Ponto primeiro. Esteve bem durante a semana o nosso treinador, ao trazer de novo à baila, ainda que em resposta a um energúmeno que mais valia deixar ficar a falar sozinho, a questão dos bloqueios, refinando-a.
A comprovar esse facto, a reacção descabelada, em mais do que um sentido, do, ao que parece, futuro ex-comunicador-mor do nosso rival mais dado à pantomina. Uma reacção assim ao género dos miúdos que são apanhados com a mão dentro do frasco dos biscoitos:
“Em Olhão, João Capela, (…) além de cúmplice do antijogo, mostrou-se um diligente moço de recados do treinador do FC Porto, tantas as vezes e o tempo que dispensou a ver os jogadores do Benfica na grande área do Olhanense, de forma a garantir que não havia “bloqueios” que irritassem o treinador do FC Porto. João Capela bloqueou, isso sim, o jogo e não me parece que tenha sido só ingenuidade”
Aliás, consta que o calcanhar de Aquiles do nosso treinador não é o trabalho desenvolvido durante a semana. A questão é em que é que esse trabalho se vem a consubstanciar posteriormente no fim-de-semana (ou à sexta-feira, ou à segunda-feira, quando calha!).
Às vezes, faz-me lembrar de mim próprio, quando as avaliações me corriam menos bem. Por norma, até estudava a matéria toda, excepto umas paginazinhas as mais das vezes insignificantes, que, de certeza absoluta, não iam sair no teste.
Depois, bem depois, era o que se via. O raio do professor(a) fazia o teste incindir precisamente sobre a matéria dessas, e eu bloqueava. Assim parece o Vítor Pereira.
Ponto segundo. Grande parte das discussões futebolísticas que tive com um colega sportinguista, no tempo em que o Sporting ainda dava luta para discutir alguma coisa, terminavam invariavelmente da mesma maneira.
Eu a queixar-me de azar, do árbitro, ou de outra coisa qualquer, e ele a retorquir-me: “Em futebol, só contam as que entram”.
Aprendera esse argumento com o pai, que era treinador de futebol. Aposto que o Vítor Pereira nunca foi treinado pelo pai do Uva.
Bloquear naquela história de que “podíamos ter marcado o segundo, o terceiro, o quarto, não marcámos, e sofremos um. Marcaram no nosso único erro”, não aquece, nem arrefece, e eu até nem desgosto de semi-frio, de chocolate, de morango, de caramelo…
Só que, em futebol, não dá. Ou melhor, dá para respostas como a do Henrique Calisto: “Se falham, é problema deles!”
Ficaram penáltis por marcar? Pois terão ficado. Um para cada lado. E se, para os próximos jogos ultrapassasse-mos este bloqueio do “podia-ter-sido-tão-bom-mas-não-foi”?
Ponto terceiro. E porque é que havemos de assacar responsabilidades ao treinador (pronto, pronto, aquela de manter o Defour a meio-campo, obrigando o João Moutinho a recuar para o duplo pivot, num jogo com o Paços de Ferreira e com o Fernando disponível, não foi das melhores, mas enfim…), quando há jogadores que parecem bloqueados, às vezes por adversários reais e outras nos labirintos da sua própria psique?
Nos últimos dois golos que sofremos, que, por mero acaso, coincidiram com os empates frente à Académica de Coimbra, e agora com os castores, onde é que andava o Rolando?
Desta vez o Maicon estava castigado. E o Mangala? Foi castigo por causa das falhas na meia-final da Taça da Liga, que não alinhou? Se vamos por aí, nos jogos que nos correram mal recentemente, o miúdo francês apenas esteve num deles. O Rolando, em compensação, esteve em todos, e com falhas comprometedoras em dois deles. A titularidade é para manter?
Ponto quarto, quinto e sexto. Dentro de tudo, quando se comparam os discursos dos treinadores dos quatro primeiro classificados, não estamos tão mal como tudo isso (ok, eu sei que isso não dá títulos, mas deixem lá. É uma espécie de prémio de consolação).
Quando oiço o Sá “socos” Pinto dizer que não viu "nenhum adversário mais forte que o Sporting", desde que assumiu o cargo, causa-me estranheza.
No FC Porto é o adjunto (o prof. Rui Quinta), que vai para a bancada para ver outra dimensão da partida. Pelos vistos, lá pela Calimeroláxia parece que é o treinador principal. E ainda por cima deve ter alguma coisa a bloquear-lhe a visão. Na volta fica num daqueles lugares radiofónicos do estádio, de onde nem se vê o jogo.
Do lado do mais grande do Mundo dos arredores de Carnide, é o contrário. Parece que desligaram o bloqueador de asneiras. É o treinador que não percebe porque expulsaram o Aimar, artista que não faz mal a uma mosca, desde que ela não lhe vá chocar contra a sola da bota, e que insiste, contra todas as evidências e opiniões contrárias, que não “não treina bloqueios, bloqueios é no basquetebol”.
Ora, por aquilo que disse um dos ex-pupilos do Prof. Doutor Rei da Chuinga, eu que joguei basquete durante uns anos, devo ter treinado menos bloqueios na minha vida do que os comandados deste fulano. Vale o que vale.
Estes tipos não sabem mesmo o que dizem. É como dizer que “O auxiliar [Tiago Trigo] fica melindrado porque o treinador do (…)ica lhe aponta o erro”
É um caso mais do que evidente de bloqueio em face da verdade, bastante usual, de resto, lá para aquelas bandas. Julgava eu que o tal treinador havia feito um juízo de valor sobre a intenção do árbitro auxiliar de assinalar ou não aquele fora-de-jogo.
Aparentemente, enganei-me. Eufemisticamente falando, limitou-se a apontar um erro.
Neste contexto, tendo em conta que o treinador do SC Braga é um rapaz pacato, que ainda não anda envolvido nestas guerrilhas comunicacionais, há que admitir que o nosso treinador, ao menos falou de algo real, tão concreto e definido como outra coisa qualquer, os bloqueios, agora em versão refinada.
Os outros devotam-se a elucubrações fantasiosas, projecções indefinidas e retiradas estratégicas perante a verdade dos factos.
Ponto último. Como disse antes, não será grande consolo, pois, mais coisa, menos coisa, agora vemo-nos na posição de, caso o SC Braga vença hoje, no próximo jogo estarmos a tirar pelos da casa, para regressarmos ao topo da Liga.
Isto, partindo do princípio que levamos de vencido o Olhanense, com os três ausentes da jornada passada de volta, e o Sérgio Conceição no banco. Há duas épocas, empataram dois a dois no Dragão.
Acho que essa é uma posição que nem auxiliado por um kama sutra, com instruções transcritas foneticamente conseguirei assumir.
Mal, por mal, oxalá empatem, sempre dá para gerir a ida à Pedreira, partindo do pressuposto de que um empate será um mal menor.
Bem, para terminar deixo-vos a minha piada favorita sobre bloqueios, que nem o cabotino especialista na matéria consegue superar…
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