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Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Azul ao Sul

Algarvio e portista E depois? O mar também é azul...

Truz, truz, quem vem lá?

05
Dez14

Há uma regra na vida, que embora nunca tenha aplicado pessoalmente, tenho de ciência certa, que resiste a qualquer teste ou experimentação.

 

Só vocês saberão o porquê, mas imaginem que vão visitar uma vidente, uma astróloga, uma cartomante, uma taróloga, uma cigana, como quiserem. Se baterem à porta ou tocarem à campainha, e do lado de lá uma voz perguntar: “Quem é?”, esqueçam. É escusado, podem dar meia volta e ir embora.

 

Assim andam a arbitragem portuguesa e as nomeações do Vítor Pereira. Ele bem nos pode oferecer a bola de cristal, o baralho de Tarot, e dizer-nos que vamos ter os melhores árbitros nos melhores jogos.

 

A acção não bate certo com o discurso, e as nomeações que faz são de tal forma incompreensíveis, que se tornam mais imprevisíveis que uma ida dos meus filhos à casa de banho.

 

Isto, caso se perguntem, vem muito concretamente a propósito da recente nomeação dos Manueis, o Oliveira e o Mota, para os jogos do actual primeiro classificado e o nosso.

 

Mas não é novo. Já no final da época passada, que ainda por cima, marcou a estreia da profissionalização da arbitragem, questionei esta “política”. Não estão disponíveis os internacionais/profissionais, e vão estes? Será isso?

 

Paulo Baptista – um árbitro que, não obstante a longa carreira, pelos vistos, nunca mostrou competência suficiente para alcançar a internacionalização, mas que possui no seu currículo um vasto lastro de presenças em clássicos e até uma final da Taça de Portugal – comentou criticamente na época passada, que seria uma forma de preservar os internacionais.

 

Apitavam menos, logo, mais longe do escrutínio geral estariam e menos erros cometeriam.

 

Então mas estes, não é suposto serem os melhores? Se são os melhores, não errarão menos que os outros?

 

Ou afinal, é tudo a mesma coisa? Se é assim, porque é que estes é que são internacionais/profissionais, e não os outros? Qual é o critério de escolha? As avaliações?

 

Então, mas se não chegam a internacionais porque não têm boas notas, a seguir vão apitar os tais melhores jogos? Para quê? Melhoria de nota?

 

Tudo isto é muito relativo. Ainda há umas jornadas atrás tivemos um belo exemplo do que é a ironia poética da nossa arbitragem.

 

Bruno Paixão, um árbitro que fez o percurso inverso, sendo despromovido de internacional, segundo a lógica, por não ser suficientemente competente para tal, foi apesar disso, escolhido para um jogo importante.

A coisa até não lhe terá corrido mal, mas um dos seus auxiliares cometeu um daqueles erros de palmatória, perfeitamente naturais, quando a favor de um dos clubes em compita. O que é que aconteceu? Todos caíram em cima do Bruno, e irão cair-lhe enquanto o caso estiver em cache na memória.

 

Nessa mesma jornada, o Artur Soares Dias, árbitro internacional, fez uma arbitragem do mais ranhoso que há, num jogo nosso, e o que é que lhe sucedeu? Escapou-se incólume por entre as gotas de chuva.

 

Por isso, esta questão, quanto a mim, ultrapassa já o mero pormenor da “escolha”. Acho que entrámos grandemente no domínio da gestão danosa.

 

Se existem recursos disponíveis, estamos a pagar por eles, e não os utilizamos, o que é que podemos chamar a isso?

 

Faz-me lembrar um País que conheço, que também foi pago para esquecer a pesca, a agricultura, a indústria: “Ah, e tal, esqueçam lá isso, que vos damos fundos para a formação profissional”. O resultado está à vista.

 

E se existem recursos disponíveis, pagamos por eles, não os utilizamos, e ainda vamos pagar a outros piores para executarem a mesma tarefa, então, nem sei o que diga.

O dia em que milhares de portugueses aprenderam as cores da monarquia

21
Out13

 

 
"Ao ler as notícias vejo que o presidente da Liga disse que há uma monarquia na arbitragem e no sistema. Ele como republicano quer a coisa mais transparente. As bandeiras da monarquia e da república têm cores inconfundíveis..."
 
O trecho que acabei de transcrever, ao que parece, foi um comentário feito no seu Facebook, pelo assessor do presidente da Liga de Clubes, João Tocha, sobre algo que, por sua vez, o patrão comentara sobre a profissionalização na arbitragem.
 
Quando o li no Diário de Notícias de sábado passado, achei-o um comentário demasiado inteligente, e revelador de um saber histórico que não estaria ao alcance de todos. Ou seja, demasiado subtil, hermético e excessivamente cifrado para ser percebido pelo meio do futebol.
 
Tendo em conta que o seu autor fôra antes assessor de comunicação de Hermínio Loureiro e de Fernando Gomes, talvez seja essa a explicação para a política de comunicação seguida pela Liga.
 
Que eu saiba, mais ninguém terá pegado no assunto. O Record, orgão de comunicação, tantas vezes por nós vilipendiado, concordou comigo, e fez questão, certamente numa lógica inaudita de serviço público, para que a mensagem fosse plenamente captada, vir esclarecer ao público em geral, quais afinal as cores da monarquia.
 
Bem hajam ao Record, e...ao Rui Santos, que fez o favor de replicar o artigo no Facebook do "Tempo Extra". Com certeza que pouparam milhares de portugueses, de buscas entediantes na net pelas cores da monarquia.
 
Mas não só. No afã de prestar o tal "serviço público", alargando-o o mais possível a sectores anti-portistas primários, a lógica da coisa foi preterida.
 
Que raio de vantagem é que o FC Porto retirará da profissionalização dos árbitros, para ver desta maneira as suas cores a ela associadas?
 
Se a profissionalização vai abranger apenas árbitros internacionais.
 
