Nos meus tempos de “teenager inconsssiente”, assim mesmo, com três “ésses”, havia uma, chamemos-lhe, “adivinha”, que ninguém deslindava e com a qual tramávamos aqueles tipos que tinham a mania que eram chico-espertos.
Era mais ou menos assim: “Dois submarinos cruzam-se na Marginal. Para que lado é a casota do cão?”
Perceberam? Não?!
Não faz mal. Então vejam se conseguem acompanhar o seguinte:
“Vítor Pereira dá razão ao Benfica”
“O Presidente dos árbitros reconheceu erros de Olegário Benquerença”
"Águias dizem que Vítor Pereira confirma «classificação adulterada” na Liga”
“(…) o Benfica congratula-se com a «coragem» de Vítor Pereira em «assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente» o clube da Luz, negando, ainda, que a posição assumida após o jogo com o V. Guimarães visasse «qualquer tratamento de favor».
No comunicado divulgado no site do clube, os encarnados constatam que a assunção dos erros por parte do presidente da Comissão de Arbitragem confirma «que a actual classificação da Liga está adulterada»”.
E depois:
"Vítor Pereira admite penalty por marcar a favor do Benfica"
“O presidente da Comissão de Arbitragem da liga, Vítor Pereira, fez esta terça-feira um balanço ao trabalho dos árbitros nas primeiras jornadas dos campeonatos nacionais. Com a ajuda de vídeo, explicou que o Benfica tem razão nas queixas de uma grande penalidade e um fora-de-jogo, frente ao V. Guimarães, e que o Sporting teve um golo mal validado, frente à Naval.
Numa conferência de imprensa que durou cerca de uma hora, Vítor Pereira analisou 20 lances polémicos das primeiras cinco jornadas, explicou os critérios que presidem à avaliação dos árbitros e deu a sua opinião sobre cada um dos momentos polémicos.
Sob avaliação estiveram 20 lances, repartidos entre foras-de-jogo, disciplina e grandes penalidades. Especial atenção, claro, para os lances do V. Guimarães-Benfica, jogo que levou os encarnados a reagirem violentamente contra o que consideraram quatro erros de arbitragem.
Vítor Pereira falou de forma clara, dando a sua opinião. Não disse que Aimar sofreu penalty, mas disse que Carlos Martins foi derrubado em falta.
Sobre a grande penalidade reclamada por Aimar, reconhece ser complicado: «Ao vivo ficamos com a noção de que é o defesa que joga a bola, mas na televisão percebe-se que o avançado coloca o pé entre a bola e o defesa e este corta a bola e também acerta na perna do avançado. É um lance complicado».
Sobre a grande penalidade reclamada por Carlos Martins, Vítor Pereira assume erro do árbitro: «Há um grande aglomerado de jogadores, e quando o defesa estica a perna para jogar a bola, não lhe acerta e impede o adversário de progredir. Havia lugar à marcação de uma grande penalidade.
Da mesma forma, no mesmo jogo, disse que Cardozo estava fora-de-jogo «milimétrico» num lance em que acaba por introduzir a bola na baliza e que a Saviola foi um fora-de-jogo mal assinalado, por «mau posicionamento» do árbitro auxiliar.
Ainda sobre o primeiro golo do Sporting frente à Naval (apontado por Liedson), num jogo que os leões venceram 3-1, Vítor Pereira disse que Liedson estava fora de jogo, pelo que o lance foi mal validado”.
Ou seja, há aqui qualquer coisa que não joga. A bota não bate com a perdigota.
“Vítor Pereira dá razão ao Benfica” e “(…) reconheceu erros de Olegário Benquerença”?
Sim, num penálti e num fora-de-jogo. As queixas eram mais que muitas, e ele deu-lhes razão…NUM PENÁLTI e NUM FORA-DE-JOGO! Só! E chega!
“Vítor Pereira confirma classificação adulterada”? Aonde? De onde é que se retira essa brilhantíssima conclusão?
“o Benfica congratula-se com a «coragem» de Vítor Pereira em «assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente» o clube da Luz”.
“Erros que influenciaram resultados de vários jogos”? Quais? O Vitória de Guimarães x Benfica e o Sporting x Naval 1.º de Maio?
