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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Não é defeito, é feitio

15
Fev13

Pois é, contra as minhas expectativas menos optimistas, até ver, porque agora é o Vitória de Setúbal quem vai recorrer da decisão, continuamos na Taça Lucílio Baptista.

 

É assim. Isto de Conselhos de Disciplina sem meter o Dr. Ricardo Costa ao barulho, torna-se muito mais imprevisível.

 

Muito sinceramente, não estava nada contar com isso. Por norma, quando toca a nós e estes Conselhos, estou sempre à espera do pior.

 

Mas assim que oiço falar em “verdade desportiva”, passo-me dos carretos. Nem que seja, como neste caso, o José Manuel Meirim, vem-me logo à cabeça o Rui Santos. O que é que querem? O cão do Pavlov salivava…

 

Para o especialista em direito desportivo, não há quaisquer lacunas no regulamento e o FC Porto infringiu a lei, porque o que está em causa não é uma questão de protecção da integridade física dos jogadores, mas antes “o valor da verdade desportiva”.

 

Sendo uma perspectiva interessante, não deixa de ter o seu quê de falacioso. Ver o conceito aplicado à Taça Lucílio Baptista, só por si causa desde logo alguma estranheza.

 

Para outros, a questão fulcral será, como de costume, a estúpida incongruência do emaranhado regulamentar que rege as competições das equipas A e B, e a Taça Lucílio Baptista.

 

Pois, com o devido respeito, na minha humilde opinião, nem uma coisa, nem outra.

 

Nem o FC Porto infringiu a lei, nem a “verdade desportiva” era o cerne da questão, nem sequer se tratou de incompetência na feitura dos regulamentos em causa.

 

Simplesmente é assim, porque é, e nada mais. Não é defeito, é feitio.

 

Não se queira ler na vontade do legislador, mais do que aquilo que ele expressou em lei.

 

A preocupação da Liga, ou dos clubes, diga-se, relativamente à sua Taça Lucílio Baptista, resume-se a que esta ofereça aos olhos do público, alguma credibilidade, cada vez mais debalde, e que o atraia ao estádio e aos ecrãs de televisão. Debalde idem.

 

Inscreve-se aqui a tal regra da inclusão na ficha de jogo, acho que de seis jogadores que tenham participado no último jogo da equipa principal no campeonato. E é, pois então, apenas essa a sua única preocupação que, ainda que ao de leve, se entroncará na “verdade desportiva”.

 

De mais não cuidaram ao legislar. Não se lhes ocorreu preocuparem-se com a possibilidade dos jogadores saltarem da equipa B para a A, e vice-versa, aquando da disputa da competição, nem mesmo a de assegurar um interregno entre jogos suficiente para preservar a sua condição física.

 

Os clubes são crescidinhos, e esse é um problema que os próprios terão de resolver e gerir, terá pensado a Liga. Se entenderem que devem jogar dia sim-dia sim, jogam, e acabou. Desde que constem na ficha os tais elementos essenciais.

 

Não se passa assim, por exemplo, com a regulamentação das equipas B, onde, aí sim, o período de nojo de 72 horas, para que um jogador que alinhe por uma das equipas A ou B, possa jogar pela outra, B ou A, consoante os casos, terá por objectivo a preservação da “verdade desportiva”.

 

Tanto para baixo, evitando que o reforço das equipas B, com jogadores da equipa principal, e que lá vão fazer uma perninha, desvirtue por excesso aquele que pudesse ser o desempenho dessas mesmas equipas e, por conseguinte, a verdade da competição.

 

Ou, numa hipótese menos provável, porque, pelo menos em teoria, ninguém quer perder, para cima, incluindo em barda nas equipas A jogadores das secundárias, facilitando por essa via, a vida a opositores, quiçá ocasionalmente escolhidos.

 

A preocupação com a integridade física dos atletas, por sua vez, está presente no regulamento da Liga Zon Sagres, que toca à participação em provas internacionais, onde intervêm apenas as equipas principais.

 

Nesse caso, os regulamentos estabelecem para o efeito, a observância de um hiato para a próxima partida interna, de pelo menos 48 horas, após encontros em casa, e 72 horas para os que decorrem fora de portas.

 

Salvo acordo em contrário entre os clubes, e foi precisamente por aqui que o Sporting se lixou, quando quis adiar o jogo contra os vizinhos da Cesta do Pão.

