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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Quando uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa

19
Jun17

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Há por aí alguns benfiquistas, que ao contrário da grande maioria dos seus correligionários, conseguem ter a capacidade e a isenção de compreender a teia que o seu clube teceu, e da qual, em condições normais e num País normal, não se desenredaria sem sofrer pesadas consequências.

 

Contudo, é por eles principalmente, veiculada a opinião de que, ainda assim, comparativamente com o "Apito Dourado", os indícios relativos a este "Apito Divino" apontam para algo de menor gravidade.

 

Em primeiro lugar, é estranho que haja benfiquistas que conseguem ler a situação objectivamente, o que se aplaude e louva. 

 

Em segundo, e ainda mais estranho, é que nos coloquem à sua frente. No que quer que seja, até nisto. 

 

Mas os queridos amigos menosprezam-se.

 

Não o façam, que a primazia neste capítulo é, claramente vossa, como não poderia deixar de ser.

 

Fazem então, comparações com o "Apito Dourado". Pois que seja. Façamo-las.

 

Como não me parece que estejam interessados em puxar para a conversa os Dragões Sandinenses ou o Gondomar, parece-me plausível conceber que se referem ao "Apito Dourado", nas partes que ao FC Porto dizem respeito.

 

Sendo assim, nesse capítulo, o "Apito Dourado", se bem se recordam, envolveu dois jogos e dois árbitros, ou uma equipa de arbitragem, a do Jacinto Paixão, e um árbitro, Augusto Duarte.

 

Em relação a este último, cujo caso assentava quase exclusivamente no testemunho de Carolina Salgado, nada foi provado. Portanto, esqueçam.

 

Ou seja, ficamos apenas com o outro caso, o da fruta e do chocolate, que tanto gostam de trazer à colação.

 

Este envolve, como disse atrás, a equipa de Jacinto Paixão e o jogo com o Estrela da Amadora.

 

Para não ir mais longe, pegando na extrapolação sem qualquer fundamento, que benfiquistas (e sportinguistas) gostam de fazer deste caso, para os trinta anos de títulos portistas, pressupõe-se que não será difícil de aceitar que esta situação poderia dar-se com qualquer outra equipa de arbitragem. 

 

Não há nada que indique que estivesse em causa, portanto, um fetiche exclusivo de Jacinto Paixão e da sua equipa. 

 

Por outro lado, a fórmula utilizada não estava apenas ao alcance do FC Porto. Quero dizer que, querendo fazê-lo, qualquer outro clube poderia lançar mão do mesmo tipo de "argumentos".

 

Se vão dizer que sim, mas que só o FC Porto é que utilizou, desculpem lá mas não me resta mais nada a fazer do que rir da vossa ingenuidade, e lembrar que estamos no domínio do hipotético.

 

Agora, vejamos o "Apito Divino". Quantos jogos e quantos árbitros, e outros agentes desportivos, estarão envolvidos? 

 

Para já, não se sabe. Mas, pela amostra, não é difícil de estimar que serão em número bem superior aos que estiveram no "Apito Dourado".

 

Mais. Conseguem imaginar qualquer outro clube a congeminar, e com sucesso, aquilo que é convicção inclusive de alguns benfiquistas, que o Benfica engendrou?

 

Imaginem que em vez do Guerra tinham o Bernardino Barros, que será talvez, o mais aproximado que conseguimos arranjar, em termos de funções e de vínculo ao clube. 

 

Conseguem imaginá-lo na data em que ocorreu a troca de e-mails com o Adão Mendes, a ter uma troca de e-mails idêntica com um qualquer Adão Mendes desta vida?

 

Nos dias que correm, numa conversa sobre arbitragem , apenas consigo imaginá-lo a fazer o mesmo que Jesus Cristo, naquela anedota em que encontra um português a chorar na beira da estrada: a sentar-se, e a chorar com ele.

 

Pois é meus caros, uma coisa é uma coisa, e outra coisa, é outra coisa. E neste caso, tenho de admitir que nos ganham. E de goleada. Sem andor, sem manto protector, sem #colinho e sem preocupações com a nota do árbitro.

