Segunda-feira, 21 de Setembro de 2015

Obrigado André

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Correndo o risco de ser acusado pelo Eduardo Barroso, de algum tipo de plágio, não resisto a contar-vos como é que eu e um dos meus filhos reagimos ao golo do André André, pois o outro andava muito ocupado com o Sonic e o Dr. Eggman.

 

"Foi golo de quem?" - pergumtou ele ao ouvir o meu grito.

 

"Do Porto. Do André André!" - respondi-lhe.

 

"Do André André?! Ele é dos mais fraquinhos..."

 

"É fraquinho, mas é do Porto" - disse-lhe já com os dentes cerrados, a fazer um esforço de contenção para não lhe arriar um chapadão, e sem grande esperança de que percebesse onde queria chegar.

 

Quando foi a hora do André André falar na flash interview fiz questão de por o som mais alto.

 

"Ouviste o que ele disse? Era o sonho dele estar ali e o Porto é o clube do coração dele, por isso, até pode ser fraquinho, mas marcou o golo".

 

Calou-se. O meu filho conhece montes de jogadores de futebol. Por causa das cadernetas de cromos, sabe-lhes os nomes e reconhece-lhes as caras. Portugueses e não só.

 

Mas, apesar de ainda não conseguir avaliar a sua qualidade futebolística, no que toca ao André André, não andou muito longe da realidade.

 

Não estamos na presença de um fora-de-série. É um bom jogador, porventura acima da média, tem qualidade técnica e é inteligente, mas são a raça e a abnegação que fazem dele o jogador que é. E com aquela camisola vestida, então...

 

No fundo, o FC Porto moderno foi isto. O FC Porto internacional teve a sua génese nesta matriz. Uma mescla de jogadores, alguns de elevada craveira, suportados numa base de homens pouco mais que medianos, mas a quem aquela camisola elevava aos píncaros do estrelato.

 

O segredo era então descobri-los e valorizá-los, para depois os transferir com um lucro apreciável. Cada vez mais me convenço de que este, terá forçosamente de ser o caminho a seguir para evitar a dependência de interesses duvidosos de terceiros. Se ainda houver volta a dar.

 

Dificilmente será com orçamentos de centenas de milhões de euros, inflacionados com vedetas oriundas dos catálogos pret-a-porter de fundos de investimento, e a fazer fé no profissionalismo e na racionalidade de jogadores, que chegam com destino marcado para a porta de saída.

 

O portismo é apenas sinônimo de profissionalismo e racionalidade, ou é um sentimento? Os sentimentos compram-se com os milhões da Liga dos Campeões?

 

O amor à camisola está ultrapassado? Está démodé? Não se usa? Azar. Vamos contra a corrente!

 

Por pensar assim sou retrógrado? Bota-de-elástico? Reaccionário? Que seja. É para o lado que durmo melhor.

 

O que sei é que, de vez em quando, vou saboreando momentos de alegria de tal intensidade, que infelizmente, muitos não conseguem sequer compreender, e que tenho pena de não conseguir partilhar com eles.

 

Aqui há tempos foi com a explosão de alegria do Castro, também ao marcar um golo com a nossa camisola. Ontem, foi com o André André.

 

Obrigado André.

publicado por Alex F às 23:42
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5 comentários:
De reinemargot a 22 de Setembro de 2015 às 10:31
Parece que este ano, salvo uma ou duas presenças na equipe, todos amam a camisola... o maxi disse que foi bonito, mui bonito ganhar aquele jogo!
Pois, amigo alex, todos eles amam a camisola. é a deles. conheci um engenheiro que trabalhava na soares da costa, é pá, não havia melhor que a sc, depois foi para a engil, aquilo é que era uma empresa, blábláblá - deixei de falar com ele quando foi trabalhar para angola, mas acredito que agora, antes da próxima, a carvalho hosken, ou o diabo a quatro, seja a mais melhor boa do planeta...
não que ele seja hipócrita, é mesmo assim: acredita! onde ele está só pode ser a melhor ...
por isso, o que me interessa é que haja futebol e empenhamento... e que a gente se deleite a ver a equipe, e acorde com entusiasmo e otimismo à segunda-feira/sábado/quinta/quarta...
De Alex F a 22 de Setembro de 2015 às 22:19
O tal engenheiro era adepto da Soares da Costa, da Engil, da Carvalho Hosken ou do diabo a quatro?

É que há amor à camisola e amor à camisola...
De Drax a 22 de Setembro de 2015 às 16:36
Dá para colar isto no balneário?

Sublime, Alex.

Sublime.
De Alex F a 22 de Setembro de 2015 às 22:21
Obrigado.
Mas é melhor não. Não quero ferir susceptibilidades, e deve haver por aí quem prefira fazer disto papel higiénico.
De Drax a 23 de Setembro de 2015 às 01:21
Por dizeres a verdade?

Esses que dêem meia-volta e chutem para a própria baliza.

Este texto é pomada na ferida.

Também já alertei para o problema do catálogo. Quando há tanto talento que dava sete pulmões para correr com esta camisola. Sobretudo portista.

O amor à camisola existe. André André não fez uma cavalgada à Petacchi após 10 quilómetros nas pernas por meros três pontos. Fê-lo porque tinha um sonho e queria cumpri-lo. O sonho que todos temos secretamente cá dentro.

No clássico, não festejei apenas esse golo. Festejei o estrebuchar da essência do FC Porto, o tal conceito tão complexo que André André fez questão de simplificar aos colegas.

Uma equipa de Andrés assim teria ganho na Madeira ao Nacional, o ano passado. Não tenho qualquer dúvida disso.

E são lances como o de Domingo que ainda me dizem que temos chama para manter essa identidade.

Forte abraço.

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