Em tempos idos, ainda o “bullying” não tinha sido descoberto, havia um código de honra que nenhum miúdo de escola primária desconhecia.
Era simples, como é bom de ver, e resumia-se a três regras apenas:
a) não bater em gajos caídos no chão;
b) não bater em gajos com óculos;
c) não bater em raparigas.
Caso houvesse a necessidade imperiosa de bater em gajos com óculos, deveria ter-se o cuidado de lhes retirar, prévia e cuidadosamente, as ditas próteses oculares antes de lhes aviar uns tabefes. Uns óculos partidos eram (e são!) caros.
Quanto ao não bater em raparigas, era uma regra facultativa. A bem dizer, dependia da rapariga e do eventual interesse que pudesse, no momento, suscitar.
Agora, bater em alguém caído no chão, isso é que não. Era o acto de suprema cobardia. Quem ousasse cometer tamanha ignomínia, arriscava-se a ser sovado, pontapeado, ou pior, pelo resto da pandilha.
Eram tempos felizes aqueles.
Ontem à noite, ao fazer “zapping”, reparei que estava a dar futebol num dos canais abertos. Estava mesmo no fim do jogo, faltariam aí uns sete ou oito minutos.
Então não há um gajo que, a páginas tantas, afinfa um pontapé na cabeça de um adversário, quando este estava tombado no chão.
E pior, não é a primeira vez que o vemos (sim, todos vimos, ainda que alguns se recusem a admiti-lo) a tomar este tipo de atitude.
Estou obviamente a falar do Javi Garcia, que tínhamos visto agredir assim o Alan, num jogo contra o SC de Braga, e que já tínhamos visto pontapear uma bola contra um jogador do FC Porto, também ele estendido no terreno de jogo.
Não fora a agressão ao Valdomiro, quando este jogava no Vitória de Guimarães, e dir-se-ia que a sua imagem de marca era agredir oponentes na horizontal.
Podem-me vir falar daqueles que são para alguns mais distraídos as bestas negras da violência, do Fernando Couto, do Jorge Costa, do Bruno Alves ou do Paulinho Santos. Que me lembre, e admito que me esteja a esquecer de algum momento digno de registo, nunca os vi fazerem tantas, e tão boas.
Ok, ok, houve aquele momento com o Simão Sabrosa. Mas, caramba meus amigos, é do Simão Sabrosa que estamos a falar…
Como se não bastasse, o tipo, passados uns minutos, marca o golo da vitória, e no final do jogo foi vê-lo a festejar, todo sorrisos e com peitadas à basquetebolista da NBA, à mistura, com o respectivo treinador. Olha logo quem!
Decididamente, estes fulanos não andaram na minha escola. Nem eu na deles, por sinal.
Nota1: Coincidência das coincidências, então não é que os dois golos, que deram as duas últimas vitórias do clube que vence à 18 (é isso, não é?) jogos, foram marcados por jogadores, que, se as regras fossem iguais para todos, já não estariam em campo?
Nota2: Estás a ver Pandora, é por estas e por outras que falamos tanto do teu clube. Se não fossemos nós, ninguém dava o merecido destaque a estas “incidências” das partidas, ou do final das mesmas.
Nota3: Infelizmente, ainda não consegui obter imagens do lance que deu origem a este texto, mas acho que aqueles com que o ilustrei dão uma ideia bastante aproximada do que estou a falar.
Ultimamente, o que mais tem havido por aí é "bitch slapping". Cá está um bom exemplo: A verdade, também leva bitch...