Nos bons velhos tempos em que marcava presença assídua no velhinho Estádio de São Luis, era vulgar os extremos e laterais do Farense, fossem eles quais fossem, mas alguns em particular, protagonizarem aquilo a que o meu tio materno, certamente quem me infectou com o vírus desta coisa do futebol, mas não o da preferência clubística, costumava designar por: “a jogada característica”.
O que era “a jogada característica”? Simples. O jogador em causa galgava terreno pela linha lateral acima, como se a sua vida dependesse disso, até que, ao aproximar-se da linha de fundo, amandava um barranaço e…espetava com a bola na Igreja de São Luís!
O nosso Herrera, salvaguardadas as devidas proporções, traz-me à memória “a jogada característica”.
Pega na bola no nosso meio terreno, corre, corre, corre, com ela dominada, numa verticalidade impressionante, até a entregar, às vezes, até em condições, a um colega lá adiante. Ou não, mais frequentemente, para nossa infelicidade.
Como diz a Manuela Azevedo, não sei se será dele, ou se pensa que tem de ser assim. Alguém lhe terá dito que era assim que jogava um “box-to-box”?
Mas o problema não é só o Herrera, que até é um rapaz esforçado, é todo o nosso meio-campo.
Aquilo de que nos queixávamos (eu queixava-me, pelo menos!) por excesso no tempo do Vítor Pereira, peca agora por defeito.
Bem sei que nem todos podem encarnar em si o espírito de uma maçã podre, mas há ali um défice de troca de bola que não consigo entender. É falta de capacidade ou toda aquela sofreguidão é resultado do estado de ansiedade do inicio de temporada?
O mais estranho é que, das vezes que as filmagens focam o treinador, nunca o vi a fazer aquele gesto tão característico, do polvilhar, que outros utilizam, para exemplificar a troca de bola.
Bem sei que os rapazes são profissionais, que já levam muitos anos de ofício, mas e se os pusessem a jogar aqueles jogos de miúdos, do género: antes de rematar à baliza, têm que dar entre si, pelo menos uns 20 toques na bola? Se não derem, mesmo que marquem golo, não vale.
No fundo, o Herrera faz-me lembrar de mim mesmo, quando jogava basquetebol. O jeito era muito pouco, mas como naquele tempo a altura - por incrível que pareça! - e a força, não faltavam, o treinador, quando era preciso dar descanso a alguém, ou queria uma defesa mais agressiva, não tinha outro remédio senão incluir-me na rotação.
Uma espécie de del Corral, do Real Madrid, ou dos nossos Fernado Sá ou Rui Pereira.
Acho que com o Herrera se passa algo de semelhante, e o treinador põe-no a jogar, de tal maneira que na época passada conseguiu ser dos mais utilizados.
É feitio, mas principalmente é defeito, e pode ser trabalhado. Eu levei quase 20 anos para o perceber. Tarde de mais. Se o Herrera tomar consciência das suas limitações, e tentar corrigi-las, talvez ainda vá a tempo.
Podia começar já hoje. Haja esperança.
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