 

Estúpida, estúpida, será talvez a duração destes intervalos obrigatórios de utilização. Qual é a “verdade desportiva” que 72 horas asseguram, que 48 não o fazem? E porque é que não é feita destrinça entre os jogos disputados fora de portas, sejam em Málaga ou em Sampetesburgo?

 

Estes serão os únicos pontos onde vislumbro alguma estupidez. Quanto ao resto, é assim, porque é, e os respectivos regulamentos salvaguardam exactamente aquilo que quem os fez pretendia, e neles ficou consagrado.

 

Ao contrário do que que escrevi, e aproveito desde já para dar a mão à palmatória, sejam meiguinhos, s.f.f., a nossa SAD não meteu a pata na poça, porque muito pura e simplesmente não há qualquer poça.

 

A única poça será da saliva, alarvemente deixada escapar por alguns à medida que se debateu este não assunto.

 

 

Por sinal, certamente os mesmos que, por si, ou a favor de terceiros, congeminaram toda esta maquinação. Os mesmos, que ou não marcaram presença aquando da discussão do regulamento em causa, e por isso o ignoravam e ao seu espírito, ou então, apenas e só porque tal não lhes interessa um peido.

 

Como lhes poderia interessar se a sua preocupação passava apenas, numa fase embrionária, por desestabilizar e lançar a confusão, e posteriormente, como agora se vê quando confrontados com a decisão, fazer de arma de arremesso a sua suposta "parcialidade"?

 

E contaram ainda com a participação especial de uma instrutora da Comissão de Inquéritos da Liga, para conferir alguma solenidade jurídica à coisa. Quem será esta instrutora? Alguém conhecido?

 

Jean-Paul Sartre dizia que, “quando tomamos a consciência de que somos estúpidos, logo deixamos de o ser”. Eu digo que alguns, quando tomam a consciência de que são filhos da puta, passam a sê-lo por gosto.

 

Apetecia-me falar ainda sobre os castigos aplicados ao Matic e ao Cardozo, mas para isso, teria forçosamente de desdizer o que acima mencionei, sobre a imprevisibilidade dos Conselhos de Disciplina.

 

De facto, se tivermos em conta o tempo que algumas decisões demoraram a ser tomadas, os momentos e as durações cirúrgicas das mesmas, quando finalmente viram a luz do dia, e a forma como contrariam, aqui sem parcialidade, a tese da instrutora do processo, ou com o voto vencido do presidente do próprio presidente, que mais se poderia esperar?

 

Assim sendo, como diz o Jorge, agora venha de lá o futebol, que é o que interessa aos adeptos a sério.

 

Com a meia-final da Lucílio Baptista de permeio entre dois jogos para a Liga, vamos ter um final de Fevereiro lixado. Como se o resto de um mês tão curto, fosse pêra doce.

 

Tudo dependerá do Vitória de Setúbal. Sim, dos sadinos que nos fizeram o favor de adiar o jogo no seu terreno, e por quem, em jeito de retribuição, nas teorias conspirativas que por aí circularam, teríamos cometido a gaffe de pôr a jogar o Fabiano, o Abdoulaye e o Sebá.

 

Que nos façam então, de facto, mais um favor: o de interporem realmente recurso desta decisão, suspendendo a prova. Talvez assim fique remetida para as calendas a disputa da meia-final com o Rio Ave.  

 

O desafio está lançado. Irá mesmo o Vitória recorrer da decisão, e arriscar-se a ganhar, ou os dois meses de salário virão, como noutras ocasiões, de outra conta?

 


Nota: uma vez mais, os meus agradecimentos ao Tomo II, pela sempre simpática disponibilização do editorial do papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos, alusivo ao tema.

Como é que um elefante atravessa um lago?

13
Fev13

A melhor defesa é o ataque. Eis uma máxima que foi tida por verdadeira, pelo menos até, primeiro virem os italianos, com várias versões do velho catenaccio, e depois o Mourinho, também ele na altura em Itália.

 

Não obstante, nos dias que correm, é ainda a premissa base de algumas estratégias aplicadas dentro e fora do terreno de jogo.

 

Veja-se aquilo que se assemelha remotamente a imprensa de hoje. Consta que vai ser pedida a revogação do castigo a Matic, e não contentes, a aplicação de um processo sumaríssimo ao Candeias.

 

Nada de novo, logo após a partida essa hipótese havia sido ventilada. Talvez não se pensasse é que era mesmo à séria.

 

Quem não se recorda do inefável Dr. Ricardo Costa, insigne ex-Presidente do Conselho de Disciplina da Liga, responsável pelos castigos ao Hulk, ao Sapunaru, e já agora, ao Vandinho?

