Sexta-feira, 13 de Abril de 2012

Palito è finito?

 

Quem não se recorda das "três palavrinhas apenas" com que o Ivic, pôs fim à carreira do Fernando Gomes no FC Porto?

 

Não tenho a mais pequena pretensão de correr com o Álvaro Pereira da nossa equipa, e por mim, desde que esteja cá inteiro, de corpo e alma, é daqueles que “era p’ra todá vida!”.

 

Parece contudo que outros já lhe puseram os patins. Não sei qual é a fonte da notícia, mas desconfio que é a do costume. Ou seja, nenhuma.

 

Porém, não é nada que me surpreenda grandemente. Depois do comportamento do jogador no último jogo, aventar a sua saída, é quase como perguntar a cor do cavalo branco do Napoleão.

 

Muito sinceramente, tomando por boa a descrição do ocorrido em Braga, feita no Bibó Porto, carago!, e não tenho motivo para não o fazer, dificilmente se antevê grande alternativa.

 

Uma conversinha de pé d’orelha entre jogador e treinador, para fazerem as pazes? Seria sem dúvida uma hipótese mais cordata.

 

Mas, seria uma hipótese se a coisa não tivesse tomado a proporção, que aparentemente tomou. Faria sentido se não estivéssemos a terminar uma temporada em que os casos disciplinares foram anormalmente frequentes.

 

Ou ainda, se não tivessem sido vários os jogadores que, desde a pré-época, mostraram vontade de abandonar o Dragão. Incluindo o próprio Álvaro Pereira.

 

Por outras palavras, numa época, digamos que “normal”, faria todo o sentido tratar um caso destes daquela maneira. Como algo, ainda que grave, esporádico e, sem margem para dúvidas, reflexo da irritação momentânea consigo mesmo do jogador, que não é um robot, perante uma exibição menos conseguida.

 

Nesta temporada, não. Ainda a época anterior não tinha acabado, e já tínhamos o Rolando, o Álvaro, o Fernando, o Guarín e o James, com ou sem ofertas confirmadas por alguns deles, a confessarem que não se importavam de mudar de ares. Tivemos o Falcao a pressionar para sair, e saiu.

 

O Sapunaru e o Fucile foram afastados da equipa. O Belluschi, não me lembro em que jogo, também reagiu mal a uma substituição. O Fucile, o Guarín e o Belluschi acabaram emprestados no mercado de Inverno.

 

O Cristián Rodriguez admitiu que tinha discutido com o treinador. Agora, está também ele, finalmente encostado.

 

Até o Iturbe, quase que acabado de chegar, não se coíbe de desabafar nas redes sociais o seu descontentamento. Ao passo que, vem o Janko e revela que por cá, "as coisas são bem mais descontraídas, até na questão da pontualidade".

 

Lamento muito mas não dá para deixar as coisas em águas de bacalhau, sob pena de futuramente, os problemas avolumarem para proporções fora de cogitação.

 

O treinador ou a SAD, alguém deveria já ter percebido que esta história de ter jogadores contrariados no plantel, é contraproducente.

 

Foi assim em 2004/2005, quando os senhores Costinha e Maniche, para além de todas as contratações fracassadas, para além dos três treinadores, dos sumaríssimos, das cunhas leais e dos Estorilgates, se encarregaram de minar o que restava por minar.

 

E continua a ser assim, e continuará a ser, se prosseguirmos neste caminho.

 

“Mas não podemos deixá-los sair todos de uma assentada!”- dirão alguns, que com desespero, começam a ver faltar opções para formar a equipa. Pois não. Nem podemos andar a instaurar processos disciplinares a eito.

 

O que se pode fazer é um misto das duas coisas: uns saem, outros são punidos. Tanto uns como outros servem de exemplo aos demais. Agora, no nosso caso, o que se vê é que quem pressiona para sair, por via da regra, consegue fazê-lo, e os meninos que se portam mal, continuam a ter direito a chupa-chupas.

 

Não pode ser. Pedagogicamente é incorrecto, como lhes poderá explicar o Mário Nogueira. Ou talvez não.

 

E não me venham com argumentos do género: “Ah, e tal, os jogadores são os primeiros a querer ganhar, e os que mais sentem na pele as derrotas”.