Se grande parte dos internancionais, ou são de Lisboa, ou são benfiquistas, ou ambas.
 
Dos que não são, que vantagem tirará o FC Porto em benficiar Xistras ou Benquerenças?
 
Ou mesmo os portuenses. O histórico de Jorges Sousas, Soares Dias ou Vascos Santos, não faz deles nem mais, nem menos, que os anteriores, no que toca a favorecer as nossas cores.
 
Será apenas para dar um doce a Pedro Proença? É uma lógica que fará algum sentido para todos aqueles, e não são poucos, que acreditam que o sucesso ou insucesso de uma temporada se resume ao resultado de uma única partida.
 
Se como se diz por aí, e tantos acreditam piamente, o FC Porto compra os árbitros por fora, que vantagem terá em que estes passem a ser remunerados enquanto tal? Configura muito claramente um acto flagrantíssimo de concorrência desleal, digna de queixa a Bruxelas.
 
Foi o FC Porto que apoiou as actuais direcções da Liga de Clubes ou da Federação Portuguesa de Futebol? Ou que exigiu a continuidade em funções de Vítor Pereira no Conselho de Arbitragem, em contrapartida do seu apoio?
 
Foram por acaso adeptos do FC Porto, que foram identificados como os perpetradores das ameaças a árbitros, que motivaram a alteração dos timmings de divulgação nas nomeações de árbitros?
 
Foram dirigentes, adeptos ou simpatizantes do FC Porto que foram encontrados na posse de listas com dados pessoais de árbitros?  
 
Foi a algum administrador da SAD portista que se dirigiu o presidente de um certo clube, questionando-o se era para "[aquilo] que queria controlar a arbitragem"?
 
Tenho a vaga ideia de que a resposta a estas questões é negativa.
 
Há coisas que não mudam. Porque será que alguns, em vez de ficarem à espera de D. Sebastiões, não fazem antes algo pela própria vida?

Agilidade informativa, a falta dela e o seu excesso

25
Fev13

Numa da inúmeras tiras do Quino, uma das personagens, salvo erro o Miguelito, a páginas tantas, queixa-se à Mafalda porque a sua professora, com toda a solenidade, informou na sala de aula que:

 

“Cristóvão Colombo descobriu a América em 1492”

 

“1492!!” – insurgia-se ele, rematando, para concluir: “Digamos que a minha professora, não tem a agilidade informativa da France Presse”.

 

Recordei-me deste momento do Miguelito, quando vi a celebração do melhor ataque do campeonato, na capa do “Record” de hoje:

 

 

É inquestionável. O clube em questão tem 50 golos marcados, o FC Porto tem 49, e o terceiro melhor, o SC Braga tem apenas 44. Logo, é sem sombra de dúvida o melhor ataque.

 

No entanto, este enaltecimento fez-me recuar, tal como neste outro texto que escrevi recentemente, mais anos do que aquele número de golos.

 

Mais exactamente à época de 1958/1959, e ao pós famoso jogo do Inocêncio Calabote.

 

Só para os situar, no caso improvável de não terem lido o dito texto, aquele campeonato foi conquistado por nós, pela maior diferença de golos entre marcados e sofridos, o tal de "goal average".

 

Os dois primeiros classificados terminaram a prova com 41 pontos, mas enquanto do nosso lado foram 81 os golos marcados, e 22 os sofridos, a equipa que venceu no jogo dirigido pelo mítico Calabote, obteve 78 tentos, e sofreu 20.

 

Com a bonomia e o fairplay que ainda hoje a caracteriza, a comunicação social afecta ao clube perdedor de então, lamentava, com alguma subtileza, a perda do campeonato. Veja-se, a título de exemplo, o artigo de Aurélio Márcio, [no papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos]:

 

“O [segundo classificado ex-aequo] seria campeão em França e Inglaterra

 

O FCP conquistou o título por um golo, que tanto pode ser o de Teixeira como o da CUF. Em França e Inglaterra, porém, o SLB seria campeão, pois o seu quociente (3,9) é superior em relação ao do FCP (3,6) (Nota: o quociente calculava-se dividindo o total de golos marcados pelo total de golos sofridos).
Fazemos votos para que numa próxima reforma do regulamento geral da FPF se recorra todos os meios de desempate, menos aos jogos extra, que não condizem com o espírito da competição.”

 

O Norte Desportivo [por esses dias, rival do papel para forrar fundos de gaiolas de periquitos] faz uma notícia bem corrosiva como resposta ao texto de Aurélio Márcio:

 

“O [segundo classificado ex-aequo] ficaria campeão em Inglaterra e em França, mas…

 

…em Portugal o campeão é o FCP.


Alguns colegas nossos do sul têm descoberto muitas coisas. São, realmente, uns verdadeiros sábios e, os seus devaneios, caprichosos, saem da vulgaridade. Agora descobriram que o SLB, se fosse na França e na Inglaterra, teria ficado campeão, pois seria utilizado o coeficiente de golos de golos. E foram tão ”perfeitos” que até fizeram contas a demonstrarem que são excelentes aritméticos…
Mas a despeito dessas obrigações, ao simpático e popularíssimo
[clube] o que interessava era ficar campeão de Portugal. Ora esse intuito é que não se corporizou, pois o campeão é o FCP.


Foi pena que os nossos ilustres colegas não informassem a multidão de quem ficaria campeão da Indochina, nas Filipinas ou na Patagónia.”

 

Assim são os festejos pelo melhor ataque. Ora, muitos parabéns, mas quem está na dianteira, ainda que ex-aequo, é o FC Porto. Portanto, fiquem lá com o melhor ataque, que a melhor defesa e a melhor diferença de golos moram noutro sítio.

 

Outro exemplo da falta de agilidade informativa reinante, poderia ser aquele que se segue.