 

Comparativamente, o nosso "Apito", tirando o destaque que entenderam dar-lhe, e cujos efeitos perduram até hoje, não teve nada de especial. 

 

Poderia acontecer em qualquer altura, com quaisquer árbitros ou com qualquer clube. Ou, pelo menos, estaria ao alcance de...

 

O vosso "Apito", ao contrário, pela dimensão que se adivinha, pela envolvência e pelos envolvidos, arrisco-me a alvitrar que será único e irrepetível. 

 

Para bem do que resta do futebol português.

O estado geral pidesco da nação

20
Abr12

 

 

No meio desta história toda do vice-presidente do Sporting, do Cardinal e etc., o que mais me espanta, muito sinceramente, é que o indivíduo em questão é um ex-Polícia Judiciária (PJ).

 

Primeiro, fico preocupado por saber que na PJ, poderão eventualmente existir fulanos capazes de actos deste jaez.

 

Depois, porque, a ser verdade, e convém não esquecer que até prova em contrário, todos são inocentes, que na PJ, poderão eventualmente existir fulanos capazes de actos deste jaez, e com tamanha incompetência.

 

Será possível que até o bilhete para a viagem à Madeira do funcionário, tenha sido adquirido em Alvalade? Inacreditável!

 

E daí, também não é nada de muito surpreendente que algo assim possa realmente ter sucedido. Um ex melhor saberá as linhas por que se cose a sua antiga casa.

 

Bem vistas as coisas, se prestarmos uma atençãozinha, mesmo que ínfima, aos grandes casos judiciais dos últimos tempos, o que é que temos?

 

O Casa Pia nasceu de denúncias anónimas. O Freeport de uma carta anónima, que posteriormente se veio a saber, ser da autoria, por recomendação da própria PJ, de um tal Zeferino Boal, ao que parece ex-dirigente sportinguista dos tempos de Sousa e Cintra, e putativo candidato abortado à presidência nas últimas eleições. Mera coincidência, obviamente.

 

O caso Bragaparques terá nascido de uma conversa gravada, ainda que em legítima defesa, mas sem a necessária autorização judicial, que despoletou a posterior investigação do Ministério Público.

 

O Apito Dourado, acabou por ser reaberto por causa de um livro, escrito a várias mãos por personagens de triste e pouco duvidosa reputação, vá-se lá saber a conselho de quem. Bem, mas pelo menos neste caso, salvou-se a vertente lúdica da coisa!

 

Ou seja, quanto à metodologia de intervenção da PJ e do Ministério Público, estamos conversados. São do mais variado, de cartas anónimas e gravações ilegais a algo que se poderá assemelhar a plantação de provas. A esperança é que episódios como estes sejam a excepção, e não a regra.

 

Tremo quando me lembro dos casos Joana e Maddie.

 

Tendo em conta os precedentes, o que é que uma situação como esta que envolve o vice-presidente sportinguista poderá ter de surpreendente? Muito pouco.

 

Na realidade, nem sequer a denúncia do presidente do Nacional da Madeira, de que estaríamos em presença de uma estratégia de coacção de árbitros, se revestirá de grande novidade. Ou ainda a revelação de que o vice-presidente do Sporting teria acesso a “dados dos árbitros que não estão ao alcance de qualquer dirigente desportivo”.

 

Tudo isto são notícias requentadas, apenas mudando ligeiramente o(s) protagonista(s).

 

No fundo, bem filtrada toda a balbúrdia à sua volta, e uma vez falhado o objectivo primordial, que seria afastar o FC Porto da Champions, o que foi o Apito Dourado, senão uma forma de colocar em sentido a arbitragem?

 

Pouco mais. A estratégia que alguns persistem em seguir, sempre que as coisas não lhes correm de feição, de descredibilização dos campeonatos, dos árbitros, da justiça, para além de uma boa desculpa para o(s) frequente(s) insucesso(s), é o quê?

