Quarta-feira, 12 de Novembro de 2014

E se nos deixássemos de merdas?

Lamento maçá-los, mas regresso a um tema que abordei recentemente, não tendo sido talvez, suficientemente explícito.

 

Dificilmente alguém conseguiu, ou algum dia conseguirá, ser consensual.

 

Recuo uns anos, para tentar explicar melhor onde quero chegar. Co Adriaanse não foi consensual entre os adeptos portistas.

 

Caramba, alguns houve que andaram aos pontapés com o carro do homem! O tipo era doido, etc, etc, mas o principal problema foi que, entre os jogadores, e esses sim, é que contam, não era, de todo consensual.

 

Jesualdo Ferreira nunca reuniu o consenso entre os portistas. O benfiquismo era difícil de perdoar, o futebol praticado, por vezes também. As vitórias foram atenuando as divergências entre defensores e, chamemos-lhes, descontentes, por assim dizer.

 

Quando as coisas se tornaram mais complicadas, na terceira temporada, teve em Bruno Alves, no jogo da derrota contra a Naval 1.º de Maio, um verdadeiro e saudoso capitão, e o consenso estabeleceu-se em torno da equipa.

 

No entanto, ainda hoje há quem o defenda e quem o insulte.

 

Com André Villas-Boas a divisão inicial entre os que o defendiam, porque sim, porque era nosso, tal como agora acontece com Lopetegui, e os que dele duvidavam, foi sendo erradicada na exacta proporção em que os resultados foram aparecendo.

 

Ainda assim, não se livrou de reparos sobre a falta de ópera, e pior do que isso, a sua saída é que, verdadeiramente, terá dividido os portistas.

 

Não muito diferente foi o que se passou com Vitor Pereira, embora neste caso, os níveis de desconfiança fossem à partida bem mais elevados, fruto da sua condição de ex-adjunto, e o pobre futebol praticado, somado aos maus resultados nas provas europeias, também não ajudaram.

 

A clivagem entre aqueles que defendiam o treinador, apenas porque sim, à margem de uma qualquer perspectiva mais racional, e os que nele não acreditavam acentuou-se. Neste capítulo, o bicampeonato, que cada vez mais me parece resultado da sua competência, nem para a sua continuidade concorreu.

 

Ou seja, quatro treinadores, todos eles vencedores, alguns deles até por mais de uma época, e nenhum deles consensual.

 

Mais, à desconfiança de base, mais patente nos casos de André Villas-Boas e Vítor Pereira, a resposta foi um crescendo de divergência entre os adeptos, que, se num caso foi esmorecendo com as vitórias, no outro nem tanto.

 

Porém, que eu me lembre, nenhum destes quatro treinadores teve atitudes ou decisões que, para além da desconfança inicial, motivassem a divisão entre os adeptos.

 

Com Lopetegui tivemos a desconfiança inicial, resultante do seu percurso profissional, e a resposta foi a usual.

 

Depois tivemos a contratação do contingente de jogadores seus compatriotas, e novo factor de divisão surge entre os portistas.

 

Seguiu-se o affaire Quaresma, e assistimos ao nascimento do FC Quaresma.

 

Em seguida, a rotatividade, primeiramente dos intérpretes, e agora do modelo táctico.

 

Tudo isto salpicado por raros momentos de bom futebol e de resultados satisfatórios, como o apuramento para a Champions e agora a garantia de apuramento para os oitavos de final, entrecortados por resultados francamente desanimadores e futebol de fazer dó.

 

E nascem o FC Assobios e o FC Festas.

 

Nunca, com qualquer outro treinador notei tanta divisão entre os portistas, e nunca os resultados e o bom futebol foram tão gritantemente necessários, de modo a sanar a desconfiança de partida.

 

Paradoxalmente, nunca nenhum outro daqueles treinadores, por si só, fez tanto para fomentar essa divisão.

 

Portanto, e se nos deixássemos de merdas? E se nos deixássemos de FC Quaresmas, FC Assobios e FC Festas, e percebessemos de uma puta de uma vez por todas, que o que todos queremos é bom futebol e vitórias?

 

E se não o primeiro, que venham as segundas.

 

E se nos deixássemos de concursos de portismo? Agora toca a vez ao Tózé. É portista, não é portista.

 

Que se lixe! Que faça o mesmo que fez de azul e branco vestido, e será tão portista como o mais portista dos portistas.

 

O "Tactical Porto" também levou pelo caminho com o estigma da falta de portismo. Porquê? Porque ousa analisar tacticamente quem? O FC Porto! Queriam que analisasse quem?

 

Ora, sinceramente!

 

A coisa já chegou a um ponto que já vi adeptos a criticarem adeptos, que por esse prisma, até talvez não o fossem, por chamar Lopes, ao Julen Lopetegui - deixem-me escrevê-lo assim, não vá o diabo tecê-las.

 

Não se pode duvidar, analisar, quanto mais criticar, fora do mainstream, que não sei bem se é main, mas que, definitivamente se quer a si próprio elitista, exclusivista, detentor da verdade e censor?

 

"Blasphemare absens fides", é isso?

 

Há um prémio especial para o concurso dos mais portistas? Ou será de consolação? Avisem o Governo, que talvez ainda lance uma sobretaxa nova.

 

É para aí que caminhamos? É para aí que queremos ir?

 

Se é, pergunto novamente, e se nos deixássemos de merdas? 

 

 

publicado por Alex F às 23:03
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