 

O FC Porto depois da sobrecarga física que significaram os encontros com o Málaga e com o Rio Ave, e aproveitando os efeitos suspensivos do recurso interposto pelo Vitória de Setúbal na Taça Lucílio Baptista, só vai começar a preparar o clássico da Calimeroláxia na terça-feira.

 

Entretanto, após o seu jogo de ontem, qual é uma das constatações, sempre perspicazes, do treinador do clube que não se preocupa nada connosco, e que nos acusa de dormirmos, vivermos, existirmos, sempre obcecados por eles, e que por sinal e até ver, vai disputar uma meia-final da Lucílio Baptista com o SC Braga, na próxima quarta-feira?

 

"O Sporting agora joga com meia equipa B"

 

Neste caso, como facilmente se constata, a falta de agilidade está do lado de quem recebe a informação.

 

É da teoria da comunicação. O indivíduo em questão foi receptor da mensagem de que o clube que vamos defrontar, agora joga com meia equipa B. Contudo, por incapacidades e lacunas de (a)variada ordem, comumente designadas por “ruído”, foi incapaz de processar aquela informação.

 

Se o tivesse sido, talvez tivesse percebido que, se o nosso futuro adversário faz alinhar agora meia equipa B, tal significará que algo andaria mal com a sua equipa, dita A. Ou não?

 

Equipa A, por sua vez, que a sua equipa defrontou e derrotou, n’”um campo que quando (…) lá foi, era mais difícil”. Seria mesmo? E o treinador do adversário na altura? Também era, como o de agora, "o melhor treinador a dinamizar o 4x3x3”?

 

Pormenores asininos!

 

Regista-se porém outros casos, em que a agilidade informativa é tão aguçada e astuta, que até assusta.

 

Deitei-me no sábado passado de consciência tranquila, com a grata sensação do dever cumprido. O jogo não correu pelo melhor, em termos exibicionais, mas, apesar da estupidez do penálti do Jackson Martinez, derrotáramos o Rio Ave.

 

Os penáltis a nosso favor foram claríssimos, e não haveria nada a apontar.

 

No domingo, olho para os destaques da imprensa, e dou de caras com isto:

 

"Num jogo que teve dois penáltis bem assinalados a favor do FC Porto, Artur Soares Dias deixou passar em claro um castigo máximo a favor do Rio Ave, sendo essa a grande mancha na sua exibição no Dragão".

 

Confesso que fiquei assarapantado. Não vi o jogo, mas ouvi o relato. Que eu tenha reparado, ninguém falou num penálti a favor dos vilacondenses.

 

Não vi os programas desportivos de sábado (nem os de domingo, nem vou ver os de hoje!), por isso, não sei se terá sido o Gobern a abordar este tema. Admito que sim…

 

Para tirar dúvidas,fui ao "Bibó Porto, carago!", ler o "Tribunal d'O Jogo".

 

 

Mais consensual seria difícil: “Decisões exemplares”, é como começa o resumo da actuação do árbitro.

 

E no entanto, ontem na RTPI, lá veio outra vez a história do penálti, que terá sido cometido pelo Otamendi sobre o Ukra, mas que, na única toma que mostram do lance – quais repetições, qual carapuça! – não se percebe bem o que se passa.

 

Portanto, esta coisa da agilidade informativa, como tantas outras, no que ao nosso futebol diz respeito, é claramente como os interruptores, umas vezes para cima, outras para baixo, liga e desliga.

 

...e, a propósito de agilidade... 

 

 
Nota: Chamo-me Alexandre, e tenho um péssimo hábito. Vou com frequência buscar coisas à internet e, ou despreocupadamente, nem reparo de onde, ou confio desmesuradamente na infalibilidade da minha memória, para lhes encontrar novamente o rasto.
 
Foi o que aconteceu com os excertos que acima reproduzi. Porém, dada a enorme afluência e a apreciação que suscitou, designadamente o do "Norte Desportivo", resolvi fazer mais um esforço. E encontrei. Foi num comentário no Blasfémias. O seu a seu dono, não quero ficar com méritos que não são meus.  

Os grandes números e os pequenos homens

21
Jan13

Quem segue o futebol português, por há muito pouco tempo que o faça, facilmente se terá apercebido que se trata de solo fecundo, por assim dizer, para cenas, no mínimo, caricatas.

 

E não, não estou a falar da arbitragem de Duarte Gomes em Braga. Nesse capítulo, António Salvador, presidente do SC Braga, disse praticamente tudo o que havia para dizer:

 

“Em 10 anos nunca saí deste estádio tão indignado após uma vitória expressiva como esta. Foi uma arbitragem vergonhosa, tendenciosa mesmo, [Duarte Gomes] andou durante todo o jogo a tentar arranjar forma de expulsar jogadores do Braga e depois expulsou o Paulo Vinícius num lance em que ele não fez nada para isso. Se é falta, é cartão amarelo. É uma expulsão vergonhosa”.

 

”só no tempo do Calabote é que se usavam arbitragens destas, no futebol atual, no futebol moderno e credível, não pode haver».

 

 [Duarte Gomes] «teve este ano a pior nota de um árbitro, 1,9: não foi para a ‘jarra' e hoje fez a exibição que todo o país viu”.

 

Os espaços que ficaram por preencher, o Zé Luis, no Portistas de Bancada, o Anti-Lampião, e o Tasqueiro Ultra-Copos, no Tasca de Palmeira, trataram de o fazer na perfeição.

 

Pela minha parte, um bocadinho por antecipação, dei uma modesta colaboração no texto "Quem melhor?!"

 

Posto isto, resta-me agora apenas acrescentar que Duarte Gomes integra a lista de Fontelas Gomes, a única que vai candidatar-se à presidência da APAF, na qualidade de secretário do Conselho Deontológico e Disciplinar, de que também fazem parte Pedro Proença, João “pode vir o João” Ferreira e Carlos Xistra.

