Correndo o risco de ser acusado pelo Eduardo Barroso, de algum tipo de plágio, não resisto a contar-vos como é que eu e um dos meus filhos reagimos ao golo do André André, pois o outro andava muito ocupado com o Sonic e o Dr. Eggman.
"Foi golo de quem?" - pergumtou ele ao ouvir o meu grito.
"Do Porto. Do André André!" - respondi-lhe.
"Do André André?! Ele é dos mais fraquinhos..."
"É fraquinho, mas é do Porto" - disse-lhe já com os dentes cerrados, a fazer um esforço de contenção para não lhe arriar um chapadão, e sem grande esperança de que percebesse onde queria chegar.
Quando foi a hora do André André falar na flash interview fiz questão de por o som mais alto.
"Ouviste o que ele disse? Era o sonho dele estar ali e o Porto é o clube do coração dele, por isso, até pode ser fraquinho, mas marcou o golo".
Calou-se. O meu filho conhece montes de jogadores de futebol. Por causa das cadernetas de cromos, sabe-lhes os nomes e reconhece-lhes as caras. Portugueses e não só.
Mas, apesar de ainda não conseguir avaliar a sua qualidade futebolística, no que toca ao André André, não andou muito longe da realidade.
Não estamos na presença de um fora-de-série. É um bom jogador, porventura acima da média, tem qualidade técnica e é inteligente, mas são a raça e a abnegação que fazem dele o jogador que é. E com aquela camisola vestida, então...
No fundo, o FC Porto moderno foi isto. O FC Porto internacional teve a sua génese nesta matriz. Uma mescla de jogadores, alguns de elevada craveira, suportados numa base de homens pouco mais que medianos, mas a quem aquela camisola elevava aos píncaros do estrelato.
O segredo era então descobri-los e valorizá-los, para depois os transferir com um lucro apreciável. Cada vez mais me convenço de que este, terá forçosamente de ser o caminho a seguir para evitar a dependência de interesses duvidosos de terceiros. Se ainda houver volta a dar.
Dificilmente será com orçamentos de centenas de milhões de euros, inflacionados com vedetas oriundas dos catálogos pret-a-porter de fundos de investimento, e a fazer fé no profissionalismo e na racionalidade de jogadores, que chegam com destino marcado para a porta de saída.
O portismo é apenas sinônimo de profissionalismo e racionalidade, ou é um sentimento? Os sentimentos compram-se com os milhões da Liga dos Campeões?
O amor à camisola está ultrapassado? Está démodé? Não se usa? Azar. Vamos contra a corrente!
Por pensar assim sou retrógrado? Bota-de-elástico? Reaccionário? Que seja. É para o lado que durmo melhor.
O que sei é que, de vez em quando, vou saboreando momentos de alegria de tal intensidade, que infelizmente, muitos não conseguem sequer compreender, e que tenho pena de não conseguir partilhar com eles.
Aqui há tempos foi com a explosão de alegria do Castro, também ao marcar um golo com a nossa camisola. Ontem, foi com o André André.
Obrigado André.
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