 

Pois é, este mesmo ser explicou, julgava eu, à saciedade, e com todas as suas forças, as condições necessárias para que fossem abertos processos sumários.

 

Lembram-se da agressão do Mona Lisa a um jogador do Nacional da ilha dos buracos, num jogo para a Taça Lucílio Baptista?

 

 

 

Na altura, de acordo com o Dr. Costa, não se lhe opunha o sumaríssimo porque o lance foi in loco apreciado pelo árbitro, Olegário Benquerença, que entendeu ser jogada passível de amostragem de cartão amarelo, e não vermelho.

 

Ou seja, a actuação do Conselho de Disciplina, por via do sumaríssimo, teria de ser sempre no sentido suprir a omissão de intervenção do juiz da partida.

 

Mudou alguma coisa de então para cá? Alguma vez foi então posta em causa a correcção da actuação do Olegário? Que eu saiba não.

 

Pois bem, também agora o lance foi apreciado pelo árbitro, neste caso Pedro Proença. Mal ou bem? Isso interessa para quê? Antes não interessou para castigar, agora para ilibar é diferente?

 

E o sumaríssimo ao Candeias serve para quê? No máximo, tendo em conta que, como também explicava o Dr. Ricardo Costa, foi uma situação sem qualquer impacto no resultado final do encontro, quanto muito levará uma multa. A não ser que também aqui tenham ocorrido alterações que me escaparam.

 

É o corolário da diferença entre a simulação do Aimar, curiosamente também num jogo contra o Nacional, mas para a Liga, que deu multa, e a do Lisandro Lopez, que deu suspensão.

 

Como não encontrei imagens desse episódio, aqui fica, a título de recordação, a defesa interposta pela entidade patronal do primeiro. Pode ser que seja útil no caso do Candeias. 

 

 

 

 

Outro exemplo de que a tese de que a melhor defesa é o ataque, ainda faz fé, é a revelação do que Pedro Proença terá dito a Cardozo, no momento da expulsão.

 

 

 

Esqueçamos o facto de que tal revelação só surgiu ao segundo dia após o jogo, que foi entretanto desmentida pelo suposto autor da sentença, e desinteressemo-nos de saber quem foi o queixinhas que a bufou para circulação.

 

O que é que se lucra com aquela revelação, e quem lucra?

 

Quem fez mais pelo futebol de que, no fundo, dependem, o Pedro Proença, árbitro da final da Liga dos Campeões, da final do Europeu, e melhor árbitro do ano, ou o jogador de um clube que já em plena pré-época havia deixado uma excelente imagem de si, quando as costas de um árbitro alemão, inadvertidamente esbarraram de encontro à peitaça de um seu jogador, acima referido.    

 

O que é que leva dois supostos órgãos de (in)comunicação dita social, agora como então, a participar tão activamente na estratégia de defesa de um jogador, pondo em causa a actuação do árbitro e branqueando a conduta do jogador, em claro menosprezo pela falta disciplinar cometida?

 

Mais estranho ainda quando, repescando parte do texto anterior, um desses dois órgãos de sei lá o quê, se revelou tão lesto a anunciar uma decisão ainda por tomar, e quando a fórmula do facto consumado não resultou, ao invés de retroceder e arrepiar caminho, defende-se com algo como isto:

 

« [...] Ninguém pode ficar imperturbável quando percebe que a tentativa de distorcer a Lei e defender o indefensável é tão cega e tão partidária, que põe em causa a conclusão óbvia já apontada pelo instrutor do processo. [...] »

 

E, mantendo a sua, aponta ainda como móbil para o assalto aos computadores do Presidente da Federação e da sua assistente, “o roubo da acta da reunião do CD da Federação, «onde foi feita tábua rasa das conclusões» do CD da Liga”.

 

Para que é que isto serve, senão para reforço do pretenso facto consumado, e para espicaçar os ânimos caso, efectivamente, tenha sido “«feita tábua rasa das conclusões» do CD da Liga”, que de resto, ao que me parece, já não existe (o CD, não a Liga, mas não deve faltar muito…)?

 

A quem é que serve? Ao FC Porto?

 

Como é que um elefante atravessa um lago? Saltitando suavemente de nenúfar em nenúfar.

 

Ou seja, todo o contrário daquela que é a postura destes dois órgãos de (in)comunicação social, cuja falta de suplesse os assemelha mais ao dito à solta numa loja de cristais.

