Até poderá parecer mal que meta o bedelho neste assunto. Por exemplo, quem siga o mesmo processo intelectual de raciocínio, será tendencialmente levado a concluir que estarei a trabalhar em causa própria. E então, seria feio. Mas que se lixe!
Por incrível que pareça, ao ouvir ontem o Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, afirmar:
"Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir"
e que,
o que me veio à cabeça, foi um comentário que li, aqui há dias, no Porta 19, a propósito da divulgação do I Encontro da Bluegosfera.
Questionava então, o comentador, como se havia chegado ao local do encontro, queria saber se era pago ou de borla. E porquê? Porque, segundo dizia, “a independência é muito bonita, mas cada vez mais rara, há um apetite voraz em controlar tudo e todos. E diferentes formas de lá chegar”.
Depois, sobre os temas. Que seriam(são) “muito pouco aliciantes”.
“Sobre o primeiro [“A relação entre o Clube, os sócios e os adeptos Portistas”] há sempre muito a dizer, porque sobre ele pouco se faz. Mas é algo que não mudará”.
“(…) o segundo ["A "bluegosfera" no contexto das novas formas de comunicação"], parece algo desfasado do tempo, não parece levar a algum lado de interesse. O terceiro ["As modalidades de alta competição têm futuro no FC Porto?"], porquê as modalidades???. entre tudo o que há para falar as modalidades representam uma prioridade maior ou cativam um maior interesse face a tudo o resto?”
Deixa a seguir registada a sua visão sobre que são, ou deveriam ser, os blogues: “(…) locais antigos, com autores individuais ou colectivos, que mais não devem ser do que um local virtual onde se registam e trocam opiniões e ideias”
e sobre aquilo que, para si, são na realidade, e para que servem:
“Tem havido um maciço interesse em usar um blogue para fazer algum alpinismo, para ser passerelle de vaidades, para chegar a algum fim que vai para um caminho muito distante do que um simples redigir de opiniões e ideias”.
O Jorge respondeu, e bem, no sítio próprio, mas ainda assim, não consegui deixar de pensar sobre isto, associando as duas intervenções.
Mais do que os défices, com os seus desvios colossais, mais do que todas as austeridades e mais algumas, troikas, FMIs, e quejandos, o legado que nos foi, e vai sendo deixado pelos Sócrates e Relvas deste mundo, e seus semelhantes ou dependentes, é este.
Quando alguém lê um anúncio sobre um encontro de blogues portistas, e a primeira coisa que lhe vêm à mente, é a questão da “independência”, face a terceiros certos ou incertos, não há dúvida que o problema se transformou em civilizacional e ético.
E é neste pântano que vivemos. Será difícil conceber um encontro destes, sem “strings attached”? Sem ficar a dever alcavalas a quem quer que seja?
Fazer este encontro no Estádio do Dragão, é, de alguma forma, uma quebra do vínculo à tão propalada “independência”? Onde, então, deveria decorrer o evento?
Se fosse para festejar algum título, a minha escolha seria óbvia. Não sendo…
Os temas são pouco aliciantes? Bem, se não falarmos sobre eles, dificilmente mudaremos alguma coisa. A não ser que façamos como o comentador, e nos resignemos a que “é algo que não mudará”.
Será este o verdadeiro espírito portista? A última vez que olhei, a resignação não constava no nosso ADN, e gostei do que vi.
Como é que um tópico está desfasado da realidade, se todo o comentário gira em torno desse mesmo tema? O que é, e o que deveria ser a bluegosfera, e a blogosfera em geral. O que são, o que deveriam ser os blogues, e a utilização que alguns deles fazem. É estranho tanto debate em torno de um tema desfasado da realidade.
Sobre o grau de prioridade dos temas, não há muito a dizer, para além da resposta ao comentário. No entanto, a recente dúvida instalada sobre a continuidade da secção de basquetebol, talvez seja justificação suficiente para a eleição das modalidades amadoras a tema prioritário.
É engraçado quando, a propósito de um qualquer tema, se brame a plenos pulmões sobre a independência, e depois, se seja tão normativo e determinístico sobre o que é e o que deveria ser.
Pela minha parte, e sem que isto seja uma espécie de "disclaimer", não há garantidamente qualquer “agenda”, motivação oculta ou sede de poder, que me mova, e, sem querer preterir as suas próprias opiniões ou tomar as suas dores, não tendo absolutamente nada que me leve a pensar o contrário, outrotanto se passará com os organizadores e demais participantes no evento.
Ir ao Dragão, pela primeira vez na minha vida, será uma honra, e certamente, nunca “mais um passo, para que o que seja que vos fez escrever o primeiro post, seja completamente desvirtuado”.
Se porventura estiverem nesse dia pelas redondezas, e virem um saloio basbaque a remirar a grandeza do estádio, feito boi a olhar para um palácio, sem saber para onde ir, e quase de certeza, de lágrima no canto do olho, a probabilidade de ser eu, é bastante elevada.
Será esta, quase de certeza, a única situação de sensibilidade extrema em todo este processo.
Quanto ao resto, “tocar num ponto que vos [nos] pode ser extremamente sensível”? “Tabú”?
É o estado da arte a que chegámos. É o reflexo da luxuriante herança que a clique dirigente deste País nos vem deixando de há uns tempos a esta parte, e que, qual bola de neve, se vai tornando mais do que uma crise económica e financeira, numa questão civilizacional, social e ética.
Até aqui, caramba!
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