 

A APAF era, e julgo que ainda será, um dos elementos do colégio eleitoral que sufraga a direcção da Federação Portuguesa de Futebol.

 

É claro, que tudo isto não passa de um mero fait divers

 

Assim como o facto de o Conselho de Arbitragem integrar, na sua secção profissional, nomes como os de Lucílio Baptista ou Luis Guilherme.

 

Por algum motivo, o próprio Pedro Proença tem dúvidas sobre se o futebol português merece reconhecimentos internacionais, como o de melhor árbitro do ano.

 

Afinal de contas, quem faz “uma crítica construtiva ao modelo de avaliação e funcionamento dos observadores em Portugal”, nos termos em que este o fez – “Sinto que os observadores estão condicionados porque querem ser da primeira categoria quando não têm qualidades para tal. (Tentam agradar) a quem está no poder” - e vê arquivado o processo de inquérito levantado, dá não só mostras de ser profundamente conhecedor da forma como as coisas funcionam, como lhe assiste toda a legitimidade para se pôr em bicos de pés.

 

Como ver colocada em causa por aquela afirmação a “competência e idoneidade dos observadores”?

 

É claro que depois, pouco surpreende que se veja envolvido em cenas rocambolescas como a não nomeação para o recente clássico da Cesta do Pão ou o adiamento do nosso jogo em Setúbal.

 

Comecemos pelo fim, pela não nomeação. Vítor Pereira diz que Pedro Proença estava de férias, com pedido de dispensa metido e autorizado, e como tal, não foi nomeado.

 

Vem Pedro Proença e diz que não senhor, acabem lá com esse mito das férias. Estava ausente do país, mas perfeitamente disponível para apitar o clássico. Porém, é o próprio que admite “que dificilmente podia ser o árbitro escolhido, uma vez que esteve recentemente no V. Setúbal – FC Porto”.

 

Em seguida, surge uma nova “notícia”, de origem desconhecida, que dá conta de que terá sido Pedro Proença a pedir dispensa no período de 12 a 19 de Janeiro, "por motivos profissionais". A partida na Cesta do Pão disputou-se a 13 de Janeiro.

 

Este é o protótipo do “caso” do futebol português. Aquele que não tem caso nenhum, mas que ainda assim, faz caso.

 

Seria facílimo tirar a limpo se houve ou não o tal pedido de dispensa, e a coisa morreria por aí. No entanto, como convém nestas situações, o último comunicado sobre nomeações de árbitros existente no site da Federação Portuguesa de Futebol, remonta algures a meados de Dezembro. Os da Liga sempre estavam mais actualizados…

 

No entanto, e caso a Comissão de Arbitragem fosse fiel aos seus próprios critérios, o que, como se viu, pelo menos com Duarte Gomes, não acontece, a chave de toda esta charada estaria, quanto a mim, naquilo que o próprio Pedro Proença admite:

 

“dificilmente podia ser o árbitro escolhido, uma vez que esteve recentemente no V. Setúbal – FC Porto”

 

Mas, e esteve?

 

 

 

Vítor Pereira contaria que sim. Tanto assim é que o indicou para esse encontro, e dessa forma, estaria consequentemente afastado do clássico.

 

Contudo, o São Pedro, que não Proença, e todos os intervenientes directos na partida, trocaram-lhe as voltas nesse dia. As bátegas de água que se abateram sobre o Bonfim inviabilizaram a realização da partida.

 

Alguns, a maior parte, diria mesmo, viram nessa situação o dedo ardiloso do FC Porto, mancomunado com o árbitro, por forma a evitar prejuízos maiores.

 

O que é certo é que, nenhum dos que directamente iam intervir no jogo, desejavam ardentemente que ele se realizasse.

 

Do nosso lado seria sempre um jogo de risco. A repetição da piscina de Coimbra, sem Duarte Gomes e com pouca confiança no Silvestre Varela, para sacar um pontapé como aquele que então nos salvou.

 

Os da casa, teoricamente beneficiados pelo mau tempo, como fizeram questão de afirmar os comentadores, pois sempre é mais fácil num terreno daqueles, destruir que construir, e com fé, talvez saísse alguma coisa, também não tinham grande interesse em jogar naquele dia.

 

Desde as sete horas da tarde que corria em Setúbal, que não iria haver jogo. Público, nem vê-lo, e a boa casa eventualmente perspectivada foi-se, levada pela enxurrada.

 

O árbitro, apitando em Setúbal, automaticamente ficaria de fora do clássico.

 

A quem interessaria então a realização desta partida, naquelas condições?

 

Que tal ao interveniente indirecto omnipresente do nosso futebol? Entre ver um rival directo estrebuchar sob a intempérie, e um árbitro indesejado, afastado de um jogo importante, ou conquistar o título de campeão de Inverno, passar o Natal e entrar no Novo Ano em primeiro lugar, com três pontos à maior, ainda que com um jogo a mais, o que seria preferível?

 

Melhor, só a solução preconizada por esse acérrimo defensor da verdade desportiva que é Rui Santos: falta de comparência a ambos. Tudo em prol da verdade desportiva. Resta saber qual…

 

Ou seja, Vítor Pereira, e sabe-se lá mais quem, criaram todas as condições para que Pedro Proença, não marcasse presença no clássico.

 

Pedro Proença, e sabe-se lá mais quem, criaram todas as condições para que estivesse presente no clássico, e simultaneamente, a fazer fé no tal pedido de dispensa, para que não estivesse.

 

O ónus da decisão recaía sobre o primeiro, que decidiu, e ficou para si com o odioso da questão.

 

Perante situações desta natureza, há sempre quem prefira acreditar em coincidências e nos efeitos paliativos da verdade estatística da lei dos grandes números.

 

Como se um qualquer karma cósmico universal assim o determinasse, acreditam que no infinito, ou quando se fizerem as contas finais a esta Liga, which ever comes first, os erros a favor e contra, tendencialmente terão saldo nulo.