 

O passar da imagem maniqueísta de que de um lado estão todos os bons, e do outro são todos maus, serve a quem?

 

“A informação é poder”, é um conhecido adágio. Não foi Paulo Pereira Cristóvão que fez essa magnífica descoberta.

 

Antes de serem divulgados online os dados pessoais dos árbitros, já alguns deles eram agredidos em centros comerciais, e outros sujeitos de ameaças. Neste caso, de tal maneira a informação foi poder, que o então presidente da Liga, sendo destas conhecedor desde Janeiro, só as denunciou junto da instituição competente em Maio, depois de decidido o campeonato de 2009/2010.

 

Curiosamente, com a vitória do clube dos presumíveis implicados.

 

Há pessoas que são autênticos poços sem fundo de informação. Não é de estranhar, por isso, que saibam onde alguns árbitros almoçam e na companhia de quem, ou de outras ocorrências gastronómicas, com outros intervenientes. Ou ainda que sejam receptores preferenciais de denúncias de ofertas feitas a adversários.

 

 

 

Nada disto é, no fundo, estranho. Quanto muito podemos achar que é uma grande coincidência. Como por exemplo, saber-se de uma oferta a jogadores do Leixões para derrotarem o clube cujo presidente recebeu a denúncia do facto, precisamente na véspera do, supostamente ofertante, defrontar o Sporting, e depois, precisamente antes do embate deste último clube com o FC Porto, o Dragão receber a visita da PJ.

 

A propósito de quê? Luciano d’ Onofrio, Baía, Rui Barros e Sérgio Conceição. Coisa premente e bastante actual, como se constata. Ou um voto de confiança nos sportinguistas?

 

Será tudo isto assim tão invulgar? Será inverosímil que, ao que se saiba, sem que seja assistente no processo ou que patrocine qualquer dos assistente, um qualquer Pragal Colaço, afirme veementemente, na mesma televisão onde produz incitamentos à violência, que há muito mais matéria, muito mais escutas no processo “Apito Dourado”, para além daquelas que foram divulgadas?

 

Talvez não. Nunca num País em que, por uma incrível coincidência, um ex-Ministro da Administração Interna, fez parte da comissão de honra de um dos candidatos à presidência de um clube.

 

Ou onde um ex-Secretário de Estado da Justiça, associado da sociedade “Correia, Seara e Associados, Sociedade de Advogados, RL”, em que o Seara, é de Fernando Seara, apesar de membro do Conselho Superior do Ministério Público, tenha sido, entre outros moinhos de vento, o ilustre causídico que patrocinou a telenovela benfiquista e vimaranense, que pretendeu afastar o FC Porto da Liga dos Campeões.   

 

“Não há coincidências”, diria a Margarida Rebelo Pinto. Hmmmm, respondo eu.

 

Corruptos e corruptores – Subsídios para um português que se quer escorreito (ou “Quando for grande quero ser como a Dr.ª Edite Estrela”)

20
Mar12
 

Apercebi-me recentemente, muito por força da azia que a nossa vitória de há duas semanas no estádio onde vamos jogar hoje, terá provocado, que os adeptos do clube derrotado insistem e continuam a mimosear-nos com o carinhoso epiteto de “corruptos” e a (des)tratar o nosso clube denominando-o de “Futebol Corrupto do Porto”.

 

Vindo de onde vem, não é algo que me afecte grandemente, e não é por isso que me dediquei a escrever este texto.

 

Num País onde, pese embora todas as Novas Oportunidades, a iliteracia grassa quase omnipresente, é nosso dever cívico, enquanto cidadãos de corpo inteiro, contribuir, sem pretensões ou superioridades, para minorar esse flagelo junto dos nossos concidadãos, que por tanto se mostrem interessados. Os que não estão interessados, passem bem.

 

É pois, imbuído deste espírito, que passo ao seguinte esclarecimento de conceitos, com a inestimével ajuda do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

 

Corrupto (adj.) – 1. Que sofreu corrupção; 2. Adulterado, viciado; 3. Desmoralizado, devasso; 4. Prevaricador, venal; 5 . Errado (falando-se de linguagem).

