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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Corruptos e corruptores – Subsídios para um português que se quer escorreito (ou “Quando for grande quero ser como a Dr.ª Edite Estrela”)

20
Mar12
 

Apercebi-me recentemente, muito por força da azia que a nossa vitória de há duas semanas no estádio onde vamos jogar hoje, terá provocado, que os adeptos do clube derrotado insistem e continuam a mimosear-nos com o carinhoso epiteto de “corruptos” e a (des)tratar o nosso clube denominando-o de “Futebol Corrupto do Porto”.

 

Vindo de onde vem, não é algo que me afecte grandemente, e não é por isso que me dediquei a escrever este texto.

 

Num País onde, pese embora todas as Novas Oportunidades, a iliteracia grassa quase omnipresente, é nosso dever cívico, enquanto cidadãos de corpo inteiro, contribuir, sem pretensões ou superioridades, para minorar esse flagelo junto dos nossos concidadãos, que por tanto se mostrem interessados. Os que não estão interessados, passem bem.

 

É pois, imbuído deste espírito, que passo ao seguinte esclarecimento de conceitos, com a inestimével ajuda do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

 

Corrupto (adj.) – 1. Que sofreu corrupção; 2. Adulterado, viciado; 3. Desmoralizado, devasso; 4. Prevaricador, venal; 5 . Errado (falando-se de linguagem).

 

Corruptor (adj. s. m.) – 1. Que ou o que corrompe; 2. Que instiga à corrupção, ao suborno.

 

Assim sendo, ainda que para mim resulte em quase imperscrutável o, certamente tortuoso, a existir algum, processo mental por intermédio do qual os adeptos daquele clube concluem sermos “corruptos” e o nosso clube o “Futebol Corrupto do Porto”, presumo que se filiarão nos famosos casos dos “Apitos”, o “Dourado” e o “Final”.

 

Nem me vou dar ao trabalho de enunciar a quantidade de vezes em que as mais variadas instâncias judiciais e desportivas deitaram por terra as teses por eles sustentadas, e deram por finalmente mortos e enterrados processos em estado moribundo, ressuscitados pela híper-mega-task-force da Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado.

 

O YouTube revela índices de credibilidade bem mais elevados que todas aquelas instâncias juntas. Os tribunais só acertam, conforme se queixa o próprio, quando o arguido em causa dá pelo nome de João Vale e Azevedo, ultimamente tão na berra.

 

Como álibi para a terminologia empregue refugiam-se, conjecturo apenas, porque a psiquiatria não é o meu forte, no facto de o Futebol Clube do Porto, nunca haver interposto recurso da decisão da Federação Portuguesa de Futebol, que lhe retirou seis dos pontos conquistados ao longo da temporada 2007/2008. Os tais seis pontos, que não voltam mais.

 

Há muitos portistas que ainda caminham desconfortavelmente com essa pedra no sapato. Compreendo-os. É uma mácula que ficou impregnada nas faixas daquele título, o clube, ao contrário do que fez o seu presidente, não ter contestado a acusação que sobre si impendia.

 

Na altura, confesso que também assim pensei. Mas depois, acordei para a realidade do ardil urdido pela corja fomentadora daquele processo, e, sinceramente, neste momento, nem me aquece, nem me arrefece.

 

Na altura, recordo-me que havia duas linhas de argumentação que defendiam a não interposição do recurso.

Uma, sustentava que um eventual recurso poria em causa a homologação do campeonato, e, consequentemente, a inscrição do clube nas provas da UEFA da época subsequente.

 

A outra, que um recurso, a acontecer, protelaria uma qualquer decisão para a época seguinte, e por conseguinte, a produção dos seus efeitos. Ou seja, em vez de terminar a temporada de 2007/2008, com uns míseros catorze pontos de vantagem para o segundo classificado, arriscávamo-nos a iniciar a época seguinte com menos seis pontos, ou a perdê-los, no decurso da mesma.

 

Não sei qual das duas, se alguma, será verídica. A mim parece-me mais verosímil a segunda. Tendo este pressuposto em consideração, é compreensível a opção estratégica do clube.