 

Por mim, tendo em conta o esmero e a antecipação com que vou vendo estas situações serem repetidamente preparadas, tenho sérias dúvidas de que a lei dos grandes números se aplique a pequenos homens.

O "peep show" da arbitragem portuguesa

07
Jan13

 

Quando escrevi o texto "Quem melhor?", fi-lo à pressa e a quente, pois acabara de saber da nomeação do Duarte Gomes para o jogo de ontem na Amoreira.

 

Agora, em retrospectiva, vejo-me forçado a concluir que não dei o realce devido à coisa, e designadamente àquela questão trazida à colação pelo Pedro Proença, sobre o condicionamento dos observadores dos árbitros.

 

O muito trabalho e o facto de o ver secundado por um mentecapto, a aproveitar a ocasião para pedir uma investigação, também não ajudaram.

 

Desconheço a entrevista dada pelo árbitro, e como tal não consigo contextualizar a afirmação produzida. Na versão online do “Record”, só se encontra disponível para “assinantes premium”, que é coisa que não sou, nunca fui, nem alguma vez serei.

 

Terá dito então, qualquer coisa como: Sinto que os observadores estão condicionados porque querem ser da primeira categoria quando não têm qualidades para tal. (Tentam agradar) a quem está no poder.”

 

Antes de mais, causam-me estranheza o porquê e o momento da observação. Que razões de queixa dos observadores dos árbitros, terá pela sua parte Pedro Proença?

 

Tanto ele como o Olegário Benquerença estiveram parte da época passada ausentes dos relvados. No entanto isso não constituiu inibição a que fossem o melhor e o segundo classificado dos árbitros de primeira categoria.

 

O que será que lhe dói? Terá tido má nota do observador no famoso jogo do título na Cesta do Pão? Não sei porquê, mas não me parece.

 

Além disso, que peso terão afinal estas avaliações na classificação final dos árbitros? Pegando no caso de alguém que nos é tão querido, veja-se o que aconteceu ao Bruno Paixão.

 

 

Deixou de ser internacional porque o Conselho Técnico da Comissão de Arbitragem resolveu baixar-lhe uma nota atribuída pelo observador, de 3,4 para 2, e por esse efeito, passou de 8.º classificado para 14.º na supracitada lista.

 

Na parte do timing, dá-se a feliz coincidência da sua ocorrência verificar-se após a má nota atribuída ao Duarte Gomes, que salientei naquele texto. Acredito que, apesar da proximidade entre ambos no apoio a um candidato, não passe disso mesmo: um mero acidente de percurso.

 

Na ausência de uma resposta conclusiva a estas dúvidas iniciais, centremo-nos então no conteúdo, aquilo que verdadeiramente interessa.

 

Diz Pedro Proença que sente os observadores condicionados e compelidos a agradar a quem está no poder.

 

Mas, agradar para quê, e quem é o poder sem rosto a que faz alusão?

 

O que se viu no caso do Duarte Gomes é que, apesar da má nota obtida, isso não obstou a que o Conselho de Arbitragem, indo ao arrepio das suas próprias regras internas, o nomeasse logo de seguida para um novo jogo, quando se lhe vaticinaria um merecido descanso, outrora, conhecido por “jarra”.

 

Esqueçamos agora por um momento estes dois árbitros lisboetas, e pensemos no Rui Costa do nosso jogo contra o Nacional da Madeira.

 

Após a derrota do Sporting contra o Rio Ave para a Taça Lucílio Baptista, foi opinião generalizada, e grandemente consensual, que a expulsão do Eric Dier, que terá precipitado o desastre sportinguista nesse jogo, fora exagerada.

 

Logo, Rui Costa com essa decisão teve influência na forma como decorreu a partida daí em diante, ainda que, para variar, os de Alvalade não chegassem lá mesmo sem a expulsão.

 

O que é que aconteceu a esse árbitro? Foi nomeado para o Dragão. Castigo? Talvez.

 

Deste modo, que relevância tiveram nestas duas situações, a avaliação produzida pelo observador ou a opinião unânime sobre o comportamento do árbitro?

 

De que vale a nota do observador, se o Conselho de Arbitragem majestaticamente a ignora, bem como aquilo que salta à evidência de todos? Rigorosamente nada.

 

Para que é que os observadores farão então o mais ínfimo esforço para agradar?

 

Ao “a quem”, nunca é fácil de chegar cá por estas bandas, mas, de coincidência em coincidência, conseguem-se algumas boas aproximações.

 

No que toca ao Duarte Gomes, não é nada de novo. É o habitual com a personagem. Depois de uma arbitragem menos conseguida havia que animar-lhe o espírito, puxar-lhe pela autoestima, como se fosse preciso. Dar-lhe enfim, uma indicação de que a retaguarda continua bem protegida, antes de o enviar para outra partida de maior importância. A da Amoreira, por exemplo.

 

Quanto ao Rui Costa, convirá ter em atenção que a acção se desenrolava no habitat da Taça Lucílio Baptista, a tal que já vem com vencedor pré-definido no pacote.

 

Correndo a vida bem ao Sporting, e fazendo fé numa hipoteticamente híper-rebuscada hipótese de ainda se apurar para as meias-finais, com quem iria previsivelmente digladiar-se de seguida? O troféu pode estar atribuído, mas há sempre caminho que convém desbravar.

 

Há ainda outra pergunta que me assalta o espírito quando chego ao “a quem”.

 

Então e quando os observadores lhe dão razão, será que nesses casos o demandante da investigação manteria o seu pedido?

 

Estou a lembra-me, por exemplo, do Carlos Xistra na Pedreira, em que o observador considerou o Javi Garcia mal expulso, e teve o merecido destaque na imprensa.