 

Corruptor (adj. s. m.) – 1. Que ou o que corrompe; 2. Que instiga à corrupção, ao suborno.

 

Assim sendo, ainda que para mim resulte em quase imperscrutável o, certamente tortuoso, a existir algum, processo mental por intermédio do qual os adeptos daquele clube concluem sermos “corruptos” e o nosso clube o “Futebol Corrupto do Porto”, presumo que se filiarão nos famosos casos dos “Apitos”, o “Dourado” e o “Final”.

 

Nem me vou dar ao trabalho de enunciar a quantidade de vezes em que as mais variadas instâncias judiciais e desportivas deitaram por terra as teses por eles sustentadas, e deram por finalmente mortos e enterrados processos em estado moribundo, ressuscitados pela híper-mega-task-force da Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado.

 

O YouTube revela índices de credibilidade bem mais elevados que todas aquelas instâncias juntas. Os tribunais só acertam, conforme se queixa o próprio, quando o arguido em causa dá pelo nome de João Vale e Azevedo, ultimamente tão na berra.

 

Como álibi para a terminologia empregue refugiam-se, conjecturo apenas, porque a psiquiatria não é o meu forte, no facto de o Futebol Clube do Porto, nunca haver interposto recurso da decisão da Federação Portuguesa de Futebol, que lhe retirou seis dos pontos conquistados ao longo da temporada 2007/2008. Os tais seis pontos, que não voltam mais.

 

Há muitos portistas que ainda caminham desconfortavelmente com essa pedra no sapato. Compreendo-os. É uma mácula que ficou impregnada nas faixas daquele título, o clube, ao contrário do que fez o seu presidente, não ter contestado a acusação que sobre si impendia.

 

Na altura, confesso que também assim pensei. Mas depois, acordei para a realidade do ardil urdido pela corja fomentadora daquele processo, e, sinceramente, neste momento, nem me aquece, nem me arrefece.

 

Na altura, recordo-me que havia duas linhas de argumentação que defendiam a não interposição do recurso.

Uma, sustentava que um eventual recurso poria em causa a homologação do campeonato, e, consequentemente, a inscrição do clube nas provas da UEFA da época subsequente.

 

A outra, que um recurso, a acontecer, protelaria uma qualquer decisão para a época seguinte, e por conseguinte, a produção dos seus efeitos. Ou seja, em vez de terminar a temporada de 2007/2008, com uns míseros catorze pontos de vantagem para o segundo classificado, arriscávamo-nos a iniciar a época seguinte com menos seis pontos, ou a perdê-los, no decurso da mesma.

 

Não sei qual das duas, se alguma, será verídica. A mim parece-me mais verosímil a segunda. Tendo este pressuposto em consideração, é compreensível a opção estratégica do clube.

 

E sei que, tal como eu a compreendo, muitos daqueles que se destacam da mole ignara de apaniguados daquele clube, também entendem perfeitamente a opção tomada. Contudo, perante a impotência, perante a humilhação das derrotas sofridas, no campo e fora dele, fazem daquela arma de arremesso o paliativo de recurso.

 

Pois bem, tenho uma má notícia para lhes dar. Estão redondamente equivocados. Para já, a ter sido em alguma instância, daquelas que valem, e não no YouTube ou na …ica TV, condenado o Futebol Clube do Porto, nunca seria “corrupto”. Quanto muito, nessa hipótese, admitida apenas com intuito didáctico, seria “corruptor”.

 

Ou seja, aquele que corrompe, e não o que é corrompido. Portanto, do primeiro erro voluntário, vira-se a página e entramos na confusão, também voluntária para alguns, nem tanto, para outros, na aplicação dos conceitos.

 

Se o Futebol Clube do Porto corrompesse, então teria, em princípio de existir um corrompido. Digo “em princípio”, porque não são virgens na justiça e na política portuguesas as situações em que, havendo “corruptores”, não há “corrompidos”.
 
