Muito interessante aquela equipa do Olhanense, que jogou ontem no Dragão.
Ah! Desculpem lá. Afinal não vinham de Olhão, parece que eram uns fulanos de Manchester.
Quando dou de caras com aquele autocarro estacionado em frente à baliza do nosso adversário, e só o Balotelli sozinho lá na frente, apenas com o Yaya Touré a apoiá-lo por detrás, confesso que fiquei surpreendido.
Aquele era quase o “meu” onze do City, com umas pequenas nuances, a saber: na direita, era difícil adivinhar porque passam por lá vários fulanos, mas do meio-campo para a frente, seria só pôr o Touré no lugar do De Jong, e o Aguero no do Touré. De resto, era isto que estava à espera, embora tivesse algumas dúvidas quanto à utilização ou não do Nasri.
Os citizens tiveram muito respeitinho pelo FC Porto, e não entraram em loucuras. Para grande desgosto de quem esperava que estivessem focalizados na sua Premier, foi mais do género “vamos lá com calma, e na segunda mão tratamos disto!”.
Tenho de dar o braço a torcer, razão tinha o Villas Boas quando dizia que os homens estavam "confortáveis num 4x2x3x1 muito dinâmico", eu é que nunca, até à data, tinha assistido a tal.
Do nosso lado, para mim a surpresa maior foi o Varela à direita, para mais que a sua prestação no último jogo caseiro, não foi por aí além, e o Djalma, antes da CAN, até vinha rendendo naquela posição. Para além de não termos que resolver o problema que o Aguero a jogar ao lado do Balotelli poderia colocar.
Bem, as coisas até correram medianamente bem até ao intervalo, e fomos para o descanso na frente do marcador.
No reatamento, porém, inopinadamente algo aconteceu. Uma coisa inédita, e como tal, inconcebível, e não sei mesmo se ao arrepio das regras do jogo, quiçá das da decência e dos bons costumes.
O Mancini introduziu uma alteração táctica na sua equipa!
O Touré, que até aí andara “tem-te não caías”, lá pela frente, recuou para o meio do terreno, com o intuito de pegar um bocadinho no jogo, e os, até aí, dois médios das alas, o David Silva e o Nasri, adiantaram-se no terreno.
E pronto, foi isto. E foi o cabo dos trabalhos. Note-se que eu estou para aqui com esta explicação, talvez demasiado elaborada, só para não ter de acreditar que houve outro motivo para que o FC Porto acabasse ao intervalo.
O que é que fez o nosso treinador? Nada. E nessa altura, nem era preciso. O encaixe entre as duas equipas parecia perfeito. A questão é que a partir daí o City começou a jogar e a trocar a bola, e do nosso lado, sem o Danilo para dar profundidade ao flanco direito, ninguém ousava pegar no jogo.
E então o que é o Vítor Pereira fez? Nada. E deveria ter feito?
Retive a frase dele após o jogo: "A partir do 1-1, a equipa do Manchester City baixou as linhas e ficamos à mercê deles porque eles são muito fortes nas transições rápidas".
Se com o resultado em 1-1 baixaram linhas e ficámos à mercê deles, porque é que isso aconteceu? Como é que empatados ficámos à mercê deles? E sem reacção que se visse, ainda por cima. Seria o segundo golo uma inevitabilidade do destino? Estava “escrito nas estrelas”?
São muito fortes? São muito bons? Valem muitos milhões? Então mais valia não jogar sequer, pois desde o sorteio que estávamos à sua mercê.
Desculpem-me lá o desabafo, mas eu ainda sou do tempo, como diz o outro, de treinadores como Pedroto, Manuel Oliveira, Meirim, António Medeiros, esses sim, verdadeiros catedráticos da táctica, que trocavam jogadores de posição e inventavam adaptações mirabolantes ao pequeno-almoço, e viravam desafios de cabo-a-rabo com uma substituição. Às vezes saia mal? É verdade.
Mas pelo menos transformavam os jogos quase em partidas de xadrez, em vez de fazerem delas meros encontros de matrecos.
Já sei, já sei, “há as rotinas de jogo, a criação de automatismos, as compensações, etc.”, e todas essas coisas modernas. Tretas.
Será que os jogadores não serão dotados de agilidade mental que lhes permita executar durante uma partida mais do que um esquema táctico? Os gajos da NFL, que são uns mastodontes, uma boa parte deles injectados de hormonas decoram manuais de jogadas. Estes rapazes não são capazes de jogar doutra maneira? Ou serão os treinadores, que não têm capacidade para mais.
Desde os tempos do Jesualdo Ferreira que o padrão de jogo é o mesmo, estafado e malfadado 4x3x3, de que começo a ficar farto, e dê lá por onde der, como diz fundamentalisticamente o nosso Primeiro-Ministro, mesmo quando não há matéria (leia-se: “jogadores”) para isso.
Se um treinador vem com o discurso do “Ah, e tal, trabalhámos bem durante a semana”, e o nosso fá-lo amiúde, isso é, quanto a mim, mau sinal, pois parece que labuta durante a semana, e depois, encolhe os ombros e entrega os seus destinos nas mãos do acaso.
Trabalhar durante a semana e rezar no fim-de-semana, isso fazia eu quando jogava no Totobola.
Macacos me mordam se o treinador não é pago, entre outras coisas banais, como motivar, gerir, orientar um grupo, para tomar decisões e actuar no decurso das partidas.
Se o adversário apresenta mais flexibilidade táctica, e não se lhe responde da mesma moeda, então, parece-me a mim, que a única forma de o vencer terá que ser pela superior valia técnica dos seus jogadores. Ontem, como se viu, isso não aconteceu, e o rigor táctico vai-se transformando, mais rapidamente que o desejável, em rigor mortis.
Para grande azar ainda perdemos o Danilo, que estava a ser um dos melhores, e o Mangala. O James, que parecia o Maradona, de tão agarrado à linha que esteve, quando, neste jogo em particular, talvez fosse mais avisado procurar terrenos mais interiores (só o fez, muito esporadicamente na primeira parte. Mas, lá está, na segunda não houve FC Porto).
De positivo, apenas a exibição do Belluschi. O quê? O Belluschi não jogou? Épá, lá estou eu outra vez. Desculpem lá, que apesar das diferenças fisionómicas parece-me que o confundi com o Lucho Gonzalez!
Agora vêm dizer que "O resultado é injusto", e que "Ainda não acabou". Pois sim. O certo é que lá nos vamos arrastando penosamente para diante, a ver os objectivos derrocarem um atrás do outro.
Internamente segue-se o Vitória de Setúbal, que já não é a equipa que defrontámos na estreia dos nossos reforços de inverno, e cuja defesa, disseram alguns, “marcava com os olhos”.
Agora quem lá está é o José Mota, e não vamos ter nem o Danilo, nem o Álvaro Pereira. Em compensação, vai lá estar o Paulo Baptista.
Vá lá rapazes, toca a recuperar!
Nota (actualizado às 22.00): De entre os espectadores que estiveram no Dragão, a assistir ao jogo, a SIC fez questão de, casualmente, focar a presença de Bruno Alves, esclarecendo assim as dúvidas existenciais, que pudessem subsistir em algumas mentes menos avisadas, quanto às preferências clubísticas do dito Bruno Alves e à intecionalidade com que terá atingido o benfiquista Rodrigo.
Por mais este excelente serviço prestado pela SIC à causa, seja ela qual for, um grade xi coração da minha parte.
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