 

 

Perante estes exemplos e situações, a arbitragem portuguesa assemelha-se neste capítulo, a uma sessão contínua de “peep show”, em que os chulos, que estão acima, e que nomeiam e apreciam recursos, e as dançarinas exóticas, chamemos-lhes assim, que apitam, comandam a situação, ao passo que os voyeurs/observadores não passam disso mesmo, limitando-se a tomar notas num caderninho, que pouco mais servem que para gáudio dos anteriores.

 

E a zona de “peep shows” mais conhecida em todo o Mundo, é o “red light district”, de Amsterdão. Outra vez, só uma mera coincidência.

 

Tenho o Pedro Proença na conta de alguém que não fala, apenas porque gosta de dizer coisas, como a prima do Raúl Solnado, ou que ande por aí a espalhar atoardas.

 

Se disse aquilo que veio escrito, será certamente porque sabe de algo inacessível a quem está do lado de fora, e lhe permitirá ter uma visão diferente da realidade.

 

O quê? – é a pergunta que se impõe.


Nota: No trabalho de pesquisa exaustivo que realizei para escrever este texto, reparei que por outras paragens, onde também se fala o português, ainda que, para já, se rejeite o Acordo Ortográfico, o show da arbitragem tem outra(s) qualidade(s), mais apetecida(s), nomeadamente para “peeping toms”.

 

 

A propósito de prendas, podem embrulhar!

14
Dez10

Aqui há dias, à saída do Circo Vítor Hugo Cardinalli, e quiçá, por isso mesmo, houve alguém que iniciou uma daquelas coisas em cadeia, em que quem fica de fora, corre o risco de se lhe encarquilharem as unhas dos pés.  

 

O resultado foi um coro de vozes, daquelas que não chegam ao céu, que vieram botar faladura a propósito das “prendas” que o FC Porto teria recebido ao longo da presente temporada.  

 

O iniciador deste movimento, com a brilhante carreira que fez, antes, mas principalmente, depois de ter representado o FC Porto, devia mas era ter juízo.  

 

Ou por outras palavras, preocupar-se com a sua equipa, e não com a eventualidade de poderem vir a haver "prendas antecipadas, através das quais uns são hoje prejudicados, para serem beneficiados logo a seguir", referindo-se no caso, a “prejuízos verificados (…) no Estádio do Dragão”.  

 

Quem havia de dizer que defrontar duas vezes seguidas o Vitória de Setúbal (para a Taça de Portugal, onde já foi de barco, e para a Liga Zon Sagres), mexia assim tanto com Sua Excelência, o Ministro?  

 

O nosso treinador respondeu à altura, só pecando por defeito. Certamente por esquecimento – pois são tantas, que sempre falham algumas - omitiu o jogo com a Naval 1.º de Maio (dois golos off-side) e, caramba, o jogo contra nós.  

 

Por sua vez, o Cepo que faz as vezes de treinador do Sporting, veio afiançar que "seria fácil enumerar pelo menos meia dúzia de prendas que o FC Porto recebeu". Só não o fez, ao contrário do “André”, “por respeito a todos os intervenientes, incluindo o André”.   

 

Parece-me a mim que, “por respeito a todos os intervenientes, incluindo o André”, devia era enumerá-las, como fez o “André”, para todos sabermos do que é que está a falar, para não dar ares de Octávio Machado, com um bocadinho mais de estatura física, e idêntica estatura moral. 

 

Como ele não o disse, resolvi socorrer-me dos “Casos” que vão sendo analisados no site Zerozero.pt, e na “Liga Real”, do Rui Santos, na SICN. 

 

  

 

 

 

 

(retirado de www.zerozero.pt)

  

 

 

 

 

(retirado de http://sic.sapo.pt/online/noticias/desporto/multimedia/Liga-Real-Tempo-Extra.htm)

 

Convirá ressalvar que, no caso do Zerozero.pt, a apreciação dos casos só vai até à 12.ª jornada (a do Sporting x FC Porto), se bem que a pontuação seja a actual, e ainda, que a decisão sobre os mesmos é tomada por votação.

  

Na “Liga Real”, a única coisa merecedora de ressalva, é o próprio Rui Santos. 

   

E, o que é que se vê, perante estas duas evidências, que valem o que valem, mas ainda assim…?

 

O FC Porto, para além de ser o real, é também o virtual primeiro classificado em ambas as análises. No Zerozero.pt, com 37 pontos (mais dois que na realidade real), e com 33 (menos dois), no Mundo do Rui Santos. 

 

No Zerozero.pt, foram já analisados 17 casos envolvendo jogos com o FC Porto, tendo sido beneficiado em três situações e prejudicado em seis. 

 

Ao nível do segundo classificado também não há grandes modificações a apontar: no Zerozero.pt, teria mais três pontos (somando 30), e no universo paralelo do Rui Santos, pasme-se, os mesmos 27, que efectivamente conquistou até à data. 

 

Teve menos três casos analisados que o FC Porto (14), e os mesmos três a seis, em prós e contras. 

 

O outro clube, cujo funcionário deu origem a esta polémica, curiosamente, tanto num lado como no outro, teria menos pontos do que aqueles que realmente ostenta: menos quatro no Zerozero.pt, e menos três na Liga Real. 

 

Estranho! Então de que é que se queixam? Para o Rui Santos – querem lá ver que é sportiguista, afinal de contas? – foram beneficiados num penálti e prejudicados noutro. 

 

O pior é quando olhamos para o Zerozero.pt.. Em onze casos, foram beneficiados em oito, e nunca prejudicados!

 

Pergunto outra vez: de que é que se queixam? 

 

Bem sei que estas análises não são 100% fiáveis, e que há por ali muito clubismo à mistura num lado, e anti-portismo no outro, mas não haverá sportinguistas a votar no Zerozero.pt? 

 

Uma coisa é certa, com seis (Liga Real) ou com sete pontos de vantagem (Zerozero.pt), a distância entre os dois primeiros classificados não anda muito longe da verdadeira, 8 pontos. 