 

Bem sei que a impunidade de que gozam lhes permite ir por este caminho, que até será por certo o que lhes granjeará mais leitores, e logo, melhores resultados.

 

Também não esperava imparcialidade, nem pouco mais ou menos. Pudor, ética profissional ou deontologia? Sim, está bem…

 

Mas ainda assim, menos, minhas alimárias, menos. Se não fôr pedir muito.

Os que fazem rimar juiz com meretriz

27
Jun12

Algo me diz que a nossa comunicação social desportiva, ou parte dela, aquela que tem mais a ver com periquitos e gaiolas, se está a sentir em casa lá para as bandas da Polónia e da Ucrânia.

 

Ao contrário do que por aí vi escrito, parece-me perfeitamente compreensível e legítima, a apreensão manifestada pela nomeação do árbitro turco Cuneyt Çakir, para a nossa meia-final.

 

 

 

Quem não fica apreensivo depois de saber que, afinal, o “Presidente do comité de árbitros da UEFA é espanhol e vice-presidente é turco e amigo do Barcelona e da UNICEF”.

 

Pior, quando lhe falta esse selo indelével de garantia, que é o “Cuneyt pode vir o Cuneyt”, e ao que consta, não figura na lista de contactos do Paulo Pereira Cristóvão, do Miguel Relvas ou de qualquer espião da Ongoing.

 

Mais grave ainda, ouviram-se zunzuns de que, um dia, quando colocado ao estilo linha de reconhecimento policial, perante três fotografias de Jorge Nuno Pinto da Costa, foi capaz de identificá-lo numa delas, como sendo presidente de um clube de futebol de um País qualquer, começado por “L”. Lissabon, Lisbon, ou qualquer coisa do género…

 

Fica-lhes bem este assomo patrioteiro de preocupação, que tornado extensível a todos nós, “Portugal indignado”, nos coloca mesmo à mão de semear um excelente bode expiatório, para o caso de as coisas não correrem pelo melhor logo ao fim da tarde.

 

E, vindo de quem vem, é claro que é para ser levado com a devida seriedade, pois é oriundo de gente que sabe do que fala. Convirá ter em conta que estamos perante jornalistas que, nas suas lides caseiras, estão habituados a obrar com este tipo de situações e a olhar despreocupadamente para o outro lado, quando as coisas se fazem “pelo outro lado”, e eles próprios participam em repastos onde são congeminadas as estratégias nesse sentido.

 

Porém, chegam tarde. Ainda o Euro 2012 mal tinha começado, e já as simpáticas raparigas ucranianas, activistas do grupo FEMEN, haviam exposto os seus argumentos, e dito de viva voz, não à prostituição e outras formas de exploração.

 

 

 

Confesso o meu total desconhecimento sobre o efeito que este protesto terá eventualmente surtido entre as(os) profissionais encartadas(os) do ramo.

 

A avaliar pelo rebanho transumante de ruminantes, entre os quais repórteres, correspondentes, enviados especiais, comentadores e outros, que entre a Polónia e a Ucrânia, procuram pasto, ora para alimentar as páginas do papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos onde escrevem, ora para que, volta e meia, um qualquer pirómano venha e se encarregue de lhe puxar fogo, não terão sido inteiramente bem sucedidas na tentativa de banir a mais velha profissão do Mundo deste Euro.

 

Prostitutas e putas, por prostitutas e putas, antes estas que aqueles(as) que, sendo incapazes ver o que os rodeia, sem que seja como um reflexo dos seus próprios umbigos, persistem em confundir juízes, ou neste caso árbitros, com meretrizes.

 

Deixem-se de tretas, e façam como o Rui Santos. Esse, pelo menos, é capaz de distinguir sem espinhas a realidade uefeira da nacional.

 

 

Logo, é mais do mesmo...

 

É favor puxar o autoclismo!

09
Mar11

 

Sim, eu sei que já muito se falou sobre a capa de segunda-feira acima reproduzida, e desculpem lá voltar ao assunto, mas ainda há um ou dois pormenores que gostava de trazer à baila.

 

Primeiro. Porque carga d’água é que, num jogo entre bracarenses e outra equipa qualquer, é trazido à colação, com honras de primeira página, o FC Porto?

