“Confirmou-se também neste estudo que os homens do povo, classe baixa, mundo rural, aprendiam, desde muito jovens, ritos de imbecialização ancestrais de grande valor antropológico. Com efeito, alguns espécimes foram encontrados – isto em pleno século XXI – que ainda batem nas mulheres como prova do seu amor, violam ocasionalmente as filhas, arrotam, dão enormes peidos, coçam as partes, vivem teimosamente analfabetos, usam um boné engordurado, embebedam-se conscienciosamente ao fim da tarde e evitam qualquer contacto com livralhada, perfumes, filmes franceses, pedicuras, concertos de free-jazz e gente do clube rival.
A propósito observou-se também que estes espécimes iam e vão muito ao tal espectáculo chamado Futebol. Mais que isso – acreditam no Futebol como religião, cuja invade todos os momentos livres da sua vida, tal como a prece no Islão! Discutem em todos os locais e momentos livres os mais ínfimos detalhes e jogadas, apaixonada e acaloradamente, chegando ao insulto, ao corte de relações, à apoplexia, à agressão e ao homicídio, tudo motivado por tão insólita devoção”
Eventualmente, poderão achar contra natura a reprodução neste blog do excerto acima, originário do livro “A história maravilhosa do país bimbo”, da autoria de Pedro Barroso, o cantor d’ “A perninha, a perninha da menina, (…) a perninha a dar a dar”.
Descontando o último parágrafo, ainda que o considere verdadeiro em muitas situações, mas que me parece exagerado, dado o relativamente diminuto grau de perigosidade que o mesmo encerra, tenho para mim, que bem mais grave seria se em vez daquele, o substituíssemos por qualquer coisa como:
“Nada de estranho, num País onde um Primeiro-Ministro que, ao que consta, pouco ou mesmo nada, trabalhou durante a sua vida activa, apelida os seus concidadãos de “piegas”, e onde, em horário nobre, surge na cadeia televisão estatal, o presidente de um clube, sem outra justificação aparente que não sejam os factos deste liderar a Liga nacional, com cinco pontos de avanço, de encontrar-se nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e na meia-final da Taça da Liga”
Feita esta singela troca o excerto reconduzir-nos-ia ao retrato fiel a cem por cento do País em que vivemos, uma vez mais posto a nú, na noite de ontem, como se falta houvera, pelo espectáculo deprimente que a televisão paga pelo dinheiro de todos nós, em claríssima concorrência desleal com o canal privado do clube a cujo presidente atrás se aludiu, proporcionou a quem quis assistir.
Um misto de publicidade a uma marca, sem a necessária e obrigatória inclusão da inscrição “pub”, de televenda de direitos televisivos, de direito de antena de um putativo-mais-que-certo-candidato-a-vencedor-de-eleições-à-albanesa, e ainda de perdoa-me, combinado com missa cantada encomendada em honra de um tal de Jesus.
Enfim, nada de muito surpreendente.
Infelizmente, é o país que temos. É o país do qual o tal fulano-presidente-em rei-da-pieguice disse um dia, “verdadeiramente nós somos o país”.
É o país contra o qual lutamos, e simultaneamente, o País pelo qual lutamos, ainda que nenhum mérito nos reconheçam.
Somos Porto, verdadeiramente é o que conta, onde quer que o tal “país bimbo” assentar arrais, estaremos lá, e Seremos Porto.
Nota: Nas palavras do autor, convirá que, “(…) deixemos aqui, uma vez mais, muito claro, a ideia de que, para nós, o termo científico de bimbo não integra conceito pejorativo”, e que, o país de que se fala, se localiza “(…) onde houver uma couve no quintal; um pouco de lixo ou entulho por remover; um bidão cortado ao meio a fazer brasas de carvão; um cantor gemendo em aparentes convulsões de tristeza; um forte cheiro a sardinhas, sandes de courato ou entremeada grelhadas, há, digamos, fortes possibilidades que seja aí.
Ocorra tal observação no Canadá, no Japão, em França, na Lusitânia, na Gronelândia, ou até no Principado da Fuzeta”.
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