 

E sei que, tal como eu a compreendo, muitos daqueles que se destacam da mole ignara de apaniguados daquele clube, também entendem perfeitamente a opção tomada. Contudo, perante a impotência, perante a humilhação das derrotas sofridas, no campo e fora dele, fazem daquela arma de arremesso o paliativo de recurso.

 

Pois bem, tenho uma má notícia para lhes dar. Estão redondamente equivocados. Para já, a ter sido em alguma instância, daquelas que valem, e não no YouTube ou na …ica TV, condenado o Futebol Clube do Porto, nunca seria “corrupto”. Quanto muito, nessa hipótese, admitida apenas com intuito didáctico, seria “corruptor”.

 

Ou seja, aquele que corrompe, e não o que é corrompido. Portanto, do primeiro erro voluntário, vira-se a página e entramos na confusão, também voluntária para alguns, nem tanto, para outros, na aplicação dos conceitos.

 

Se o Futebol Clube do Porto corrompesse, então teria, em princípio de existir um corrompido. Digo “em princípio”, porque não são virgens na justiça e na política portuguesas as situações em que, havendo “corruptores”, não há “corrompidos”.
 
 
 

Como curiosidade adicional, refira-se que no primeiro daqueles casos, em que, no Tribunal da Boa Hora, numa sala de audiências eram condenados os corruptores, figuras gratas caídas em desgraça do Partido Socialista, e noutra sala era absolvido o presumível corrupto, a equipa do Ministério Público encarregue da acusação, que na altura, ao que consta, não era híper-mega, nem sequer task force, incluía nas suas fileiras a atrás mencionada Maria José Morgado, Procuradora-Geral Adjunta.

 

Ora, se, como se arrogam, são seis milhões os adeptos do nosso adversário de hoje, e apenas um milhão e trezentos mil do nosso lado. Se, como é sobejamente sabido, e em muitos casos, perante declarações públicas de amor serôdio, a maior parte dos árbitros actualmente em funções são também, digamos, “simpatizantes” do dito clube.

 

Se, ainda há não muito tempo, até no Conselho de Ministros a maioria era pelas suas cores, então, parece-me a mim, que a probabilidade estatística de que os “corruptos”, afinal estejam noutro lado, será…hmm, hmm, é fazer as contas, bastante elevada.

 

A não ser que, numa hipótese desprovida de grande sentido, a quase totalidade da magistratura nacional e demais vendidos/comprados esteja incluída no tal mísero milhão e trezentos mil.

 

Pois é meus caros. Lamento muito informá-los, mas laboram em erro. Os “corruptos” estão quase de certeza do vosso lado. É entre vós que, a haver alguma réstia de corrupção, poderão procurar os corruptos.

 

Por isso, lanço-lhes daqui um apelo: caso mais logo o jogo não lhes corra de feição, deixem-se de tangas, e enfrentem a realidade. Ou então, não o façam, como sempre. Garanto-vos que será, com certeza, para o lado que vou dormir melhor…

Azeiteiros e azeiteirices

29
Fev12

"Não tenho confiança nos Tribunais Administrativos, que sabem tanto de direito desportivo como eu de lagares de azeite" - diz o ex-conselheiro João Carrajola Abreu, a propósito da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, considerou nula a tal famosa reunião em dois actos do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.

 

Agora, perdi-me. Então o excelso Prof. Doutor Freitas do Amaral, eminentíssima e sereníssima autoridade que proferiu o parecer em que seterá louvado a decisão do dito Conselho de Justiça, afinal é perito em quê?

 

Direiro administrativo ou direito desportivo? Estava convencidíssimo que a sua especialidade era o direito administrativo.

 

Portanto, parece-me a mim, que percebo tanto disto como de um lagar de azeite, que o ex-conselheiro deu um valente tiro no pé. Ou não percebe um boi de direito administrativo, direito desportivo, e simultaneamente, de lagares de azeite.

 

Pior, diz que "[f]aria tudo da mesma forma e continu[a] a dizer que houve conluio do presidente [do Conselho de Justiça] com Pinto da Costa e o Boavista".