 
 

Como curiosidade adicional, refira-se que no primeiro daqueles casos, em que, no Tribunal da Boa Hora, numa sala de audiências eram condenados os corruptores, figuras gratas caídas em desgraça do Partido Socialista, e noutra sala era absolvido o presumível corrupto, a equipa do Ministério Público encarregue da acusação, que na altura, ao que consta, não era híper-mega, nem sequer task force, incluía nas suas fileiras a atrás mencionada Maria José Morgado, Procuradora-Geral Adjunta.

 

Ora, se, como se arrogam, são seis milhões os adeptos do nosso adversário de hoje, e apenas um milhão e trezentos mil do nosso lado. Se, como é sobejamente sabido, e em muitos casos, perante declarações públicas de amor serôdio, a maior parte dos árbitros actualmente em funções são também, digamos, “simpatizantes” do dito clube.

 

Se, ainda há não muito tempo, até no Conselho de Ministros a maioria era pelas suas cores, então, parece-me a mim, que a probabilidade estatística de que os “corruptos”, afinal estejam noutro lado, será…hmm, hmm, é fazer as contas, bastante elevada.

 

A não ser que, numa hipótese desprovida de grande sentido, a quase totalidade da magistratura nacional e demais vendidos/comprados esteja incluída no tal mísero milhão e trezentos mil.

 

Pois é meus caros. Lamento muito informá-los, mas laboram em erro. Os “corruptos” estão quase de certeza do vosso lado. É entre vós que, a haver alguma réstia de corrupção, poderão procurar os corruptos.

 

Por isso, lanço-lhes daqui um apelo: caso mais logo o jogo não lhes corra de feição, deixem-se de tangas, e enfrentem a realidade. Ou então, não o façam, como sempre. Garanto-vos que será, com certeza, para o lado que vou dormir melhor…

“Apito Dourado”? E porque não?

03
Nov10

Tive hoje a grata experiência de observar por dentro o funcionamento de um Tribunal, e mais exactamente do nosso Ministério Público (MP).

 

E ficaram muito claros, pelo menos para mim, os contornos de alguns processos jurídicos recentes.

 

Foi a terceira vez que me dirigi ao Tribunal. Na primeira vez, depois de aguardar a manhã inteira, o julgamento foi adiado porque era segunda-feira, e estavam para ser presentes ao(s) Juiz(es) todos os processos sumários do fim-de-semana  

 

Na segunda tentativa, dali por umas duas semanas, concluiu-se que as testemunhas eram mais que muitas, e então houve que distribuir a sua audição por várias sessões.

 

Hoje, finalmente fui ouvido. A convocatória era para as 11.00 da manhã. As testemunhas do dia (três, e nada mais que três, em cerca de duas dezenas), começaram a ser ouvidas por volta do meio-dia e um quarto.

 

A mim calhou-me ser a das 12.45.

 

O caso é um daqueles que podemos apelidar de “lana caprina”, sem querer ofender o simpático ruminante. Em termos monetários, o valor da causa andará pelos 40.000 euros.

 

Entrei como testemunha arrolada pelo MP. Sai como culpado de um crime de falsas declarações, advertido pela Digníssima Representante do dito Ministério, de que iria ser extraída certidão da sentença que vier a ser proferida, para que eu responda em inquérito pela ignóbil ignomínia.

 

Porquê? Porque perfilhámos um entendimento diferente do termo “substituir”.

 

A douta Senhora questionou-me se “fulana de tal tinha substituído sicrana para determinado efeito”, e eu, ciente de que tal não era assim, disse-o.

 

Mais tarde, terei respondido a outra questão, noutro âmbito e em diferente contexto, em que, para meu azar, quando poderia ter dito que “em vez de sicrana, foi fulana de tal”, disse que “fulana de tal substituiu sicrana”. Foi o suficiente.

 

Falsas declarações e inquérito. De nada valeu tentar expor a interpretação que tinha feito da pergunta da Exma. Senhora, e justificar assim as respostas diferentes, para situações diferentes:

 

“A minha pergunta foi geral. Se não percebeu a pergunta, devia ter dito”

 

Pois. Parece que sim. O problema é que eu percebi a pergunta. O que não percebi, pelos vistos, é o que é que a Douta e Ilustre Senhora, queria ou gostaria de ter perguntado, de molde a que eu lhe respondesse o que ela queria ouvir, e não perguntou.