 

Esses tempos já passaram. Os atletas são profissionais e, salvo poucas e honrosas excepções, poucos sentem a camisola, como, por exemplo, nós, os adeptos.

 

Só com vitórias é que eles se valorizam? Talvez. Vejamos o caso do Álvaro Pereira. A cláusula de rescisão do contrato é, ao que parece, de 30 milhões. Na temporada transacta, consta que ofereceram ao FC Porto, 22 milhões pela sua transferência.

 

Com a época que fez, já no último “Trio d’Ataque” o Miguel Guedes admitiu que dificilmente seria vendido por 22 milhões, quanto mais por 30.

 

Vai ficar penalizado por isso? Hmm, não acredito. O patrão actual sim, mas o jogador vai negociar o seu contrato com o eventual futuro clube que queira adquirir o respectivo passe.

 

Como a época lhe correu mal, irá receber menos? Talvez, mas se ainda assim receber mais do que aufere actualmente, e fôr parar a um campeonato mais atractivo, qual é o problema?

 

Do lado do clube comprador, a má época ou os problemas disciplinares fazem esmorecer a vontade de o contratar? Quem viu e avaliou correctamente o potencial demonstrado pelo jogador, dificilmente se deixará influenciar.

 

Problemas disciplinares? Parece que há por aí clubes e empresários que até aconselham a fomentá-los.  

 

E o que vale para ele, vale para quase todos os outros, e preparem-se porque o defeso vai ser duro neste capítulo. Hulk, Fernando, João Moutinho, James, e até quem sabe, o Silvestre Varela, que aquela letargia tem que ter uma explicação, são alvos apetecíveis para os Anzhis e ao Manchester Cities desta vida.

 

No meio disto tudo, cumpre enaltecer o comportamento do Fernando, que arrepiou caminho em relação ao final da época passada/princípio desta, e o Vítor Pereira.

 

Há que dar a mão à palmatória e elogiar o homem quando ele merece. Neste capítulo, é claramente merecedor dos maiores encómios. Não é fácil passar por todas estas situações, e ainda poder vir a sagrar-se campeão.

 

Que o digam o Del Neri, o Fernandez e o Couceiro…


Nota1: a notícia fala do Álvaro Pereira e do Rolando. Quem por aqui passa com alguma regularidade já se deve ter apercebido da minha opinião relativamente ao Rolando.

 

É, para mim, um jogador mediano, que teve mais do que oportunidades suficientes para se afirmar, e nunca logrou fazê-lo. Neste momento está perfeitamente estagnado. Tendo em conta também a atitude que tomou parecida com a do Álvaro Pereira, se sair, não me deixa saudades.

 

Nota2: não escrevi este texto antes, primeiro porque não é daqueles que me dê grande gozo escrever, e depois, porque ainda esperava que o Álvaro Pereira, ele próprio, tivesse a hombridade de dizer publicamente, qualquer coisa em sua defesa, além do que disseram a família e o empresário. Como não o fez, mais me motivou a escrevê-lo.
música: Tá quietinho ou levas no focinho - Trabalhadores do Comércio
sinto-me:
publicado por Alex F às 23:57
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1 comentário:
De reine margot a 15 de Abril de 2012 às 23:08
Nós não sabemos nunca qual o teor dos contratos, então não sabemos ao certo porque razões acontece isto e aquilo. Certas atitudes são recados dos empresários, e nem sempre as coisas correm bem depois de algumas tomadas de posição... acho que foi o que aconteceu com o Fernando, que depois reconheceu que se tinha precipitado...
Apenas uma coisa é certa: esta treta dos empresários e das comissões deveria acabar. - Quem não se lembra do Casillas ter reclamado que o Jorge Mendes aparecia demasiadas vezes aos treinos?... - São todo-poderosos, e quando alguns administradores não estão para tolerar tanto poder (seja porque razão for, entenda-se) inventam umas manobras para criar confusão...
Enfim, o mundo do futebol é nos negócios muito pouco transparente, e deve ser necessária uma paciência de Jó para saber lidar com presidentes e toda essa gente que se põe em bicos dos pés; equilibrar quem se vende e quem não se vende, com quem fica satisfeito e quem não fica...
à primeira vista claro que todos púnhamos os gajos a andar, mas quem tem de dar contas e pagar ordenados (e lucrar com isso) tem muitos fatores sobre os pratos da balança...

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