Confesso que a vontade de escrever qualquer coisa que seja sobre a Selecção Nacional, e sobre o Euro 2012, para além daquilo que já fiz, é coisa que muito pouco me assiste.
Como disse antes, quanto a mim, as escolhas do Paulo Bento são, por assim dizer, consensuais, o modelo de jogo, é o que se esperava, os jogos de preparação correram como se previa, e até a estreia contra a Alemanha, nada teve de surpreendente, dando continuidade às vitórias morais dos amigáveis anteriores.
É tanta a gente que se tem dado à enfadonha tarefa de esmiuçar à minúcia durante horas e horas a fio, tudo o que se passa em torno da equipa nacional, que o que menos me apetece é dedicar-me a escalpelizar as escalpelizações produzidas por outros. Não há escalpe que aguente!
Posto isto, permito-me abordar o nosso desafio contra a Alemanha, de um ponto de vista que ainda não vi tratado: a vitória da rebaldaria sobre o circo.
Ora bem, antes do início da competição, as regras previstas para o estágio dos nossos adversários, eram as seguintes:
(retirado de http://pt.uefa.com/uefaeuro/news/newsid=1807671.html)
Pergunto-me, retoricamente, claro está, para não ficar muito descoroçoado com a resposta, quais serão as regras no estágio da nossa Selecção?
Dizem que os “bratwursts”, ao que parece, são uns gajos muito sensaborões. Públicas virtudes, vícios privados, talvez. No entanto, o Boateng deu-se ao desplante de fazer uma despedida de arromba, antes de entrar em estágio. De tal maneira, que, ao que consta, até o lugar no onze inicial esteve em risco.
Vai-se a ver, não só jogou de início, como jogou o jogo todo, secou o Cristiano Ronaldo, e ainda foi eleito o melhor para o índice Castrol Edge, seja lá o que isso for, batendo precisamente o nosso mais que tudo, e o Fábio Coentrão.
E nós é que somos os latinos! São mas é uma cambada de copinhos de leite.
Até compreendo as criticas do Manuel José e do Carlos Queirós(z), sobre o circo que é a selecção nacional, e tudo aquilo que a envolve, mas, francamente, terão comparação passeios de charrete por Óbidos, bebericar ginjinha e visitas à Fundação Champaulimaud, com noitadas com top models?
A Dr.ª Beleza é a presidente da Fundação, mas por beleza, que é beleza, não convence.
Os alemães, pelo que li, já tiveram as visitas do Michael Schumacher e do Nico Rosberg, e o Neuer, antes de defrontar Portugal, ansiava pela da Senhora Merkel, que consta ser muito concisa e precisa nos seus discursos. Tudo gente rápida e despachada, portanto.
Acho que a grande preocupação contida nas críticas à balbúrdia no estágio da selecção, era essa. É uma questão de focagem. Os alemães, com regras eventualmente mais permissivas, conseguem fazer jus ao ditado: “trabalho é trabalho, e conhaque é conhaque”. Para os nossos rapazes, parece que conhaque é conhaque, e quando estão no trabalho, a cabeça está no conhaque.
E até lá fora já perceberam isso. A não assim, como é que se compreende que os madristas tenham feito um escândalo por o Fábio Coentrão ter sido apanhado a sair de cigarro na boca de uma noite de discoteca, mas não tenham feito um escabeche proporcional quanto às fotos do Khedira e da namorada, publicadas numa revista da especialidade (seja ela qualquer!).
O tabaco mata, todos o sabemos, mas não estaremos perante dois pesos e duas medidas? O Khedira, alemão de ascendência tunisina, pode tirar fotos, e nem se preocupam se a senhora se constipou. No pasa nada…
O Coentrão, portuguesinho das Caxinas, de cigarrinho na boca, leva uma valente rabecada. Nem imagino o fanico que o Manuel José e o Carlos Queirós(z) teriam se, na fotografia acima estivessem o Cristiano e a Irina!
Serão os nossos rapazes incapazes de se concentrar no que é essencial, e deixar os acessórios para depois?
Aquelas cabeças só servem para ostentar, excepção feita ao Raúl Meireles e ao Quaresma, aqueles maravilhosos penteados, que me fazem lembrar a secção de cabeleireiro do Centro de Formação Profissional cá da terra? Custa-me a crer.
Quanto ao resto, bem, quanto ao resto tivemos azar, dizem alguns. “Injustiça”, dizem outros.
Mas o que é que estavam à espera? Se nos calhou defrontar, logo a abrir, a selecção sobre a qual, resumia e bem, o Gary Lineker: “O futebol são onze contra onze, e no fim ganha a Alemanha”, para quê entrar de mansinho?
Mais tarde ou mais cedo eles haveriam de ganhar, certo? Então para quê tanta cautela? Porquê começar a jogar só aos 72 minutos, depois de sofrer o golo? Foi para não levar uma cabazada desmoralizadora, em vez da derrota-mista-de-vitória-moral? Se foi, objectivo cumprido.
Agora, vem aí a Dinamarca. É só o segundo jogo, mas também pode ser o penúltimo. É o tudo ou nada. Com uma derrota, acabou-se. O empate, dependendo do resultado da Alemanha com a Holanda, deixa-nos a fazer contas, mas não acredito que nos dê alguma hipótese.
Conclusão: é para ganhar. Agora, uma coisa é certa, não conheço esta selecção da Dinamarca, mas lembro-me da de 84.
O Preben Elkjaer Larsen, consta que fumava dois maços de cigarros por dia, e ainda assim, foi um dos maiores bois que conheci a jogar futebol. O Soren Lerby não lhe ficava atrás, e o actual treinador era o capitão de equipa.
Se os vikings dos dias de hoje, saírem à estirpe dos seus antepassados, receio bem pelo futuro dos nossos copinhos de leite.
Nota: as minhas desculpas aos que vieram ler o artigo, induzidos pelo título. O que é que estavam à espera? Este espaço ainda não é exclusivo para maiores de 18 anos!
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