 

Teria sido melhor, a todas as perguntas, questionar humildemente: “Desculpe, mas o que é que quer dizer com essa pergunta?”

 

Para meu descanso interior, mais adiante, o advogado de defesa permitiu-me esclarecer a inexistente contradição, e no processo, penso que isso ficará transparente.

 

Agora, do inquérito parece que não me salvo. A não ser que alguém, com dois dedos de testa, e algum bom senso, mande arquivar a porcaria do requerimento do MP.

 

Em termos futebolísticos, o que estava em causa por assim dizer, era a diferença entre uma substituição no decorrer do jogo, e uma substituição de um jogador por outro na equipa inicial de um jogo para outro.

 

Peço desculpa porque, além do parágrafo anterior, isto hoje não tem grande coisa que ver com futebol (raramente tem, diga-se em abono da verdade!), mas, compreendam, não estou muito para aí virado.

 

Há muito desconfiava, mas hoje percebi o porquê do número impressionante de processos grandes, enormes, incomensuravelmente maiores, do que este, que têm sido arquivados quando chegam às barras dos tribunais, porque é que os julgamentos se fazem preferencialmente na praça pública e quem será o maior interessado em que tal aconteça.

 

Se é assim que funciona o MP, estamos conversados.


Nota: Bem, provavelmente depois de escrever isto, se alguém do MP, certamente com pouco trabalho, lê este meu desabafo, estou feito ao bife. Tenho a certeza que não perderá tempo a tentar localizar o IP, ou o raio que o parta, vou acabar por ser identificado, e ainda levo com outro processo em cima.

 

Que se lixe! Fica o desabafo…

Pulha três vezes ou Viagra para benfiquistas

27
Jan10

Por estes dias as esposas de alguns adeptos benfiquistas andam felizes da vida.

 

Descobriram um novo herói: o Tripulha ugandês que disponibilizou no Youtube as escutas do “Apito Dourado”.

 

Já não se tinha notícia de tantos benfiquistas com tesão, desde o dia em que viram o Nuno Ribeiro, alternativamente equipado de cor-de-rosinha.

 

 

Apito Dourado ou Viagens Morgado

19
Dez09

Eu sei que isto não é assunto para levantar em vésperas de um Benfica - FC Porto. Aliás, se tivermos em conta a ampla cobertura jornalística de que a situação foi merecedora, ou seja, quase nenhuma, mais valia estar quietinho, caladinho, que é para esquecer.

 
Mas não resisto. Não sei se se aperceberam, talvez não, tendo em conta o que disse antes, mas o Jorge Nuno Pinto da Costa, Presidente do FC do Porto, foi absolvido das acusações que sobre si impendiam no “Caso do Envelope”, incluído no pacote Apito Dourado.
 
Só para recordar, este Caso tinha que ver com o árbitro Augusto Duarte, e o envelope que a Carolina Salgado afirmou que este recebera, na casa do Presidente do FC Porto, poucos dias antes deste clube defrontar o Beira-Mar, em partida que viria a ser arbitrada por aquele juiz.
 
Também já tinha sido arquivado pela Relação, o "Caso da Fruta", relativo ao árbitro Jacinto Paixão, e ao jogo com o Estrela da Amadora.
 
Portanto, sem honras de noticiário, primeiras páginas, livros publicados ou filmes sem realizador, Pinto da Costa está em vias de se ver livre do Apito Dourado, ficando tão somente pendente de recurso do Ministério Público sobre esta última decisão, para o Supremo Tribunal de Justiça.
 
