes, nem vale a pena entrar na discussão sobre quantos foram obtidos através da conversão de penáltis sobrenaturais, mas há pelo menos dois, validados por dois dos árbitros acima mencionados, que não deveriam ter existido. Ficamos com 76.
O FC Porto obteve 70 golos, e ainda mais três, invalidados porque sim. Em condições (a)normais, terminaria com 73. Três golos marcam a diferença entre o zénite e a mais confrangedora mediania? Será?
Nos golos sofridos o primeiro classificado acabou a temporada com 20, os mesmos que o segundo classificado, o SC Braga. Mas, ironia das ironias, não fora a copiosa derrota por 5-1, infligida a este último pelo FC Porto, e as coisas teriam outra configuração, até porque a tal super-equipa, o melhor que conseguiu fazer face aos seus oponentes directos, foi derrotá-los por um zero.
O líder de 2010-2011, à 23.ª jornada, 51 golos marcados, mais seis que o segundo classificado, sete golos sofridos, menos doze, que o segundo, e tem dois jogadores na primeira e terceira posições da lista dos melhores marcadores da prova, qualquer um deles com mais tentos que os melhores marcadores do rival (19 e 11, do Hulk e do Falcao, para 8 de Cardozo e Saviola), e um jogador com apenas menos um golo, Varela, com sete.
Pelos critérios das vitórias “limpinhas”, será por mérito?
Uma equipa que ainda não sofreu derrota, e em 22 jogos conta apenas com dois empates, deve ser por sorte, ou pelas arbitragens dos Xistras desta vida.
Ontem, no jogo do Barcelona contra a nossa bête noire (francês, em homenagem a monsieur Wenger), os londrinos, ao contrário do que disse o Guardiola, fizeram um remate, mais ou menos, à baliza.
O irónico neste caso, é que o jogo estava interrompido por fora-de-jogo do palerma do Van Persie, que ainda assim chutou, e acabou por ser expulso por isso.
Nos últimos dois jogos, os adversários do FC Porto criaram, em média, uma oportunidade de golo por jogo.Em Nou Camp, o Arsenal nem isso fez, e conseguiu que o Busquets lhe marcasse o golito de honra.
É nesta diferença que reside a grande sorte portista.
Mérito? Népia!
Olhem, quando fizerem mais capas destas (e vão fazê-las, com certeza!), nem vale a pena dá-las à estampa, puxem o autoclismo, que a merda está feita!
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