"Sei lá quantos vai assinar patrocínio milionário com a Emirates"
Estão a perceber porque é que não dou relevância, por aí além, aos milhões da Liga dos Campeões?
Não é que não valorize a caminhada feita, é claro que não é todos os dias que se chega aos quartos-de-final, mas daí a fazer do dinheiro o foco prioritário…
Arrecadámos vinte e tal milhões, temos garantidos mais doze para a próxima temporada e vem aí um empréstimo obrigacionista de mais 40.
Apesar disso, o Danilo está vendido, e parcialmente recebido, ao que consta, e ainda vamos ter de nos desfazer de mais alguém.
E do outro lado, o que é se vê?
Sai a PT, que dava quatro milhões/ano, e entra a Emirates, que vai dar oito.
Mas isto nem é o mais importante.
Nada impede que venhamos a ter nas nossas camisolas o Azerbaijão, o Usbequistão, ou outro “ão” qualquer.
A questão não é essa. A questão é que contra recursos que são ilimitados, não há concorrência possível.
Não vale a pena entrar no jogo dos milhões, porque nesse, estamos condenados a ficar sempre a perder.
Se não for da Emirates, o dinheiro haverá de brotar por qualquer outra via, e nunca faltará. Peter Lim, Jorge Mendes, BES, Novo Banco, donde quer que seja…
E, fundamentalmente, por dois motivos, qualquer um deles inquestionável: a dimensão do mercado e a impunidade.
Quanto à dimensão do mercado, é claro que um share de seis milhões, give or take a few (millions!), é sempre mais apetecível que um de quatro, três ou menos.
E se esse share, face às suas características idiossincráticas revela uma propensão quase irracional para um consumo desenfreado, melhor ainda.
Relevante, é também o manto de impunidade que cobre as fontes donde provém o financiamento, seja elas claras ou obscuras.
Bernardino Barros questiona com alguma frequência no Porto Canal, porque é que o “Apito Dourado” não desceu abaixo de Leiria.
Não é só com o “Apito Dourado” que isso acontece. É geral.
Toda e qualquer matéria em que dê azo à mais pequena dúvida quanto à sua legitimidade, e mais grave, legalidade, é rapidamente abafada, e se tal não for suficiente, branqueada.
Para tal, concorre grandemente o beneplácito de todas as instâncias, de cima abaixo nas suas hierarquias, e a conivência decisiva, inacreditavelmente muito mais por acção do que por omissão, de todo um universo de comunicação social, em que as leis de mercado se sobrepuseram há muito tempo, àqueles que deveriam ser os seus princípios éticos e deontológicos.
Neste caldo, a concorrência pelos milhões é claramente impraticável.
O único campeonato europeu onde consigo vislumbrar um paralelo de comparação é a Bundesliga, onde a desproporção é de tal ordem, que o Bayern de Munique, recorrentemente, se dá ao luxo de contratar os melhores jogadores dos rivais directos, como o Borussia de Dortmund.
Ainda assim, este último consegue, ainda que episodicamente, fazer-lhe frente, e o presidente dos bávaros, Uli Hoeness, embora a título pessoal, foi condenado por fraude e evasão fiscal.
E por cá?
Por cá, fico estúpido quando vejo adeptos portistas, do alto da sua credulidade, a caírem convictamente na esparrela de que no outro lado o dinheiro vai acabar.
Boa sorte.
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