Faço minhas, com o devido respeito, as palavras de Carlos Abreu Amorim, no "Blasfémias", e aproveito para perguntar se, como revelou em tempos, o Público:
 
“A magistrada Maria José Morgado afirmou hoje que a equipa de coordenação do processo Apito Dourado já efectuou 65 interrogatórios, fez 38 diligências externas de recolha de prova, 12 perícias e percorreu um total de 32.910 quilómetros”
 
E, se todos estes quilómetros, nestes dois casos, que estavam encerrados e foram reabertos por iniciativa da magistrada Maria José Morgado, e da sua equipa-maravilha, serviram para o que serviram, quem é que vai pagar as ajudas de custo e os quilómetros percorridos nas diligências efectuadas?
 
A conta vai para o mesmo sítio que a do Carlos Calheiros, ou vai para os lados da Luz?

Saem dois Compensans

16
Set09

O programa desportivo da RTP N, “Trio d’Ataque”, tem uma rubrica, o “Topo e Fundo”, em que os comentadores de serviço (António Pedro de Vasconcelos, em representação do Benfica, Rui Oliveira e Costa, do Sporting e Rui Moreira, pelo FC Porto – note-se que a ordem é alfabética, e por mero acaso, coincide com a ordenação comummente aplicada), fazem as suas escolhas para cada um daqueles “pódios”.

 
No pouco que assisti da edição de ontem, foi sem grande surpresa que vi António Pedro de Vasconcelos colocar no “Fundo”, a decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, que considerou inválidas, na parte do processo “Apito Final”, relativa ao Presidente da União de Leiria, João Bartolomeu, as escutas telefónicas retiradas do “Apito Dourado”.
 
Caiu mal entre os benfiquistas mais esta arrochada no “Apito”. Causa-lhes um tremendo mal-estar e azia enorme que, afinal de contas, o “Apito Final” venha desmantelar o “Dourado”, e pôr a nu a inconsistência da, tão defendida por eles, “justiça desportiva”.
 
Para o sr. António Pedro, que segundo afirmou, “não é jurista”, mas que teve algumas conversas com pessoas entendidas no assunto, a decisão do tribunal foi mal fundamentada, e não compreende como é que, face à gravidade do que se ouviu nas escutas, passe a redundância, e às decisões de sinal contrário a esta, tomadas por outros 23 juízes, o Tribunal tenha decidido como decidiu.
 
Independentemente da gravidade do que foi escutado a João Bartolomeu, pois não é isso que está em causa na decisão do Tribunal, como querem fazer crer o sr. em causa, e os senhores com quem terá conversado, ainda vivemos num pretenso Estado de direito.
 
Sabe-se que para os benfiquistas, as decisões dos tribunais, quando não são favoráveis às suas pretensões, o que até acontece com bastante frequência, não passam de lana caprina. No entanto, já bastas vozes haviam avisado que a prova recolhida em processo criminal não podia ser reutilizada em processo disciplinar. E adiantou alguma coisa?
 
Nem por isso. O que colhe para o sr. Vasconcelos, e para os benfiquistas em geral, é o argumento dos 23 juízes que decidiram a favor das suas ideias. No fundo, é a tal história dos seis milhões.
 
Em seis milhões, apanhar 23 benfiquistas, é mais provável do que apanhar quem não o seja. Agora, pelos vistos aconteceu. Azar nítido.  
 
E quanto às conversas, era capaz de apostar que, pelo menos um (ou mais), dos interlocutores terá saído do seguinte grupo: Fernando Seara, Cunha Leal, Sílvio Cervan, João Correia.
 
Para tranquilizar os benfiquistas, e aliviar o ardor estomacal, gostaria de lembrar, que, ao contrário do noticiado, nada disto irá aproveitar ao FC Porto. Ao Boavista e à União de Leiria, talvez sim. Mas ao FC Porto, nem por isso.
 
E porquê? Porque o único caso em que o FC Porto foi castigado com base em escutas telefónicas, foi o famoso “Caso da Fruta”, do jogo com o Estrela da Amadora, que já está arquivado por falta de provas, pela segunda vez, depois de ressuscitado pela Dr.ª Maria José Morgado.
 