 

Resultado do famigerado "critério diferente no assinalar de grandes penalidades na Liga de Futebol”, como alega o Prof. Doutor Rei da Chuinga, que não podia deixar de marcar presença em tão elevado debate? 

 

Será? “Se o critério das grandes penalidades fosse igual, tínhamos em relação ao FC Porto uma diferença de pontuação menor, estávamos muito próximos um do outro”.

 

Há alguma dúvida? Critério diferente, pois claro! Para o Zerozero.pt, as situações em que FC Porto e o mais grande do Mundo dos arredores de Carnide foram beneficiados ou prejudicados, são as mesmas: 3 para 6. 

 

Para o Rui Santos, independentemente dos benefícios e prejuízos, a pontuação real e a pontuação virtual das papoilas, é a mesma.

 

Em que é que ficamos, ò caríssimo catedrático? Onde é que estão as diferenças de critério? 

 

Eu digo aonde.

 

Aqui, por exemplo… 

  

 

 

Ou aqui...

 

 

  

 

Uma estrela em ascensão

29
Set10

 

"A star is born", como dizem no cinema.

 

Carlos Xistra, o anti-Hulk, passou de um exagerado "dispensador" de cartões amarelos, a estrela mais refulgente da constelação da arbitragem portuguesa.

 

Tavez isso explique a sua nomeação para o Vitória de Guimarães x FC Porto. Ou isso, ou é uma espécie de tira-teimas daqueles que defendiam que o FC Porto até estava melhor sem o Hulk.

 

"Ora bem, se vão em vinte jogos sempre a ganhar com o gajo, então vejam lá como é que se safam sem ele". Cá vá o Xistra!

 

O Manuel Machado deve estar a esfregar as mãos de contente. Se estava indeciso entre uma marcação homem-a-Hulk, ou à zona, o arrependido Vítor Pereira resolveu-lhe o dilema, com uma opção táctica digna de figurar nos compêndios da história do futebol (à atenção do Luis Freitas Lobo!).

 

Se somarmos a próxima às seis jornadas já decorridas desta adulterada Liga Zon Sagres, então, em sete jogos, o Xistra vai arbitrar todos os "grandes", mais o Sporting de Braga, e é o único árbitro que tri-pete jogos com estas equipas (SC Braga x Portimonense, Benfica x Sporting, e mais este agora). É obra!

 

A repetição, por si só, não seria caso único, porque há outros que também já o fizeram.

 

Por exemplo, Duarte Gomes, que vai estar na Cesta do Pão.

 

No entanto, este tem uma outra particularidade. Ou ele, ou alguém por ele, deve ter um fétiche com o SC Braga, pois é repetente em jogos dos bracarenses (SC Braga x Marítimo e o próximo), sendo também, nesse sentido, caso único.

 

Bem, desde que o Xistra não se lembre de expulsar duas vezes o Hulk, outra vez...

 

    

Submarinos na Marginal e a casota do cão

23
Set10

Nos meus tempos de “teenager inconsssiente”, assim mesmo, com três “ésses”, havia uma, chamemos-lhe, “adivinha”, que ninguém deslindava e com a qual tramávamos aqueles tipos que tinham a mania que eram chico-espertos.

 

Era mais ou menos assim: “Dois submarinos cruzam-se na Marginal. Para que lado é a casota do cão?”

 

Perceberam? Não?!

 

Não faz mal. Então vejam se conseguem acompanhar o seguinte:

 

 

  

 

 

 

“Vítor Pereira dá razão ao Benfica”

 

“O Presidente dos árbitros reconheceu erros de Olegário Benquerença”

 

  

"Águias dizem que Vítor Pereira confirma «classificação adulterada” na Liga”


“(…) o Benfica congratula-se com a «coragem» de Vítor Pereira em «assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente» o clube da Luz, negando, ainda, que a posição assumida após o jogo com o V. Guimarães visasse «qualquer tratamento de favor».


No comunicado divulgado no site do clube, os encarnados constatam que a assunção dos erros por parte do presidente da Comissão de Arbitragem confirma «que a actual classificação da Liga está adulterada»”.

 

 

E depois:

 

"Vítor Pereira admite penalty por marcar a favor do Benfica"

 

“O presidente da Comissão de Arbitragem da liga, Vítor Pereira, fez esta terça-feira um balanço ao trabalho dos árbitros nas primeiras jornadas dos campeonatos nacionais. Com a ajuda de vídeo, explicou que o Benfica tem razão nas queixas de uma grande penalidade e um fora-de-jogo, frente ao V. Guimarães, e que o Sporting teve um golo mal validado, frente à Naval.

 
Numa conferência de imprensa que durou cerca de uma hora, Vítor Pereira analisou 20 lances polémicos das primeiras cinco jornadas, explicou os critérios que presidem à avaliação dos árbitros e deu a sua opinião sobre cada um dos momentos polémicos.


Sob avaliação estiveram 20 lances, repartidos entre foras-de-jogo, disciplina e grandes penalidades. Especial atenção, claro, para os lances do V. Guimarães-Benfica, jogo que levou os encarnados a reagirem violentamente contra o que consideraram quatro erros de arbitragem.


Vítor Pereira falou de forma clara, dando a sua opinião. Não disse que Aimar sofreu penalty, mas disse que Carlos Martins foi derrubado em falta.


Sobre a grande penalidade reclamada por Aimar, reconhece ser complicado: «Ao vivo ficamos com a noção de que é o defesa que joga a bola, mas na televisão percebe-se que o avançado coloca o pé entre a bola e o defesa e este corta a bola e também acerta na perna do avançado. É um lance complicado».


Sobre a grande penalidade reclamada por Carlos Martins, Vítor Pereira assume erro do árbitro: «Há um grande aglomerado de jogadores, e quando o defesa estica a perna para jogar a bola, não lhe acerta e impede o adversário de progredir. Havia lugar à marcação de uma grande penalidade.