 

Admitamos que sim, que houve de facto conluio. Sendo assim, uma vez anulada a reunião por esse motivo, que obviamente, teria de ser apurado em sede própria, e não pela vontade discricionária do ex-Conselheiro,  que necessidade teria este de levar a cabo a segunda reunião, sem a presença do Presidente do Conselho?

 

Conluio?


Nota (actualizado em 01.03.2012): Há um lapso da minha parte no texto. O que se louvou no parecer do Prof. Doutor Freitas do Amaral não foi a decisão do CJ, mas a sua homologação pela FPF. Rectificação feita, as minhas desculpas.


 

Saem dois Compensans

16
Set09

O programa desportivo da RTP N, “Trio d’Ataque”, tem uma rubrica, o “Topo e Fundo”, em que os comentadores de serviço (António Pedro de Vasconcelos, em representação do Benfica, Rui Oliveira e Costa, do Sporting e Rui Moreira, pelo FC Porto – note-se que a ordem é alfabética, e por mero acaso, coincide com a ordenação comummente aplicada), fazem as suas escolhas para cada um daqueles “pódios”.

 
No pouco que assisti da edição de ontem, foi sem grande surpresa que vi António Pedro de Vasconcelos colocar no “Fundo”, a decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, que considerou inválidas, na parte do processo “Apito Final”, relativa ao Presidente da União de Leiria, João Bartolomeu, as escutas telefónicas retiradas do “Apito Dourado”.
 
Caiu mal entre os benfiquistas mais esta arrochada no “Apito”. Causa-lhes um tremendo mal-estar e azia enorme que, afinal de contas, o “Apito Final” venha desmantelar o “Dourado”, e pôr a nu a inconsistência da, tão defendida por eles, “justiça desportiva”.
 
Para o sr. António Pedro, que segundo afirmou, “não é jurista”, mas que teve algumas conversas com pessoas entendidas no assunto, a decisão do tribunal foi mal fundamentada, e não compreende como é que, face à gravidade do que se ouviu nas escutas, passe a redundância, e às decisões de sinal contrário a esta, tomadas por outros 23 juízes, o Tribunal tenha decidido como decidiu.
 
Independentemente da gravidade do que foi escutado a João Bartolomeu, pois não é isso que está em causa na decisão do Tribunal, como querem fazer crer o sr. em causa, e os senhores com quem terá conversado, ainda vivemos num pretenso Estado de direito.
 
Sabe-se que para os benfiquistas, as decisões dos tribunais, quando não são favoráveis às suas pretensões, o que até acontece com bastante frequência, não passam de lana caprina. No entanto, já bastas vozes haviam avisado que a prova recolhida em processo criminal não podia ser reutilizada em processo disciplinar. E adiantou alguma coisa?
 
Nem por isso. O que colhe para o sr. Vasconcelos, e para os benfiquistas em geral, é o argumento dos 23 juízes que decidiram a favor das suas ideias. No fundo, é a tal história dos seis milhões.
 
Em seis milhões, apanhar 23 benfiquistas, é mais provável do que apanhar quem não o seja. Agora, pelos vistos aconteceu. Azar nítido.  
 
E quanto às conversas, era capaz de apostar que, pelo menos um (ou mais), dos interlocutores terá saído do seguinte grupo: Fernando Seara, Cunha Leal, Sílvio Cervan, João Correia.
 
Para tranquilizar os benfiquistas, e aliviar o ardor estomacal, gostaria de lembrar, que, ao contrário do noticiado, nada disto irá aproveitar ao FC Porto. Ao Boavista e à União de Leiria, talvez sim. Mas ao FC Porto, nem por isso.
 
E porquê? Porque o único caso em que o FC Porto foi castigado com base em escutas telefónicas, foi o famoso “Caso da Fruta”, do jogo com o Estrela da Amadora, que já está arquivado por falta de provas, pela segunda vez, depois de ressuscitado pela Dr.ª Maria José Morgado.
 
