Quinta-feira, 24 de Maio de 2012

Faltou um bocadão assim (actualizado às 22:50)

 

Há muito tempo que não assistia a um jogo de basquetebol, ainda que pela televisão, quase na sua totalidade.

 

Ontem fi-lo, e em má hora, pois pude presenciar duas situações que, quase de certeza absoluta, raramente se terão visto até à data, e que dificilmente se tornarão a presenciar.

 

A primeira, uma equipa marcar apenas quatro pontos, no decurso de um dos quartos da partida (no caso, o segundo), e todos eles de lance livre.

 

A outra, uma equipa que, com 17 segundos para jogar (no último quarto), e a possibilidade de passar para a frente no marcador, numa reposição de bola pela linha lateral, sobre a linha de meio-campo, entrega a bola ao adversário.

 

Infelizmente, as duas ocorreram do nosso lado. E perdemos o campeonato nacional.

 

Só tinha tido a oportunidade de espreitar um dos jogos da série final, o de sábado passado, em que também fomos derrotados (querem lá ver que sou eu, que sou pé frio!). O que então me pareceu, e escrevi-o num comentário que fiz num texto anterior, foi que tínhamos entrado “fraquinhos e sem grande chispa”.

 

Quanto mim, foi o que se tornou a ver ontem. Não tenho a menor dúvida de que, na cabeça dos jogadores, o pensamento estava na vitória. A forma como recuperaram de onze pontos de desvantagem, até quase virar o jogo, é elucidativa.

 

Mas faltou ali, sempre qualquer coisa. Faltou acerto, é verdade. Às vezes, uma pontinha de sorte, também. Mas, fundamentalmente, faltou garra, faltou a capacidade para reagir, ou melhor, capacidade para reagir à Porto.

 

Os jogadores até iam acertando umas coisas, desde que não fossem triplos, e o Stempin, que até foi eleito MVP, lances livres, desde que de um em um. Só que depois, tornavam a recair na mesma maldita letargia. Pareciam amorfos.

 

Durante o intervalo, mostraram o Rolando a dar autógrafos na bancada, e pensei: “É isso! É isso que estes tipos parecem: uma trupe de Rolandos”.

 

Foi um estado de amorfidão generalizado, em que o único que a dada altura, no início do último quarto, pareceu querer escapulir-se, foi o miúdo Diogo Correia.

 

Colocado, pelo que percebi, de forma não muito usual, a primeiro base, teve duas boas iniciativas. Vai daí, ensaiou um triplo em cima do relógio dos segundos, que falhou, e foi recambiado de novo para o banco.

 

Mais a frio, e tendo em conta aquilo que se ouvia por aí, sobre salários em atraso nas modalidades (basquetebol, andebol e hóquei em patins), será que isso teve algum peso na postura dos jogadores?

 

Depois de ler, no Dragão até à morte, a entrevista do treinador do andebol, Obradovic, e de observar o seu comportamento no banco, e em várias entrevistas em directo, parece-me evidente que, a sua desenvoltura para lidar com uma situação daquela natureza, será razoavelmente diferente da que, pelo que é dado a ver, terão o Moncho López, apesar de ser, sem dúvida, um grande treinador, ou o Tó Neves.

 

Tudo somado, a dúvida com que fiquei foi: estiveram ou são “fraquinhos, e sem grande chispa”?
 
 

 

Uma nota final para o que se terá passado a seguir ao jogo. Não vi. Desliguei a televisão antes.

 

No entanto, ainda no decorrer do jogo, viram-se objectos a caírem dentro do campo, o que, aparentemente, terá motivado a entrada da polícia. Para além disso, não vi mais nada.

 

Mas todos conhecemos o Carlos Lisboa, e assim sendo, sabemos do que é/foi capaz. De bom, infelizmente, e de mau…

 

Por isso, e no que a ele diz respeito, não andaremos muito longe da verdade se pensarmos como confessou um dia o ex-árbitro Carlos Valente:

 

“Decidi acertadamente, por intuição, uma situação de jogo estando de costas para o lance”.

 

(comentário retirado daqui)

 


Actualização (2012.05.24, às 22:50):

 

Carlos Lisboa, no seu melhor:

 

 
E o que é que o indíviduo em questão, tem a dizer sobre o assunto:
 
"As pessoas têm de saber encaixar quando ganham e quando perdem. Ganhámos, ficámos contentes, fomos melhores nos momentos decisivos dos jogos e mais competentes. Agora, essas coisas...não vi imagens nenhumas. Não vejo o canal do FC Porto, nem leio o "site". Festejei como é normal...esse gesto, se calhar, era a explicar um bloqueio, não sei"
 
Bem, parece-me que não é preciso dizer mais. É suficientemente elucidativo do que é o sujeito em questão, e até da azia que lhe vai na alma. De tal maneira que, no momento de saboriar a vitória, até se lembrou dos célebres bloqueios do seu colega de clube. Deve ser um critério de selecção e recrutamento lé para aquelas bandas...
 
Oa meus parabéns ao Nuno Marçal pela compustura e pela coragem de ir sozinho falar com um tipo destes, ainda para mais, estando ele rodeado pela sua pandilha. Foi uma pena ter-se portado como o Senhor que é, e não lhe ter aviado, ali logo, um valente paposeco!

 

música: A vida num só dia - Rádio Macau
sinto-me:
publicado por Alex F às 22:50
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4 comentários:
De penta1975 a 24 de Maio de 2012 às 23:58
realmente, (re)vistas as imagens, louvo o sangue frio do nosso Capitão.
e, no meu entendimento, não foi coragem, foi o seu portismo a "falar" mais alto: quem não se sente não pode ser filho de boa gente, certo?

abr@ço
Miguel | Tomo II
De Alex F a 25 de Maio de 2012 às 09:54
Caro Miguel,

"Portismo" ou "coragem", naquele caso não faço grande distinção entre um e outro.

...Só foi pena foi não lhe ter arreado um tabefe nas ventas, logo ali!
De Donnie Darko a 25 de Maio de 2012 às 12:56
Boas


No dia em que um treinador do FCP, seja em que modalidade for, festejar uma vitória enfiando os dedos no cu...

Abraços
De Alex F a 25 de Maio de 2012 às 16:03
Boas Caro Donnie Darko,

Vindos os festejos de quem vieram, e socorrendo-me das palavras inolvidáveis do Raúl Águas, "Acredito em tudo. Só não acredito que seja possível meter um guarda-chuva no rabo e depois abri-lo".

Abraço

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