Da mesma forma, no mesmo jogo, disse que Cardozo estava fora-de-jogo «milimétrico» num lance em que acaba por introduzir a bola na baliza e que a Saviola foi um fora-de-jogo mal assinalado, por «mau posicionamento» do árbitro auxiliar.

Ainda sobre o primeiro golo do Sporting frente à Naval (apontado por Liedson), num jogo que os leões venceram 3-1, Vítor Pereira disse que Liedson estava fora de jogo, pelo que o lance foi mal validado”.

 

 

 

Ou seja, há aqui qualquer coisa que não joga. A bota não bate com a perdigota.

 

“Vítor Pereira dá razão ao Benfica” e “(…) reconheceu erros de Olegário Benquerença”?

 

Sim, num penálti e num fora-de-jogo. As queixas eram mais que muitas, e ele deu-lhes razão…NUM PENÁLTI e NUM FORA-DE-JOGO! Só! E chega!

 

“Vítor Pereira confirma classificação adulterada”? Aonde? De onde é que se retira essa brilhantíssima conclusão?

 

“o Benfica congratula-se com a «coragem» de Vítor Pereira em «assumir erros que influenciaram resultados de vários jogos e penalizaram gravemente» o clube da Luz”.

 

“Erros que influenciaram resultados de vários jogos”? Quais? O Vitória de Guimarães x Benfica e o Sporting x Naval 1.º de Maio?

 

Em que é que os resultados destes dois jogos adulteraram a classificação da Liga?

 

Um penalty por assinalar e um fora-de-jogo mal assinalado “penalizaram gravemente o clube da Luz”? A sério?

 

Estamos a falar do mesmo Vítor Pereira, e da mesma conferência de imprensa?

 

Então e os restantes quinze lances analisados? Não merecem destaque porquê?

 

E os famosos quatro lances em que o FC Porto foi, extraordinariamente beneficiado nesta edição da Liga? Onde estão eles?

 

O penálti que o Paulo Baptista marcou a favor do FC Porto, no jogo com a Naval 1.º de Maio? A favor do FC Porto não pode ser, mas a favor do Nacional já vale.

Pois é, o que é Nacional é bom…

 

E a falta do Falcao no primeiro golo do Hulk, contra o Rio Ave? Ou, se quisermos ser perfeccionistas, as duas faltas do Falcao, a primeira sobre o Milhazes e a segunda sobre o guarda-redes?

 

E o penálti não assinalado ao Álvaro Pereira, também nesse jogo? E a falta do jogador do Rio Ave? E o fora-de-jogo anterior?

 

E o penálti do Belluschi sobre o Paulo César, no jogo com o SC Braga? O Bellushi desequilibra o Paulo César, mas o Saviola, Deus me livre, não faz o mesmo ao Diogo Melo, no jogo com a Académica. Pois!

 

E “o lance de andebol ocorrido (…) na Madeira”? Não percebem grande coisa de andebol, pois não? Eu também não. Mas pelo menos evito dizer asneiras!

 

Será que, desta vez, se esqueceram de convidar os jornalistas para almoçar antes de fazer o comunicado? Terá sido o Rui Gomes da Silva que traduziu a conferência de imprensa do Vítor Pereira?

 

Todos sabemos que o “português é uma língua traiçoeira”, mas isto não será um exagero? Como é que se retiram conclusões tão díspares daquilo que foi dito? Dislexia? Ou outra disfunção cognitiva?

 

Se em algum momento dei razão ao inenarrável ex-presidente do Conselho de Disciplina da Liga de Clubes, foi quanto à sua definição de “erro com influência no resultado do jogo”, e que salvou o Aimar de ser castigado contra o Nacional da Madeira na época passada.

 

O erro tem influência no resultado do jogo quando o resultado final é determinado em função desse erro, por exemplo, quando quem ganha o faz com um golo irregular ou decorrente de um lance ilegal, ou quando alguém perde pontos por ver invalidado um golo legal.

 

Em termos práticos, e recuando à época que passou, têm influência directa no resultado do jogo erros como o do Lucílio Baptista no jogo Benfica x Naval 1.º de Maio, cujo golo que ditou a vitória dos queixinhas resultou de um livre a castigar uma falta inexistente sobre o Di Maria.

 

Ou como, o árbitro auxiliar do mesmo Lucílio deixou passar em claro o fora-de-jogo do Urreta, no Benfica x FC Porto.

 

Ou como em Setúbal, onde foi anulado um golo limpo ao Vitória, que lhe poderia ter dado o triunfo contra o clube do costume, apesar do árbitro ser o Jorge Sousa.

 

Ou ainda, como nos jogos FC Porto x Belenenses e FC Porto x Paços de Ferreira, onde os auxiliares dos senhores Benquerença e Rui Costa anularam inexplicavelmente dois golos ao Farías e ao Falcao.

 

Estes sim, foram erros com influência directa nos resultados. Agora façam as contas aos pontos ganhos a mais de um dos lados, e perdidos ao outro lado, e vejam o que é uma “classificação adulterada” da Liga.

 

É assim, como “quem não chora, não mama”, já o dizia o Marinho Peres, a recompensa é a nomeação de mais um benfiquista para um jogo do clube do seu coração.

 

O, ao que consta, fervoroso adepto João Capela, que em 2009-2010, encurtou de sobremaneira o Benfica x Leixões, ao expulsar um matosinhense aos vinte e poucos minutos de jogo, com o resultado em 0-0, e um segundo, no início da segunda parte, após o 1-0.

 

 
Vamos lá ver quanto tempo dura o jogo na Madeira.`É que desta vez não há “pode vir o” Ferreira, mas há Capela!
 

 

 

Para terminar, e para aqueles que não se esqueceram da "adivinha", a resposta correcta era: "O iogurte não tem espinhas".

 

Obviamente!