 

Segundo. “O FC porto não precisava deste árbitro para ser campeão por mérito”? O que é que isto quer dizer? “FC Porto não precisava deste árbitro”? Que eu saiba, e como quem escreveu isto também deve saber, quem nomeia os árbitros é a Comissão de Arbitragem (CA) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

 

Por certo terão conhecimento que, pelo que corre por aí, foram quatro os árbitros que pediram escusa para este desafio, de tal maneira que o Presidente da CA teve de quebrar as suas próprias regras e nomear um árbitro que, à partida não reunia condições para tanto. 

 

Quererão fazer crer que, o órgão da Liga, cuja continuidade, ao que se diz, constituiu a contrapartida do apoio encarnado ao actual elenco directivo, fez um favor ao FC Porto ao nomear este árbitro?

 

É que, pela amostra no vídeo abaixo, relativamente ao qual não subscrevo a totalidade dos comentários, não foi só o FC Porto a ser favorecido.

 

 

 

 

 

(link para o vídeo obtido em "Dragão até à morte")





Adiante. O que dizer quanto ao “mérito”? Que o mérito do FC Porto na (re)conquista deste título, ao contrário do que aquele título, e o maior ainda “Xistra decide o que estava decidido”, querem dar a entender, é inegável. Se não, vejamos.

 

Na época passada, o futebol do campeão em título, aquela equipa maravilha, que dava espectáculo onde assentava arraiais, e que não só vencia, como humilhava e trucidava os adversários que o infortúnio colocava no seu caminho, e no fim, ainda chupava os ossinhos, qual horda de hunos, comandados por um Átila esgrouviado, por sorte, apeado de montada, não fosse a sua ruminação fazer dele uma, ainda mais evidente capicua de uma besta de montar, só foi superado em qualidade, de acordo com voz entendida, pelo enorme Barcelona.    

 

Ora, essa equipa, apesar de todos os encómios e adjectivos que lhe foram dispensados, só conseguiu garantir o almejado título, na última jornada da Liga Sagres, a que chegou com dois pontos de vantagem sobre, precisamente, o SC de Braga, que saiu reforçada para cinco pontos, por força da derrota, quando já nada de útil havia a fazer, dos minhotos, na Madeira.

 

E ainda assim, com a prestimosa colaboração de Lucílio Baptista, em cinco pontos (quatro dados de borla e um sonegado a um concorrente, que, de directo, passou a indirecto por mor disso, por acaso, o FC Porto), de Jorge Sousa, em mais um, e de Rui Costa e Olegário Benquerença, na subtracção de mais quatro pontos ao tal adversário, tornado indirecto.

 

Pois bem. Tudo levava a crer, tendo em conta os acontecimentos e comentários pré-jogo de Braga, que a tal equipa maravilha ia a caminho da sua reedição na presente temporada.

 

Independentemente de já não aniquilar e subjugar os seus oponentes como costumava fazer, e de se ver ele própria humilhada por cincazero, numa ocasião, lá ia paulatinamente, fazendo o seu trajecto, com algumas vitórias pela margem mínima (também são vitórias!), obtidas em período de descontos (que também é jogo!), de tal maneira que, até motivou uma reformulação do conceito de goleada, passando uma vitória, à tangente, por 4-3, aser redefinida como uma “goleada pela margem mínima”.

 

Porém, para os entendidos, a série de vitórias consecutivas alcançadas, fará dela certamente, uma equipa superior tudo e todos, e por conseguinte, ao SC de Braga, da pretérita temporada.

 

Fazendo um mero exercício de lógica, que alguns tanto prezam, para justificar o injustificável, se esta equipa actual, de hiperbólico calibre, é superior ao segundo classificado da época passada, que terminou a cinco pontos do líder, e se se encontrava na presente edição da Liga, antes da partida disputada na Pedreira, a oito pontos do primeiro classificado, o FC Porto, e depois ficou a onze, então, poderemos dizer este último está melhor do que a tal equipa maravilha apenas superada pelo Barcelona. Ou não? Para mérito chega?

 

Não? Então vamos por outra via.

 

Na temporada finda, a tal oitava maravilha do Mundo e arredores (de Carnide), que tratava da saúde a tudo e todos, ganhava “limpinho”, e era a maior, entre outros motivos, porque era a que marcava mais golos, a que sofria menos e a que tinha no seu seio o melhor marcador da prova.

 

  

 

 

 

Comecemos precisamente por aqui. O melhor marcador de 2009-2010, acabou com 26 golos obtidos, em 29 jogos. O segundo classificado terminou com apenas menos um, 25 golos, e menos um jogo realizado, muito por força de um estúpido cartão amarelo, em vésperas de defrontar a equipa do primeiro.