No caso do árbitro Augusto Duarte, não houve escutas, mas sim o depoimento da Carolina Salgado, reforçado depois no seu best-seller. E este também já foi julgado, tendo Pinto da Costa sido absolvido de todas as acusações.
 
Portanto, no caso do FC Porto, animem-se que não é por aqui que o gato vai às filhós.
 
Assim, fico à espera de ver, talvez na próxima semana, o António Pedro de Vasconcelos colocar no “Fundo”, o Delegado da Liga castigado por causa das omissões no relatório do jogo Benfica x Nacional.
 
Depois, foi com enorme regozijo que pude constatar a frustração dos três comentadores, relativamente à derrota do FC Porto contra o Chelsea.
 
É assim. O FC Porto eleva as expectativas de tal maneira, que depois as pessoas estranham que não ganhe, ou pelo menos empate, na casa do clube do Abramovich.
 
Os londrinos são candidatos à vitória na Liga inglesa, e para os comentadores, também o são à Liga dos Campeões, tendo ficado, para eles, a pairar a ideia de que, se tivessem acelerado mais um pouquinho, ai do FC Porto.  
 
A opinião geral foi de que o FC Porto devia ter ido jogar de “peito feito”, de igual para igual. Com o Falcao e o Varela, no mínimo, e talvez o Belushi, nos lugares do Cristián Rodriguez, do Mariano Gonzalez e do Guarín.
 
O prof. Jesualdo ao mexer na equipa, como fez, de acordo com os ditos comentadores, terá passado um atestado de menoridade ao FC Porto, ferindo, para o comentador do Sporting, e principalmente, António Pedro de Vasconcelos, o orgulho nacional, a dignidade, o nome e a honra do futebol pátrio. Enfim, um crime de lesa Pátria.
 
Por norma, revejo-me nas posições de Rui Moreira, mas desta vez, talvez levado pelo seu entusiasmo, não me parece que tenha razão.
 
Então vejamos. Perante o Chelsea, candidato à Liga nacional e à Champions, com um poderio financeiro incomparável com o do FC Porto (LOL), e a quem bastaria uma aceleração para desfazer o castelo de areia portista, o FC Porto deveria entrar na máxima força?
 
Estamos a falar do FC Porto, que em 14 jogos, como hoje fazem questão de referir quase todos os jornais, nunca ganhou em Inglaterra, e que nos próximos dois jogos da Liga Sagres vai enfrentar o SC Braga e o Sporting. E estamos a falar, para além disso, de um jogo disputado à chuva.
 
Desculpem lá, mas, desta vez, acho que o Jesualdo fez muito bem em reforçar o meio-campo, poupando jogadores, e dando minutos a jogadores menos rodados.
 
Aliás, tirando a componente das expectativas, que no caso portista são sempre elevadas, o que até é salutar, e um sinal do respeito que os adversários nutrem por nós, não percebo o espanto. Na primeira parte o jogo até não correu mal, e se o Raul Meireles soubesse cabecear, outro galo poderia estar a cantar.
 
Ainda há menos de um mês, o treinador de um clube enorme deixou de fora de uma partida uma série de jogadores, precisamente para dar minutos a atletas menos utilizados. Perdeu o jogo contra o portento ucraniano Vorksla Poltrava, e nem por isso cairam o Carmo e a Trindade, e terão ficado feridas a dignidade e a honorabilidade do futebol português.
 
Será, talvez, sinal de habituação!
 
É bem certo que a eliminatória estava praticamente assegurada com o resultado do jogo em casa. Mas que diabo! Para o FC Porto era a estreia na Champions. O primeiro jogo do grupo, e com o empate entre Atlético de Madrid e Apoel, decisivos, decisivos, são os jogos com estes e o jogo em casa com o Chelsea!
 
Não vale a pena dar o passo maior que a perna, e correr o risco de deixar fugir o Benfica na Liga, o que vinha mesmo a calhar para a estratégia de “bola de neve” dos encarnados.
 

Haja tranquilidade, como diria alguém, que mesmo com aquela equipa, demos luta ao Chelsea, e esqueçam as “teorias da aceleração”.