Terça-feira, 27 de Dezembro de 2011

Manchester City em 4x2x3x1?

 

 

Antevendo o próximo embate entre o FC Porto e o Manchester City, “O Jogo”, terá aproveitado uma conferência de imprensa para trocar impressões com André Villas Boas (AVB) sobre os citizens.

 

Habituei-me a ter Villas Boas na conta de um fulano metódico e minucioso nas abordagens que faz aos adversários. Ainda tenho presente na memória um relatório que por aí correu há tempos, em que, enquanto adjunto de Mourinho, analisava, salvo erro, o Newcastle Utd.

 

Achei por isso estranha a análise que fez do City, ao jeito de uma conversa entre dois amigos a caminho do WC de um qualquer pub londrino, em peregrinação para mudar a água às azeitonas.

 

Por outro lado, para o nível de profundidade de análise a que estamos habituados a ver na nossa imprensa desportiva, compreendo que uma análise técnico-táctica mais aprofundada, entrando pormenorizadamente em minudências como modelos de jogo e nas movimentações dos jogadores, acabaria por redundar num sonolento bocejo da parte dos leitores.

 

Não é isso que está em causa. Dando, por isso, de barato, os lugares comuns, achei estranho o comentário de "que o City se sente confortável num 4x2x3x1 muito dinâmico".

 

É que, por acaso, tive a oportunidade de ver a primeira parte do jogo dos nossos adversários contra o Chelsea, e quase todo o jogo contra o Arsenal, e, macacos me mordam, tirando a parte do dinamismo, não foi isso que vi.

 

Tudo bem que percebo tanto disto como de um lagar de azeite, mas a mim, pareceu-me que a equipa do Mancini se apresentou em ambas as partidas num 4x4x2, dinâmico, é certo, mas mais que evidente.

 

Nem o Yaya Touré faz de trinco, para se juntar ao Gareth Barry no meio terreno, nem o Agüero faz de médio, ou extremo, ou coisa que o valha.

 

Aliás, dei por mim a pensar precisamente, que dada a distribuição das peças no terreno e o dinamismo com que, por exemplo, no jogo contra o Chelsea, o David Silva, saindo da direita, andou por quase todo o campo, ou o Balotelli, partia de ponta de lança, para vir atrás e à esquerda do ataque, iria ser difícil encaixar o nosso 4x3x3 naquela estrutura.

 

Houve pormenores comuns a ambos os jogos, para além do guarda-redes Joe Hart, fundamentalmente na defesa, que até acabou por ser o sector entre os dois jogos, com mais alterações.

 

O lateral direito, seja ele Micah Richards ou Lescott (ou o suplente Savic), é o que se adianta menos no flanco, deixando esse papel para o colega da esquerda, principalmente se este for o Clichy.

 

Esta maior propensão ofensiva terá ainda a ver com o facto de o “trinco”, Gareth Barry, descair predominantemente para a esquerda, oferecendo a necessária cobertura às subidas do defensor.

 

Escrevo trinco entre aspas porque, na realidade, por diversas vezes se viu o meio-campo do City, com Nasri ou com o Milner, a sair para pressão praticamente em quatro-em-linha. Também por isso, custa-me a entender aquele 4x2x3x1.  

 

O Yaya Touré será, quanto muito, um falso trinco, que sobe no terreno em pezinhos de lã, e quando se dá por ele, oops, está na área, numa movimentação vertical, com poucas variações.

 

O David Silva e o Nasri, muito mais do que o Milner, esses sim, trocam de posição abundantemente ao longo do jogo, caindo o espanhol mais para a esquerda e o francês para a direita. O Silva então, não pára um segundo.

 

O Akun Agüero joga bastante mais fixo que o Balotelli, saindo quase sempre do flanco esquerdo. Sem dúvida mais adiantado que o companheiro do outro lado, e por isso também me custa a engolir o 4x2x3x1.

 

O italiano, o enfant terrible da companhia, é mais mexido, e um perigo, principalmente quando lançado na diagonal pelo David Silva, o que foi mais visível contra o Arsenal, do que com o Chelsea, que apesar de jogar parte da partida contra dez adversário, manteve o seu bloco defensivo mais recuado.

 

Depois, há o pormenorzinho enfatizado pelo AVB, mais na frente do que na retaguarda, do talento individual de cada um daqueles fulanos.

 

Faltou saber em que consiste a tal excessiva exposição do Manchester City que o nosso ex-treinador menciona, para além daquelas balelas sobre o ambiente no Dragão e em Manchester, e a nossa experiência em resolver eliminatórias na qualidade de visitante. Isso é que dava de certeza um jeitaço ao Vítor Pereira.

 

Confesso que essa parte também me escapou. O que é que querem? É como diz a Mafalda, problemógos há muitos, solucionólogos é que fazem falta. Por isso é que os que há por aí, ganham mais do que eu, que me limito a ver jogos no conforto do sofá…

música: Comfortably numb - Pink Floyd
sinto-me:
publicado por Alex F às 18:27
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