 

Mas não só. O segundo classificado viu anulados três(!) tentos, sem que se saiba muito bem porquê. Portanto, digamos que é um nadinha falacioso empregar este critério para sustentar o que quer que seja.

 

Quanto aos golos marcados pela equipa vencedora de então, foram nada mais, nada menos que 78. Destes, nem vale a pena entrar na discussão sobre quantos foram obtidos através da conversão de penáltis sobrenaturais, mas há pelo menos dois, validados por dois dos árbitros acima mencionados, que não deveriam ter existido. Ficamos com 76.

 

O FC Porto obteve 70 golos, e ainda mais três, invalidados porque sim. Em condições (a)normais, terminaria com 73. Três golos marcam a diferença entre o zénite e a mais confrangedora mediania? Será?

 

Nos golos sofridos o primeiro classificado acabou a temporada com 20, os mesmos que o segundo classificado, o SC Braga. Mas, ironia das ironias, não fora a copiosa derrota por 5-1, infligida a este último pelo FC Porto, e as coisas teriam outra configuração, até porque a tal super-equipa, o melhor que conseguiu fazer face aos seus oponentes directos, foi derrotá-los por um zero.

 

O líder de 2010-2011, à 23.ª jornada, 51 golos marcados, mais seis que o segundo classificado, sete golos sofridos, menos doze, que o segundo, e tem dois jogadores na primeira e terceira posições da lista dos melhores marcadores da prova, qualquer um deles com mais tentos que os melhores marcadores do rival (19 e 11, do Hulk e do Falcao, para 8 de Cardozo e Saviola), e um jogador com apenas menos um golo, Varela, com sete.

 

Pelos critérios das vitórias “limpinhas”, será por mérito?

 

Uma equipa que ainda não sofreu derrota, e em 22 jogos conta apenas com dois empates, deve ser por sorte, ou pelas arbitragens dos Xistras desta vida.

 

Ontem, no jogo do Barcelona contra a nossa bête noire (francês, em homenagem a monsieur Wenger), os londrinos, ao contrário do que disse o Guardiola, fizeram um remate, mais ou menos, à baliza.

 

O irónico neste caso, é que o jogo estava interrompido por fora-de-jogo do palerma do Van Persie, que ainda assim chutou, e acabou por ser expulso por isso.

 

Nos últimos dois jogos, os adversários do FC Porto criaram, em média, uma oportunidade de golo por jogo.Em Nou Camp, o Arsenal nem isso fez, e conseguiu que o Busquets lhe marcasse o golito de honra.

 

É nesta diferença que reside a grande sorte portista.

 

Mérito? Népia!

 

Olhem, quando fizerem mais capas destas (e vão fazê-las, com certeza!), nem vale a pena dá-las à estampa, puxem o autoclismo, que a merda está feita!

 

 

Aleluia

25
Fev11

Para que não digam que sou mau feitio, e que lhes estou sempre a bater, o que até é mentira, porque na verdade, prefiro ignorá-los, aqui fica o registo para a posteridade do momento em que o "Record" se conseguiu sobrepor em rigor factual, ao papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos concorrente, e acertou uma na mouche:

 

 

 

 

 

Reparem na subtileza da coisa. O primeiro titula "Assim se faz história", o segundo "um grande [sei lá que mais] mudou a história".

 

A diferença? É simples. A história não se muda. A história faz-se, ou vai-se fazendo, e nem um grande sei lá que mais consegue mudar isso.

 

Talvez não se importassem de o fazer, ou até talvez o quisessem, mas não há volta a dar. Para trás ficam 19 jogos sem ganhar, e apenas seis empates, e não há como contorná-lo.

 

Enfim, um pormenor apenas, porque, em bom rigor, quanto a rigor estamos conversados dum lado e doutro. Vai valendo que sempre é mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo, mesmo quando o mentiroso não é coxo.

 

Os meus parabéns ao "Record", por agora. Uma vez sem exemplo!

 

Tá o mar fête num cão, mó!

16
Dez09

Estive ausente por dois dias, e não me apercebi das ondas (será melhor dizer vagas?) de impacto provocadas pelo empate do Benfica em Olhão.

 

Ontem, ao assistir a dez minutos do "Trio d'Ataque", e constatar a reacção irada do António Pedro Vasconcellos, contra o "caldinho", que terá sido montado em Olhão, para prejudicar o Benfica afastando algumas das suas peças nucleares do jogo contra o FC Porto, é que me apercebi da dimensão da revolta encarnada.

