Quando o Jesualdo Ferreira deixou o Bosingwa sentado no banco na final da Taça de Portugal, fui daqueles, vai na volta o único, que achou que o Ricardo Quaresma era outro que também não devia ter levantado o traseiro daquele assento. Ou sequer equipado para a final, valha-me Deus!
Irritava-me todo aquele desprezo pelo jogo que exibira ao longo da temporada. Parecia que nada do que se passava em campo era com ele. Quando a bola lhe chegava aos pés, sim senhor, lá inventava qualquer coisa. Quando saía bem, era genial. Quando não, uma completa borrada, e se o assobiavam, com toda a razão deste Mundo, era outra vez o raio do desprezo por quem o fazia.
Numa palavra: irritante. Um génio, mas irritante como o raio que o parta.
Depois do jogo de ontem, admito-o, tenho de dar o braço a torcer. Estou rendido. Este Quaresma faz falta ao FC Porto, ao meu FC Porto. E até este Quaresma.
Nos últimos anos, a nossa equipa, muito por culpa do perfil apagado de alguns dos treinadores que por aquela cadeira de sonho têm passado, é uma equipa certinha, competente, mas triste, bisonha. Macambúzia, como os homens que ocasionalmente a dirigem, sem chama e sem rasgo. Refiro-me mais especificamente a Jesualdo Ferreira e a Vitor Pereira. Com Villas Boas, nem sempre tivemos ópera ou ballet, mas ao menos havia aquele brilhozinho nos olhos!
O Quaresma gera desequilíbrios e introduz uma nota de imprevisibilidade que fazia falta ao nosso jogo em geral, e ao ofensivo, muito em particular.
Os adversários não fazem a mínima ideia do que é que vai sair a seguir daqueles pés. Porra, nem os próprios colegas, quanto mais...
A presença do Quaresma na equipa é libertadora para os demais. Leva-os a tentar aquilo, que de outra forma, nem lhes passaria pela cabeça arriscar. "Se ele faz aquilo, porque não nós!?"
É claro, que nem todos são Quaresmas, mas ao menos que tentem, sem o receio de errar aquele passe mais temerário, ou aquele remate, quase impossível, que tantas vezes os parece tolher.
Para os brasileiros, o Pelé era o Rei, mas o Mané Garrincha era a "alegria do povo". O Quaresma é a nossa versão da alegria, com um toque gitano.
Enquanto adeptos do FC Porto, temos a sorte de, volta e meia, ser bafejados com o regresso de um daqueles que em tempos, envergaram a nossa camisola. Uma espécie de antes e depois. Com e sem.
Comecei a ver o FC Porto sem Gomes, e tive depois a sorte de vê-lo com Gomes. Vi o FC Porto com Sousa e Jaime Pacheco, depois vi sem, e voltei a vê-los ambos com as nossas cores.
O mesmo com o Vítor Baía, o Rui Barros e o Lucho Gonzalez. Do Secretário, aquele passe para o golo do Acosta, deixa-me reticências...
Por outro lado, tive o desgosto do Futre ter optado por rumar a outras paragens quando regressou, e suspirei pelo regresso do Jardel, que acabou por ir para o Beira-Mar. Quem sabe se o Lisandro ou o Hulk, não voltarão um dia?
Agora temos o Quaresma. Para já, um bem vindo pontapé na modorra. E de trivela.
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