Em que é que os resultados destes dois jogos adulteraram a classificação da Liga?
Um penalty por assinalar e um fora-de-jogo mal assinalado “penalizaram gravemente o clube da Luz”? A sério?
Estamos a falar do mesmo Vítor Pereira, e da mesma conferência de imprensa?
Então e os restantes quinze lances analisados? Não merecem destaque porquê?
E os famosos quatro lances em que o FC Porto foi, extraordinariamente beneficiado nesta edição da Liga? Onde estão eles?
O penálti que o Paulo Baptista marcou a favor do FC Porto, no jogo com a Naval 1.º de Maio? A favor do FC Porto não pode ser, mas a favor do Nacional já vale.
Pois é, o que é Nacional é bom…
E a falta do Falcao no primeiro golo do Hulk, contra o Rio Ave? Ou, se quisermos ser perfeccionistas, as duas faltas do Falcao, a primeira sobre o Milhazes e a segunda sobre o guarda-redes?
E o penálti não assinalado ao Álvaro Pereira, também nesse jogo? E a falta do jogador do Rio Ave? E o fora-de-jogo anterior?
E o penálti do Belluschi sobre o Paulo César, no jogo com o SC Braga? O Bellushi desequilibra o Paulo César, mas o Saviola, Deus me livre, não faz o mesmo ao Diogo Melo, no jogo com a Académica. Pois!
E “o lance de andebol ocorrido (…) na Madeira”? Não percebem grande coisa de andebol, pois não? Eu também não. Mas pelo menos evito dizer asneiras!
Será que, desta vez, se esqueceram de convidar os jornalistas para almoçar antes de fazer o comunicado? Terá sido o Rui Gomes da Silva que traduziu a conferência de imprensa do Vítor Pereira?
Todos sabemos que o “português é uma língua traiçoeira”, mas isto não será um exagero? Como é que se retiram conclusões tão díspares daquilo que foi dito? Dislexia? Ou outra disfunção cognitiva?
Se em algum momento dei razão ao inenarrável ex-presidente do Conselho de Disciplina da Liga de Clubes, foi quanto à sua definição de “erro com influência no resultado do jogo”, e que salvou o Aimar de ser castigado contra o Nacional da Madeira na época passada.
O erro tem influência no resultado do jogo quando o resultado final é determinado em função desse erro, por exemplo, quando quem ganha o faz com um golo irregular ou decorrente de um lance ilegal, ou quando alguém perde pontos por ver invalidado um golo legal.
Em termos práticos, e recuando à época que passou, têm influência directa no resultado do jogo erros como o do Lucílio Baptista no jogo Benfica x Naval 1.º de Maio, cujo golo que ditou a vitória dos queixinhas resultou de um livre a castigar uma falta inexistente sobre o Di Maria.
Ou como, o árbitro auxiliar do mesmo Lucílio deixou passar em claro o fora-de-jogo do Urreta, no Benfica x FC Porto.
Ou como em Setúbal, onde foi anulado um golo limpo ao Vitória, que lhe poderia ter dado o triunfo contra o clube do costume, apesar do árbitro ser o Jorge Sousa.
Ou ainda, como nos jogos FC Porto x Belenenses e FC Porto x Paços de Ferreira, onde os auxiliares dos senhores Benquerença e Rui Costa anularam inexplicavelmente dois golos ao Farías e ao Falcao.
Estes sim, foram erros com influência directa nos resultados. Agora façam as contas aos pontos ganhos a mais de um dos lados, e perdidos ao outro lado, e vejam o que é uma “classificação adulterada” da Liga.
É assim, como “quem não chora, não mama”, já o dizia o Marinho Peres, a recompensa é a nomeação de mais um benfiquista para um jogo do clube do seu coração.
O, ao que consta, fervoroso adepto João Capela, que em 2009-2010, encurtou de sobremaneira o Benfica x Leixões, ao expulsar um matosinhense aos vinte e poucos minutos de jogo, com o resultado em 0-0, e um segundo, no início da segunda parte, após o 1-0.
Para terminar, e para aqueles que não se esqueceram da "adivinha", a resposta correcta era: "O iogurte não tem espinhas".
Obviamente!
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