 

Escrevi o texto que se segue após um outro jogo entre os mesmíssimos contendores, mas em Agosto passado, por ocasião do Torneio do Guadiana.

 

Nunca o pus online porque entretanto, quando o ia fazer, já tinha perdido oportunidade, e porque quis juntar à longa lista dos jogadores emprestados, as dúzias de jogadores (de que me lembrava) que passaram pelo Farense, vindos da Luz.

 

Com este fuzuê, e com notícias como esta no SAPO, acho que tornou a estar bastante actual. Tenham paciência.

  

 


O Olhanense deve ter jogado muito bem contra o Benfica, no Torneio do Guadiana. É a conclusão lógica a que se chega, depois de assistir na segunda-feira a algumas intermitências da “Edição da Noite”, na SIC Notícias.

 
Fiquei com pena de não ter visto o jogo, para além das imagens dos golos e do pénalti, claríssimo, como de costume, sobre o Aimar (…e começa a festa!).
 
Mas, pela amostra, já deu para perceber que o Olhanense, ainda que jogue alguma coisa, não vai ter uma vida fácil neste seu regresso à divisão maior do futebol indígena. Dada a longa ausência, os poderes instituídos, em particular o 4.º, até poderiam nutrir alguma simpatia pelo clube de Olhão, mas pela amostra do que vi, dificilmente será assim.
 
Reunidos naquele programa da SIC, estavam representantes dos três jornais desportivos mais representativos cá do burgo (“Record”, “A Bola” e “O Jogo”), um homem da casa, e mais o respectivo moderador. Não faço ideia dos nomes dos ditos, nem faço questão de tal.
 
Fazia-se a antevisão daquilo que poderá vir a ser a próxima edição da Liga Sagres, e repito, não vi o programa na íntegra, e não tenho pena disso. O que vi, e ouvi, bastou.
 
A bem dizer, praticamente só se falava dos três grandes. E aí, a distribuição foi equitativa. De resto, como de costume: Benfica isto, Benfica aquilo, e mais o outro, e aqueloutro, o FC Porto vendeu este e aquele, mas comprou uma carroça deles, do Sporting, Miguel Veloso, e pouco mais.
 
Em resumo: muita conversa sobre o Benfica, mas o FC Porto é o principal candidato à vitória na Liga, e o Sporting… Miguel Veloso!
 
De repente, sem perceber muito bem como, eis que vem à baila o Olhanense. E porquê? Porque, por um qualquer acaso do destino, veio à baila o tema dos jogadores emprestados.
 
E claro está, o Olhanense tem no seu plantel, até à data, e a fazer fé na “Bolsa de Transferências” do Infordesporto, sete jogadores emprestados pelo FC Porto (Ventura, Tengarrinha, Stephane, Castro, Rabiola, Zequinha e Ukra)  
 
Escândalo dos escândalos, infâmia das infâmias! Como é que será quando o Olhanense defrontar o FC Porto?
 
Para os homens d’ “A Bola” e do “Record”, olha quem, é uma vergonha esta estória dos empréstimos de jogadores. Jogadores a alinharem por um clube, contra o clube que lhes paga parte ou a totalidade do ordenado. Que despropósito!
 
Cada um jogava com aquilo que tem, e o resto é conversa. Fim aos empréstimos de jogadores, JÁ!
 
O tipo do “Record”, então, até foi mais longe. Queria, na véspera dos jogos com os clubes detentores dos passes, ver os boletins clínicos dos clubes que têm jogadores emprestados, para verificar o aparecimento de lesões “milagrosas”, que os impossibilitassem de alinhar em tais jogos.
 
Não é preciso ir tão longe, amigo. Pergunte lá ao Carlos Cardoso porque é que ele tirou o Leandro Lima e o Bruno Gama, no intervalo do jogo com o FC Porto, que ele explica. E, já agora, porque é que no jogo a seguir, que, curiosamente, até nem foi contra o FC Porto, fez a mesma coisa.
 
E já que estamos com a mão na massa, porque é que o Zoro não se aleijou antes de entrar no autocarro que o Vitória de Setúbal estacionou em frente à baliza do Benfica, quando os dois clubes se encontraram, e o Setúbal, pura e simplesmente, abdicou de jogar à bola?
 
Parece-me que a ideia é que os jogadores que se aleijam, são só os vinculados ao FC Porto, não é?!
 