No caso do árbitro Augusto Duarte, não houve escutas, mas sim o depoimento da Carolina Salgado, reforçado depois no seu best-seller. E este também já foi julgado, tendo Pinto da Costa sido absolvido de todas as acusações.
 
Portanto, no caso do FC Porto, animem-se que não é por aqui que o gato vai às filhós.
 
Assim, fico à espera de ver, talvez na próxima semana, o António Pedro de Vasconcelos colocar no “Fundo”, o Delegado da Liga castigado por causa das omissões no relatório do jogo Benfica x Nacional.
 
Depois, foi com enorme regozijo que pude constatar a frustração dos três comentadores, relativamente à derrota do FC Porto contra o Chelsea.
 
É assim. O FC Porto eleva as expectativas de tal maneira, que depois as pessoas estranham que não ganhe, ou pelo menos empate, na casa do clube do Abramovich.
 
Os londrinos são candidatos à vitória na Liga inglesa, e para os comentadores, também o são à Liga dos Campeões, tendo ficado, para eles, a pairar a ideia de que, se tivessem acelerado mais um pouquinho, ai do FC Porto.  
 
A opinião geral foi de que o FC Porto devia ter ido jogar de “peito feito”, de igual para igual. Com o Falcao e o Varela, no mínimo, e talvez o Belushi, nos lugares do Cristián Rodriguez, do Mariano Gonzalez e do Guarín.
 
O prof. Jesualdo ao mexer na equipa, como fez, de acordo com os ditos comentadores, terá passado um atestado de menoridade ao FC Porto, ferindo, para o comentador do Sporting, e principalmente, António Pedro de Vasconcelos, o orgulho nacional, a dignidade, o nome e a honra do futebol pátrio. Enfim, um crime de lesa Pátria.
 
Por norma, revejo-me nas posições de Rui Moreira, mas desta vez, talvez levado pelo seu entusiasmo, não me parece que tenha razão.
 
Então vejamos. Perante o Chelsea, candidato à Liga nacional e à Champions, com um poderio financeiro incomparável com o do FC Porto (LOL), e a quem bastaria uma aceleração para desfazer o castelo de areia portista, o FC Porto deveria entrar na máxima força?
 
Estamos a falar do FC Porto, que em 14 jogos, como hoje fazem questão de referir quase todos os jornais, nunca ganhou em Inglaterra, e que nos próximos dois jogos da Liga Sagres vai enfrentar o SC Braga e o Sporting. E estamos a falar, para além disso, de um jogo disputado à chuva.
 
Desculpem lá, mas, desta vez, acho que o Jesualdo fez muito bem em reforçar o meio-campo, poupando jogadores, e dando minutos a jogadores menos rodados.
 
Aliás, tirando a componente das expectativas, que no caso portista são sempre elevadas, o que até é salutar, e um sinal do respeito que os adversários nutrem por nós, não percebo o espanto. Na primeira parte o jogo até não correu mal, e se o Raul Meireles soubesse cabecear, outro galo poderia estar a cantar.
 
Ainda há menos de um mês, o treinador de um clube enorme deixou de fora de uma partida uma série de jogadores, precisamente para dar minutos a atletas menos utilizados. Perdeu o jogo contra o portento ucraniano Vorksla Poltrava, e nem por isso cairam o Carmo e a Trindade, e terão ficado feridas a dignidade e a honorabilidade do futebol português.
 
Será, talvez, sinal de habituação!
 
É bem certo que a eliminatória estava praticamente assegurada com o resultado do jogo em casa. Mas que diabo! Para o FC Porto era a estreia na Champions. O primeiro jogo do grupo, e com o empate entre Atlético de Madrid e Apoel, decisivos, decisivos, são os jogos com estes e o jogo em casa com o Chelsea!
 
Não vale a pena dar o passo maior que a perna, e correr o risco de deixar fugir o Benfica na Liga, o que vinha mesmo a calhar para a estratégia de “bola de neve” dos encarnados.
 

Haja tranquilidade, como diria alguém, que mesmo com aquela equipa, demos luta ao Chelsea, e esqueçam as “teorias da aceleração”.