Perante esta questão, da mais elevada pertinência, que o homem d’”O Jogo”, fez por ignorar, a salvação foi o da casa, aparentemente dono de um dos dois ou três neurónios da sala, que os encalacrou com esta: com as dificuldades financeiras que os clubes têm, os empréstimos de jogadores são uma das formas de manterem as equipas competitivas.
 
Pois é. É básico, não é. Na prática, é como nós todos: quem não tem (dinheiro, por exemplo), pede emprestado.
 
Como os senhores d’”A Bola” e do “Record”, vivem com os olhos postos no seu clube, por vezes esquecem-se do Mundo que rodeia esse clube (como de resto, também acontece com o próprio clube, e com os resultados que se têm visto).
 
Acabem com os empréstimos de jogadores, e reduzam a Liga para 10 ou 12 clubes, que fica mais competitiva. Obriguem os clubes a serem detentores dos passes dos jogadores a 100%, e vamos ver no que é que dá.
 
Então, e o Reyes, emprestado pelo Atlético de Madrid ao Benfica, no ano passado. Pode ser? E o Valeri, emprestado pelo Lanús ao FC Porto, esta época. Também pode? Ou só se aplica a empréstimos entre clubes portugueses?
 
Então e o “maestro” Rui Costa, que iniciou a carreira de sénior, emprestado à AD Fafe, será que se baldou quando jogou contra o Benfica (se é que jogou!)? E indo mais atrás, o Diamantino (Miranda) ou o Jorge Silva, emprestados ao Boavista? Ou o Joel, o Vital e o Jorge Martins, que refizeram as suas carreiras no Farense, depois de passagens menos bem sucedidas pela Luz?
 
Nessa altura era o Benfica quem emprestava jogadores a dar com um pau e comandava o mercado. Os seus plantéis tinham quarenta jogadores, dos quais quatro, guarda-redes, e as dúvidas existenciais e éticas sobre os empréstimos não faziam sentido.
 
Voltando aos dias de hoje. O Estrela da Amadora teve na época passada jogadores emprestados pelos três grandes, e mesmo assim, ordenados, nem vê-los. O problema foi dos empréstimos? Não me parece.
 
Não há azar, o Estrela é da Associação de Futebol de Lisboa, por isso não deve ser grave. Da mesma maneira, que também não deve ser grave o facto de, outro clube da mesma associação ter, desportivamente, descido de Divisão, por duas vezes, nas últimas três épocas, e miraculosamente, continuar na Liga Sagres, e na época em que isso não aconteceu, viu serem-lhe retirados pontos, por inscrição irregular de um jogador. Mas o grave são os empréstimos de jogadores.
 
Ou ainda, um director desportivo (ou administrador da SAD) de outro clube da redita associação de futebol, manter a sua posição accionista noutro clube, ainda daquela associação de futebol, a militar na mesma Liga do clube do qual é director, com uma direcção onde pontificavam vários ex-Corpos Sociais deste último clube, e a aceitar jogar um desafio em casa, com o clube do director em causa, em campo neutro, “a bem da receita financeira”! Grave? Não! Os empréstimos, esses é que são a calamidade da verdade desportiva!
 
Ou a tramóia que o Sporting de Braga e o FC Porto montaram para dificultar a vida ao Jesus e ao Benfica, porque aquele fazia parte dos planos de Pinto da Costa, para um dia, tomar o lugar de Jesualdo Ferreira (esta é do Rui Santos!).
 
É das tais coisas. É a aliança FC Porto - Braga a funcionar. E claro, o que é que está por detrás disto? Os empréstimos de jogadores do FC Porto ao Braga!
 
O Olhanense prepara-se para, tal como o SC Braga, ficar conotado como um clube “portista”, logo, um clube mal-amado e a abater. Oxalá tenha estofo para se aguentar à bordoada.
 
No meio disto tudo, fica um pormenor, que até pode ser uma coincidência, mas acho que isso seria minimizá-lo ao máximo. O Vitória de Guimarães, na época em que teve jogadores emprestados pelo FC Porto, fez um excelente campeonato, não ficou à frente do Benfica, por uma nesga.
 
Na época que passou, em que juntamente com os encarnados, optou por tentar afastar o FC Porto da Liga dos Campeões, ganhou com isso o Nuno Assis e o Luís Filipe, e caiu cá para baixo na classificação. Em compensação, o Sporting de Braga, que passou a receber prioritariamente os excedentários do FC Porto, fez uma óptima época.
 
Que sirva de exemplo para o Olhanense, e para os senhores d’”A Bola” e do “Record”.